Ritsu e Etsuo #8


Ritsu sentou-se à mesa, aceitando a fatia de bolo de chocolate o qual já era habituado a comer, mesmo que a mistura da massa contivesse o sangue costumeiro para os pais e mesmo o irmão, o sabor era agradável, ainda que no fundo daquela calda, pudesse sentir um amargor estranho, esperava somente que não fizesse mal para si. Ao erguer o olhar, notou no entanto o pai na cozinha, que sorria sempre ao ver seus dotes culinários apreciados.
- Está gostoso.
Elogiou, como parecia ser esperado na ocasião e viu o menor sorrir, feliz com a aprovação. 

Etsuo fechou a porta atrás de si ao passar, e finalmente deixou a mochila sobre o sofá, estava cansado, principalmente de aprender tantas matérias inúteis e por fim, seguiu a cozinha ao ouvir vozes ali, notando a mãe e o menos sentado a mesa.
- Boa noite. - Sorriu.

- Mamãe, eu queria falar algo com você...
Disse a ele, que pareceu interessado no assunto, e ainda assim portava em seu rosto uma expressão sorridente.
- É sobre o...
Disse e no entanto fora interrompido ao ouvir ruídos vindos do outro cômodo, chegando aos poucos até lá, o que acabou dando fim ao assunto e sorriu ao irmão.
- Boa noite, vampirinho. - Disse Shiori.
- Boa noite, vampirinho. - Ritsu imitou o pai.

Etsuo riu baixinho e beijou o irmão no topo da cabeça, assim como fez o mesmo com a mãe.
- Vou tomar um banho e depois provo o bolo, está gostoso, Ritsu?

- Está gostoso. Espero que não me faça mal...
Disse o menor ao sentir o beijo no topo da cabeça, sentindo-se um pouco desconfortável, embora não fosse habituado a transparecer com veemência as emoções, era sutil em cada uma delas, mas o irmão parecia um pouco desconfortável também, talvez pela forma como não pôde evitar estranhar a convivência após o que haviam feito, e o mais velho era fácil de se ler, via-o desanimado, só não sabia se era pelo modo como agia ou se ele mesmo se dava conta de que haviam feito algo estranho.

Etsuo sorriu meio de canto ao menorzinho e logo seguiu para fora da cozinha, pegando a mochila a levá-la consigo ao quarto, onde tomaria banho e de fato, era estranho mesmo estar próximo a ele, se sentia desconfortável.
- E aí... O que aconteceu? - Disse Shiori.
Ritsu observou o irmão a deixar a cozinha e o seguiu com o olhar, saiu meio sem nada a acrescer, de modo um pouco incomum. Beliscou mais um pedacinho do bolo e abandonou o garfo sobre o prato de porcelana escura.
- Você não conta pra ninguém?

- Ora, mas vou contar pra quem?
- Pro papai ou pro Etsuo.
- Não vou contar.
- Jura mesmo?
Ritsu indagou e sorriu, achando graça, embora realmente falasse sério sobre aquilo.

- Juro, Ritsu, fala logo que vai me matar de curiosidade.
O loiro riu por fim e se esticou, ficando mais próximo.
- O Etsuo... Me beijou.

Shiori uniu as sobrancelhas ao ouvi-lo.
- Eh?!

- Shhh! - Ritsu disse e quase lhe tapou a boca. - Sh!
- ... - Shiori afastou-se sutilmente. - Como assim?!
- Shhh! - O loiro tornou pedir e desta vez tapou realmente. 
- Humm... - O moreno murmurou, tentando falar alguma coisa e por fim tirou a mão do filho do local. - Beijou como?
- Mãe... - Ritsu disse, desta vez evidentemente irritado. - Fale um pouco mais baixo. Beijou na boca, ora. Eu só não sei se isso foi porque ele quer ter alguém ou... Se gosta de mim.
Shiori uniu as sobrancelhas novamente e desviou o olhar, pensativo e era óbvio que o filho gostava dele, ao menos, parecia muito e por fim assentiu.
- Acho que ele gosta de você...

