Keisuke sentava-se no banco na quadra, do lado oposto ao time adversário, que por sinal, ele fazia parte. Ia jogar contra ele, e sabia que o moreno não era assim tão esportivo, principalmente em algo como basquete. Encarava-o de onde estava, mas por alguma razão não estava com ar de deboche ou de provocação competitiva, estava pensativo, e bem, ele provavelmente estaria pensando sobre a razão ou quem sabe estivesse muito preocupado em arrumar uma desculpa para não ter de jogar, já que balançava uma das pernas com nervosismo.
Miruko desviou o olhar em direção a quadra, estava visivelmente nervoso, odiava jogar, sentia o corpo tremer só de pensar, tinha que tirar os óculos algumas vezes, já que da última vez um dos garotos havia quebrado ele e tivera que trocar, mas não sabia se fazia isso, ou se ficava com eles, pensou em falar com o professor para evitar o jogo e de passagem, desviou o olhar a ele do outro lado.
- ...
O maior retribuiu seu olhar, embora estivesse evidentemente com uma cara de paisagem. Estava incomodado, não por ele, por si mesmo, ou talvez pudesse inclui-lo nisso. Ao se levantar, cruzou a quadra e seguiu até o moreno, que até então era adversário.
- Miru, vem comigo por um minuto. Vou primeiro e você vem em seguida. Diz que vai pegar alguma coisa na sala.
Disse a ele e tão hábil como sentou e lhe disse, foi como se levantou e seguiu para o professor, inventou alguma desculpa, que para si certamente ia colar, uma vez que não dispensava aulas de educação física. Seguiu então até um caminho estratégico onde pudesse puxa-lo ao sair.
Miruko observou-o se aproximar e sorriu a ele, assentindo, embora um pouco confuso, o viu se levantar e esperou alguns minutos, observando o relógio no celular e logo se levantou, indicando ao professor que havia esquecido a água no vestiário, ao sair, procurou pelo outro do lado de fora.
- Kei...?
Keisuke alcançou-o com a mão e sorriu ao vê-lo assustar sob o toque. Levou-o consigo até a sala de esportes, onde um amontoado de produtos esportivos, bolas, tatamis, raquetes, se perdiam por todos os cantos. Fechou a porta, cuja trava embutida do lado de dentro dispensava uma chave senão aquela já na abertura.
- Preciso de uma ajuda, sabe qual é? - Disse a ele, enfim.
Miruko seguiu com ele até o local, talvez um pouco perdido e por fim arqueou uma das sobrancelhas.
- ... Está passando mal?
- Um pouco.
O loiro disse e chegou perto dele. Uma das mãos foi para a cintura e a outra em sua bochecha quente, certamente afetado pelo desconforto da ansiedade de ter que formular a aula de educação física. Os dedos seguiram em seus cabelos curtos e abaixou na pouca diferença de altura para ser capaz de alcançar seus lábios e beija-lo.
Miruko uniu as sobrancelhas ao sentir o toque, não era comum se fosse fora do quarto, na verdade, ele nunca tinha tocado a si daquele modo tão repentino e por fim arregalou os olhos quando sentiu o beijo, retribuindo-o, embora meio desajeitado.
Teriam alguns minutos até o fim da aula, sendo assim, para guardarem a bola de basquete e qualquer material disperso na quadra. Keisuke penetrou sua boca com a língua e ao encosta-lo na pilha de tatamis, empurrou a pelve contra a sua, embora com leveza, era suficiente para lhe dizer o que precisava. Sim, estava de pau duro e na verdade nem sabia porque havia ficado daquele modo.
O menor fechou os olhos rapidamente conforme o sentiu se empurrar contra si, estava confuso, podia dizer "confuso pra caralho" se fosse se expressar. Guiou as mãos ao redor do corpo dele, abraçando-o e logo fora empurrado contra o local e sentiu seu baixo ventre contra o próprio, estava excitado? O que havia deixado ele daquela forma?
- K-Kei... Mas que porra? - Disse e sorriu meio de canto, envergonhado ainda. - Se excitou com meu shortinho curto, é?
- Você está de short? - Keisuke indagou, sincero. Não havia de fato reparado, não tinha como respondê-lo porque também não sabia como havia terminado daquele jeito. - Você está a fim se me chupar hoje?
- Claro que eu estou de short, palhaço, ia jogar com você. Viu alguma menina não é? - Miruko falou a ele, estreitando os olhos e por fim uniu as sobrancelhas ao ouvi-lo. - ... Nessa luz? Eu...
- Nessa luz o que? Quer em outra? Na de fora talvez. - O loiro disse, provocando-o, acabou não dando atenção as questões anteriores. - Se não quiser não tem problema, podemos fazer logo. Está a fim de transar?
- Porra, Kei... - Miruko disse, meio tímido e agarrou-se sutilmente ao próprio short, apertando-o sobre o baixo ventre, podia sentir uma pontada. - Eu chupo... Você...
- Não quer fazer ou quer me chupar primeiro?
Keisuke retrucou, um pouco confuso sobre sua escolha e tocou sua mão ao perceber o gesto, apalpando seu corpo com o toque de sua própria mão.
- Quero fazer... Mas deixa eu te chupar primeiro. Falou e gemeu baixinho ao sentir o aperto. Posso ajoelhar?
- Bem, tem outra forma? - O loiro indagou e o riso soou entre os dentes. Ao puxar um dos tatamis, afastou-se para deixa-lo se ajoelhar. - Vem. - Disse, não tinha muitos rodeios. Abaixou a bermuda e expôs a ele o pau já ereto.
Miruko assentiu e ajoelhou-se em frente a ele, observando-o tão de perto, naquela luz tão clara, droga, tinha vergonha, queria tocá-lo, mas estremecia só de pensar nele olhando a si. Segurou-o entre os dedos e guiou-o rapidamente a boca, sugando-o.
- Hum, está com nojo agora que está vendo melhor?
Keisuke indagou, mas ele provavelmente preferiu responder ao fazer. Sentiu seus dedos gentis, estavam frios, o contrário de sua boca, que na verdade nem percebeu quando foi colocado para dentro dela. Não pôde conter um grunhido grave em agrado.
- Isso. - Disse e tocou seus cabelos curtos, enroscando os dedos aos fios.
O menor negativou ao ouvi-lo, retirando-o da boca para respondê-lo, e podia ignorar, mas não queria que ele pensasse mal de si.
- Não, eu... Tenho vergonha que me veja fazendo isso com toda essa luz.
Murmurou e novamente o afundou na boca, sugando-o.
- O que eu poderia ver que já não tenha visto?
O loiro indagou curioso sobre seu pensamento. Deslizou os dedos em seus cabelos e seguiu para a nuca, pressionou os dedos na região e passou a impulsionar e incentiva-lo. Miruko fechou os olhos, preferiu conforme o sentiu puxar a si e lhe deu um pequena mordida ao retirá-lo dos lábios e deslizou a língua por ele.
- Porque eu tenho vergonha, palhaço.
- Está gostoso?
Keisuke disse e levou a mão até o membro, segurou-se e roçou-se em seus lábios. Moveu a mão, masturbando-se levemente, não durou, seguiu para dentro dele novamente, imergindo em sua boca. Miruko assentiu, sentindo seu sexo contra os lábios e sutilmente desviou o olhar ao redor, tentando notar se alguém podia ver a si e a ele, só então o colocou novamente na boca.
- Você quer dar pra mim, Miruko?
O loiro indagou enquanto movia a pelve, investindo com os quadris para sua boca. O menor ergueu a face a observá-lo e assentiu.
- Então vem, antes que eu goze na sua boca.
Keisuke disse, estava excitado e não tinha muito recato com o amigo, era ele afinal. E estava excitado, de algum modo acabava até direto demais. Miruko assentiu ao ouvi-lo e retirou-o da boca, erguendo-se rapidamente.
- Pronto...
Ao puxa-lo para si, o loiro virou-o de costas e esfregou a pelve contra sua bunda, ainda que estivesse coberta por sua roupa esportiva. Ao levar as mãos no elástico de seu short, abaixou-se contra seu pescoço onde o beijou e mordeu enquanto as mãos trabalhavam a livrar seu corpo da roupa. Miruko virou-se de costas a ele, sentindo seu corpo gostoso contra o próprio e mordeu o lábio inferior.
- Kei... Ficou com tanta vontade assim?
