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março 2020
Haruna suspirou conforme fechava as salas de aula, naquele dia, não o havia visto. Começou a pensar se talvez, ele não estivesse chateado consigo pelo que havia acontecido, ou evitando a si. Mas o nome dele ainda estava na lista das aulas, então... Iria para a biblioteca, procurar alguns livros, talvez pudesse se distrair. Ao adentrar o local, fitou as mesas do fundo, e para a própria surpresas ele estava ali. Arqueou uma das sobrancelhas e seguiu em passos lentos devido ao salto alto, parando em frente a mesa dele.
- Hiro?
Ele ergueu a direção visual ao ouvir ressoar dos saltos pisando em seu caminho. Há alguns dias não a via, por ter aulas muito específicas, ela ia vezes esporádicas e os horários normalmente não se cruzavam, então, acabou pensando sobre o sábado assim que a viu seguir o caminho a própria direção, assim como teve uma pausa para pensar sobre um certo detalhe que também sou e naquele dia, mas vê-la ali era muito diferente, ainda mais como normalmente vestia, quando já a havia visto sem saltos, com uma camisa longa e até mesmo inteiramente nua durante o banho. Desviou o olhar, tentando tirar o foco das coisas que pensava.
- Mitsu?
Indagou a namorada, sentada ao lado, o que a mais velha veria assim que chegasse um pouco mais perto. Era a razão pela qual não havia ido para a aula final naquele dia, Miyuki tinha uma prova importante no fim de semana e havia pedido ajuda, o que demorou um pouco mais do que pretendiam, queria apenas explicações rápidas.
- Haruna-sensei. - Disse ela, certamente com ciúme, o que agora não podia dizer que não havia razão. - Sensei, acabei perdendo o horário da aula.
Conforme viu a garota, a expressão de Haruna se alterou totalmente. Havia corrigido também a postura.
- Eu percebi. - Disse, apenas o respondendo, não respondeu a ela. - Lembre-se que temos poucas aulas por mês, se perder muitas suas notas ficarão prejudicadas.
- Sim, Sensei.
Disse e abaixou a cabeça, num pedido de desculpas.
- Hum, ele nunca falta, por que advertir?
- Miyuki.
- Porque ele é meu aluno, e me importo com o futuro dele. Você também deveria se importar ao invés de o fazer faltar na aula.
- Eu me importo, mas sei que Mitsu é inteligente e não vai perder o futuro por causa de uma aula.
- Tudo bem, eu vou repor a aula, Sensei. Podemos?
- É claro que ela vai querer repor a aula. - Ironizou a menor.
Haruna abriu um pequeno sorriso provocador, se era guerra que ela queria, bem, daria a ela.
- Naturalmente. Gosto de vê-lo e passar tempo com você não seria problema.
- Ora sensei, assim acabará sendo mal interpretada.
- Chega. - Disse Hiro, firme.
Haruna sorriu meio de canto.
- Hum. Nos vemos na sexta, ficará um pouco mais após a minha aula, tudo bem?
Hiro assentiu embora achasse estranha a forma como ela se deixava levar pelas provocações de Miyuki. Haruna assentiu, e estava irritada, talvez não visivelmente, mas estava. Ajeitou a bolsa sobre os ombros e o fitou, firmemente antes de deixar o local. Hiro se perguntava se havia realmente ganhado uma encarada, talvez devesse ir falar com ela? Bem, ela sabia que tinha algo como uma namorada então provavelmente não estava de fato se importando se não fosse pelos modos da menor ao lado.
- Só um minuto.
Se levantou após tocar o tipo da cabeça loira dela, viu-a torcer os lábios mas não reclamou, era uma boa menina no fim de tudo, talvez não merecesse aquilo. Seguiu até a morena, não ia ficar em dúvida.
- Sensei. - Parou-a no pouco que faltava para deixar a biblioteca. - Está chateada comigo?
Conforme fora parada, Haruna desviou o olhar a ele, estava seria, agora sim, e evidentemente mostrava desagrado.
- O que você acha?
Hiro se surpreendera novamente e deixou a expressão clara.
- Por quê?
- Você não me ligou, não mandou mensagem, não foi a minha aula.
- Hum, é porque nunca fizemos isso de todo modo, Sensei. Eu perdi o horário em relação a aula, mas posso ficar hoje depois do horário, se a sala estiver disponível.
- E ela?
- Ela irá para casa em breve, não podemos sair dia de semana, o pai dela virá buscar.
- Tudo bem, vou esperar na sala.
Dito, despediram-se brevemente. Após saírem da biblioteca, Hiro levou a namorada até a saída da escola, onde esperou consigo até a chegada de seu pai. Seu enlace firme deixava claro que não iria dizer, mas estava irritada com a professora. Após sua despedida, levou um tempo até que o carro sumisse de vista e então pudesse voltar para a escola, indo até a sala onde a aula seria um tanto particular naquele dia. Após a saída da biblioteca, Haruna seguiu para a própria sala novamente, estava preparado para ir embora, mas não fez, talvez fosse melhor esperar. Na bolsa, pegou alguns livros, deixando sobre a mesa e folheava uma folha ou outra enquanto esperava. Ao chegar lá, Hiro bateu à porta e então correu-a, dando passagem para entrar na sala.
- Sensei.
Disse, encontrando-a em seu momento de leitura. Ao ouvir o barulho da porta, Haruna desviou o olhar a ele.
- Mitsuhiro. Sente-se.
Hiro fez o que pediu, seguindo para a mesa em frente a dela. Haruna o fitou, ainda estava um pouco irritada e não sabia se de fato o forçava a ter a aula ou lhe dava atenção de outra forma.
- Não acredito que esteja tão chateada pela aula. - Disse, sincero.
- Não estou chateada pela aula. Estou chateada pela ousadia dela.
- Ela só acha que estou passando muito tempo com você. Ela te acha bonita.
- Não adianta, não vai me convencer a gostar dela. Ela é uma inimiga pra mim, se é que me entende.
- Não estou tentando fazer isso. Estou falando a verdade, além do mais é só uma menina.
- É uma menina, mas você gosta dela.
Hiro observou-a, não sabia bem o que dizer a ela naquele momento, até porque a situação era estranha, não sabia porque a incomodava, sabia que estavam tendo um tipo de "ficada", mas não achava que era suficiente para causar a ela algum tipo de ciúme. Haruna suspirou e tipicamente, arrumou a mecha do cabelo atrás da orelha. Não costumava ser ciumenta, ainda mais numa situação como aquela, estava enlouquecendo.
- ... Você tem dúvida em alguma coisa da matéria?
- Bem, não, porque não sei o que passou hoje. - Hiro sorriu, canteiro.
- Hum... - Assentiu. - Abra seu livro na página vinte e sete.
Hiro assentiu e abriu o livro após pegá-lo na mochila, olhou-a, acabou descendo a direção visual curiosamente, percebendo que sabia exatamente o que tinha embaixo de sua roupa. A blusa de Haruna tinha dois botões abertos, o que deixava suavemente a vista o decote. Por isso, algumas vezes se inclinava para frente conforme falava com ele, e indicando a página, ensinava a ele o que havia perdido na outra aula. Hiro não sabia se estava fazendo de propósito, mas estava vendo a fenda, não se lembrava de ter visto aqueles botões fora de sua casa pouco antes. Mas ainda assim prestou a atenção na aula, compreendendo cada detalhe. Ao final da explicação, Haruna fechou o livro.
- Você entendeu tudo?
- Sim, eu entendi. - Hiro disse e bem, se ela estava aborrecida, jogaria o mesmo com ela. Se levantou então, guardando o que já havia utilizado na aula. - Agora você já pode ficar tranquila, já não vou ter meu futuro afetado.
Provocou e esticou a mão, apertou, de maneira bem incomum, gentilmente, a ponta de seu nariz, como se fosse uma criança. No ombro ajeitou a mochila, se prontificando para ir embora. Haruna arqueou uma das sobrancelhas ao ouvi-lo.
- Hum... Vai embora?
- A aula terminou, não?
- Hum, e não quer ficar comigo?
- Bem, você está brava e queria me dar aula, foi o que fizemos.
- Hum, então não quer?
- Hum, e o que você quer, Sensei?
Hiro disse, imitando a forma como ela falava, todo seu "hum" no início da fala.
- Quero você.
Haruna disse, sem delongas, e se levantou, arrumando a camisa e a saia.
- O que quer de mim?
Hiro retrucou, quase em reflexo, não simpatizando com o mau humor que ela parecia ter, mas se aproximou dela novamente quando a viu se levantar. Haruna sorriu meio de canto. Está nervoso?
- Não, é que você está mal humorada, então estou respondendo do mesmo jeito.
- Hum, então não quer namorar comigo hoje?
- Na...morar?
Hiro indagou, embora não estivesse mesmo exigindo resposta. Pensou na situação, sabia que ela estava irritada com Miyuki, e Miyuki com ela, pensou se deveria, se já estava lhe causando problemas tão logo.
- Eu não sei.
- Não sabe? Ué, não estava em cima de mim na sua cama no sábado? Agora não sabe?
- Sim mas... - Hiro disse, talvez tivesse algum rubor, porque o rosto estava quente. - Não quero machucar ninguém.
- Hum... - Haruna disse novamente e uniu as sobrancelhas, ele já estava machucando. - Certo.
Hiro observou sua expressão, havia deixado seu tom arisco para juntar suas sobrancelhas. Já a estava machucando, pensou, não por sentimentos amorosos, era fácil deduzir que parecia estar evitando algo sobre ela.
- Você quer ficar comigo mesmo pensando sobre a Miyuki?
- Você quer ficar comigo mesmo pensando nos meus órgãos genitais? - Disse, achando ser por isso que ele estava agindo daquela forma. - Tudo bem, Hiro, eu entendi.
Aquela pergunta soava muito estranha, mas Hiro podia entende-la. Negativou.
- Eu não estou pensando sobre suas partes íntimas.
Haruna suspirou, estava magoada.
- Não me importo com a Miyuki.
- Não estou pensando sobre isso.
Hiro disse tornando a enfatizar, não estava mesmo, só se sentia um pouco cretino até em mostrar para ela esse lado que não se importava em trair a namorada. Esticou a mão e tocou seu rosto. Ao sentir o toque, Haruna suspirou e virou a face a repousar sobre a mão dele.
- Se quiser só a Miyuki tudo bem.
- Hum... Você é linda mesmo. - Hiro disse, num devaneio.
- Eh?
Haruna disse, tentando entender como ele havia mudado tão rápido.
- Eu quero ficar com você, mas eu acho que não devia. - Hiro uniu as sobrancelhas.
- Mas eu também quero ficar com você...
Hiro se aproximou pouco mais do que precisava para beijar ela, beijou porém o cantinho de sua boca. Ao sentir o pequeno toque, Haruna deslizou uma das mãos pelo rosto dele, como ele havia feito consigo e retribuiu seu pequeno selo. Após o beijo breve, Hiro voltou para trás apenas suficiente para olha-la.
- Você quer ir em algum lugar? Podemos ir até uma cafeteria ou algo assim.
