Home
Archive for
abril 2021
Os passos eram lentos, Hideaki estava passeando naquele dia, indo comprar alguns doces, algumas especiarias, morava sozinho, os pais haviam falecido há alguns anos, e fora obrigado a se cuidar sozinho, mas por ser um vampiro, aquilo não era tão difícil, o problema era a vontade da comida humana, fazia a si ir até feiras como aquela e acabar fazendo algumas besteiras. Ao passar pela rua, viu alguns rostos conhecidos e outros desconhecidos, estava um pouco cheio naquele dia, mas algo chamou a atenção instantaneamente, não havia visto seu rosto ao passar, não havia se quer visto parte qualquer da pessoa, mas o cheiro, um cheiro doce, fez com que virasse o pescoço para trás e cessasse os passos. Ao se virar, buscou visualmente entre as pessoas, viu cabelos loiros, era completamente incomum, mas eram lindos e longos, não sentiu atração física de fato, não a podia ver, estava de costas, mas o cheiro, queria só uma mordida. Seguiu descontraído o caminho de volta e a fitou um pouco de lado, na barraca de flores onde ela estava, ah, era tão bonita, parecia uma flor recém desabrochada. Sorriu consigo mesmo por um momento, e o cheiro do sangue invadiu as narinas.
- Tome cuidado moça, as rosas tem espinhos.
Num movimento rápido, o moreno segurou a mão dela, ainda que fosse delicado.
- Ah, uma rosa machucou outra rosa, hum? Me deixe cuidar disso.
Disse num pequeno sorriso e levou a mão dela aos lábios, sugando o sangue de seu dedo. Era doce, como uma sobremesa saborosa.
Rosas, a moça precisava levar rosas para o jantar daquela noite, exigência da madame da casa, lembrou-se por sorte do detalhe ou terminaria voltando mais tarde. Na tenda florida observou o punhado de rosas, elas eram caras, não eram rosas comuns, tampouco cerejeiras de todos os lugares, eram rosas volumosas e inglesas, bobagem, pensava, ainda que fossem flores lindas, pareciam bonitas e ainda perigosas, como ele. Olhou para o rapaz ao falar consigo, foi rápido no que fez quase não teve tempo de pensar, o dedo não estava ferido, estava? Sentiu sua boca fria e o arranhar dentro da boca, seu dente? Olhou para ele e seus olhos amarelos, pareciam mais brilhantes que os postes de luz da feirinha. Por um momento ficou observando, aquela situação toda não fazia sentido algum, mas a reação que teve certamente também não.
- O seu espinho me machucou...
Hideaki sorriu a ela conforme a ouviu e ao soltar o dedo dela, já não havia mais sangue nenhum.
- Foi apenas uma alfinetada, está tudo bem. Por que uma moça tão bonita está sozinha aqui?
- Você não deve sugar o dedo das pessoas assim. - Ela disse e recolheu a mão. - Estou apenas comprando para o jantar da família.
Disse e sorriu suavemente, havia aprendido que devia simpatia às pessoas, então era um pouco ingênuo ainda.
- Eu sei que não, mas você não é qualquer pessoa, não é? Parece um dia ensolarado. Ah, entendi, deve ser de família muito rica.
- O que isso quer dizer? - Ela indagou sobre seu elogio e então pagou pelas flores que acomodou delicadamente na cesta. - Eu sou apenas a serviçal.
- O que? Impossível. Você não pode ser só uma serviçal. - Hideaki disse e olhou as mãos dela, que ainda tentava esconder, seus dedos eram bonitos, mas machucados. - ... Venha trabalhar pra mim
- Isso é um elogio? - Ela indagou, ele usava de expressões indiretas. Notou seu olhar e apertou a alça da cesta que segurava. - Já tenho uma família por qual trabalho.
Hideaki sorriu a ela, meio de canto.
- Não vou fazer mal a você.
- Não estou com medo. Mas não sou como pensa se vai tentar alguma coisa.
Ela disse e tentou seguir o caminho, ia buscar o restante da lista.
- Eu não vou tentar nada. Hey. - Hideaki disse conforme seguiu atrás dela. - Minha casa é grande, mas os serviços são simples, eu pago a você. Você é tão bonita, não deve ficar num lugar onde te machucam.
- Mas como você sabe se me machucam?
Ela indagou, não exatamente olhando para ele, encarou algumas frutas que pegou, pagou e então continuou a andar. Não deu bola, imaginou que era apenas um jovem rapaz querendo impressionar, e devia dizer, era bonito, mas não existia para coisas como ficar com alguém ou ter amigos.
- Eu fui comprada, então não posso decidir isso.
- Eu posso ver as suas mãos. - Hideaki disse e uniu as sobrancelhas conforme ela andava. - Onde você mora?
- Sou da família Touya. Por que está tão interessado? Quer comer meus dedos?