- Por que, estou muito rápido?
Keisuke retrucou e uma das mãos levou para sua pelve, sentiu seu ventre planinho, a pele suave e lisa sob o toque dos dedos até tocar seu sexo. Apalpou-o, massageando sem envolver sua base.
- Me chamou no meio da aula.
O menor falou e deixou escapar um gemido baixinho, prazeroso.
- Fiquei duro e vi que você queria muito sair dali. Achei que ia querer fazer comigo.
O maior disse-lhe ao pé do ouvido, mordiscou seu lóbulo e então se enfiou entre suas nádegas, não penetrou, mas se esfregou nele. Miruko estremeceu ao ouvi-lo e mordeu o lábio inferior.
- Kei... Ah... - Murmurou, empurrando os quadris contra os dele.
- Você quer também, não quer? - O loiro retrucou e friccionou contra seu corpo. Esperou por sua resposta antes de enfim deslizar para dentro. - Ah, desculpe, sei que vai ser difícil andar depois de sair.
- Filho da puta... Eu quero... Mas seja bom comigo, tenho que voltar pra quadra...
- Sempre sou bonzinho com você, Miruko.
Disse o maior e levou a mão em seu rosto, por seu queixo o virou para si e o beijou enquanto com a outra envolvia agora seu sexo e passava a masturba-lo. Já atrás de seu corpo, aos poucos se empurrou, seguindo para se encaixar nele.
- Mentiroso... - Miruko murmurou e estremeceu, sentindo um arrepio pelo corpo conforme o sentiu se empurrar para si e era dolorido ao mesmo tempo, mas era gostoso. - Kei... Eu ainda estou meio machucado...
Murmurou em meio a um gemido e desviou o olhar ao sexo, mordendo o lábio inferior e desviou o olhar a ele conforme sentiu seu beijo, retribuindo-o.
- Vou devagar.
Disse o loiro contra os lábios do outro, mesmo que ainda trabalhasse com a língua sobre eles, lambiscando-o. Deslizou enfim para dentro, e embora estivesse apertado ou dolorido, graças ao sexo não muito tempo atrás, estava mais fácil de penetra-lo.
- Não tenho camisinha.
Disse e mordiscou seu lábio, passou a se mover logo no entanto. Levou as mãos em sua pelve, onde o segurou e passou a move-lo, puxando para si. O menor uniu as sobrancelhas ao ouvi-lo e mordeu-lhe o lábio inferior, sem força.
- Sem... Camisinha? Kei...
Falou a estreitar os olhos e o gemido mais alto deixou os lábios conforme o sentiu puxar a si contra seu corpo, abaixou a cabeça, cessando o beijo.
- Ah!
- Na primeira vez também foi sem camisinha. - Keisuke disse, sob seu protesto. - Vai ser mais gostoso. - Sussurrou contra seu pescoço, xavecando. - Me deixe sentir mais prazer, hum? Sou seu amiguinho.
Brincou. Tocou seu pescoço e empurrou para curvar seu tronco, desse modo trazer mais de seus quadris. Iniciou ritmo, passando a penetra-lo em ritmo.
- Ah, Isso é bom.
- Porra...
Miruko falou e suspirou, agarrando-se aos tatamis em frente a si e só esperava que ninguém entrasse, porque as pernas estavam trêmulas, não sabia como reagiria rápido numa situação como aquela. Mordeu o lábio mais uma vez e desviou o olhar ao próprio sexo, que segurou, apertando-o.
- Está doendo?
Keisuke indagou, porém ainda assim se moveu. Manteve amenizado no entanto o ritmo, entrando e saindo sem força, mesmo ainda gradativo. Deslizou uma das mãos de sua cintura até a pelve, de lá até sua coxa macia e subiu entre suas pernas, apalpou seu sexo, na parte mais delicada dele.
O moreno gemeu, dolorido e assentiu, mas não reclamou, não queria que ele pensasse que não conseguiria aguentar, porque conseguiria. Fechou os olhos e devagar, passou a se masturbar do mesmo ritmo dos movimentos dele, acariciando-se.
- Kei...
- Está ruim?
O loiro indagou, notando seu trabalho manual, se perguntava se estava tentando amenizar a atenção do ponto atrás de seu corpo. Descansou a face em seu ombro ao debruçar sobre ele, mordeu seu ombro, beijou seu pescoço e nuca. Podia sentir um tênue sabor de seu suor. Miruko negativou e sorriu a ele meio de canto.
- Estou bem. - Murmurou e estremeceu conforme o sentiu atingir a si naquele ponto que gostava, bem a fundo no corpo. - Kimochi... Mais...
- Está mais fácil de acha-lo, hum? Ou você já estava esperando por mim?
Keisuke sussurrou-lhe contra a pele e subiu do ombro ao pescoço onde marcou com uma sugada firme, não passaria despercebida. Pressionou os dedos nas glândulas sob sua ereção, massageou e guiou mais embaixo, tocando a entradinha de suas nádegas, sentindo o lugar onde o corpo entrava.
O menor sentiu o tom vermelho tomar conta da face, estava envergonhado, mas era tão gostoso, então apreciava, estremecia, empurrava-se contra ele, sentindo-o atingir o local que gostava várias vezes.
- Kei... - Disse a inclinar o pescoço para trás, dando espaço a ele no pescoço e gemeu, dolorido. - Não marque...
Era um pouco tarde quando o ouviu dizer, Keisuke já havia feito. E ainda que o houvesse dito antes, teria o marcado por diversão. Ao levar a mão desocupada a seu pescoço, o segurou pelo lugar e se empurrou ainda mais vigorosamente para ele. Podia ouvir a pele atingir a sua, a pelve colidir à dele e gostava daquele barulho, sabia porque o fazia, sabia da força que estava penetrando ele.
Miruko sentiu seu toque no pescoço, era rude, mas gostava e até chegou a empinar os quadris, dando espaço para que ele se movesse, se empurrasse contra si.
- Motto... Ah...
- Quer me fazer gozar?
Keisuke indagou, como se ele estivesse interessado em agradar a si. Embora ainda segurasse seu pescoço, seguiu com a mão antes na cintura a subir por seu tronco, se enfiar dentro de sua roupa e tocar seu peito, inicialmente tentando apalpar, mas não tinha volume, por isso acabou no foco em seu mamilo, segurou e puxou levemente, sentindo enrijecido no toque.
O moreno assentiu, voltando-se sutilmente a observa-lo, ainda tinha um pouco de vergonha, mas estava mais deliberado, até se lembrar que ele poderia estar vendo o movimento dele a entrar e sair do próprio corpo, naquela área tão íntima e estremeceu, abaixando a cabeça.
- Eu... Eu quero...
- Então me faça gozar. Mova a bunda, Miru.
Keisuke disse, tentando incentivar seus movimentos. Num certo ponto não saia e entrava com tamanha distância, mas o puxava e esfregava a pelve contra suas nádegas, causando fricção em seu corpo.
- Estou perto...
Miruko assentiu ao ouvi-lo e empurrou-se contra ele mais forte, firme, sem se importar se iria empurra-lo para trás.
- Wow.
O loiro disse ao ter que empurrar os pés do chão para se manter no lugar. Ao se afastar dele, tornou segurar seus quadris e por ele move-lo tal como ele seguia para si. E aos poucos como dizia a ele, estava mais perto. Só não sabia onde iria gozar, estava sem camisinha e na sala de aula.
O menor mordeu o lábio inferior, e como ele pensava onde iria gozar, como. Pensou em tampar com a mão, mas não havia onde limpar, só se voltasse rapidamente ao vestiário, mas ele... Bem, tomaria um banho antes que os outros alunos voltassem pra lá.
- Kei... - Murmurou, em meio a alguns gemidos. - Pode... Pode gozar dentro...
- Ah... Você não pode ser irresponsável assim, Miru. Não vai deixar qualquer um fazer isso, vai?
Keisuke indagou. Mas não se importava realmente se consigo aquele ato era algo irresponsável. Curvou-se sobre ele, com firmeza intensificou o ritmo e mordeu a seu ombro antes que pudesse gemer, embora o tivesse feito num breve ruído contra sua pele, e se desfez em seu corpo, deixou-se fluir e aliviar aquela tensão sexual.
- Eu não sou irresponsável... Eu... Não transo por outras pessoas, idiota.