- Hum, claro.
- Hum... Sensei está difícil de lidar hoje, não é?
Haruna riu.
- Não, estou bem.
- Não costumo ser ciumenta, estou me acostumando com isso
- O que?
Hiro indagou, confuso e deixou isso levemente claro na expressão, afinal, pouco haviam ficado, mal haviam saído.
- Você está com ciúme de mim?
Achava aquela situação estranha. Era popular com as garotas, mas quando pensava sobre ela ser uma professora, uma mulher mais velha, discutindo com uma menina por ciúme, sorriu canteiro, era engraçado.
- É, eu acho que sim... Desculpe parecer ridícula.
Haruna disse conforme viu sua expressão.
- Não parece, é apenas, inesperado. Nós não tivemos muita coisa...
Hiro disse, não concluiu o raciocínio, mas era por ser claro sem que terminasse. Próximo dela como já estava, conferiu o silêncio dos corredores e tornou selar seus lábios, roçando-os com a língua, encostando em seus lábios cor de cereja a pequena joia que atravessava a língua, ela já conhecia aquele adorno. Haruna sorriu meio de canto.
- É porque eu gosto de você.
Disse e uniu as sobrancelhas, conforme ele se aproximou, fechou os olhos, sentindo o toque suave dos lábios, sua língua... Suspirou e o segurou perto de si, selou seus lábios novamente e empurrou a língua para sua boca, beijando-o. Hiro sentiu na camisa deslizando os dedos pelas laterais, onde apertou o tecido, achou adorável. Mas ganhou o beijo tão logo e retribuiu, enfiou-se em sua boca, lambendo-a a roçar a língua na sua, devagar. O pequeno gemido deixou os lábios da loira, e encostou-se ao corpo dele, deixando os seios roçarem em seu tórax, e naquele dia não usava sutiã, usava um top liso, o que facilitaria pra ele sentir a si.
Hiro mal a havia tocado e já ganhava um grunhido manhoso, já ganhava suas formas, ela sabia provocar um homem, ou talvez fosse apenas sensível demais. Moveu-se suavemente contra ela, sentindo no peito seus seios volumosos, o que fazia algo de si querer saudá-la também. Haruna suspirou, contra os lábios dele e devagar caminhou para trás, sentando-se sobre a própria mesa, puxando-o entre as pernas.
- O que você quer fazer comigo?
Os lábios de Hiro estalaram contra os seus ao sentir o aparte do beijo. Seguiu com ela e ganhou o espaço entre suas pernas, o que por consequência fazia subir sua saia. Era rápida, sempre se surpreendia com o fato de que uma mulher adulta ia sempre direto ao ponto, não precisava insistir, não precisava tentar.
- Você quer que eu faça o que a você?
Haruna sorriu ao ouvi-lo, ainda era um pouco tímida, mas sabia o que queria.
- Eu quero você dentro.
- Você é tão direta, não é?
Hiro sorriu de forma tênue e embora ficasse sem jeito, mordia o lábio por dentro. Ao puxa-la para a beira da mesa, esfregou a pelve contra a sua, só nunca tinha certeza do que ia sentir bem onde ia roçar nela. Haruna sorriu e assentiu, beijou o rosto dele, seu pescoço.
- Por que? Queria que eu dissesse que quero que me foda?
Ele fitou-a evidentemente com o olhar bem aberto, não entendia de onde ela havia tirado aquilo, se já achava seu convite sexual direto logo após um beijo, certamente aquilo ia ser ainda mais.
- O que?
O risinho soou entre os dentes. Haruna riu e mordeu o lábio inferior.
- Você sim é bem recatado para um adolescente.
- Hum, eu só não sou desesperado.
Hiro sorriu, canteiro. Era realmente muito tranquilo, embora pudesse responder facilmente de forma corporal.
- Sou filho de um militar, cresci com educação. - Sorriu, mostrando-lhe os dentes, sabia pensar com algo além do pau. - Além de que, Sensei, as meninas da escola não são tão desinibidas, não poderia chegar pedindo pra foder, do contrário, terminaria na sala da diretora ou acusado de assédio. - Riu, entre os dentes.
Haruna riu.
- Bem, você pode pedir isso pra mim.
Murmurou e selou os lábios dele.
- Hum, eu acho melhor irmos pra minha casa...
Hiro falou baixo e contra os lábios dela. Empurrou a pelve entre suas coxas novamente, roçando o corpo já viril.
- E vai esperar até chegar lá?
- Você é quem é apressada, Sensei. - Ele sorriu, canteiro.
Haruna sorriu.
- Hum, queria que tivesse vontade de fazer aqui
- Hum, e isso vai ser fácil pra você?
Hiro indagou, era inexperiente sobre uma parte de seu corpo. Ela assentiu.
- Na minha bolsa ainda tem o vidrinho de lubrificante, eu levo comigo, esqueceu?
- Sim, mas tem suas roupas apertadas e, bem, se você quer aqui...
Hiro disse, ela provavelmente sabia o que podia fazer. Talvez seu plano fosse ter sexo ali, talvez algum fetiche. Haruna sorriu meio de canto.
- E daí que são apertadas?
- Você vai precisar tirar.
- Ah vou? - Haruna sorriu. - E se eu ficar de costas pra você?
Hiro não estava entendendo exatamente, porque não sabia como ela escondia aquela parte de seu corpo. Bem, ela que resolvesse o que precisava.
- Apenas tire a roupa e eu vou saber o que fazer.
Haruna sorriu e selou os lábios dele, rindo baixinho.
- Espera, acha que eu vou esconder ele todos os dias? Eu preciso usar o banheiro também. Estou usando calcinha por baixo, só isso.
Disse e novamente selou os lábios dele, levantando-se e virou de costas, apoiando-se na mesa.
- Deduzo por não ver nada dando volume. Sua menina pode ter algum volume.
Hiro disse, brincando com ela ao se referir aquela parte. Sorriu e se afastou diante de seu movimento. Virou-se de costas e como já estavam no meio do caminho, deixou de lado a mochila e levou as mãos para ela, tocou sua saia e ergueu-a, arrastando pelas coxas até expor sua calcinha. Haruna riu baixinho.
- A minha roupa íntima só é bem apertada, gosto dela assim. Mantém tudo no lugar.
Haruna sorriu e na bolsa sobre a mesa, pegou o lubrificante e a camisinha, entregando a ele. Hiro assentiu e aceitou o que ela entregou. Talvez estivessem um pouco desajeitados, mal a havia tocado. Deslizou a mão em sua calcinha, abaixando até as coxas. Apalpou uma das nádegas, correndo até o meio delas, com alguma vagarosidade seguiu, tentando ver se haveria algum impasse, na carência do protesto, deslizou de vez, pressionando o dígito médio, sentindo seu âmago. Conforme o sentiu tocar a si, ele foi bem direto na verdade, Haruna teve que sorrir ao sentir o toque, e uma das mãos usou para abrir a camisa, desabotoando os botões. Por um instante, Hiro parou, pegou o lubrificante e dosou um pouco nos dedos, os levou para ela e deixou sentir em seu corpo o toque úmido e frio. Havia sido direto, porque não sabia bem o que fazer agora que estava de costas como se colocou. Sem demorar, usou o dedo médio e indicador, seguindo na massagem para dentro, penetrando-a devagar. Haruna gemeu ao senti-lo adentrar o corpo e mordeu o lábio inferior. A mão livre dele, segurou e guiou para a frente do corpo, o deixou tocar os seios. Hiro ouviu-a grunhir a medida em que adentrou, devagar foi indo para dentro até que os dedos sumissem em seu interior, parecia ser sugado para dentro. E com a mão desocupada, subiu por sua cintura, seguiu pela costela até seu seio firme e volumoso, apertou-a, pressionando nos dedos seu mamilo já desperto. Haruna suspirou e desviou o olhar a ele, atrás de si.
- Você está animado, hum?
- Por que não fica de frente, Sensei? Assim vou ter mais para fazer e você vai poder ver minha animosidade.
- Ah, quer que eu fique de frente? - Haruna disse e virou-se como ele havia pedido. - Quer que eu sente na mesa de novo?
Hiro afastou-se, suficiente para olha-la se virar. Sem responder, ou melhor, havia a colocado em cima da mesa antes de terminar a pergunta. Notou sua pele corada, suavemente aquecida na região das maçãs do rosto. Antes que voltasse com o dedo lubrificado para dentro, deslizou pega coxa e seguiu ao meio das pernas, tocando sua entrada, errando um pouco o cálculo inicial, encontrou ao macio, mas fingiu não perceber ao deslizar para baixo e então encaixar-se nela. Haruna sorriu a ele, conforme se sentou sobre a mesa e deu espaço a ele entre as pernas, tentou, mas não conseguiu evitar o pequeno sorriso conforme ele tocou o local errado e retirou o top que usava, expondo os seios a ele. Hiro sorriu em retribuição, não levando em consideração que era um sorriso de sarro. Curvou-se para ela e beijou seu pescoço onde sentiu o cheiro de seu perfume doce, devagar desceu pelo tronco, alcançando logo seus seios onde a lambeu, onde sugou e marcou sua pele. Haruna deslizou a mão pelos cabelos dele, ele era tão bonito, gostava tanto de toca-lo, sentia até a pele se arrepiar se ficasse tão perto dele daquele modo.
- Hum... Hiro... Senti saudade...
- Saudade, hum, saudade de que?
Hiro indagou e ergueu a direção visual, porém, abriu a boca e expôs a língua enquanto lambia um de seus mamilos. Haruna fitou seu piercing na língua e sorriu a ele.
- De você todo.
Riu baixinho e agarrou-se em seus cabelos. Hiro sorriu, e conforme mostrou os dentes, a mordeu, com cuidado é claro. A mão mais embaixo, moveu os dedos, dando início ao ritmo, inicialmente brando, sentindo a forma como ela sugava os dedos. Haruna gemeu novamente, dolorido conforme ele se movia mais abaixo, era um local que precisava se acostumar, mas era gostoso.
- Kimochi...
- Kimochi?
Hiro indagou, não esperando realmente uma resposta e subiu por seu beijo, voltando ao pescoço até o lóbulo da orelha e então seu rosto. Com a mão desocupada buscou o próprio zíper, abriu o botão da calça, mas não a abaixou. Haruna assentiu, segurando-o pelos cabelos, e sentiu a pele arrepiar conforme já respiração tão perto da orelha.
- Faz amor comigo.
Murmurou, igualmente perto da dele. Hiro desceu, desviando da proximidade da orelha ao beijar novamente seu pescoço, mordiscou a pele. Empurrou mais firmemente os dedos, tentando encontrar nela algo que lhe desse prazer.
- Ah! - Haruna gemeu pouco mais alto, mas mordeu lábio ao perceber que alguém da escola poderia escutar. - Desculpe...
- Isso é dor ou prazer?
Hiro indagou e empurrou mais dos dedos. Ao buscar sua mão, trouxe-a para si, levando até a boxer já exposta sob a roupa de escola, demarcando o corpo que esperava pelo dela.