Hideaki sorriu meio de canto e negativou.
- Tudo bem, até logo, senhorita.
- Até logo, senhor.
Ela respondeu ainda com cortesia, não entendeu seu comportamento, mas pela rapidez imaginou que fosse tentar fazer negócios com os patrões. Ainda assim, não via razão para querer tanto trabalhar consigo, uma vez que sequer conhecia a própria competência, então, queria o que a maioria dos homens queria consigo sem saber o que esperar de fato. Suspirou e assim terminou a caminhada assim como terminou de comprar os preparativos para o jantar. No fim terminou divagando sobre como sua boca era fria. Ao finalizar a conversa, Hideaki seguiu dali para a casa onde ela trabalhava, sabia que conseguia chegar antes dela e de fato conseguiu, ao parar em frente a porta da casa grande e luxuosa, bateu, esperando ser atendido. Quem o atendeu foi apenas mais um serviçal, a roupa era como a que a garota usava, era algo padrão, embora a dele fosse masculina. Ele caminhou com passos pequenos até atendê-lo.
- Olá, senhor. Do que se trata?
Hideaki sorriu meio de canto e aspirou o ar quando o garoto se aproximou, não tinha o mesmo cheiro que ela.
- Olá. Gostaria de falar com seu patrão.
- O senhor tem horário marcado?
- Diga que quero comprar um dos serviçais dele.
- Oh, meu patrão está se preparando para um jantar de negócios, então preciso verificar se pode atender o senhor.
- Ah, ele pode sim, diga que eu tenho bastante dinheiro. - Hideaki sorriu.
- Tu-tudo bem... Qual seu nome, senhor?
- Hideaki. Hideaki Okamura.
Ele assentiu e seguiu o caminho qual tão breve trouxe seu senhor. Dinheiro era com ele, ainda que tivesse muito mais do que poderia gastar até que morresse.
- Seja breve, rapaz, de todo modo posso adivinhar qual é o seu interesse. Quer Ophelia, certo? Já não é o primeiro.
Sorriu meio de canto. Ophelia é a jovem loira que trabalha pra você?
Ele sorriu parecendo cínico e ainda divertido.
- É o que você acha. Você é jovem demais para poder pagar por Ophelia. Me custou caro e continua pagando a dívida enquanto trabalha, pra compra-la teria que pagar por ela e pela dívida dela.
- Sem problemas, quanto ela custa e qual é a dívida?
- 980 mil ienes.
- 980 mil? Pela Ophelia? - Hideaki riu. - Eu pago um milhão de ienes. Ela não vale só 980. - Disse num pequeno sorriso. - Apronte ela, venho buscá-la essa noite com o dinheiro.
- Tsc. Não brinque comigo, criança. Quantos anos tem? Dezoito?
- Tenho vinte e dois.
- Vai pedir que seus pais comprem, bem, não me interessa. Se quer Ophelia então traga o dinheiro e então deixo que se arrume.
Hideaki sorriu.
- Como quiser. Em duas horas estarei aqui.
Ele resmungou e saiu sem muita crença, embora achasse o garoto convincente, já havia visto aquilo antes.
Ao voltar para casa, Hideaki seguiu diretamente para o cofre da família, não tinha com que gastar o dinheiro mesmo, e se quisesse mais era só matar um homem como ele e levar embora. Levou consigo em uma bolsa improvisada e ao chegar, bateu com força no portão, mas claro, nada absurdo. O empregado seguiu até a entrada da casa, recepcionando de volta o jovem rapaz e comprador. Ele havia mesmo voltado, pensou o serviçal enquanto encarava a sacola que parecia pesada em sua mão.
- Senhor, foi muito breve. Devo presumir que precisa do meu patrão. Entre, por favor.
- Com licença.
Hideaki disse conforme entrou na casa, era realmente grande, até assoviou conforme a viu, mas a própria não era muito diferente.
- Peça que ele busque o valor aqui, tenho pressa para levá-la embora.
- Eu o chamarei, senhor.
Disse o serviçal e não mais que alguns minutos ele apareceu com seu quimono vinho e bordado, exagerado para um homem cuja aparência era tão morna, era o típico japonês tradicional.
- Oh, então você está aqui. Entregue ao serviçal, ele vai verificar a quantia. Me diga garoto, tudo isso é excitação?
Hideaki sorriu meio de canto e entregou ao rapaz a sacola com o dinheiro.
- Um milhão por excitação? Certamente não.
- E então? Ophelia não se aproxima de ninguém além dessa casa. Vai me dizer que se apaixonou a primeira vista?
A essa altura o garoto já havia pegado sua sacola, contou o dinheiro na sala a frente, pouco depois voltou anunciando que o valor era como prometido.
- Senhor, o valor está correto..
- É... É algo assim. - Hideaki disse num pequeno sorriso.