Miruko falou a ele, estreitando os olhos e por fim sentiu sua mordida, estremeceu e igualmente gozou, sem conseguir se conter, só bloqueou o sêmen com uma das mãos, deixando suja-la.
- ... Droga...
O maior sentiu os espasmos de seu corpo, denunciando seu ápice consigo mútuo. Moveu-se um pouco mais em duas ou três investidas, até por fim apartar completamente.
- Você goza... E o que tem a dizer é droga?
Miruko abaixou a cabeça por um momento e suspirou, desviando o olhar a ele meio de canto, com um sorrisinho divertido nos lábios.
- Eu sujei a mão...
- Hum.
Keisuke beijou seu ombro e então o deixou. Saiu de seu corpo e não teve com o que se limpar, acabou se enfiando de novo dentro da bermuda. O moreno suspirou ao senti-lo se retirar do corpo e estremeceu, apoiando-se no local, sentindo as pernas meio bambas. O maior o puxou para si, segurando-o antes que acabasse falhando. Sorriu a ele a medida que pararam defronte. Beijou seu nariz, brincando com ele enquanto o ajudava a por a roupa. Miruko virou-se em frente ao amigo e deu um sorrisinho fraco ao sentir o beijo no nariz, ajeitando os óculos sobre a face.
- Desculpe...
- O que? - O maior indagou sem entende-lo e apenas soltou após ajustar sua roupa. - É melhor você ir para o dormitório.
- Desculpe ficar fraco assim...
- Hai, primeiro eu vou tomar um banho no vestiário.
- Não, melhor fazer isso no quarto. Alguém pode chegar.
- Ta bem... Só vou lavar a mão então.
- Não, passe na cara de alguém.
- Kei!
Keisuke riu, engraçadinho.
- Tá vai, lave.
- Hum... Vamos sair?
- Hum.
O maior disse e após se ajeitar e conferir, seguiu para a porta, abriu com a mão que estava apta para isso e o deixou sair primeiro. Miruko passou pela porta, e pensou que estivesse sozinho do lado de fora, mas deu quase de cara com um dos estudantes.
- ...
Ao vê-lo em companhia, o loiro preferiu se esconder e deixa-lo parecer estar sozinho. Não queria causar boatos desnecessários para o moreno. Mas claro, se precisasse apareceria lá.
- Ah...
- Está tudo bem?
- ... Sim...
- O que estava fazendo? O professor te mandou pra cá?
- Eu vim pegar mais uma bola... Para a próxima turma. Pode voltar pra sala... Eu...
- Hum... Ta bem... Preciso entrar.
- Não! Quer dizer... Não tem nada aí dentro.
- Miruko, ficou louco? É a sala de esportes.
- Deixa... Deixa.
Disse o maior, soando baixo, e ao mesmo tempo tentava ser audível. Porém se escondeu junto aos armários.
- ... Ah... Ta bem.
O moreno deu espaço a ele e suspirou por fim, embora amedrontado. Keisuke ficou ali até que o garoto saísse e ele também. Quando o fez, deixou a sala, teria a tarefa de encontra-lo após a aula.
Ritsu sentou-se à mesa, aceitando a fatia de bolo de chocolate o qual já era habituado a comer, mesmo que a mistura da massa contivesse o sangue costumeiro para os pais e mesmo o irmão, o sabor era agradável, ainda que no fundo daquela calda, pudesse sentir um amargor estranho, esperava somente que não fizesse mal para si. Ao erguer o olhar, notou no entanto o pai na cozinha, que sorria sempre ao ver seus dotes culinários apreciados.
- Está gostoso.
Elogiou, como parecia ser esperado na ocasião e viu o menor sorrir, feliz com a aprovação.
Etsuo fechou a porta atrás de si ao passar, e finalmente deixou a mochila sobre o sofá, estava cansado, principalmente de aprender tantas matérias inúteis e por fim, seguiu a cozinha ao ouvir vozes ali, notando a mãe e o menos sentado a mesa.
- Boa noite. - Sorriu.
- Mamãe, eu queria falar algo com você...
Disse a ele, que pareceu interessado no assunto, e ainda assim portava em seu rosto uma expressão sorridente.
- É sobre o...
Disse e no entanto fora interrompido ao ouvir ruídos vindos do outro cômodo, chegando aos poucos até lá, o que acabou dando fim ao assunto e sorriu ao irmão. - Boa noite, vampirinho. - Disse Shiori.
- Boa noite, vampirinho. - Ritsu imitou o pai.
Etsuo riu baixinho e beijou o irmão no topo da cabeça, assim como fez o mesmo com a mãe.
- Vou tomar um banho e depois provo o bolo, está gostoso, Ritsu?
- Está gostoso. Espero que não me faça mal...
Disse o menor ao sentir o beijo no topo da cabeça, sentindo-se um pouco desconfortável, embora não fosse habituado a transparecer com veemência as emoções, era sutil em cada uma delas, mas o irmão parecia um pouco desconfortável também, talvez pela forma como não pôde evitar estranhar a convivência após o que haviam feito, e o mais velho era fácil de se ler, via-o desanimado, só não sabia se era pelo modo como agia ou se ele mesmo se dava conta de que haviam feito algo estranho.
Etsuo sorriu meio de canto ao menorzinho e logo seguiu para fora da cozinha, pegando a mochila a levá-la consigo ao quarto, onde tomaria banho e de fato, era estranho mesmo estar próximo a ele, se sentia desconfortável.
- E aí... O que aconteceu? - Disse Shiori.
Ritsu observou o irmão a deixar a cozinha e o seguiu com o olhar, saiu meio sem nada a acrescer, de modo um pouco incomum. Beliscou mais um pedacinho do bolo e abandonou o garfo sobre o prato de porcelana escura.
- Você não conta pra ninguém?
- Ora, mas vou contar pra quem?
- Pro papai ou pro Etsuo.
- Não vou contar.
- Jura mesmo?
Ritsu indagou e sorriu, achando graça, embora realmente falasse sério sobre aquilo.
- Juro, Ritsu, fala logo que vai me matar de curiosidade.
O loiro riu por fim e se esticou, ficando mais próximo.
- O Etsuo... Me beijou.
Shiori uniu as sobrancelhas ao ouvi-lo.
- Eh?!
- Shhh! - Ritsu disse e quase lhe tapou a boca. - Sh!
- ... - Shiori afastou-se sutilmente. - Como assim?!
- Shhh! - O loiro tornou pedir e desta vez tapou realmente.
- Humm... - O moreno murmurou, tentando falar alguma coisa e por fim tirou a mão do filho do local. - Beijou como?
- Mãe... - Ritsu disse, desta vez evidentemente irritado. - Fale um pouco mais baixo. Beijou na boca, ora. Eu só não sei se isso foi porque ele quer ter alguém ou... Se gosta de mim.
Shiori uniu as sobrancelhas novamente e desviou o olhar, pensativo e era óbvio que o filho gostava dele, ao menos, parecia muito e por fim assentiu.
- Acho que ele gosta de você...
- Acha isso? - Ritsu disse, surpreso na verdade, embora não demonstrasse.
- Acho. Ele é muito carinhoso com você.
- E agora?
- V-Você gosta dele também?
- E.. Eu... Não sei, eu penso nele e penso em um irmão. Ma... Mas, quando ele chega perto e parece triste se eu não aceito um beijo, eu fico com vontade de fazer o que ele quer.
- Não faça por pena, Ritsu, faça somente se sentir que gosta dele... Vocês não são irmãos de sangue, por isso não é tão estranho, mesmo assim cresceram juntos... E não acho que Etsuo seja capaz de gostar de você só pelo seu sangue tendo litros na geladeira.
- Não estou dizendo que tenho pena. Até porque, tenho um amigo na escola e eu não tenho pena dele a esse ponto, mesmo quando ele faz cara de coitado.
- Bem, então acho que você gosta dele.
- Não fale nada pra ninguém sobre isso.
- Não vou falar. Ele tentou fazer algo mais?
- Algo como o que?
Ritsu retrucou como quem não sabia de nada, fingindo-se de desentendido ainda que soubesse exatamente o que ele queria saber, além de já o terem feito.
- Tentou... Te tocar?
O loiro negou com a cabeça.
- Ele segura meu rosto pra tentar beijar.
Shiori uniu as sobrancelhas e riu baixinho.
- Entendi.
- O que?
O menor indagou ante o risinho do pai e voltou a pegar um pedacinho de bolo.