- P-Prazer...
Haruna murmurou e sorriu, a mão, tocou-o onde indicado e apertou suavemente seu sexo, adentrando sua roupa para toca-lo diretamente. Hiro sentiu passar pelo elástico da roupa, enfiar-se para dentro dela e acariciar com sua mão suave. Moveu o quadril, insinuando-se para ela.
- Você é tão macio aqui em baixo... Gosto tanto de tocar você.
Hiro murmurou e sorriu, aproximando-se a morder o lábio inferior dele.
- Gosta, hum?
Murmurou, novamente não pedia mesmo uma resposta. Sentia a carícia em seu toque, apalpando de leve enquanto corria por ele e gostava da atenção ali. Lambiscou seu lábio superior a medida em que ganhou a mordida no próprio. Haruna assentiu e selou seus lábios, uma, duas vezes, ele era muito bonito. Abaixou sua roupa íntima.
- Vem, entra.
O maior afastou-se para deixar que ela abaixasse a calça, o suficiente apenas para expor a região o qual ela acariciava. Olhou para si mesmo, vendo seus dedos em torno, massageando, na verdade puxando a si por ali. Sorriu, achando graça embora não estivesse a rir. Pegou aí lado o preservativo, entregou a ela a embalagem. Se perguntou porque estava tão preparada, se havia pensado em ter aquilo na sala ou se era sempre assim. Ao aceitar o preservativo, Haruna abriu, guiando ao sexo dele em frente a si e deslizou por ele, estava com pressa, o queria muito.
- Da próxima vez, eu coloco com a boca, hum?
Hiro sorriu, canteiro. Imaginava se ela era realmente tão empolgada com aquilo ou se apenas tentava ser o máximo de agrado a um homem, o que ela não sabia, era que só seu rosto já era suficiente. Deixou-a vestir o corpo, abaixou-se para então novamente tocar seus seios, morde-los com gentileza, sensibilizar os mamilos com a ponta da língua. Quando interrompeu porém, esticou a coluna, ajeitou-se entre suas pernas e puxou-a para si, nos dedos, pegou-se, levou-se para onde antes estimulava com os dedos e friccionou a ereção já bem disposta, insinuando a penetração. Ela sorriu igualmente, na verdade, tentava deixa-lo com vontade, gostava tanto dele, que queria fazer aquilo com ele sempre. Ao ser puxada, mordeu o lábio mais uma vez e gemeu, em expectativa. Hiro olhou para ela, encarando seu rosto enquanto se ajeitava nela. Ao descer as mãos por sua cintura, deslizou pelos quadris e coxas, trouxe-a para si conforme iam se encaixando, penetrando seu corpo apertado, tendo aquela sensação nova. Haruna gemeu, dolorido e inclinou o pescoço para trás conforme o sentia adentrar o corpo e apertou-o nos ombros, firme.
- H-Hiro...
- Itai..?
Hiro indagou, sentindo-a tão apertada, não parou no entanto, até que sentisse o ventre colar a seu corpo. Ela assentiu, mas mordeu o lábio inferior em seguida.
- Dói, mas é gostoso...
- Você está apertada hoje de novo. - Hiro sussurrou e selou seus lábios, lambiscou-a no queixo. - Kimochi.
Haruna sorriu a ele, puxando-o para si e beijou seu rosto, seu queixo igualmente, seu pescoço e subiu até a orelha, sabia que ele não gostava.
- Estou apertada pra você...
Por perto, Hiro sentiu seus beijos até o pescoço, subindo até a orelha e teve de encolher o pescoço, evitando o ruído embora sua voz fosse provocativa. Pegou-a pelos quadris e se moveu, empurrando-se para ela, dando a primeira investida, levou uns segundos mas tornou a investir e assim aos poucos criou um ritmo. Haruna fechou os olhos por um pequeno tempo, era dolorido, mas tão gostoso. A vontade que tinha dele tomava conta de todas as outras sensações. Mordeu seu pescoço, suave e usou ambas as mãos para se apoiar na mesa atrás de si.
- Ah! Hiro... É tão gostoso...
Hiro segurava-a com firmeza pelos quadris e deslizou apenas uma das mãos em sua cintura, subindo pela costela até o seio farto que acariciou, apalpou e apreciou conforme se afastava para apoiar-se em sua mesa. Ao se arquear, beijou-a no colo, desceu ao busto e tornou a apoiar as mãos em suas nádegas, ambas, trazendo-a para si conforme a apalpava. Ela sorriu meio de canto e os braços deslizaram ao redor do pescoço dele, suspirou conforme o sentia tocar a si, ele gostava realmente dos seios, e bem, gostava deles também, gostava de senti-lo tocar ali.
- Eu... Sou melhor do que ela, Hiro?
- Hum?
Ele indagou, tão disperso como estava de pensar sobre aquilo, que não entendeu exatamente sua pergunta. Puxou-a para si com mais firmeza, quando se deu conta, já estava fazendo a mesa ruir no encontro com seu corpo. Haruna gemeu novamente, prazeroso e mordeu o lábio inferior ao fita-lo.
- Quero saber se acha que meu corpo é melhor que o dela. Gosta mais de fazer amor comigo?
Hiro olhou para ela, sorriu pouco depois, imaginava que queria um agrado ou que talvez precisasse ouvir algo que afirmasse que realmente não estava incomodado sobre seu corpo. Bem, não se adaptava com o que ela tinha a mais entre as pernas, mas não deixava de admirar sua beleza por isso. Gostava de estar com ela.
- Fazer amor, hum? Vocês são diferentes, Sensei. Mas eu gosto de estar com você, gosto de como seu corpo tenta me puxar pra você.
- Hum... - Haruna fez um pequeno bico. - Um dia você vai dizer que sim.
Disse e o mordeu no pescoço, suavemente, guiando as pernas ao redor de sua cintura.
- Um dia, ah?
Hiro indagou e sorriu, abraçando-a, se aproximando mais dela. Porém, se levantou, e como estava não teve dificuldade em pegá-la no colo, se sentou em sua cadeira de aula e acomodou-a no próprio colo. Ela sorriu e assentiu a ele.
- Um dia.
Dito, apoiou-se nos ombros dele e passou a se mover, subindo e descendo em seu colo, firme, deixando-o entrar por inteiro em si, e deixava os seios na altura dos lábios dele, sabia que ele gostava. Hiro não sabia dizer se ela gostava mais de evidência-los do que a si em aprecia-los, mas mordiscou-os quando os alcançou, sentindo-a impor o peito contra o rosto e sorriu, achando graça, mas se aproveitou ainda assim. Deslizou as mãos por suas formas e nas nádegas ajudou o ritmo. Mas apertada como era, não era difícil estar perto do clímax aquela altura, e a respiração um tanto mais pesada deixou a excitação evidente. Haruna sorriu a ele e abaixou-se para selar os lábios dele, achava ele tão bonito, que não conseguia olha-lo sem querer toca-lo. Empurrou-se mais firmemente para baixo e podia ouvir o barulho das nádegas contra as coxas dele, sorriu ao perceber.
- Kimochi?
- Kimochi. - Beijou-a no queixo e embora quisesse olhar para ela, fechou os olhos. - Vai me fazer gozar, sensei.
Haruna sorriu e só então agilizou os movimentos, tendo apoio nos ombros dele e o deixava entrar em si até o fundo, por consequência, sentia ele atingir onde gostava e teve que gemer.
- Vou gozar, Hiro... Ah...
Por um momento, Hiro sentiu uma estranha euforia, sabia que o gozar dela não seria tão sutil como o de uma outra garota, ficou um pouco constrangido, mas insistiu em ajuda-la nos movimentos, queria ter e dar prazer a ela.
- Iku...
Sussurrou, muito baixo, mas na altura suficiente para ela. Haruna sorriu meio de canto, esperava que ele não se importasse consigo, mas fez questão de guiar uma das mãos ao próprio sexo e conter o ápice que viria logo, e empurrou-se firmemente outra vez sobre o colo dele, só então gozou, e gemeu prazeroso, apertando-o no corpo. Hiro sorriu a ela, tentou não deixar evidente que estranhava aquilo. Continuou porém e quando encostou em sua cadeira, fechou os olhos e aproveitou o êxtase que correu pelo corpo, movendo-a sentia seu corpo contrair consigo, denunciando seu ápice atingido consigo. Haruna suspirou, sabia que ele acharia estranho, mas não se importava. Moveu-se sem cessar até que o ápice dele tivesse acabado, assim como o próprio e só então cessou e abraçou-o com a mão livre. Hiro reabriu os olhos quando então passou o êxtase. Ainda tinha a leveza no ventre, após relaxar dos espasmos. Retribuiu-a em seu abraço, acariciando sua cintura. Ela sorriu e beijou-o no rosto ao se afastar, não o tocou com a mão suja porém e se levantou logo em seguida, deixando-o retirar a camisinha enquanto se inclinou para a mesa e buscou os lenços na bolsa, limpando a mão. Hiro ajudou-a a se levantar, quando o fez, deixou por consequência seu corpo e tirou o preservativo, tentando deixar a maior parte do prazer que conseguiria, dentro dela. Após retirá-lo, pegou uma folha de papel em sua mesa, conferiu a carência de qualquer detalhe nela e então amassou com o preservativo dentro antes de joga-lo no lixo. Olhou para ela, podia ver todo seu cuidado em se limpar sem parecer tão evidente. Ao limpar também o sexo, Haruna guardou-se dentro da roupa, e tentava fazer com que ele não pudesse ver o que fazia. Após, entregou alguns lenços a ele.
- Toma. - Sorriu.
Hiro agradeceu com um breve maneio da cabeça e se limpou como ela, só então se ajeitou, voltando a acomodar-se dentro das roupas.
- Satisfeita?
Indagou e sorriu canteiro, estendeu a mão para ela, puxando-a de volta ao colo. Haruna sorriu ao sentar-se sobre o colo dele e beijou-o no rosto, várias vezes.
- Hum, não... Na verdade eu queria você a noite toda.
- Hum, eu posso fazer isso.
- Ah pode?
- Sim, se você puder.
- Então venha pra minha casa.
Haruna disse e deslizou uma das mãos pelos cabelos dele, acariciando-o.
- Ok.
Hiro assentiu ao convite, não teria visitas do pai, provavelmente dos amigos, mas tinham a chave, poderiam entrar e dormir por lá.
- Então quer passar na sua casa pra pegar alguma roupa ou?
- Ou você pode ficar em minha casa também. O que você prefere?
- Ah, mas eu queria que conhecesse a minha casa. Não é tão bonita quanto a sua, mas minha cama é gostosa também. - Haruna riu.
- Tudo bem. - Hiro sorriu. - Vamos, eu não preciso de roupas realmente.
- Hum, então tá bom.
Haruna riu baixinho e levantou-se novamente, buscando a parte de cima da roupa no chão, vestiu por baixo da camisas cobrindo os seios e fechou a roupa. Hiro continuou sentado, observando-a a terminar de se vestir. Percebia o quão descrente era sobre o fato dela ter nascido como um homem. Se levantou após se ajeitar, improvisada a roupa no dia seguinte. Ela pegou a bolsa sobre a mesa e sorriu a ele.