- Sei, sei o que você quer, mas não vai gostar quando descobrir, a menos que você seja... Bem, não é problema meu. Chame Ophelia e mande que se ajeite para ir.
-Claro, senhor.
Hideaki uniu as sobrancelhas, realmente sem entender, bem, não via nenhum problema com ela, e se houvesse algum, poderia facilmente ajudá-la. Esperou, parado de braços cruzados.
- Senhor.
Ophelia disse ao seguir até a entrada da casa, tendo apenas sido avisada para arrumar o que tivesse de pertences necessários e que pertencessem a si de fato, o que não era muito. Com uma pequena bolsa em frente ao corpo, viu logo ele, logo ao lado do homem que costumava chamar de patrão. Confusa, fez o melhor que pode para não deixar expresso no rosto que estava surpresa por sua estada ali. Hideaki sorriu a ela conforme a viu, era linda como se lembrava, parecia um pequeno pássaro preso em uma gaiola, e era uma pena, bem, agora não era mais.
- Podemos ir?
- Eh...? Hai.
Ophelia disse e olhou o que agora podia chamar de ex-dono. Ele sorriu, como quem finalmente havia feito um bom negócio. Não o cumprimentou ou se despediu, apenas foi sem nada a dizer, nada de bom. Hideaki não a tocou novamente, apenas deu espaço a ela para que passasse pelo portão e silencioso caminhou até se afastar do portão daquele homem, tentando não ficar muito longe dela, não disse nada nesse percurso, somente quando chegou perto da cidade, sorriu a ela.
- Ophelia, certo?
Ela partiu pelo caminho com ele, estava um pouco desconfortável, com vergonha talvez, havia tratado ele um pouco indiferente anteriormente, mas agora estava mesmo ali, se perguntava quem era ele, porque tinha dinheiro sendo tão jovem.
- Sim. - Falou, naturalmente baixo.
- Você está livre agora. - Hideaki disse e só então tocou a mão dela, massageou conforme viu o machucado. - Pode ir pra onde quiser.
Ophelia sentiu o toque e não sobressaltou, já tinha costume, mas olhou para a mão dele em sua carícia. Voltou porém a olha-lo diante do comentário, confusa, havia sido comprada pra que?
- Eu não tenho para onde ir, senhor.
- Não? - Hideaki uniu as sobrancelhas e acariciou a mão dela novamente. - Você aceita vir comigo pra casa então?
- Vivo aqui desde os cinco anos. Se me quiser lá.
- Desde os cinco anos? O que houve com os seus pais? Não me diga que é aquele homem.
- Não senhor, ele me comprou de minha mãe.
- ... Como uma mãe pode fazer isso com uma criança? - Ele disse e estava evidentemente puto. - Venha. - Disse enquanto caminhava para casa e indicava o caminho para ela.
- Minha mãe terminou como uma acompanhante durante a guerra, engravidou de um soldado que partiu sem sequer saber a meu respeito. Acho que por isso nunca gostou de minha presença. Aquele homem se atraiu por mim e me comprou como acompanhante.
Hideaki estreitou os olhos ao ouvi-la.
- Ele se atraiu por uma criança de cinco anos?! Ah, mas eu vou voltar lá amanhã. Pode apostar.
- Hum. Mas terminou não querendo estar comigo, pretendia me devolver, no fim apenas arrancou o dinheiro que pagou à minha mãe mas me deixou como empregada.
- Os dois são uns desgraçados. Mas vou voltar lá amanhã. Você fica comigo.
Hideaki disse e logo estavam em casa, não era muito longe dali. A casa estava escura, quase escondida no meio das árvores. Ao entrar, deu espaço a ela.
- Não se preocupe, o que ficou no passado não se pode mudar, então não faz sentido levar isso adiante.
Ophelia disse enquanto ia seguindo caminho com ele, era um lugar estranho, mas por alguma razão tinha ideia de que ele não era alguém convencional. Quando chegaram, antes de entrar, parou em frente a ele, tocou sua mão e se abaixou suavemente, reverência.
- Obrigado, senhor.
- Faz sim, ou ele vai fazer isso com outras crianças. - Hideaki disse, irritado ainda e ao sentir o toque, desviou o olhar a ela e negativou, acariciando sua mão. - Não precisa fazer reverências pra mim, nem me chamar de senhor, hm? Meu nome é Hideaki. - Disse num pequeno sorriso. - Vou levar você até o seu quarto.
Disse e seguiu pela casa até o final do corredor onde tinham alguns quartos, o próprio ficava no andar de baixo, mas ali ela poderia ter um pouco de luz. Ao entrar, não era um quarto de criado, como o que ela poderia ter o costume de ter, era um quarto de hóspedes, grande, com cama de casal bem arrumada, havia uma penteadeira, armário, tudo muito bem montado.