- Nada... Você é tão inocente, continue assim.
- Eu que sou inocente ou ele quem é por segurar meu rosto?
Ritsu indagou e deu uma risadinha semelhante a dele. Shiori arqueou uma das sobrancelhas.
- Ah... Eu ia falar que era inocente assim quando conheci o pai de vocês.
- Papai tirou sua inocência, mamãe?
- É. - Shiori riu. - Acho que sim. Arrancar seria a palavra correta.
- E como se arranca a inocência de alguém?
Ritsu indagou e bem, sabia bem o que ele falava, mas ainda assim fazia-se desentendido, queria ouvi-lo explicar.
Shiori sorriu meio de canto.
- É melhor você não saber. Acho melhor que você faça amor com quem você goste, e ainda assim seja fofo desse jeito.
O loiro pegou o copo com o chá e levaria até a boca, deu um traguinho leve quando ouviu e acabou devolvendo o líquido ao copo que deixou sobre a mesa, não entendendo como ele chegou àquele assunto.
- O que... Como chegamos a esse assunto? Está dizendo que não amava o papai quando ficou com ele?
Shiori uniu as sobrancelhas e riu baixinho.
- Acho melhor deixar essa história pra quando você for mais velho.
- Se o Etsu tentar fazer isso? O que eu deveria fazer?
- ... Ah... A mesma coisa que eu te falei... Se você gostar dele...
- Eu não...
O loiro disse e no entanto ouviu o ruído pela casa, o que acabou silenciando tanto a si quanto ao pai e beberia o chá, se não houvesse devolvido ao copo, por fim comeu mais do bolo. Etsuo saiu logo do banheiro, seguindo em direção a cozinha e sorriu a ambos ali sentados, pegando no armário uma das xícaras.
- Posso participar da conversa ou é segredo?
- É segredo.
Ritsu disse ao irmão e sorriu canteiro, notando o olhar do pai e esperava que o irmão não percebesse, mas quis dar uma beliscada no pequenino. Etsuo desviou o olhar a mãe e uniu as sobrancelhas, mas pelo risinho em seus lábios, duvidava que fosse sobre a relação de ambos.
- Ah... Hai.
- Pegue um pouco pra mim também, Aniki. Jogue esse fora.
- Hai. - Etsuo murmurou e jogou o chá dele na pia, lavando a xícara e devolveu-a com o chá para ele. - Por que pediu pra jogar fora?
- Porque estava frio. Não gosto frio.
- Ah sim. - O moreno sorriu e logo bagunçou os cabelos da mãe.
- Hey!
- Você parece meu irmão, mamãe. Vai ficar com dezoito anos pra sempre?
- ... Felizmente. - Shiori sorriu.
- Daqui a pouco o Etsu vai parecer seu pai, mamãe.
- Vai nada, ele vai ter vinte e dois anos pra sempre também quando chegar lá.
- Ainda assim vai ser mais velho.
- Bem, mesmo se eu tivesse vinte e dois anos, ainda pareceria um chaveiro.
Etsuo riu e bebeu um gole do chá.
- Papai te carrega no bolso se quiser.
- É, quase isso.
Passara alguns minutos desde que Ikuma havia acordado. O relógio marcava cinco e meia da tarde, mas já estava o suficiente escuro e não tinha sol dentro daquele ambiente, mesmo que passassem o dia acordados, não seria incômodo. Acomodou a coluna sobre o travesseiro por vez nas costas, o braço, um deles, descansado atras da nuca onde dava repouso e noutra das mãos, portou um cigarro e fumava, enquanto os olhos se dispersavam a figura de pouca luz daquele quarto, e podia ver o companheiro em sua parcial nudez, se não fossem pelos lençóis que lhe chegavam a altura das costelas, e dormia ainda.
Taa moveu-se na cama, incomodado pela fumaça que pairava pelo quarto e gemeu baixinho, puxando o lençol a cobrir a face e virou-se de bruços a descobrir as nádegas, deixando que o lençol cobrisse poucas partes do corpo e nem se deu conta, afinal ainda dormia, tinha o objetivo apenas de se livrar da fumaça e logo retomou o sono tranquilo.
O menor provia-se ainda das sugadas de fumaça, expelindo-as vagarosamente pelos lábios e narinas. Tornou voltar as vistas ao corpo ao lado, observando a aquietação do outro homem e o engrenhar dos lençóis que se enroscavam a seu corpo, despindo suas nádegas branquelas.
- Uh...
O riso viera único, e uma das mãos levou ao traseiro exposto e deslizou a ponta dos dedos em uma carícia bem suave. Taa moveu-se pouco na cama, abraçando o lençol que ainda cobria o nariz e suspirou apenas.
Ikuma pressionou a brasa da bituca no cinzeiro, apagando o restante de cigarro. Fora minucioso a se mover no colchão e deitou-se acima do companheiro a coloca-lo de peito para a cama. Mordiscou o dígito indicador, sentindo a gota de sangue escorrer e exalar seu aroma forte e este mesmo dispôs fronte as narinas do mais alto, apenas a obriga-lo a sentir o cheiro. O maior aspirou o aroma de sangue e suspirou, abrindo os olhos, devagar a observar a cor vermelha em frente a si e a língua tocou o dedo dele, sentindo o leve gosto de sangue.
- Ikuma?
- Boa tarde, bela adormecida.
- Tarde? Eu dormi tanto assim? Que horas são?
- Não dormiu tanto, dormimos por volta das sete da manhã.
- Ah sim... - Suspirou. - Por que... Você está em cima de mim?
- Porque está confortável aqui em cima.
- É, mas eu estou sem roupas e você também... E seu pau esta roçando em mim. - Riu.
- E isso é ruim?
- Transamos a noite toda.
- E o que tem a ver? Não estou fodendo você, estou só deitado.
Taa assentiu, preguiçoso, Ikuma o beijou no pescoço.
- Que cheiro bom.
- Acho que é o perfume do banho ne...
O menor deslizou as mãos sob os braços alheios, até que possibilitasse de lhe encontrar as mãos e revesti-las das próprias, segurando-as na inércia da cama. Taa sorriu, alcançando-lhe uma das mãos e beijou-a.
- Hum, que preguiça hein.
- Você é pesado... Sai de cima de mim.
- Ah, que maldade.
- Verdade, poxa, eu sou uma pilha de ossos.
- Estou todo romântico e adorável e você vem todo cuzão me chamando de pesado, certo. - O soltou e se pôs cômodo a seu lado.
Taa riu baixinho, virando-se e o observou, aproximando-se do maior e abraçou-o.
- Sai, não me abrace, seu osso está pesando a minha volta.
O maior uniu as sobrancelhas.
- O que?
- Não fale assim...
- O que? Não vai me xingar?
- Ah, desculpe, seu imbecil.
- Oh, lagarta está toda mocinha hoje.
- Ah, vá.
- Não fale assim. - Ikuma o imitou a franzir o cenho, aproximando as sobrancelhas.
Taa desviou o olhar ao outro.
- Own... - Riu e deitou-se sobre ele, selando-lhe os lábios. - Agora vou ficar aqui também.
- Seus ossos estão pesando.
- Problema seu.
- Sai fora.
- Não.
- Sai fora, verme.
- Não!
- Saia, não quero você. Me expulsou também não quero saber, cai fora, lagarta.
- Ah, é assim?
- É, bem assim. Sai antes que eu te faça sair.
Taa estreitou os olhos e levantou-se, pegando a própria roupa intima no chão, vestindo-a.
- Vai se ferrar.
Jogou a roupa do outro sobre ele e seguiu o caminho para fora do quarto.
- Que merda de pavio curto é esse?
- Não fale assim comigo.
Saiu do local e caminhou até a cozinha, abrindo a geladeira a procurar pelo sangue e pegou uma das garrafas, deixando a taça sobre o móvel e encheu-a com o líquido, guardando novamente a garrafa e pegou a taça a levar aos lábios e beber alguns goles da bebida.
- Pff...
Ikuma negativou e por fim deixou as roupas arremessadas ao lado, continuando na cama. O maior voltou ao quarto, deixando a taça no móvel ao lado da cama.
- Beba.
- Não quero, valeu.
- Vai logo Ikuma, passou a noite toda sem tomar nada.
- Eu não quero, Taa.
- Certo... Certo.