- Podemos? Eu tenho sorvete em casa, podemos fazer alguma coisa gostosa pra comer, que tal?
Hiro sorriu canteiro, assentiu com a cabeça e conforme ela se fez de costas, deslizou os dedos por sua espinha dorsal. Haruna sentiu um suave arrepio percorrer o corpo e virou-se a sorrir a ele, selando seus lábios.
- Gosto de estar com você.
Hiro tocou sua cintura conforme se virou, retribuindo seu beijo simples.
- Hum, eu ainda tento me acostumar com o fato de que você é uma mulher adulta que quer estar com um garoto. - O riso soou entre os dentes.
Haruna riu junto dele.
- Não foi de propósito. Eu só gostei de você.
- Ou talvez a sensei seja uma mulher que gosta de garotinhos. - Brincou.
- Hey... Não sou pedófila. - Ela riu. - Se você não quiser ficar comigo tudo bem, eu não vou te obrigar.
- Ah, não vai?
- Não. - Haruna uniu as sobrancelhas. - Só se você achar o fato de eu te obrigar excitante, aí eu faço um esforço. - Riu.
O riso soou entre os dentes de Hiro e tocou-a no queixo, acariciando com o polegar.
- Vamos.
Haruna assentiu e sorriu a ele, buscando na bolsa as chaves do carro e seguiu para fora, com ele. Após pegar a mochila de volta, Hiro deixou-a seguir caminho para seu carro, o que já conhecia, e seguiu um pouco atrás dela, passando pela biblioteca onde haviam alguns estudantes. Entrou no carro logo quando chegou, do bolso tirou o celular e observou uma mensagem do pai, perguntando como as coisas estavam e outra de Miyuki, queixando-se da professora, se sentia um pouco cretino por estar agora ao lado de quem ela falava mal. Ao entrar, Haruna colocou o cinto de segurança e esperou que ele colocasse o dele.
- Hum, problemas?
- Não. - Hiro disse e guardou o aparelho celular. - Meu pai querendo saber se está tudo bem.
- Ah sim. Seu pai é meio super-protetor não é?
- Se fosse estaríamos morando na mesma casa. Ele só tenta ser um pai suficiente por pai e mãe.
- Ah... Sua mãe... Não está mais aqui?
- Há muito tempo, quase não lembro dela.
Haruna uniu as sobrancelhas.
- ... Quer falar sobre isso?
- Não. - Hiro sorriu canteiro. - Não me faz triste, não se preocupe.
- Ah, tudo bem. - Disse num pequeno sorriso. - Acho até que ele deve estar namorando ou coisa assim. Ele parece animado recentemente.
- Ah é? - Haruna riu. - Que bom que ele está.
- Mas acho que ele tem receio de falar e achar que eu vou pensar que ele está com outra família, mas eu não me importo, sei que ele está tentando fazer o que acha melhor pra mim. Claro, não vou mesmo seguir o que ele quer, mas ele tenta.
Haruna riu novamente.
- Hum, você ainda vai decidir algo legal pra fazer.
- É, vamos ver.
Um suspiro profundo deixou os lábios de Etsuo, e estava evidente no rosto o modo como o irmão havia acabado consigo, claro, não ele exatamente, havia acabado consigo mesmo. Podia ver os olhares, as pessoas cochichando, não gostava disso.
- Nossa, o que aconteceu com o Etsu? Parece que não dorme há um ano.
- Sh, fiquei sabendo que ele matou o irmão.
- Sério?
Negativou, seguindo para a cantina, e era a primeira vez que comprava um suco a mais, era o horário da entrada, e o irmão chegaria separado de si, havia ido com os pais para o médico por algum motivo bobo, queriam saber se tudo estava normal nele devido a atual situação. Ao vê-lo, era como se o visse a primeira vez, nossa, ele estava bonito. Os olhos pareciam cintilar na luz, os cabelos estavam compridos, loiros e quase deixou cair o suco. - ... O-onii-chan...
Quando Ritsu chegou estava um tanto tenso, havia pedido sem nenhum recato que os pais deixassem a si na escola, não era do tipo rebelde tímido, tinha orgulho deles. Ganhou um beijo no dorso da mão pelo pai menor, já o maior não se manifestava fervorosamente porém podia ver seu sorriso tênue de onde estava, no carro. Feito isso entrou pela escola e buscou pelo irmão.
- Etsuo. - Falou baixo, estava um pouco desconfortável.
Etsuo sorriu a ele, e então caminhou em passos largos, estava ansioso. Entregou a ele o suco que ele gostava, agora, tinha algo extra em sua composição.
- Você está... Lindo.
O riso soou meio soprado, embora Ritsu estivesse de cenho franzido pelo comentário dele, como se não visse a si há tempos. Aceitou a caixa de suco, achou graça da estampa, a caixa parecia completamente normal, como a de humanos, mas num canto uma gotinha vermelha sutilmente estampada com uma arcada dentária fazia um anúncio. Etsuo sorriu novamente, estava bobo, podia dizer.
- Nossa, Etsu, quem é seu amigo? Não vai me apresentar?
- Não, Sayu. Vaza.
- Por quê?
- Sai!
Ritsu observou-a por um instante, de soslaio, podia não ser nada a ele, mas não ter recebido algum olhar como se fosse um alimento era algo novo. Vê-lo também responder como seu humor habitual, foi algo que gostou mesmo de ver. Sorriu sob o canudo do suco já para a boca. Etsuo negativou e desviou o olhar ao menor, após expulsar a garota, podia ver de trás a loira e a morena, fitando a si, eram um casal, e era estranho o modo como sempre estavam por perto, pareciam cuidar de si e dele.
- Vamos estar na mesma sala? - Ritsu indagou ao irmão e esperou por ele, pelo que faria a seguir. - É bom que seu humor ácido reapareça.
Etsuo assentiu e desviou o olhar a ele em seguida.
- Sim, mas você vai aprender algumas outras matérias que eu não vejo, começará do zero... Então... Por favor, não olhe muito para os outros.
- Acha que vão estranhar meu olho manchado?
- Seu olho é lindo. Se estranharem eu arranco os olhos deles.
- Estou perguntando porque disse pra eu não olhar as pessoas.
Ritsu sorriu canteiro mesmo enquanto tragava o suco.
- Ah... Não, é pra ninguém se apaixonar por você.
- Se alguém se apaixonasse teria um grande problema.
- Sim, eu.
- Você mesmo. Afinal, parece que já formamos nosso akai Ito.
- Já sim, tá preso aqui e não troco. - Etsuo disse num sorriso. - ... Espera você... - Disse e sentiu o sorriso sumir aos poucos dos lábios, dessa vez deixou mesmo a caixinha cair. - Você... Está dizendo que eu sou seu parceiro?
Ritsu arqueou a sobrancelha ao que sua caixinha foi ao chão, pegou-a. Não entendeu em que ele se surpreendeu, achava que já haviam convivido suficiente para isso ou talvez ele estivesse aéreo demais nos últimos tempos.
- E você já não sabia disso?
- ... Eu achei que não ia me querer mais... Achei que, não como parceiro. Quer dizer, vampiros só tem um parceiro.
Ritsu franziu o cenho ainda assim, sem entende-lo na verdade.
- Quer dizer que não poderei mais ficar com ninguém além de você?
Indagou, claro, não estava cogitando de fato a ideia. Etsuo uniu as sobrancelhas.
- Não...
- Oh, então eu preciso pensar se eu quero fazer o que eu já estava fazendo como um humano. Não seja tolo, você é tudo o que eu quero.
Etsuo sorriu e abraçou-o forte, beijando-o no rosto.
- Eu te amo muito.
Ritsu ergueu o braço apenas para evitar o acidente da caixa de sucos. Sentiu seu abraço e se perguntou como ele pareceria se fosse um humano, era firme, ele já havia se acostumado com a nova condição. Virou o rosto, beijando sua bochecha como ele a si. Etsuo suspirou, não se importava sobre o local onde estava, apesar que não escola, nunca fora muito sentimental, preferia ficar em silêncio e no próprio canto. Venha, venha pra sala comigo.
- Hum, hum.
Ritsu assentiu e mordiscou seu pescoço antes de solta-lo. Esperou por ele, indo o caminho pelos corredores até a sala e sabia que aquela altura do ano, ia parecer confuso um aluno novo. Etsuo seguiu com ele para a sala, e segurou sua mão no caminho, não se importava com os olhares. Ao contrário do que ele pensava, não olharam estranho, na verdade, as meninas suspiravam quando o viam passar no corredor, a verdade é que naquela altura, não haviam mais tantos nascidos vampiros no mundo, ainda haviam vários alunos na escola que eram assim como ele, transformados. Ao adentrar a sala, os garotos o olhavam com certo desdém, afinal, certamente as namoradas deles pareciam interessadas, eram como animais. Puxou-o consigo e sentou-se ao fundo na sala.
- Se você se sentir desconfortável ou algo assim, vamos pra casa, tudo bem?
Ritsu seguiu com ele até a sala, eram diferentes, muito diferentes dos colegas de classe, eram mais em seus lugares do que a porção de adolescente barulhentos onde estudava, gostou daquilo. Observou o aspecto tedioso de alguns dos garotos. Mas na proximidade fitou a aluna que seguia até si, parou em frente.
- Quase parece um Serizawa, eu não conto se você não falar nada.
Referia-se ela à cor dos cabelos, tinha um sorriso bem delineado e um cheiro que já conhecia.
- Ikuma...? - Ritsu murmurou e ela sorriu.
- Meu pai. - Ela sorriu para ela, em retribuição. Não sabia como era o pai dela, não havia acordado a tempo de vê-lo. - A morte passou por seus olhos, não é? - Disse ela mas não como uma pergunta real, era uma breve observação. - Seu braço também.
Etsuo observou a loira e por um momento, quis se levantar, mas manteve-se sentado, embora tenha feito uma breve reverência com a cabeça, a respeitava de alguma forma, sabia que os alunos respeitavam os mais antigos por outros motivos, medo talvez, mas sabia que de alguma ela zelava por si e ele, por isso a respeitava.
- Shizuka, esse é o Ritsu. Ritsu, essa é a Shizuka, filha do Ikuma.
- Ritsu-kun, só Ritsu? Achei que fosse Ritsuka, como o mangá. - Ela fez o comentário descontraído. - Seja bem vindo, pingado.
Disse ela enquanto caminhava até sua mesa de volta, ganhara o apelido no primeiro dia, embora não tivesse entendido no início.
- Pingado? - Ritsu perguntou ao irmão.
Etsuo sorriu a ela, meio de canto e assentiu conforme a pergunta do nome do irmão, havia escolhido o nome dele, então se sentiu um pouco constrangido. Desviou o olhar ao menor.
- Acredito que seja porque seus olhos são assim, quer dizer manchado. Um café manchado de leite.
- Então leite manchado de café.