- Você pode ficar aqui. Há um banheiro no quarto também que será seu. A cozinha é no final do corredor se precisar comer... Eu... Vou sair e comprar algumas coisas, o que você gosta de comer?
Ophelia seguiu logo após ele, indo pela casa memorizando alguns detalhes, terminaria tomando conta querendo ele ou não. Quando chegou no quarto, olhou para ele e todos seus detalhes, era um quarto com tudo e mais um pouco do que poderia precisar, imaginou se não havia mais ninguém ali, ele era sozinho?
- Não temos companhia na casa?
- Não, somos só nós. - Hideaki sorriu meio de canto. - Quer dizer... Era só eu... Antes de você. Meus pais morreram há um ano.
- Oh, meus pêsames, senhor. Obrigado pelo quarto, é lindo.
Ela sorriu, sabia que poderia facilmente morar naquele quarto.
- Não, tudo bem. - Ele disse e sorriu meio de canto. - Como você deve ter percebido... Eu não sou como seus patrões antigos, nem ninguém que você conheça. Eu não sou humano. Mas não vou te machucar, só tenho hábitos diferentes dos seus.
Ela ouviu o que disse, em especial sobre não ser um humano, mas de alguma forma sentia que parecia idiota se perguntasse. Levou a mão até o obi, bem, seria muito direto sobre aquilo, se havia comprado a si para ter alguma diversão, por mais que não soubesse como aquilo seria, ao menos deixaria ele saber rapidamente ou poderia terminar machucada outra vez. Tocou as abas do quimono de serviço, não precisou de muitas camadas, era apenas uma roupa de trabalho e então, desnudou o tronco. Hideaki estava distraído, porém, notou ela abrindo o obi e uniu as sobrancelhas, virou-se rapidamente de costas.
- Não... Coloque a roupa de novo, por favor.
- Você não queria isso?
Ela indagou e voltou a ajeitar a roupa, embora agora ela estivesse um pouco desajeitada.
Hideaki negativou.
- Posso me virar? - Murmurou e virou-se devagar, olhando pra ela. - Eu não quero transar com você. Eu te comprei porque queria que fosse livre. Ninguém deveria sofrer maus tratos na mão de alguém assim. Não precisa ter medo de mim, não vou toca-la.
- Sim. Eu não tenho medo de você, nem do seu toque. Eu espero que tenha algo para te oferecer em gratidão. Vou cuidar de sua casa e de você.
Hideaki negativou e sorriu a ela, aproximando-se, segurou sua mão e foi delicado.
- Você não me deve nada, Ophelia. - Disse a ela, mas sem a intenção, olhou para seu quimono desajeitado e viu seu peito liso, ficou curioso por um momento e uniu as sobrancelhas. - Você... Não é uma mulher?
Ele tinha aquele hábito e não era difícil notar, ele tocava a mão com frequência e se perguntava porquê. Ophelia encarou no entanto o modo como seus olhos dourados se voltaram para baixo com sutileza e uma certa surpresa junto de sua pergunta.
- E se eu tiver seios pequenos?
- Ah... - Hideaki disse e ainda que fosse um vampiro, as bochechas ficaram vermelhas, tão envergonhado que havia ficado. - Me perdoe.
Ela acabou rindo, pela primeira vez em tempos, notando a timidez que não esperava.
- É brincadeira. Eu sou um.. Quero dizer, eu não sou uma garota.
Hideaki sorriu a ela conforme a ouviu rir e coçou a cabeça, tímido.
- Mas... Por que você se veste como uma garota?
- Hum... Quando fui vendida, aquele homem achou que eu fosse uma menina, minha mãe então pediu que eu dissesse que era, passou a me decorar como uma menina e disse que eu precisaria continuar com isso. Vivi até os oito anos dessa maneira, quando ele decidiu que era hora de começar a me ver e me tocar, descobriu que era um garoto. Me agrediu sem minhas roupas, e tentou encontrar minha mãe para me devolver no entanto não achou. Passei alguns anos assim e me acostumei a isso, achava que desse modo minha mãe poderia voltar. Ele estava cheio de vergonha e embora não tenha me tocado, para que não expusesse sua vergonha, fez com que continuasse assim, como uma serviçal, os homens de trabalho dele gostavam de ir me ver como uma moça.
Hideaki negativou enquanto a ouvia e só sentia cada vez mais raiva daquele homem.
- Que imbecil... Esse desgraçado... Tsc. - Disse, irritado. - Você quer que eu compre roupas de menino pra você?
- Iie, tudo bem. Eu já tenho quase dezessete, então já não sei o que eu sou sem isso.
Hideaki uniu as sobrancelhas.
- Vou fazer assim, eu te darei uma valor semanal e você pode ir até a feira ou até a cidade comprar o que quiser, tudo bem?
- Não precisa ser tão generoso, senhor. Já me tirou daquele lugar. Muito obrigado. Não se importa que eu seja um rapaz?