O maior pegou a taça novamente, levando-a até a cozinha e apertou-a nas mãos a senti-la quebrar entre os dedos, suspirando e jogou os cacos no lixo. Ikuma descobriu-se, jogando de lado os lençóis antes enroscados ao corpo de qualquer modo.
- Sabe, eu até gosto da sua personalidade forte, gosto quando se impõe ou quando discutimos e você rebate, mas já está ficando estúpido e desagradável, tsc. Eu brinquei com você e você fez a mesma coisa que fez em nossa noite de aniversário, você quebra totalmente o clima, quando te acordei de uma forma agradável, e agora, fica com ceninha extrema só porque recusei a bebida, me poupe Taa, mas saiba se por no seu lugar e não ter atitudes extremas.
Dizia enquanto em busca de algumas roupas limpas e logo trajava-se com elas. Taa negativou, observando o outro e sentiu as lágrimas que escorreram pela face, sem poder segurá-las mais, caminhou até a cama, sentando-se e abaixou a cabeça, permanecendo em silêncio apenas entre os pequenos soluços de choro.
Ikuma enfiou-se na camiseta regata preta e justa as formas físicas, enquanto sentia o afundar do colchão próximo a si mesmo. A perplexidade se expôs nos orbes diante de tal ato alheio, presenciando após um ano, novamente o choro do outro rapaz. Silencioso, como podia sê-lo e nada demais, o fitou a ouvir seus soluços tênues e abafados e por fim lhe tocou as costas, trazendo-o consigo, pode então abraça-lo, lhe beijando o topo da cabeça. Taa aproximou-se do outro a sentir o abraço e permaneceu em silêncio ainda em meio as lágrimas e sentia as mãos pouco tremulas, sem conseguir se acalmar entre o choro.
- Não precisa chorar.
Uma das mãos, o menor dispôs abaixo de seu queixo, e fê-lo erguer a face. O maior ergueu a face, observando o outro e logo voltou a abaixá-la, segurando sua mão e entrelaçou os dedos aos dele.
- Eu não quero perder você...
- E quem disse que vai? Só estamos discutindo a relação, como dizem por aí.
- Eu estou cansado... Eu sei que o seu jeito é assim, eu sei que ficávamos nos provocando o tempo todo, mas isso era quando eu não gostava de você. - Taa suspirou a tomar ar entre o choro. - Tem vezes que eu só quero deitar e ficar tranquilo contigo sem esses xingamentos e provocações... Como no nosso aniversário, eu só queria que dissesse coisas agradáveis... Eu não sou mais a mesma pessoa que ficava te xingando o tempo todo, eu não consigo mais fazer isso... Ainda brincamos algumas vezes e isso é ótimo, mas eu quero ter os meus momentos calmos com você... Sem isso... Porque eu não ouvir você dizendo que me ama e me chamando de idiota ao mesmo tempo... Porque não parece ser verdade.
- Quer dizer que até pouco tempo você não gostava de mim?
- Não... É claro que eu gostava, eu te amo demais... É só que com o tempo, eu fui querendo cada vez mais que você fosse agradável algumas vezes... Eu fui mudando.
- Hum. - Ikuma assentiu em compreensão.
- Não fique nervoso comigo... Eu não tenho culpa disso... As vezes eu só noto que fiz alguma besteira quando você fala. Mas eu não quero que fique bravo comigo... Eu só não consigo conversar com você e dizer as coisas...
O maior murmurou, apertando-lhe a mão em meio a própria.
- Ok, lagarta, já entendi.
- Desculpe...
Taa ajeitou-se junto dele e permaneceu em silêncio, levando a mão livre a face a limpar as lágrimas.
- Não me peça desculpas.
- Hai.
O maior virou-se, abraçando-o e repousou a face sobre o ombro dele.
- Então, quer sair pra conhecer um restaurante bem diferente?
- Restaurante?
- Sim. Sair pra comer algo, quer ir?
- Hai.
- Certo. É estranho te ver abatido assim, faz um tempo...
- Eu sei... Eu tenho me escondido muito de você.
- E por que faz isso?
- Não sei... Não consigo falar as coisas contigo... Acho que eu tento demais manter a pose que eu tenho de que está tudo certo. Eu queria ter dito isso antes de discutirmos... Antes de eu ter estragado nosso aniversário...
Taa murmurou e iniciou o choro novamente, soltando a mão do outro a observa-la com os poucos cacos de vidro que ainda tinha entre as próprias. Retirou-os da mão do outro, vendo os machucados aos poucos sendo fechados e puxou delicadamente a mão dele a beijá-la, lambendo as gotas de sangue.
- Ah, não lambe assim senão eu não saio de casa hoje...
Ikuma ditou enquanto os orbes focavam sua língua em suave passeio.
- Hai... Só estou limpando. - Taa lambeu o restante do sangue que não era muito e logo afastou-se. - Pronto.
A mão livre do toque, Ikuma levou aos descoloridos cabelos do outro os segurando em sua nuca e o puxou afim de lhe tocar os lábios. Taa abriu um pequeno sorriso, selando-lhe os lábios e logo o beijou, tocando a língua dele com a própria. O beijo continuou sem muito demorar ao final do mesmo, em breves selos contínuos até o cessar dos feitos.
- Quero transar.
Taa negativou.
- Vamos jantar...
- Sim, vou jantar você.
- Iie... Ia me levar no restaurante. Aguenta um pouquinho, hum.
- Eu vou levar. Você não conhece muito bem o que você virou e o que você é.
- Hum?
- Você não conhece muitos vampiros, exceto esses da boate, mas não digo vampiros em si, já que você está muito bem conhecendo só a mim.
O maior riu.
- Os vampiros de lá são diferentes?
- Não são os vampiros, só lugares que se pode ir, afinal, até os vampiros levam uma vida normal.
- Ah sim... Então vamos?
Taa aproximou-se do maior a levar uma das mãos sobre a roupa intima que ele usava, apertando suavemente o membro do maior no local, massageando-o e logo levantou-se, rindo baixinho.
- Tome um banho antes, filho da puta.
- Claro.
O maior retirou a roupa intima, jogando-a de lado e abaixou-se em frente o outro na gaveta a pegar as próprias roupas e deixá-las na cama.
- Estou vendo sua bunda.
- Verdade? Como ela é? - Riu.
- Está suja do gozo que deixei ontem.
- Hum, jura? Eu limpei tão bem no banho. - Taa riu e levantou-se, observando-o. - Só pra avisar... Sua roupa intima está meio apertada.
- Oh, é mesmo? Acho que não enfiou muito bem a mangueira pra limpar lá dentro.
O maior riu e aproximou-se, abaixando-se e lhe selou os lábios.
- Quer sujar mais, hum?
- ... Vai tomar banho, vai.
- Hum? Por que?
- Vai, vai...
- Hum... Mas está tão duro... - Taa novamente o tocou no membro sobre a roupa intima, apertando levemente. - Aposto que está dolorido.
- Não está, sou sempre viril assim, sabe como é ne.
- Aham sei.
- Vou te dar dez segundos pra ir pro banho, senão vai pra minha cama.
- Depois de ter me recusado tanto... Vou pro banho mesmo.
- Não diga que o recusei, a qualquer momento vou te foder com toda a vontade que eu quiser, mas eu estou apenas tentando leva-lo a um encontro, já que estraguei nosso aniversário de um ano.
Taa ergueu o corpo e assentiu.
- Já volto. - Virou-se, caminhando em direção ao banheiro.
- Esqueça, venha cá.
- Não, vamos jantar ne.
- Não, vem.
O maior virou-se, observando-o e negativou. Ikuma levantou-se em passos poucos ao outro e logo, tinha seu fino pulso entre os dedos onde encontrou o impulso e joga-lo para a cama. Taa caiu sobre a cama ao senti-lo empurrar a si e sentou-se no local a observá-lo.
- Ora... O bonitão estava me recusando até agora e agora me joga assim na cama? Acha que pode?
- Não acho. Eu posso. - Ikuma se encaminhou a cama a postar os joelhos lado as laterais do maior. - Depois não diga que não tentei fazer algo que não fosse sexo, mas meu limite é baixo.
- Sei, sei... Está enjoando de mim, por isso queria me levar pra jantar... Está pensando "Não aguento mais comer essa lagarta".
- Você está tão apreensivo e inseguro. O que há, ah?
- Estou brincando.
- Não está, o que há? Seu amor está assim tão descomunal?
- Estou com medo de perder você.