Ritsu disse, indicando a pele branca e seguida o braço com a pele um pouco mais escura, embora não fosse nada muito gritante aquela altura. Etsuo sorriu e assentiu, acariciando seus cabelos.
- Pingadinho. - Murmurou e riu. - Veja, ela faz parte da família Serizawa, acho que já ouviu a mamãe contando as histórias pra mim quando éramos menores. São a família mais antiga do mundo. Os avós dela tem mais de quatrocentos anos.
- Na verdade mamãe mencionou o vampiro que me ajudou a passar o período de transformação, falou que era Serizawa e que ele era muito forte. Comparou ele a um uísque na verdade.
Ritsu disse e até ponderou sobre a analogia engraçada do pai. Etsuo riu e assentiu.
- Como um uísque mesmo, Ikuma é extremamente forte.
- Que bom que papai o conhecia.
- Hai. O marido dele trabalha com o papai, por isso ele conhecia. Ikuma não ajudaria qualquer um se o Taa não pedisse, você vai conhecê-lo no jantar, ele é bem... Excêntrico.
- Você parece gostar deles. Os admira.
Etsuo sorriu.
- Eu respeito. É estranho, mas... Shizuka sempre parece estar de alguma forma, observando a gente. No dia em que eu fui salvar você, ela foi atrás de mim para o parque, se eu não chegasse a tempo, ela chegaria.
- Hum, será que ela gosta de você?
Ritsu sorriu ao perguntar, não enciumado, embora ela não parecesse gostar de alguém, parecia auto suficiente. Etsuo sorriu, achando graça no que ele dizia.
- Não. Ela tem o "Akai ito" dela. É aquela garota de cabelos castanhos. - Indicou. - É prima dela.
Ritsu olhou com cautela, fitando a garota, que diferente da loira, era quase escondida como uma sombra.
- Hum, não parecem um casal provável, não é?
Ritsu riu.
- É. Alguns vampiros tem a mania de ficar com familiares... Os irmãos dela, quase todos namoram os primos, estranhamente da mesma família...
- Não falo da família, mas porque elas parecem diferentes.
- Ah? Ah, em questão de comportamento? Arisu gosta dela apesar de tudo. - Sorriu.
- É, muitas coisas são diferentes do que parecem.
Ritsu disse e aquilo era uma indireta quase direta. Etsuo desviou o olhar a ele.
- Hum. - Assentiu, silencioso.
- Nani?
Ritsu indagou, imaginando se havia se incomodado.
- Nada. - Etsuo sorriu. - O suco é bom?
- É gostoso.
Ritsu disse e pegou a caixinha dele, abriu e indicou que tomasse. Logo a aula começara, na verdade foi mencionado e se perguntava a razão daquilo, uma hora conheceria outros alunos, não precisava da menção. Etsuo assentiu e furou o próprio suco, observando a professora que iniciou a aula, e sorriu, orgulhoso quando a ouviu falar do irmão. Ritsu fitou o irmão de soslaio, teve de sorrir, parecia o próprio pai. Etsuo manteve-se atencioso a aula, embora fosse um pouco difícil agora com o irmão, talvez ele se sentisse um pouco perdido no início, afinal, era três anos mais velho que ele, mas certamente tentaria acompanhar, e ele aprenderia coisas sobre o cotidiano vampírico, história, coisas do tipo, além de claro, suas matérias normais.
- São curiosidades interessantes.
Ritsu disse ao moreno enquanto andavam pelo pátio, era intervalo e era estranho estar de madrugada na escola e estranhamente muito agradável. Etsuo assentiu a segurar a mão dele.
- Você vai aprender muita coisa! E eu mal posso esperar pra te ensinar a caçar, como seu corpo funciona e tudo mais.
- Vai ensinar como meu corpo funciona?
Ritsu indagou e riu baixinho, para si mesmo.
- Digo... Seu corpo novo.
- O que você vai me ensinar?
- Como funciona seus sentimentos, suas vontades, sua fome. - Etsuo disse num sorriso. - Se um dia, me deixar tomar seu sangue de novo, poderá sentir os meus sentimentos.
- Você quer meu sangue agora?
- Sangue de um vampiro, ainda mais do parceiro é muito mais saboroso que o sangue humano.
- É como um afrodisíaco.
- É, eu já sei disso. - Se gabou falsamente. - Mas não tenho mais meu gosto, não vai sentir falta do meu sabor humano?
Etsuo sorriu meio de canto, o olhar era evidentemente triste ao entrar nesse assunto.
- Não.
- Não parece isso.
- Não vou. Você é meu pra sempre agora. Vou gostar do seu sangue.
- Hum, 'kay. - Ritsu disse e ao esticar o braço afagou sua nuca. - Bebezão.
Etsuo sorriu e abraçou-o igualmente, selando-lhe os lábios. Ritsu retribuiu seu abraço, tal qual o selo que ganhou.
- Você parece melhor.
Etsuo sorriu e deslizou uma das mãos pelo cabelo dele, acariciando-o.
- Fico feliz de ver você bem, e claro, que goste de mim de novo.
- De novo? Nunca deixei de gostar.
- Bem, ficou bravo comigo um tempo.
- Mas estar bravo significa que me importo com o que me aflige vindo de você, por gostar de você.
- Eu sei, você tinha razão em estar furioso.
- Mas... - Ritsu disse num suspiro. - Estou me acostumando, parece mesmo que nasci de novo.
Etsuo sorriu.
- Será muito melhor, não vai ficar doente, não vai envelhecer...
- Eu queria ter crescido só um pouco mais.
Ritsu sorriu a ele e beijou sua testa, separou do abraço para voltar a andar. Etsuo riu.
- Você não precisa crescer, é lindo assim.
- Hum, mas nunca vou ficar parecendo um homão igual ao papai.
- E daí? Não é como se precisasse.
- Mas eu gostaria. Vou parecer um menino pra sempre. E você ainda vai se desenvolver um pouco mais.
- Ainda terei essa mesma aparência, eu não cresço mais do que isso, e meus vinte e dois vão chegar logo.
- Não de altura, mas seus traços serão mais maduros que 19 anos.
- Hum, desculpe.
- Não vai se desculpar por toda vida, vai? Porque se for, eu preferia ter morrido.
- Cale a boca, Ritsu.
- Então cale a boca você.
Etsuo estreitou os olhos e assentiu.
- Bom garoto.
Etsuo riu.
- O que quer comer? A cantina serve comida humana com sangue pra alguns vampiros como você, bolsas de sangue, e até carne crua.
- Vampiros como eu?
- Transformados, que são acostumados a comida humana. - Etsuo sorriu.
- Os nascidos não gostam de comer comida humana? Você come.
- Bem, alguns não gostam, eles preferem só carne crua.
- É uma comida humana.
- Bem... Não carne humana.
- Ah... Que dó.
Etsuo riu.
- Bem, são como vacas para alguns.
- Parece algo bem desrespeitoso.
- Claro que pra mim você não é algo como isso, nunca seria.
- Eu era seu lanchinho sim.
- Era, mas não uma vaca.
- Claro que não, eu sou rapaz. Sou um boi.
Etsuo riu.
- Ritsu!
Taa apagou o cigarro, primeiro que fumava em meses antes de entrar na cafeteria e sentou-se em um dos bancos altos, observando o cardápio rapidamente, já esteve ali antes, lembrava-se disso, só não corretamente, só se lembrou quando viu a garçonete que parou em frente a si.
- Não foi você que...
- Hey, como vai?
Taa abriu um pequeno sorriso a observá-la.
- Com uma imensa vontade de te estapear.
- Espero que não tenha guardado rancor, ora, fiquei com dó do rapaz que estava com você, ele é tão bonito e parecia tão dedicado... Como ele está? Tem o telefone dele?
Taa manteve-se em silêncio a observá-la um pequeno momento e pegou o café servido como de costume pela outra garçonete, bebendo um pequeno gole enquanto a observava, a expressão ainda séria.
Taa saiu do beco pouco após a meia noite e lambeu os lábios algumas vezes, tentando limpar a marca de sangue que havia no canto dos lábios, agora bem alimentado, voltaria para casa, quando cessou o caminho ao ver a garota em frente a si, quase um pedaço de carne com alguns panos sobre o corpo. Arqueou uma das sobrancelhas e caminhou até ela, abaixando-se a sua frente.
- Quem é você?
- Oi, você é alto né?
Taa riu baixinho e assentiu a ela, retirando de dentro do bolso um pequeno docinho embrulhado.
- Toma.
- Obrigada. Qual é o seu nome?
- Pode me chamar de Taa, e o seu?
- Taa... - Ela sorriu com os dentinhos brancos. - Sayu.
- E quantos anos você tem?
- Assim.
Ela mostrou cinco dedos a ele e sorriu novamente. Taa sorriu a ela, acariciando os cabelinhos negros e curtos e ajeitou sua roupinha rasgada no braço.
- Onde está sua mãe? Ou seu pai?
- Eles morreram. Eu moro ali. - Apontou o beco.
- ... Mas você não pode morar aqui.
Taa murmurou a ela e desviou o olhar ao local, notando a caixa colocada no canto e os olhos vermelhos que rondavam o lugar, passeando por trás da rua.
- Hey, largue a menina, eu vi primeiro.
Taa ergueu-se e virou-se a observar o rapaz na rua.
- Viu primeiro? Ora, por favor.
- Estou esperando há horas.
- Vá pra casa, estuprador.
- Ah não... Você é um humano? Digo, um vampiro transformado.
Taa ouviu-o rir, alto a se aproximar de si e arqueou uma das sobrancelhas, permanecendo parado ali a observá-lo, os cabelos negros meio bagunçados, era estranho o rapaz, nunca o havia visto, mas os olhos amarelos não mentiam.
- ... Merda.
O drinque pulou para encontrar a mesa, uma pequena dose, que pulou para fora do pequeno copo antes mesmo de ser levada para a boca, um desperdício. Inicialmente, Ikuma sentira em si uma grande sensação de asco, que foi minutos depois sobreposto por prazer, e que não era sexual, do contrário, há muito não estaria ali. Imaginava que estaria se divertindo, ficava feliz por isso, provavelmente pegara alguma boa refeição por ali. No entanto, agora sentia uma sensação de felicidade ser substituída por euforia, preocupação. Levantou-se da mesa após finalizar alguma simples conversas de boate, e deixou o local, observando a noite, que para muitos fria, no entanto para os frequentadores da boate, o clima mais agradável. Focou-se a buscar as sensações do companheiro, e mesmo seu cheiro que seria vago no meio da noite, mas o acharia, com certeza.
Taa segurou a garotinha, mantendo-a atrás do corpo, tentando mantê-la numa distância razoável do vampiro cheio de piercings que observava a si a frente e não o conhecia, nem reconhecia o cheiro.
- Eu nunca vi você por aqui.
- Eu tenho milhares de anos, rapaz, enquanto você deve ter uns dez, ou vinte.
Taa desviou o olhar, era óbvio que ele estava certo, e o pior, se ele fosse como o próprio marido, devia ser bem inteligente.
- Por que quer a garota? Tem tanta gente boa pra sugar por aí, esse pedaço de carne não vai nem fazer diferença pra você.