- Por que me importaria? - Ele sorriu. - Eu comprei pra te dar sua liberdade, não pra transar com você. E também, eu sou gay, mas isso não importa nesse assunto. - Riu.
- Gay? Mas... Então por que veio até mim?
- Seu cheiro. - Hideaki murmurou e sorriu meio de canto. - Eu sou um vampiro, bebo sangue das pessoas, por favor não tenha medo. - Disse ao olhar pra ela. - Você tem cheiro de um doce bem gostoso, nunca tinha sentido um cheiro tão bom. É puro, como uma cereja fresca. Quando vi as marcas no seu corpo, fiquei intrigado que uma flor tão bonita fosse mal tratada. Pra mim não me importa seu sexo. - Disse num pequeno sorriso. - ... Meus pais foram capturados e escravizados por um vampiro mais velho por muito tempo... Viveram poucos anos em liberdade quando conseguiram fugir, não posso imaginar o que passaram, nem o que você passou.
Ophelia ouviu o que ele disse, era uma breve explicação do que deixou de perguntar. Teria duvidado se seus olhos não fossem intrigantes, incomuns, não eram olhos humanos e então podia acreditar nele. Não tinha medo, já estava acostumada com o tratamento dolorido, já estava acostumada a viver com pessoas monstruosas.
- Você vai quer o meu sangue?
Indagou, talvez fosse essa a razão pela compra, embora não fosse dizer, mas não tinha problema, já não pertencia a si mesma desde que nascera. Hideaki tocou o rosto dele, a pele era tão macia.
- Não. Quer dizer, somente quando você quiser me dar de bom grado, eu não vou pedir. Eu me alimento na cidade.
Ophelia sentiu novamente como seu toque era frio, não mais que sua boca no entanto.
- Tem pena de mim?
- Não tenho pena de você, tenho raiva de quem fez isso com você.
- Quando me viu na feira você mordeu meu dedo sem se preocupar sobre querer ou não.
Hideaki sorriu meio de canto.
- Quando eu fui, eu estava com fome. Pense em você com fome, com muita fome, e de repente um doce maravilhoso aparece na sua frente. Não vai acontecer de novo.
- Você pode fazer, eu quero agradecê-lo.
- Não se preocupe, eu estou bem, vou me alimentar.
- Não, por favor. Me deixe agradecer. Eu não me importo se doer, apenas não faça ser insuportável.
Hideaki negativou e aproximou-se dele, era adorável, segurou sua mão, seu dedo indicado e o mesmo lugar onde havia mordido mordeu novamente, apenas uma picada como de uma agulha e sugou seu dedo, não foi muito sangue, mas apartou logo e apertou o local da mordida, cessando o sangramento, só então devolveu o dedo a ela.
- Obrigado.
Ophelia deixou guiar a mão até ele, sentiu a picada no dedo, era como um ferrão de abelha, talvez até menos dolorido já que não sentia o ardor. Negativou, era brando demais, aquilo nem devia ser suficiente. Tocou a aba do quimono que afrouxou um pouco, deixando algo da pele amostra.
- Você gosta aqui? Como nas ficções.
Hideaki sorriu meio de canto e negativou.
- Não vou morder seu pescoço, vai ser muito dolorido.
- Aonde você gosta?
Ele cerrou os dentes, era um vampiro, gostaria de comer ele inteiro, mas gostava dele, havia se afeiçoado de alguma forma, então pensar em machuca-lo era um pouco difícil. Pensou em uma parte que pudesse ser menos dolorida.
- Posso... Morder na coxa?
- Sim... - Ophelia disse, achando curioso que ele pedisse aquela região uma vez que se virou para evitar de ver o que fosse lhe mostrar sob as roupas. - Como eu devo ficar?
- Deite na cama. - Hideaki disse num pequeno sorriso. - Eu não vou tocar em mais nada, é só... A parte mais macia pra morder sem machucar.
- Não tenho receio.
Ele disse e seguiu até a cama. Deixou de lado a pequena bolsa que levava e então se acomodou, não deitou, sentou. Ergueu o corpo apenas o suficiente para erguer suavemente a parte inferior do quimono e abrir os lados suficiente para expor a coxa, não sabia aonde ele pretendia fazer isso. Hideaki sorriu a ele e assentiu, ajoelhou-se em frente a seu corpo, não abriu suas pernas, ficou ao lado e aspirou o cheiro da pele dele, era tão bom que suspirou. Aproximou-se devagar, e sabia que seria melhor se fosse de uma vez e não aos poucos, as presas eram dolorosas, então as cravou na pele dela, penetrando a carne e uniu as sobrancelhas, sabia que seria dolorido. Ophelia olhou para ele conforme se ajeitou e sentiu sua pele fria subindo pela coxa, arrepiou-se. O gemido que escapou foi em reflexo, soou um pouco mais grave que o habitual, mas foi baixo ainda assim. Era dolorido, como se exigisse uma passagem, empurrando. Levou a mão aos cabelos dele num reflexo tal qual a voz que escapou. Hideaki fechou os olhos, e foi a primeira vez que ficou triste e agoniado por fazer aquilo, não costumava sentir isso com outros humanos, então era novidade. Golou o sangue dele, e descia pela garganta como água no deserto depois de muito tempo, mas não quis exagerar e parou logo, lambeu o local, pressionando a ferida e suspirou contra a pele dele.