- Acha isso? - Ritsu disse, surpreso na verdade, embora não demonstrasse.
- Acho. Ele é muito carinhoso com você.
- E agora?
- V-Você gosta dele também?
- E.. Eu... Não sei, eu penso nele e penso em um irmão. Ma... Mas, quando ele chega perto e parece triste se eu não aceito um beijo, eu fico com vontade de fazer o que ele quer.
- Não faça por pena, Ritsu, faça somente se sentir que gosta dele... Vocês não são irmãos de sangue, por isso não é tão estranho, mesmo assim cresceram juntos... E não acho que Etsuo seja capaz de gostar de você só pelo seu sangue tendo litros na geladeira.
- Não estou dizendo que tenho pena. Até porque, tenho um amigo na escola e eu não tenho pena dele a esse ponto, mesmo quando ele faz cara de coitado.
- Bem, então acho que você gosta dele.
- Não fale nada pra ninguém sobre isso.
- Não vou falar. Ele tentou fazer algo mais?
- Algo como o que?
Ritsu retrucou como quem não sabia de nada, fingindo-se de desentendido ainda que soubesse exatamente o que ele queria saber, além de já o terem feito.

- Tentou... Te tocar?
O loiro negou com a cabeça.
- Ele segura meu rosto pra tentar beijar.

Shiori uniu as sobrancelhas e riu baixinho.
- Entendi.

- O que?
O menor indagou ante o risinho do pai e voltou a pegar um pedacinho de bolo.

- Nada... Você é tão inocente, continue assim.
- Eu que sou inocente ou ele quem é por segurar meu rosto?
Ritsu indagou e deu uma risadinha semelhante a dele. Shiori a
rqueou uma das sobrancelhas.
- Ah... Eu ia falar que era inocente assim quando conheci o pai de vocês.

- Papai tirou sua inocência, mamãe?
- É. - Shiori riu. - Acho que sim. Arrancar seria a palavra correta.
- E como se arranca a inocência de alguém?
Ritsu indagou e bem, sabia bem o que ele falava, mas ainda assim fazia-se desentendido, queria ouvi-lo explicar. 

Shiori sorriu meio de canto.
- É melhor você não saber. Acho melhor que você faça amor com quem você goste, e ainda assim seja fofo desse jeito.

O loiro pegou o copo com o chá e levaria até a boca, deu um traguinho leve quando ouviu e acabou devolvendo o líquido ao copo que deixou sobre a mesa, não entendendo como ele chegou àquele assunto.
- O que... Como chegamos a esse assunto? Está dizendo que não amava o papai quando ficou com ele?

Shiori uniu as sobrancelhas e riu baixinho.
- Acho melhor deixar essa história pra quando você for mais velho.

- Se o Etsu tentar fazer isso? O que eu deveria fazer?
- ... Ah... A mesma coisa que eu te falei... Se você gostar dele...
- Eu não...
O loiro disse e no entanto ouviu o ruído pela casa, o que acabou silenciando tanto a si quanto ao pai e beberia o chá, se não houvesse devolvido ao copo, por fim comeu mais do bolo. Etsuo s
aiu logo do banheiro, seguindo em direção a cozinha e sorriu a ambos ali sentados, pegando no armário uma das xícaras.
- Posso participar da conversa ou é segredo?

- É segredo.
Ritsu disse ao irmão e sorriu canteiro, notando o olhar do pai e esperava que o irmão não percebesse, mas quis dar uma beliscada no pequenino. Etsuo d
esviou o olhar a mãe e uniu as sobrancelhas, mas pelo risinho em seus lábios, duvidava que fosse sobre a relação de ambos.
- Ah... Hai.

- Pegue um pouco pra mim também, Aniki. Jogue esse fora.
- Hai. - Etsuo murmurou e jogou o chá dele na pia, lavando a xícara e devolveu-a com o chá para ele. - Por que pediu pra jogar fora?
- Porque estava frio. Não gosto frio.
- Ah sim. - O moreno sorriu e logo bagunçou os cabelos da mãe.
- Hey!
- Você parece meu irmão, mamãe. Vai ficar com dezoito anos pra sempre?
- ... Felizmente. - Shiori sorriu.
- Daqui a pouco o Etsu vai parecer seu pai, mamãe.
- Vai nada, ele vai ter vinte e dois anos pra sempre também quando chegar lá.
- Ainda assim vai ser mais velho.
- Bem, mesmo se eu tivesse vinte e dois anos, ainda pareceria um chaveiro.
Etsuo riu e bebeu um gole do chá.
- Papai te carrega no bolso se quiser.
- É, quase isso. 

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