- Ela é carne fresca, e pequena, é melhor pra segurar e raspar a carne dos ossos.
Ele sorriu a mostrar os dentes brancos e pontudos.
- Ah vá, parece um vampiro que saiu de livros infantis de horror.
Taa segurou-a com firmeza contra si, tentando não deixar vê-la o rapaz a frente, embora ela espiasse com os olhinhos pequenos entre as frestas, e não tinha medo, já tinha visto tanta coisa. Manteve-se parado e observou-o a caminhar em direção a si até parar em frente.
- Se alimentou bem, pelo visto, talvez eu deveria tomar o seu sangue e não o dela.
Ele abriu um sorriso, observando-o e tentava fingir que não sentia medo, mas estava tremendo e muito.
- Acho que não vai querer fazer isso...
- Ah é?
Num movimento, Taa se viu entre seus dedos, erguido pelo pescoço e uniu as sobrancelhas a guiar ambas as mãos sobre o lugar, tentando impedir que ele apertasse a jugular como fazia, e seria impossível respirar, se fosse humano, o problema é que sentia a pressão mesmo assim na cabeça e óbvio, não era nada confortável ter um vampiro tentando esmagar seu pescoço.
Ikuma sentia uma sensação que não vinha de si, estava com medo e agora também desconfortável. Ao mesmo tempo, podia confundir o medo com uma sensação de raiva, e que não era de nenhuma outra pessoa senão de si mesmo. E esperava poder transmitir essas sensações ao companheiro, seria suficiente para fazê-lo perceber de que chegaria lá por ele. Por sorte, ou não, seu medo fazia o cheiro intensificar o suficiente para seguir o caminho mais depressa, ainda que fosse um vampiro e que não morresse com facilidade, não queria ninguém encostando os dedos nele. Ao chegar metros suficientes para vê-lo, sentiu cheiros misturados aos dele, humano, vampiro.
- Ah, seu filho da puta.
Disse, pouco antes de segurar o vampiro desconhecido e fazê-lo soltar o parceiro, não só com a mão em seu pulso, quanto os dedos em seu pescoço, que o apertou da mesma forma como antes segurava o próprio companheiro. Taa fechou os olhos por um instante, e sentia que a cabeça iria explodir a qualquer momento, tamanha era a pressão que tinha, fora levantado do chão por ele, e mesmo que tentasse falar, não conseguia, porém sentia os sentimentos do noivo, sabia que ele não estava longe dali e que iria salvar a si. Quase não fora possível ver o rapaz quando fora puxado, fazendo-o soltar a si e caiu ao ser livre de suas mãos, as pernas fraquejaram e só então pôde respirar, a mania humana que não largava, óbvio, despencou no chão e tossiu quase até arrancar os pulmões do peito. Desviou o olhar a ambos, de canto, e segurou a pequena que ainda estava próxima de si, abaixada a segurar o próprio casaco, e tentava reanimar a si enquanto tentava respirar, chacolhando a si com as pequenas mãozinhas.
- Não morre não... Não me deixa sozinha...
- Iie... Tudo bem... - Taa falou a ela e segurou sua mãozinha. - Tudo bem, me espere atrás da lata de lixo, ta bem?
Observou-a e a viu assentir, correndo em direção ao beco escuro mais uma vez.
O rapaz arregalou os olhos ao sentir o vampiro tomar o próprio pescoço, e se surpreendeu realmente ao notar que o bastardo estada acompanhado de um vampiro tão velho, talvez ele mesmo o houvesse transformado, porque nem o via direito, mas sabia que ele sentia raiva. Mesmo assim, não afrouxou a pose que tinha e segurou sua mão, apertando-a a tentar retirá-la de si, mesmo que sentisse a mesma pressão que o outro sentiu quando o apertou, tomou força ainda a tentar chutá-lo em suas pernas e onde o acertou, sabia que havia doído, mesmo sem ter a mesma força que ele. Ikuma virou-se por um momento, fitando o mais alto, tal como a pequena criatura colada a sua roupa. Por um momento até se distraiu tentando entender o que diabos era aquilo. Tão logo o chute dolorido na canela foi suficiente para despertar noção da situação e encarou o vampiro, que parecia inexperiente, embora não fosse, mas sua aparência desgarrada quase parecia um apelo, um convite de um cão que late sem morder, talvez o julgasse, mas o que tinha certeza era de que não importava o quão forte e experiente o fosse, não seria mais do que a si.
- O que há, cabeludo? Acha que esse chutinho na canela vai me machucar? Se eu chutar a sua, sua perna vai voar e parar naquele poste ali, do outro lado da rua.
- Está falando do seu namoradinho? Não sabia que a árvore estava com você, achei que era só um humano tentando bancar o vampiro. Diga a ele que o pedaço de carne que correu é meu e eu quero de volta e vamos esquecer o problema.
O rapaz falou a puxar as mãos dele, afrouxando o aperto na garganta para que pudesse falar, mesmo abafado.
Taa arqueou as sobrancelhas ao sentir a pontada em si, a dor causada pelo chute dele e não fora pouca, talvez tivesse realmente o machucado, já era um vampiro velho, não tanto quanto ele, talvez ainda nem fosse adulto, mas era velho.
- Eu a achei, ela não é sua. Deixe-a em paz.
- Vai se foder.
Ikuma disse e tornou a pressionar o polegar contra o pomo em sua garganta.
- Acha mesmo que estou com cara de quem está negociando? Você é tão lixo que ensaiou pra pegar uma criança, e se ele disse que a criança é dele, é dele e você vai calar a boca. Não estou afim de te bater, moleque, de verdade. Mas se encostar no meu parceiro, embora a carne não seja de boa qualidade, meus filhos vão jantar e roer seus ossos no dia seguinte.
Taa levantou-se, ainda meio trêmulo, dolorido e estreitou os olhos ao rapaz que o outro ainda segurava. O garoto arqueou uma das sobrancelhas, irritado e orgulhoso demais para desistir da briga, o problema é que mesmo não respirando havia engasgado devido ao aperto dele e uniu as sobrancelhas em seguida com a ameaça, observando o local ao redor, tentando encontrar um meio de fugir.
- Ikuma... Tudo bem, pode soltar. Ele já está se mijando de medo mesmo.
- Você ouviu?
Ikuma indagou e suavizou o aperto, suficiente para deixá-lo responder.
- E não ache que sou bonzinho o suficiente só porque estou te avisando. Isso não é uma ameaça, são meus planos futuros no caso de você aparecer aqui novamente e tentar encostar no que é meu ou no que o meu parceiro disser que é dele, entende? Tenho mais de trezentos anos, e suponho que você não seja tão jovem a ponto de não saber o quanto esse foi tempo suficiente pra eu ser capaz de te fazer sumir com um sopro, tudo bem? - Indagou novamente e sorriu ao rapaz. - Agora você pode descer, e ir junto a seu grupo tomar sopinha e trocar as fraldas.
Taa manteve-se em silêncio ao ouvir o outro e não contestaria, nem tentaria impedir, também era esperto pra saber que não devia mexer com o que ele estava ameaçando. O rapaz assentiu algumas vezes, meio a contragosto, mas fora obrigado, ou seria morto por ele e era algo que não queria, não naquele dia ao menos, brigaria com ele depois.
- Me solta...
Ikuma fitou-o, de olhos estreitos, um tanto analítico.
- Se você pensar em mexer com ele novamente, eu vou detonar você. Qual a porra do seu nome?
O rapaz observou-o de canto e negativou, não diria a ele, ainda mais se conhecesse os próprios pais, teria problemas e somente debateu-se.
- Me solta!
- Se você não falar, eu vou te levar até a minha boate e eu tenho certeza que alguém de lá vai saber quem é você.
Ele estreitou os olhos, irritado ainda e debateu-se mais uma vez.
- Shinji! Caralho.
- Shinji? Ok, vou te levar até a boate.
- O que?! Mas não foi isso que me prometeu!
- Esse não é seu nome. Me diga seu sobrenome.
- Não, você vai falar com os meus pais, me deixe ir, seu parceiro está intacto, nem machucado está, vai.
- Anda, me diga.
- Serizawa... Shinji Serizawa.
Taa arqueou uma das sobrancelhas num risinho. Ikuma arqueou ambas as sobrancelhas, elevando-as e fitou-o como se estivesse surpreso.
- Uau, Taa, eu não queria dizer a você, mas tive um filho por aí em algum momento da minha vida. Ou será que nós tivemos juntos e não nos lembramos? Será que foi um aborto não bem sucedido?
Taa riu novamente, negativando e levou uma das mãos sobre a face, fingindo não estar acreditando no garoto ou na situação em si.
- O que? Pare de zombar de mim, vovô.
- Vovô? Se seu sobrenome é Serizawa, eu sou seu pai.
Ele arqueou uma das sobrancelhas.
- Ah, tá, conta outra. Você não pode ser da família mais antiga, só restam uns... Quatro vampiros puros dela.
- Ah é? E o que você sabe, pirralho? Sabe os nomes?
- Não, meus pais sabem... São histórias pra crianças, se você é um vampiro nascido há tanto tempo, tem realmente mais de trezentos anos...
- Pra criança? Então ainda ouve historinhas pra dormir? Vou levar você pra sua casa, e aí seus pais vão saber quem são os Serizawa.
- Não, não... Eles me matam, por favor, me deixe ir, desculpe... Se eles souberem que eu me meti com você eu nunca mais vou poder voltar pra casa.
Taa observou a ambos, com um pequeno sorrisinho nos lábios, porém estava curioso sobre o que ele havia dito antes, observando o outro, e era incrível o que um nome podia fazer.
- Não se meta novamente com nada que é meu. Se encostar os dedos no meu parceiro, vou fazer com você a mesma coisa. Só não vou te levar pra casa agora, porque tenho que levar minha lagarta embora. Não estou a fim de machucar um garoto. Vá embora e não pegue crianças, pegue mulheres adultas, são fáceis.
Disse e enfim o soltou. Teria feito com ele pedaços para a sopa que mencionou, se fosse adulto. Se não fosse jovem o suficiente para pensar nos próprios filhos enquanto o segurava pelo pescoço. Taa manteve-se a observar a ambos, e o nó já estava na garganta desde o inicio, porque não sabia o que ele faria com o garoto, pensava nos próprios filhos nas mãos de outros, embora soubesse que eles não seriam tão mal educados. O rapaz assentiu algumas vezes e fez uma pequena reverência a ele, desviando o olhar do rapaz de cabelos cinzas logo atrás dele, envergonhado e correu para longe deles. Ikuma observou o rapaz, que correu dali. Perdendo todo seu jeitinho prepotente. Até então, se voltou ao parceiro e caminhou até ele. Tocou-o no pescoço numa breve carícia.
- Precisa de sangue? Parece bem alimentado.
Taa suspirou, aliviado quando o viu partir e desviou o olhar ao outro, ouvindo-o falar consigo e realmente estava, tinha apenas uma leve dor no pescoço e poucas marcas roxas onde os dedos dele haviam apertado. Manteve-se parado por alguns segundos e por fim o abraçou forte, apertando-o contra o próprio corpo.