- Obrigado...
- Hum... Kimochi?
Ophelia murmurou, imaginando se aquilo lhe causava algo bom, ele parecia satisfeito e seus olhos evidenciavam isso com o leve fique do vermelho em sua íris dourada, era como se um véu passasse em seus olhos, preenchendo-os. Hideaki sorriu e assentiu a ela, limpou os lábios com a língua.
- Vou fazer um curativo.
- Não precisa. Eu posso cuidar disso...
- Não, fique sentada.
- Qual seu nome? Desculpe, eu não me lembro.
- Hideaki.
Ele disse, novamente e seguiu ao banheiro, pegando na gaveta a caixinha de primeiros socorros, sabia que a mãe guardava uma em casa quarto, embora não soubesse porque. Seguiu até ela e passou um pouco do antisséptico nos pequenos furos, colocando uma gaze e um esparadrapo em seguida.
- Pronto.
- Não precisa. - Ophelia disse sem se surpreender com a temperatura, ele era mais frio que o líquido antisséptico. - Você consegue estancar a ferida com a sua boca... - Disse, mas terminou com o curativo naquela região estranha.
- É... Mas se você se mexer muito, vai sangrar de novo, o corte foi fundo.
- Oh, Hideaki-san, sou mais forte que isso, embora não pareça.
Ophelia disse e tocou novamente o quimono, abriu o obi, desinibido como o era, não tinha nada para mostrar ali. Ao mostrar o tronco pálido e de curvas mais retas do que ele pudesse imaginar, tinha também uma marca na altura da cintura e costela, uma cicatriz que levava já algum tempo, agora parecia mais fina e mais esticada, talvez pelo crescimento desde que a ganhou.
- Quando ganhei essa cicatriz de disciplina, tive que cuidar disso sozinha.
Hideaki uniu as sobrancelhas conforme a viu mostrar a pele e negativou.
- Mas não será mais assim agora, Ophelia. Se você se machucar, eu cuidarei de você.
- Eu quem vou cuidar de você. - Ele sorriu, canteiro.
Hideaki sorriu e assentiu num riso divertido.
- Vamos cuidar um do outro.
- Hai. - Ele assentiu. - Muito obrigado...
Hideaki negativou e beijou a perna dele antes de enfim se levantar. Ophelia se levantou logo após ele e então voltou a ajeitar a roupa, levando-a de volta ao lugar.
- Você come?
Hideaki uniu as sobrancelhas.
- Não... Só morder é suficiente.
- Não... Não me refiro a mim, sobre se alimentar.
- Ah... Entendi... - Hideaki disse e riu, tendo que colocar a mão sobre os lábios, foi realmente divertido e fazia tempo que não ria tanto. - Sim... Sim eu como.
Ophelia olhou para ele e em sua reação sorriu, mas diante do riso, aos poucos terminou contagiando e riu com ele.
- Você pode me dizer o que você gosta, eu sei fazer.
- Só se me deixar cozinhar com você. Eu gostaria de aprender. - Hideaki disse num sorriso. - Vamos até a feira fazer a compra pra casa e você escolhe o que gosta. Que tal?
- Como quiser, senhor. Mas a acredito que seja um pouco tarde hoje...
- Ah... É verdade... Eu esqueço, me desculpe. Amanhã às seis então. Vou deixar você dormir.
- Não é isso, mas imagino que os melhores produtos já foram comprados, podemos ir mais cedo amanhã.
- Claro, sem problema. - Ele sorriu.
- Você dorme de dia?
- Sim, precisamente as seis da manhã.
- Então não dorme nada a noite? O que faz durante esse período?
- Bem... Saio pra caçar... Leio livros, passeio na feira.
- Conhece outros como você?
- Alguns... Eles não costumam aparecer muito.
- Não tem uma companhia?
- Alguns tem, outros não. Vampiros só tem um parceiro a vida toda. Eles só se apaixonam uma vez.
- E você não tem alguém? Deve ser solitário.
- Eu era. Agora tenho você pra me fazer companhia, hum?
- Mas somos diferentes...
- Você não acha chato duas pessoas iguais convivendo juntas? Assim podemos nos conhecer. Eu não faço ideia do que você gosta de fazer, do que gosta de comer, de onde gosta de ir. Isso não é maravilhoso?