- Está ficando louco.
- Estou?
- Está, como eu deixaria você?
O maior sorriu e lhe selou os lábios.
- Vem.
- Ai, que gay.
Taa estreitou os olhos.
- Vou te socar, cara.
- Agora já vi seu lado viadinho, não adianta forçar a barra.
O maior empurrou o outro e puxou-o a fazê-lo se deitar na cama, sentando-se sobre ele.
- O que, vai ficar por cima?
- Vou.
- Então comece.
- Ah, mas porque? Está tão bom te provocar...
Taa murmurou e rebolou suavemente sobre o colo do outro.
- Qual é, Taa?
Com as mãos em seus braços, Ikuma o jogou a cama, retomando o posto anterior.
- Ficou bravinho, foi?
- Estou estranhando você...
- Desculpe... Vou calar a boca.
- Não mandei calar a boca.
- Mas tudo que eu digo está estranhando.
- É, não sei porque, acho que foram suas declarações de amor.
- Não vou mais falar daquele jeito. Eu sabia que isso ia acontecer.
- Isso o que?
- Que ia ficar me estranhando.
- Iie, eu... estou feliz.
- Hum? - Taa uniu as sobrancelhas.
- Nada.
Ikuma acomodou-se acima do outro, tratando de livrar-se da regata posta tempo antes.
- Diga.
O maior observou-o a retirar a regata e deslizou uma das mãos pelo corpo dele.
- Tire a roupa, lagarta, sabe como eu não gosto delas.
Taa estreitou os olhos.
- Diga pra mim!
- Dizer o que?
- Porque esta feliz?
- Por que tenho uma iguana de estimação que me adora.
- Sei... - Riu.
- Mas não pense que estava recusando você, eu só queria te levar pra um encontro, mas não consigo, seu porra, fica me provocando, não saio da cama mesmo.
- Quando sairmos daqui, tomamos um banho e vamos.
- Uhum. - Ikuma abaixou-se, selando-lhe os lábios por vezes. - Como recusar lagarta? Meu prato favorito. - Sussurrou.
Taa retribuiu os selos nos lábios e sorriu, levando uma das mãos aos cabelos dele, acariciando-os.
- Então coma, hum.
- Itadakimasu.
O menor tornou a pronuncia em mesmo tom, por fim a beijar o outro. Taa riu baixinho, retribuindo o beijo e sugava-lhe os lábios, apreciando o sabor dos mesmos. Mordeu a própria língua a deixar o sangue escorrer da mesma e alimentar o outro entre o beijo.
Ikuma sentiu o sabor se espalhar sob o paladar, aguçando os sentidos. Um roçar tênue pela língua suficiente a gotejar do próprio fel aos lábios demais, misturando ambos os sangues dentro do beijo compartilhado.
Taa sorriu, sugando a língua dele para si e apreciando o sabor do outro, tão saboroso, sentindo a pele se arrepiar notavelmente ao sentir o sabor tão doce a descer pela garganta. Cessou o beijo por pouco tempo, mantendo os lábios unidos e riu baixinho.
- Pacto de sangue, hum?
- Estou te deixando saborear o pouco que pode.
- Me fode logo, hum...
Kazuto sentava-se no sofá com o bebê pequeno entre os braços, a tv ligada para si não tinha nenhuma utilidade, apenas dava atenção ao filho com os olhinhos pequenos a fitar a si, a cor tão bonita dos olhos dele. Virou-se a direção da ruiva ao lado de si que observava o bebê e sorriu.
- Ele tem os olhos do pai.
- Não são lindos?
O menor sorriu a segurar a mãozinha pequena como tinha costume de fazer e logo ouviu o barulho da porta, desviando o olhar ao outro, já era tarde, vestia o pijama, mas não queria dormir enquanto o namorado não chegasse, aliás, o noivo.
Yuuki deu passagem a si mesmo, visto que recém chegado, deixando logo a mochila portada num dos ombros, sob o estofado conforme na sala tão próxima ao hall de entrada. Assistia à ruiva prontificada a guardar quaisquer coisas que lançasse pela casa, indagar sobre refeições que já não mais eram necessárias. Observou às duas crianças no sofá da sala, enquanto deixava um casaco, daqueles chamativos de serviço, em tom vinho, sobre a poltrona de couro escuro.
- O que faz acordado?
Kazuto sorriu a ele.
- Estava esperando você. Boa noite.
- Está empolgado com a criança. Ele já deveria estar no quarto, logo o sol começa a aquecer o clima.
- Ele me acordou ne... - Murmurou. - Estava agitado e não queria dormir de jeito nenhum.
- Mas agora já o leva. São seis e quarenta.
- Porque chegou essa hora?
- Trabalhando.
O menor assentiu e desviou o olhar ao bebê novamente, sorrindo ao vê-lo levar o próprio dedo entre a mãozinha pequena, à boca.
- O que você quer, hum? - Sorriu.
- Fome aparentemente.
- Fome? - Kazuto uniu as sobrancelhas e desviou o olhar à ruiva que já caminhava até a cozinha para preparar a mamadeira. - Ele toma muito sangue...
- Ele é novo.
- Vampiros novos costumam comer mais?
- Verá quando ele tiver dois, três anos, vai ter que dar um jeito dele não sair mordendo tudo.
O menor uniu as sobrancelhas.
- Que horror.
- Terá que ensiná-lo.
- Eu ensino. Ele vai ser a coisinha mais linda quando for mais velho...
Kazuto sorriu e aceitou a mamadeira que a ruiva deu a si, ajeitando o pequeno bebê entre os braços e levou-a aos lábios dele, vendo-o colocar as pequenas mãozinhas aos lados da mamadeira e sugar o líquido.
- Vá fazer isso no quarto.
- Vem comigo?
- Já vou dormir.
O menor sorriu e levantou-se com cuidado junto do filho pequeno, caminhando em direção ao quarto. Kasumi observou o garoto a ir ao quarto e voltou-se ao mais velho.
- Ele disse que vão se casar, vão mesmo?
- Por que quer saber?
- Nada. Desculpe, senhor.
- Por que, ahn? Quer planejar minha despedida de solteiro?
- Se o pirralhinho deixar. - Ela sorriu.
- Desde quando a amizade de vocês é tão forte?
- Desde que eu soube que ia servi-lo pela eternidade. Afinal, não é nada agradável conviver brigando o tempo todo.
- Yuuki! - O menor chamou o outro do quarto.
- Ora ora, desde quando se tornou tão compassível, Kasumi.
Yuuki indagou sem necessidade de sê-lo respondido, quando já lhe dera as costas ao caminho do quarto, tragando por fim um cigarro que tirou de um bolso qualquer. Kazuto abaixou a deixar o bebê no berço e sorriu a ele, já havia bebido todo o sangue da mamadeira que deixou sobre a comoda e apenas o colocou para dormir. Os olhinhos fechados demonstravam o sono do pequeno e sorriu apenas a se levantar e observou o outro.
- Yuuki... Fumar perto do bebê?
- Ele nem pulmão funcionando tem.
O menor uniu as sobrancelhas e assentiu a se deitar na cama, ajeitando-se. Após o cigarro, um banho ligeiro, uma roupa qualquer sem calor ou peso, o maior deitou-se na cama a se enroscar novamente aos lençóis, como deveras costume de dormir. Acomodou-se no lugar, sentindo o bom agrado do banho, de olhos fechados, dormiria logo.
Kazuto aproximou-se do maior e lhe beijou o ombro, havia espero o retorno dele na cama. Sorriu apenas, fechando os olhos igualmente.
- Eu te amo... Boa noite.
- Boa noite.
Yuuki ajeitou-se na cama, deixando um dos braços simplesmente pousar sob a cintura alheia, sem um abraço realmente. O menor abriu os olhos ao sentir o braço sobre si e sorriu, aproximando-se do maior a ajeitar-se junto a ele, encolhendo-se.
Kazuma havia partido e muito além do alcance dos veículos, havia voltado de onde veio, e ainda que naquele dia houvesse planejado notificar o garoto, o qual não sabia exatamente o que fariam a seguir, não tinha certeza de nada, mas era algo que poderiam pensar, sem que alguns milhares de quilômetros houvessem impedido. Ainda que naqueles anos instáveis houvessem vivido sem planos, sem decisões senão guerrear, não havia perdido o senso de obrigação e era por isso que havia partido sob as ordens, ainda era um general, ainda era responsável por uma divisão e depois de todo aquele tempo como militar, não era por um novo sentimento que perderia tudo aquilo, mas por todo aquele tempo, desejava tê-lo avisado. Um suspiro deixou a boca e os olhos como sempre de aspecto impassível não revelavam o fato de que, com alguma preocupação e alguma ternura, observava o pequeno adereço em duas voltas no pulso, era o que havia feito de seu terço.