- Achei que não veria mais você...
- Uh, não ache que alguém pode te fazer mal. Vou sempre achar você. - Ikuma afastou-se o suficiente para selar seus lábios. - E quem é o chaveiro?
Taa retribuiu o selo e suspirou, tentando parar de tremer por um segundo e sorriu a ele, desviando o olhar a pequenininha que observava a ambos curiosamente. Chamou-a com uma das mãos e viu-a correr em direção a si.
- O nome dela é Sayu. Disse que os pais dela morreram, estava dormindo numa caixa ali no beco... Não podia deixar ele comer ela, olha o tamaínho disso.
- Oi. - Ela acenou ao outro, observando-o. - O senhor não é tão alto...
- É, eu sei. Mas o que não tenho de tamanho eu tenho de... - Ikuma disse e voltou-se ao companheiro. - Como foi parar nessa caixa? Quem te deixou aí?
- Hey.
Taa falou, cessando sua fala e desviou o olhar a pequenininha, abaixando-se a pegá-la no colo, observando-a enquanto falava.
- Minha mamãe tinha uma irmã, quando a mamãe morreu, ela ficou com a casa, disse pra eu ficar aqui que ela vinha me buscar, aí eu estou esperando.
- Ah, é? O que você comeu durante esse tempo?
- Tem uma moça que mora ali perto num cobertor. Ela me dá comida de vez em quando...
- Que tal nós irmos até lá? Sabe onde é a casa?
- Sei sim. É depois da sorveteria que tem um sorvete bem grande na frente. Minha mamãe sempre me comprava sorvete depois do trabalho...
- Então vamos lá. - Ikuma sorriu a pequenina. - Você é linda. Parece minha filha quando era pequena. - Disse a criança no colo e então caminhou junto ao parceiro. - Espero que esteja com fome. - Disse a ele.
Taa sorriu ao maior ao ouvi-lo e observou a pequenininha de cabelos negros e olhos bem cinzas, era linda, como alguém conseguia deixar uma criança como aquela na rua?
- Pode descansar no meu ombro se quiser.
- Mas eu estou suja...
Taa riu baixinho, achando engraçado que ela já soubesse tanta coisa mesmo pequenininha.
- Não tem problema vou te dar um banho quente quando chegar em casa, está com frio?
Taa sentiu-se mal ao vê-la assentir, repousando a cabeça sobre o próprio ombro e retirou o casaco que usava, colocando ao redor do corpinho dela.
- O pior é que acabei de comer, mas sempre tem espaço pra mais. Afinal, estou comendo por dois.
- Então vamos jantar por lá. Conseguimos fazer uma sopinha, pra nós e pra ela. Teremos uma boa carne, hum?
Ikuma indagou ao companheiro e caminhou até o lugar. Logo ao chegar, abriu a porta, mesmo que não estivesse realmente aberta, encontrando lá uma jovem, não demais, mas para si era quase um bebê.
- Boa noite, vagabunda. - Disse com um sorriso.
Taa sorriu a ele, mordendo o lábio inferior.
- Quase sinto a carne entre os dentes, ah, o coração dela deve ser uma delicia.
Murmurou e averiguou se a pequena ainda estava acordada, mas estava dormindo, estava tão magrinha, talvez morta de fome e sentiu ainda mais raiva da mulher por isso. Adentrou a casa junto dele e quase riu ao ouvi-lo, mantendo-se escondido por um pequeno tempo, até achar um lugar para colocar a pequena e ajeitou-a quentinha no sofá.
- Ah meu Deus, quem é você...? O que... O que faz aqui?
Disse ela a caminhar para trás e era óbvio que estava se preparando para dormir, estava de pijama.
- Eu vou chamar a policia!
- Ah, mesmo? Eu poderia dizer o mesmo pra você, a respeito da garotinha que largou na rua pra ficar com a casa, que por sinal, é dela. Isso, se eu estivesse disposto a te deixar nessa casa por mais alguns dias, mas não. Hoje meu docinho vai fazer uma sopa aqui, e vai servir a dona da casa.
Taa sorriu a observar a mulher, meia idade, não era tão jovem e assentiu a aproximar-se dela, mantendo-se junto a seu corpo para evitar que fugisse.
- O que? Vocês... Como vocês sabem? Estão malucos? Eu...
- Ora, pare com isso e evite nosso trabalho de correr atrás de você.
- Não foi minha intenção, eu deixei ela lá só até me estabilizar... Eu ia buscar ela... Eu ia...
- Ah, ia sim. Depois que ela morresse seca, com fome e frio. Eu deixo você levar os ingredientes pra cozinha, lagarta.
- Ah, me deixa matar, adoro quebrar pescoços, fazem um barulho legal.
Taa falou a ele e sorriu, segurando-a com ambas as mãos.
- Por favor... Por favor não me mate.... - A mulher uniu as sobrancelhas e deixou que as lágrimas escorressem pelo rosto. - Por favor... Eu faço o que quiserem.
- Nem ofereça, não tem nada que eu queira, e você é uma maldita, não merece viver.
- Pode matar, eu não faço questão. Mas leve pra cozinha. Corte em cubos.
Taa assentiu e puxou-a pelos cabelos, ouvindo o grito desnecessário aos ouvidos e segurou-a com ambas as mãos, num estalo, virou seu pescoço e sentiu o corpo cair sobre si, mole.
- Odeio gritos. Quer mesmo que eu corte?
- Eu também. Gosto dos seus. Será que acordou a criança? Sim, corte em cubos, tire a pele.
- Ah, a criança não come com sangue então, tem de ser diferente.
- Fique com ela um pouco enquanto faço isso. Pode deixar que vou fazer diferente. - Piscou a ele.
- Vou ajudar ela com o banho.
Taa assentiu e aproximou-se do outro, selando-lhe os lábios.
- O nome dela é Sayu.
- Sayu, Sayu. Não vou me acostumar tão logo, mas tudo bem. - Ikuma caminhou até o lugar onde deixava a pequenina e pegou-a no colo. - Acorde, Sa... yu?
- Eh?
Ela moveu-se devagarzinho no sofá, em meio ao casaco quentinho do outro e não se lembrava da ultima vez que havia dormido tão bem.
- Ah, o moço bonito... Oi.
- Vamos tomar banho, moça bonita?
- Vou ficar limpinha?
- Sim, e bem quentinha.
- Então ta bom. - Ela esticou os bracinhos.
Ikuma pegou-a no colo, levando-a consigo a buscar pelo banheiro da casa, desvendando o lugar. Ao encontrar um dos banheiros, observou a banheira e uma ducha.
- Quer na banheira ou quer no chuveiro?
Ela sorriu, animada a observar os próprios bichinhos que ainda estavam ali, de borracha.
- Ah, aqui era o seu.
Ikuma disse e ligou a torneira, deixando encher o suficiente da banheira, enquanto tirava a roupinha suja e gasta da pequenina. Colocou-a dentro da água, que ao medir temperatura, parecia quente demais para si, mas imaginava que não tanto para ela. Ela adentrou o local, encolhendo-se pouco, meio envergonhada por estar sem roupas na frente dele, como o outro havia constado, já era inteligente para a própria idade. Apreciou a água quentinha e pegou a esponjinha em formato de polvo, entregando a ele.
- Não precisa ter vergonha. Papai não te dava banho? - Ikuma disse, e aceitou a esponja, usando o sabonete para formar uma espuma fofa.- Bonita sua esponja.
Disse e levou a mão a esfregar seu corpo tão pequeno.
- Iie, eu quase não via ele... - Ela murmurou e sorriu ao ouvir sobre a esponja. - É minha favorita. - Desviou o olhar a ele enquanto passava a esponja sobre o próprio corpo e erguia os bracinhos, ajudando-o. - Você vai ser meu novo papai?
Ikuma resmungou para si mesmo ao tê-la de enxaguar, sentindo a temperatura um pouco desconfortável, embora suportável. Deixou a esponjinha por um minuto, e buscou um shampoo que não era de criança, mas era suficiente de momento.
- Hum, não sei, se você for uma boa menina.
Ela uniu as sobrancelhas.
- Mas... Mas eu sou boazinha. Eu... Eu juro que eu nunca mais como sorvete se você for meu papai.
- Não ligo pro sorvete.
Ikuma disse, e após o término, deixou-a brincar um pouco na água. Ela assentiu, abaixando a cabeça, sem ter o que dar a ele e pegou um dos patinhos o qual brincava, estendendo a ele, tocando-o em sua mão, bem maior que a própria.
- Tó.
- Um patinho?
- É... Mas ele... Ele flutua e faz barulho de patinho.
Ikuma apertou o patinho, fazendo ruir e brincou com ela na água.
- Pergunta pro moço alto se posso ser o seu papai, se ele deixar, eu vou ser.
- Ta bom... O moço alto é legal, ele vai deixar. - Ela murmurou e observou-o novamente. - Ele vai ser meu outro papai?
- Se eu for seu papai, ele vai ser.
Ela sorriu e assentiu.
- Por que você tem olhos vermelhos?
- Porque eu sou como um personagem de história. E eles são amarelos, olha. - Ikuma disse e chegou pertinho dela, mostrando-os. - Vamos lá, o moço alto está fazendo sopa.
- Ah, é verdade... São bonitos... - Ela sorriu e ergueu os bracinhos, esperando que ele retirasse a si da água. - Se eu for sua filha, vou ter olhos assim? Sopa? Eu quero!
- Hum... Talvez.
Ikuma disse, pensando sobre a indagação da pequenina e ao deixá-la no banheiro por um instante, buscou uma toalha com qual a pegou no colo e levou para a cama, secando-a. Ela sorriu ao ver o próprio quarto novamente e manteve-se em silêncio enquanto ele secava a si, indicando a gaveta onde tinham as próprias roupinhas. Ikuma caminhou até a gaveta, e escolheu algumas roupas mais simples, vestindo-a. O casaco mais pesado pegou numa das portas do guarda-roupas, era rosa e sem peso, mas parecia macio e bem quente, como um vestido, acima das roupas anteriores.
- Está quentinha?
Ela assentiu, ajudando-o a vestir as roupinhas em si e ao finalizar puxou o ursinho sobre a cama, mostrando a ele.
- Olha, esse é o meu favorito... O nome dele é Fred.
- Fred? Ele é tão fofo quanto você, gatinha. Vamos lá?
Ikuma disse, pegando-a no colo após secar seus cabelos curtinhos, mas nãos os penteou. Ela esticou os bracinhos e abraçou-o, deixando-o levar a si junto do ursinho e sorriu, repousando a face sobre seu ombro.
- Ikuma? Já está pronto, venham comer!
- Estamos descendo. - Ikuma disse, levando-a consigo. - Hum, o cheiro parece ótimo. Não é?
- Haai! Sopa do que?
Taa sorriu ao vê-los, porém cessou ao ver os cabelos da pequenininha e arqueou uma das sobrancelhas.
- Não achou o pente?
- Ah, provavelmente tinha em algum lugar. - Ikuma deu de ombros. - É sopinha de carne.