- Ser igual também não é ruim. Mas eu falo porque não poderei acompanhá-lo em coisas que goste, mas tentarei. Ainda assim, depois de tanto tempo é interessante ter um novo amigo.
Hideaki sorriu e assentiu a ela.
- Se quiser pode tentar ficar acordada a noite, faremos lindos passeios. Conheço lugares ótimos.
- Eu consigo, eu tenho um pouco de problemas pra dormir.
- Hum... Você tem medo?
- Não, é mais sobre meu cotidiano. Alguma coisa não é muito boa no meu sono, pareço sempre muito rasa.
- E se eu fizer um chá pra você? Gosta de camomila?
Ela sorriu.
- Eu agradeço, não funciona comigo. Gosto dos chás de camélia e Oolong.
- Hum... Vou providenciar. - Hideaki sorriu.
- O senhor é muito gentil.
- Hideaki. Aliás... Qual é o seu nome?
- Ophelia...
- O verdadeiro. - Ele sorriu.
- Hum... - Ophelia murmurou e praticando grunhiu o nome. - Koji...
- Koji-chan. - Hideaki disse, baixinho da mesma forma e sorriu, tocando o rosto dela, aproximou-se e beijou sua testa. - Boa noite, Ophelia.
Ele negativou ao comentário e corou-se evidentemente sob suas pronúncia.
- Eu irei acompanhá-lo.
Ritsu abriu a porta do quarto, observando a escuridão do qual tinha certeza, a alguns meses atrás teria acabado de cara com o chão ou algum móvel, mas agora, podia vê-lo claramente, dormia e parecia tão confortável. Fechou a porta, embora os pais não estivessem, podiam chegar a qualquer momento, haviam ficado pelo hospital. Seguiu para ele e se sentou a seu lado, talvez fosse o movimento da cama ou o próprio cheiro, mas o viu abrir os olhos, sorriu para ele e colocou a balinha redonda e vermelha em sua boca, o viu aceitar de bom grado sem dizer nada, gostou disso. Quando então se afastou, tirou seu edredom de cima e pegou no bolso do roupão a meia preta que enrolou devagar até encurtar para colocar em suas pernas, deslizando até a altura das coxas, uma após a outra e ele sorria, tão bonito, tinha uma carinha sonolenta, mas bem disposta. Ao ouvir o som de seus passos, ao longe, nos sonhos, Etsuo podia perceber sua presença, mesmo assim não abriu os olhos, deixou para fazê-lo somente quando ele estava lado a si, e deu a ele um sorrisinho conforme o viu mexer em algo, não sabia o que era, mas não contestou, estava sonolento, por isso riu baixinho conforme teve que erguer uma perna após a outra.
- Hum... Onii-chan...
Ritsu sorriu a ele, e aquela altura, tinha longas presas para mostrar. Tão logo, pareceu mergulhar no meio de suas pernas conforme deslizou as mãos por sobre as macias meias até alcançar a boxer com que ele dormia. Sentiu na ponta dos dedos a textura do tecido, e em suas nádegas apertou, porém se apoiou com as mãos aos lados de seu corpo, deitou-se sobre ele e desceu a pelve contra a sua. Estava excitado, e ele soube disso conforme se pressionou contra ele.
- Inu...
Etsuo desviou o olhar a ele conforme se colocou entre as próprias pernas, sentiu o corpo arrepiar, sabia o que ele queria, agora podia sentir melhor suas sensações e estremeceu ao sentir seu sexo excitado.
- ... Dono.
- Teve um sonho bom? Estava tão bonito enquanto dormia.
Ritsu disse, embora fosse um assunto trivial, a atenção estava mais voltada a ele, seu corpo e como esfregou a pelve contra a sua, que ainda não tinha alguma ereção, mas roçaria-se nele até que estivesse firme. Etsuo sorriu e assentiu.
- Sonhava com você... Quer só as meias hoje?
Disse num suspiro e deslizou as mãos até os quadris dele, puxando-o para si, sentindo melhor seu sexo excitado.
- Hum, eu sabia que diria isso. Sempre vai dizer, mesmo que não seja verdade.
Ritsu disse e ao falar com ele, podia sentir o cheiro de canela da bala que dera para ele ao chegar.
- Quero que me diga o que você quer. O que quer fazer hoje?
Disse e sob seu toque, incentivou-se a empurrar um pouco mais, e pressionou o sexo ao dele. Etsuo sorriu.
- Eu simplesmente sempre sonho com você, é tudo que eu quero o tempo todo. Quando estamos juntos, estou pensando em você e quando durmo, sonho com você. Disse a morder o lábio inferior.
- Bem... Eu estava dormindo, e você veio me acordar... Estava esperando minha coleira, que você tirasse minha roupa sem minha autorização, me virasse de costas segurando minhas mãos e entrasse no meu corpo sem esperar eu ter tempo pra perguntar o que você estava fazendo. Mas talvez isso seja específico de mais...