- General, precisamos de você.
Disse o homem tirando a atenção do adorno religioso ou de qualquer atividade que fingisse fazer.
- Estou indo, soldado.
O retrucou e novamente caia na realidade, tinha compromissos a honrar, no entanto a cada passo cuja pisada firme era como uma marcha, sentia como o tempo tornava mais difícil a ideia de acha-lo em algum lugar.
♦
Asahi havia passado um longo tempo naquele campo. Observando a base que havia sido abandonada. Não acreditava no quão idiota havia sido, por achar que ele gostava de si, por achar que ele sentia algo por si. Havia se sentado abaixo de uma árvore, e não evitava as lágrimas que escorriam dos próprios olhos, chegou a achar que nunca havia chorado daquele modo na vida. Havia ficado ali, por horas, sem saber o que fazer, sem saber o que fazer, não tinha nada, nem ninguém agora.
Ao anoitecer, ainda podia ouvir os fogos que eram estourados no céu, não tinha pra onde ir, nem a mínima vontade de se juntar a eles na comemoração, então apenas havia ficado ali, sozinho, como sempre fora até que adormeceu, encostado ao tronco e por um momento, ouviu um barulho estranho em meio as árvores, achou estar sonhando, mas não estava, não era um animal ou algo pior, era uma mulher, tinha cerca de trinta anos, e carregava um bebê em suas costas.
- Padre? O que o senhor está fazendo aí?
Desviou o olhar a ela, unindo as sobrancelhas conforme a ouviu.
- Perdão?
- Sou eu, Akane Yamamoto. Sei que não se lembra de mim, mas eu frequentava a igreja todo fim de semana.
- Akane...
- Por que está aqui sozinho, padre?
- Desculpe Akane, eu não sou mais um padre. Renunciei aos meus votos.
Ela fez um momento de silêncio.
- Você está sozinho? Não tem pra onde ir?
- Não... Tive que sair da igreja.
- ... Ora, não devia ficar aqui sozinho, podem haver soldados chineses ainda aos arredores. Por que não vem comigo? Trabalho numa estalagem, você pode se hospedar lá.
- Não tenho dinheiro, Akane, mas obrigado pela oferta.
- Bem, você pode me ajudar com a casa, eu não cobraria hospedagem de você.
Permaneceu um longo minuto a observando, ponderando sobre o que ouvira e por fim se levantou, não tinha outra escolha e não queria morrer ali sozinho. Alguém havia ensinado a si a dar valor a própria vida um dia.
- Obrigado...
- Sei que não é mais um padre, mas... Pode me dar a sua benção?
Assentiu ao ouvi-la, fazendo o sinal da cruz e deslizou uma das mãos pelo rostinho pequeno da criança, sorrindo a ela. Nunca iria ter um filho.
Masashi revirou-se no estranho conforto abaixo do corpo, mas mesmo embora macio, estava apertado. E sentia um estranho peso sobre as pernas. Ao tatear o local, sentiu um tecido leve, juntamente a um toque mais frio, sua pele. Abriu os olhos embaçados, nem sabia que horas eram. E notou então a presença de um acompanhante. Assustou-se inicialmente, no entanto recordou-se da presença do vampiro.
Katsuragi moveu-se suavemente sobre o sofá, despertando do sono junto do outro, e havia perdido a noção do horário, certamente os outros cortesões já haviam acordado e estavam se perguntando onde estava, mas não se deram ao trabalho de procurar já que estar longe era melhor para eles. Sorriu, suavemente, porém arregalou os olhos ao notar a presença dele, os olhos estavam num tom distante de vermelho, estava faminto, costumava se alimentar toda manha, e naquela fora diferente. Suspirou, mantendo o controle e deslizou uma das mãos pelos cabelos dele.
- Bom dia, querido.
O menor sentiu o toque atípico nos cabelos. O que causou um leve eriço na pele pela falta de costume. E fitou o rapaz, cujo seus olhos quase pareciam castanhos, como não os havia visto antes.
- Tudo bem, hum? Dormiu bem?
- Sim... Mas está calor. E sua perna é pesada.
- Ah... - O maior disse a puxar a perna como ele havia pedido, tirando-a de cima dele.
- Você dormiu?
- Nem vi o tempo passar. Apesar de que... Você não é tão confortável quanto o meu caixão.
- Ah... É? Então vai dormir em cima dele.
O maior riu baixinho.
- Eu não durmo num caixão, bobo.
- Sei, Conde Drácula.
Katsuragi rosnou a ele a mostrar as presas. Masashi fitou-o de soslaio, como se o estranhasse.
- Cachorrinho?
- Ora, está corajoso hoje.
- Você me deu liberdade pra isso...
- Ah, eu dei?
- Deu.
- Quando?
- Hoje.
- Quando me deitei com você?
- E me deixou te puxar pro sofá, te beijar e pedir pra eu te abraçar.
- Hum, talvez seja verdade.
O menor sorriu a ele.
- Vem me dar um beijo.
- Mas eu acordei agora.
- Ah, problemas mortais. Na mesa atrás de vocês tem balas nesse potinho.
Masashi virou-se, procurando as balas e escolheu uma delas, azul.
- Aniz.
- Gostosa. - O menor disse com a balinha na boca. - Quer a bala?
Katsuragi sorriu a ele e aproximou-se, segurando-o no queixo e selou-lhe os lábios.
Ao sentir o toque de seus lábios, superficialmente, Masashi levou a bala entre eles e tentou empurrá-la a dentro de sua boca. O maior sorriu a ele e aceitou a bala, puxando-o para si pela cintura e colou-o no corpo. Puxou os cabelos dele com a mão livre e aspirou o perfume que ele tinha no pescoço, tão gostoso, roçou as presas ali, arranhando a pele, mas não perfurou, pensou em fazê-lo e até pressionou suavemente, mas não o fez.
Masashi pendeu-se suavemente ao sentir a puxada, que mesmo assim não era forte. Encolheu sutilmente o pescoço ao sentir as pontinhas roçarem pela cútis e descer na pele, no entanto, soltar antes que causasse alguma fissura.
- É melhor levantarmos... - Katsuragi murmurou.
- Sim... Não tivemos aulas.
- Acordamos tarde, deve ser quase dia. Droga.
O maior levantou-se rapidamente, ajeitando o quimono, que estranhamente estava sem o obi. Masashi observou-o em seu movimento hábil e sentou-se no sofá, ainda o fitando sem comentar. E pegou outra balinha, já que a própria ficara com ele. O maior pegou sobre o sofá o obi, prendendo-o ao redor da cintura e suspirou.
- Vamos.
- Aonde?
- Treinar, ora.
- Mas é dia, isso não te incomoda?
- Um pouco, mas eu aguento.
- Isso tem a ver com a minha estréia na semana que vem?
Katsuragi pareceu pensativo por um momento, desviando o olhar ao garoto.
- Preciso treinar você pra isso, não pode chegar lá sem dote nenhum.
- Sou um prostituto, não uma gueisha, tenho meus dotes.
- É, mas precisará de muito mais para conquistar um rapaz, terá aula de dança, bons modos, aprenderá muita coisa.
- ... Você está com fome, não está?
- Estou, preciso me alimentar, não fiz isso hoje cedo.
Masashi percorreu o corpo dele com os olhos, era bonito, já havia constado isso, não cansava de olhar.
- Bem, então vamos subir.
Shinya tinha os olhos fechados e na face a expressão tranquila, descansava junto do outro na cama, porém os lentos movimentos que fez, talvez causassem a ele o sutil incômodo. Acordou no susto a se sentar na cama e observou o quarto escuro, os olhos ainda embaçados que foram preenchidos pelas lágrimas que escorreram pela face, porém, não disse nada a ele, não queria acordá-lo, da própria boca não saía nada, nem um simples suspiro, estava em silêncio absoluto. Observou-o apenas, dormindo lado a si e voltou a se deitar, aproximando-se do outro e encolheu o corpo junto ao dele, entre o braço dele que levou ao redor da própria cintura, sentindo as mãos sutilmente tremulas.