- Ora essa.
Taa disse a ele e passou a mão pelos cabelos da pequena, ajeitando-os e pegou-a no colo e ajeitá-la na cadeirinha que ainda havia ali.
- Ah, ah, Taa, ele pode ser meu papai? Ele disse pra eu perguntar pra você... Eu me comporto.
Taa uniu as sobrancelhas e desviou o olhar ao outro.
- Falamos depois do jantar, gatinha. Não está com vontade de tomar sopa?
Ela assentiu, deixando o ursinho pequeno sobre o colo e agarrou a colher sobre a mesa, realmente estava faminta. Taa serviu a sopa para ela, num pratinho separado, sem o sangue e para si e o outro serviu a sopa diferente, ainda observando-o meio de canto, sem saber ao certo o que dizer. Ikuma sentou-se junto a menorzinha à mesa e experimentou a sopa, buscando logo o pedaço de carne.
- Hum, ótimo.
Ikuma fitou o parceiro, embora não pensasse em falar sobre a pequenina tão logo, não em frente a ela. Taa assentiu ao notar o olhar dele e experimentou a sopa, gostosa apesar de ter sido feita por si.
- Oishi. Oishi, pequena?
Ela experimentou a sopa, meio desajeitada a pegar com a colher e abriu um sorriso.
- Oishi!
Taa sorriu a ela, observando seus cabelos negros, agora penteados pelo companheiro.
♦
Taa ajeitou-a novamente quentinha no próprio casaco, havia terminado de comer e agora estava dormindo de novo, era criança, gostava de dormir, ainda mais sobre um teto e aconchegante, sem medo. Aproximou-se do menor e lhe selou os lábios, deslizando uma das mãos por seus cabelos.
- Ela pode ficar com a gente?
Após o jantar, Ikuma observou a casa, conferindo os itens, se tinha algo legal por lá. Pegou na geladeira algum docinho que serviu a si de sobremesa, pura curiosidade.
- Nunca comi isso. - Disse, enquanto comia o danoninho com uma colher de plástico. - É gostoso, mas acaba rápido, tinha que ser uns potões, quem come uma dose tão curta dessas? - Disse a ele. Após o término, sentou-se numa das poltronas, observando a pequenina no sofá, coberta e ajeitadinha com um casaco. - Eu imagino que se você quis salvar ela, provavelmente é porque quer ficar com ela.
- É porque isso é pra crianças. - Taa riu a observá-lo e sentou-se em seu colo, abaixando-se a beijá-lo no rosto. - Na verdade eu a salvei porque imagino como deve ser horrível ter que dormir na rua. Pensei que se não quisesse ficar com ela podíamos deixá-la num orfanato... Afinal ela é humana.
- Pra crianças vírgula, eu não sou criança. - Ikuma disse e pousou as mãos em suas coxas conforme se sentou, ouvindo o que dizia. - Você quer ficar com ela?
Taa desviou o olhar a ela, encolhidinha no sofá e abriu um pequeno sorriso.
- Eu quero. Ela parece você, é educada, linda.
- Eu sou educado? Lindo eu já sei. - Ikuma disse e sorriu-lhe com os dentes, brincando. - Mas sabe que ela vai perder os lindos olhos cinzas, certo?
- Sei... Por isso mesmo eu fico tão apreensivo. Ela é pequena, não tem perigo de morrer na transformação?
- Muito provavelmente. Teria que esperar ela crescer um pouco.
- Mas e as crianças?
- Nossos filhos são bem educados, não são mais bebês.
Taa assentiu e suspirou.
- Então... Vamos levar ela pra casa?
- Ok, então vamos.
Taa assentiu e selou os lábios dele, levantando-se.
- Vem.
Ikuma levantou-se logo após ele e observou a pequenina adormecida, buscando-a para o colo.
- Quer levar ela?
- Iie, quero que você leve, gosto de ver ela no seu colo.
- Que fetiche estranho, lagartinha selvagem.
Ikuma disse, acomodando-a no colo e logo saiu consigo, deixando a residência que, algum dia, ela viria a morar. Taa riu ao ouvi-lo.
- Lagarta selvagem, é? O que tem eu gostar que você seja pai?
Saiu com ele do local e usou a chave no chaveiro para trancar a porta, seguindo com ele pela rua.
- Não sabia que você era tipo o Drácula. Virou história, é?
- Gosta de ver eu de papai, ah? - Ikuma sorriu e ajeitou a pequenina, levando-a quase sobre o ombro. - Drácula? - Riu. - Vi o Drácula nascer, meu amor. - Brincou.
Taa riu.
- Ah, claro. Ele sim é uma história pra crianças. Você é tão velho assim? Usava kimono e tudo?
Mordeu o lábio inferior, tentando não rir. Ikuma riu entre dentes.
- Uso até hoje.
- Porra... Pré-histórico. Tinha dinossauros?
- Tinha, era o pão nosso de cada dia.
- Ah, imaginei. - Taa riu novamente e mordeu o lábio inferior. - Guardou alguma coisa daquela época?
- Qual, dinossauros ou dos kimonos?
- Qualquer coisa. - Riu.
- Minha casa. Porém, os móveis são sempre renovados, ou melhor, reciclados, eu mando em um tipo de manutenção pra reforçar e continuar com eles.
- Entendi... Mas... Na época já existiam casas subterrâneas?
Ikuma sorriu.
- Você sabe o que é guerra? - Provocou.
Taa estreitou os olhos.
- Não me chame de idiota.
- Sabe que adoro te encher o saco.
- É, sei
- Ó... Estou te dando um bichinho novo, não me enche o saco.
- Bichinho nada, é sua filha agora, loira.
- Bichinho. Parece um ursinho.
- Um ursinho preto.
- É. Você consegue se controlar com a menina, certo? Porque já sabe que vai sentir o cheiro dela até dormindo.
- Eu sei... Não vou morder.
- Eu fico tranquilo. Os meninos também eu suponho. O que eles quiserem tem na geladeira ou aquecido em algum lugar.
- Não tem problema, também fico bem alimentado... Mas o bebê acaba me deixando meio estranho de vez em quando, com vontade de arrancar as tripas das pessoas na rua.
Ikuma riu e negativou.
- Claro que sim, tanto que até protegeu a menina
- Pois é, pra você ver. - Taa riu. - Estava bem alimentado.
- E você fica bem alimentado em casa. Fica de rabo cheio, de todas as formas possíveis.
- Não fale assim que eu fico com vontade, filho da puta.
- Estamos indo pra casa, não vai passar vontade.
- Hum, então ta bom. - Taa sorriu a ele. - Como vamos passar com ela pela boate?
- Não é como se eles fossem voar em cima de mim. Vão saber que somos donos.
- Ah, não sei. - Taa murmurou e segurou a mão dele. - Bem, vamos entrar.
Ikuma adentrou a boate, seguindo com a garota coberta. Sabia que provavelmente todos os que não estivessem ocupados o bastante, sentiriam o cheiro, mas não o suficiente para tentar algo contra o que tinha em posse. Após passar pelos clientes, desceu a própria casa sem ter dificuldade e fitou o companheiro, como se lhe desse um aviso mudo. Ao abrir a porta, levou-a diretamente ao sofá.
- Não é difícil. Não estamos falando de vampiros predadores como mostram em filmes idiotas.
Taa seguiu junto dele, pouco amedrontado pelos vampiros que observavam a si e abriu a porta a dar espaço a ele, ajeitando as almofadas a dar espaço a pequenininha que não havia acordado nem com a música alta.
- Mãe? Ah, que susto, agora há pouco veio um vampiro meio bêbado aqui procurando o papai... O que é isso aí? - Disse o loirinho, aproximando-se curioso do sofá. - Cheira a comida.
- É a filha humana que sua mãe teve antes de nos conhecermos.
- O que?! Sério?
- Não, seu pai está te enchendo o saco.
- Claro, porque ela ficou congelada no tempo enquanto você crescia normalmente.
- Porra pai, não me assuste.
- Na verdade o bebê da mamãe resolveu vir mais cedo.
- Ah vá.
- Não, verdade mesmo. - Taa falou, entrando na brincadeira. - Acabamos de chegar do hospital.
- Eh?
Takuan, um dos filhos do meio falou a observar a mãe e uniu as sobrancelhas, confuso, ainda mais com os cabelos loiros da pequena, e a mãe não costumava brincar.
- Mas... Desse tamanho?
- Sim, tivemos um problema de gigantismo.
Taa desviou o olhar ao marido e negativou, levando uma das mãos sobre a face.
- Gigan... Mas isso foi hoje? Porque você estava tão magrinho... E... Nasceu de cabelo e tudo?
Taa desviou o olhar ao filho, mais incrédulo ainda e segurou-se para não rir.
- Não olhe assim pra ele, lagarta. - Ikuma disse e afagou carinhosamente o cabelo dos filhos, o abraçando. - Ele é ingênuo.
- Eh? Ah vocês estão me sacaneando! Parem...
Taa riu, sem conseguir conter e colocou a mão em frente aos lábios, abraçando o filho igualmente.
- Eu não fiz nada, poxa...
- Você é fofo. Não sei a quem puxou.
- Hum... Mamãe é fofo.
- Eh?! - Taa arqueou uma das sobrancelhas.
- É, mas sh... - Ikuma disse como se sussurrasse. - Não conte a ele.
Taa estreitou os olhos.
- Hey.
- Mas sério, quem é?
- Ikuma salvou ela de um vampiro mimadinho, estava morando na rua, então trouxemos pra morar com a gente.
- Sua mãe salvou esse criança de um pirralho. E ela estava morando na rua após a morte da mãe, parece que a tia a deixou pra ficar com a casa e disse que buscaria depois.
- Ah... Então ela é órfã? Qual é o nome dela?
- Disse que se chama Sayu.
- Que bonitinho... - Sorriu. - Quantos anos ela tem?
- Quantos anos, Taa?
- Tem cinco...
- Nossa... Posso segurar?
- Não vai acordar ela?
Taa assentiu e abaixou-se ao lado da pequena, puxando o casaco a descobri-la.
- Hey...
- Eh? ... Onde estamos?
- Em casa, essa será sua nova casa. Vem cumprimentar seu irmão.
- Irmão?
- É, o Takuan.
- Oi pequena, sou seu novo irmãozinho. - Takuan sorriu.
- Oi... - Ela falou baixinho, observando o garoto, curiosa.
- O que achou do irmãozinho, hum?
- Achei que era uma menina...
- Eh? Até ela está me zoando? ... Deus.
- Ela nem sabe o que é isso.
Ikuma riu, e deixou-os por um instante, buscando para si uma dose de sangue na geladeira. Taa deslizou a mão pelos cabelos da pequenininha.
- Acho que vou pro quarto. Foi um prazer conhecer você pedacinho.
Ela sorriu a ele e assentiu, acenando com a mãozinha. Taa sorriu a ambos e pegou a pequena no colo.
- Vamos pro seu quarto.
- Meu quarto?!
- É, vamos decorar ele pra você, o que acha?
- Oba!