- Shin...?
Kyo indagou suavemente rouco, baixo e leve. O braço pesado guiado sob seu corpo com mão trêmulo e ruídos quase imperceptíveis vindos dele, se não fosse por estar sonolento.
- Hum? - Shinya murmurou apenas, a voz igualmente tremula, porém tentou disfarçar.
- Está passando mal? - O menor falou ainda assim baixinho.
- Iie... Estou bem, só tive um pesadelo...
- O que sonhou?
- Não é importante...
- Só algo ruim. Ao menos, já acordou...
- Eu sei...
- Eu fiquei mais feliz em ver que estava do meu lado quando acordei.
- Sonhou algo ruim comigo?
- Nós dois.
- E o que foi?
- Sonhei que me mandava embora...
O maior murmurou e uniu as sobrancelhas, sentindo as lágrimas a preencher os olhos novamente.
- Por que eu faria isso?
- Não sei... Você disse que não me queria mais por perto, e me mandou embora, você... Já me disse isso várias vezes.
- Não vou fazer isso.
- Eu... Eu sei. - Disse o maior.
- Então.
- Por isso eu não quis te acordar... Não foi nada demais.
- Então por que está tremendo?
Kyo tocou numa de suas mãos, envolvendo-a com a própria. O baterista uniu as sobrancelhas ao sentir o toque e permaneceu em silêncio por alguns segundos.
- Fiquei com medo...
- Hum... - O menor murmurou. - Faz algum tempo que não digo, mas eu te amo, Shinya. Não tenha medo, não esteja inseguro, quero estar com você.
O maior assentiu, mesmo em silêncio a ouvi-lo e abraçou-o.
- Eu também te amo... Muito.
- Pare de tremer.
- Hai... Eu vou...
- Quer que eu faça um chá pra você? Talvez assim melhore.
- Não, eu... Tudo bem. Desculpe te acordar.
- Não me peça desculpas, quero que esteja bem, e se isso envolve que eu acorde, tudo bem.
Shinya assentiu, observava o outro e por um momento até parecia um sonho, o modo como ele falava consigo, demonstrava carinho, algo que dificilmente tinha dele antigamente, não sabia se ele só estava com sono, mas sua expressão parecia de alguma forma, genuína, embora preguiçoso.
- Vem, deita. Amanhã faremos algo legal, pare de pensar besteiras.
- Eu vou...
- Direi ao Kaoru que não iremos ao ensaio, e podemos sair um pouco.
- Tudo bem... Kyo... Obrigado.
Já faziam alguns dias desde que Loki havia sido colocado naquele local, se sentia solitário, faminto também. O local não tinha acesso de ninguém, nem animais, nem pessoas, guardas, absolutamente nada, o que só fazia as crises de pânico aumentarem, até que finalmente, não sobrasse em si, mais nada. Deitado no chão, observando o vazio, podia olhar para si mesmo, sabia que não estava sozinho, estava com o filho, ou filha, dele. Não podia senti-lo, mas sabia que ele estava ali, e talvez, estar tão magro, privado de comida, sono, conforto, até mesmo de água, não fosse algo muito bom para ele. Suspirou e lamentou-se silenciosamente por ter voltado com ele, se soubesse, teria fugido, nunca mais voltaria para Asgard, nunca mais precisaria estar ali.
Era horário do jantar, podia ouvir o barulho dos passos, mas naquele momento, se sentia tão longe, que não conseguia levantar para falar com os guardas, mesmo as sutis provocações que geralmente fazia, naquele momento, teriam que ser deixadas de lado. Podia ter uma ideia turva de tudo, o modo como estava agora, era como se olhasse o universo, porém sem nenhuma estrela.
- Loki? ... Loki? Está me ouvindo?
Piscou algumas vezes, podia ouvir a voz de alguém conhecido, mas não sabia quem era, teve que se concentrar para conseguir ver seu rosto, e para a própria surpresa, era o irmão, e não os guardas.
- Thor? ... É você mesmo?
O loiro franziu o cenho e ajoelhou-se ao lado do irmão, vê-lo naquele estado era terrível, e o pior, havia fugido do controle o que acontecera com ele, não era autorizado a sair do próprio quarto ou da sala de jantar, não podia mais descer e visitá-lo, certamente porque estavam fazendo aquilo, o matariam se não estivesse ali naquele dia.
- Preciso que você se levante, consegue?
Loki deu um sorriso, um sorriso sínico, como costumava ser, desprovido de graça.
- Acha que consigo?
- Loki, como ele está?
- Está vivo, não se preocupe, assim como eu.
- Como sabe?
- Eu sinto. Veio atrás dele, ou veio atrás de mim?
- Não seja tolo.
Num movimento suave, porém rápido, Thor pegou o irmão no colo, erguendo-o consigo e embora o moreno se sentisse desconfortável era a única forma, não havia outra, de sair dali.
- Como vai passar comigo pelos guardas?
- Bem, estava esperando que você me ajudasse.
Loki riu e negativou.
- Não tenho força pra isso.
Pela primeira vez em dias, Loki podia ver a luz, diretamente em seus olhos. Fora forçado a encolher-se, esconder os olhos, e nem percebeu que praticamente havia abraçado o irmão. Thor cessou os passos para observá-lo.
- Me desculpe, Loki, logo estaremos em nossa casa.
- Não... Teremos que mudar, ou ele saberá que estamos lá.
- Ele saberá que estamos na terra, ele sabe de tudo.
- Vamos arrumar outro lugar...
- Sim, mas por hora ficaremos em nossa casa, até você se recuperar. Ninguém vai nos seguir.
O moreno assentiu apenas, não tinha o que dizer a ele, e na verdade, Thor já tinha planos para fugir, a verdade é que nem todos concordavam com o que Odin estava fazendo com Loki, alguns, achavam um exagero, e é claro que em consideração a um amigo, Heimdall faria vista grossa. Já que não tinha a ajuda do irmão, Thor tivera que fazer silêncio ao passar pelos guardas, usando as sombras como escudo para conseguir chegar na saída, na verdade não fora fácil, mas naquele horário, sem muitos perigos na prisão, tudo parecia tranquilo.
- Heimdall, pode nos levar de volta?
- Nunca pensei que fosse concordar com uma ideia absurda como essa, mas vou passar você e Loki em segurança até a terra.
- E aí, como está o tempo aí em cima?
- Loki... Sempre engraçadinho. Não parece muito bem, não é?
- Eu só estou sonolento, mas ainda te dou uma surra fácil.
O moreno riu, o guardião permaneceu silencioso.
- Não temos tempo, vamos.
Loki se ajeitou no colo do irmão, sem muito o que fazer e sentia a descarga de energia pelo corpo conforme era levado junto do loiro para a terra mais uma vez. Por sorte, sabia que não estariam longe de casa.
- Finalmente.
Disse o loiro, podia sentir a brisa nos cabelos, e os finos pingos de chuva, para ele era algo normal, mas Loki, se sentia no paraíso. Devagar ele se agarrou ao braço do irmão.
- Não... Não entre em casa.
- O que foi? Não há perigo em casa.
- Eu sei que não... Preciso da chuva, só por um momento.
Thor permaneceu em silêncio, curiosamente observou o rosto do irmão, parecia absorto, perdido com as gotas que caíam em si, estava calmo, tranquilo, finalmente podia ver algo além do vazio, e aquela visão era tudo para si, não precisava de mais nada. Conforme o moreno fechou os olhos, o maior o levou para dentro de casa, visto que aparentemente seu momento consigo mesmo já havia passado, e no quarto, buscou a cama de ambos, que fora deixada arrumada da mesma forma em que saíram, dias atrás.
Ao sentir a maciez nas costas, o moreno até suspirou, desviando o olhar ao irmão e estendeu uma das mãos a ele, segurando a do outro.
- Thor... Obrigado.
- Descanse, Loki. Não precisamos mais voltar pra lá, tudo bem? Nunca mais.
O menor assentiu.
- Precisa se cuidar e cuidar dele, estaremos bem, amanhã vou procurar uma casa nova pra nós três.
Loki riu baixinho.
- Você realmente está empolgado com isso não é?
- Estou feliz de ter um herdeiro. E estou feliz de ter você.
O menor sorriu, satisfeito e por fim fechou os olhos, descansaria como ele havia indicado.