- Hum, você é tão passivo, como não percebeu antes? Ou... apenas não me disse antes?
Ritsu indagou e conforme levou a mão para baixo, mesmo apenas uma delas, levou à boxer embaixo do roupão e tirou-se para fora, deixando roçar a ereção contra seu ventre, na altura do umbigo. Etsuo sorriu meio de canto, ainda leve pelo sono recente.
- Talvez nem eu soubesse... Estava me reprimindo.
Murmurou num suspiro e deslizou as mãos pelas costas dele, acariciando-o enquanto sentia seu sexo contra o ventre, e a pele morna do irmão ainda acabava consigo, gostava dele, gostava muito dele.
- Me faça seu, onii-chan...
Ritsu sorriu sob suas últimas palavras, do restante, preferia imaginar a crise do irmão enquanto desejava ser passivo, fantasioso. Ao se erguer, passou cada perna a cada lateral de seu corpo e ajoelhado, subiu, até a altura de seu rosto, agora esfregando a ereção em seus lábios.
- Gosta do meu...?
Etsuo desviou o olhar ao irmão e assentiu, abriu a boca para recebê-lo, embora gostasse mais de receber ordens dele do que de agir por conta própria. O aceitou na boca e lambeu-o em sua ponta.
- Gosto.
- Então me diz. - Ritsu disse, sentindo sua língua úmida e fria tocar o sexo, lubrificando por sua própria saliva. - Parece gostoso?
Etsuo desviou o olhar a ele e sorriu meio de canto, não queria dizer com todas as letras, ao mesmo tempo que queria, estava sonolento.
- ... Seu pau é gostoso, onii-chan...
Disse e novamente o lambeu, dessa vez colocando na boca.
- Fale mais.
Ritsu sussurrou, mas bem audível, enquanto via seus lábios roçando na pele, numa parte do corpo que era sensível e segurou-se nos dedos, manejando-se em sua boca. Etsuo sorriu a ele, visto que estava com a boca ocupada e sugou-o em sua ponta.
- Hum, gosto mais quando ele entra em outro lugar...
- Ah, é? Então gosta menos de sentir na sua boca? É engraçado, porque eu gosto de tudo que eu possa fazer com você.
Ritsu disse, moveu-se contra sua boca, empurrando a ereção na verdade contra seu rosto, mas se arqueou para trás com leveza, alcançando sua boxer, o meio de suas pernas e apertou seu membro por cima das roupas, com firmeza porém cuidadoso.
- Gosto de ter seu pau na minha boca também, mestre.
Etsuo disse, porém o teve dentro da boca e sugou-o, firme, unindo as sobrancelhas e gemeu conforme o aperto, gostoso.
- Você quer atenção aqui, inu?
Ritsu indagou enquanto apalpava sua virilidade, massageando a parte inferior sob a base levemente mais firme que o normal e arrastava a palma da mão no tecido, consequentemente, sobre ele. Não deixou porém de mover a região pélvica. Etsuo assentiu e gemeu mais uma vez, guiando uma das mãos ao sexo dele na boca e o colocou até o limite que podia da garganta. O loiro subiu com os dedos por sua boxer, pisando por ele como se fosse uma pequena pessoa a seguir o caminho até o cós, ao chegar lá, enfiou a mão e sentiu o toque macio de sua ereção parcial, deslizou por ele, envolveu-o nos dedos, e era tudo devagar, embora não deixasse de lhe dar atenção, afetado pelo toque de sua boca.
- Hum... - Grunhiu, sutil.
Etsuo fechou os olhos, repousando sobre o travesseiro e devagar passou ao movimento de vai e vem, colocava e retirava ele da boca, e podia sentir um arrepio percorrer o corpo, prazeroso com seus movimentos.
- ... Hum...
- Seu cheiro, consigo sentir ele mesmo daqui. Você está excitado, hum?
Ritsu indagou e apertou sob os dedos, logo, uniu seu ritmo ao próprio e conforme era sugado, deslizava no mesmo ritmo os dedos sobre ele, o estimulando. Etsuo assentiu e estremeceu, o retirando da boca.
- Se sente meu cheiro, sabe que meu cio está próximo. - Disse num sorriso. - ... Aperta mais, onii-chan...
- Hum, vai ser divertido.
Ritsu disse ao que ele dizia, imaginando como seria agora que podia sentir os feromonios do vampiro com intensidade. Apertou-o com mais força, delicadamente doloso, era firme, mas ainda tinha consideração. Com maior rapidez continuou a massagear sua ereção já formada por vez, e com a pelve, voltou a investir para sua boca. Etsuo assentiu e sorriu ao irmão, colocando-o na boca novamente e sugou firmemente, fechando os olhos por um momento enquanto sentia seu aperto firme, dolorido, mas gostoso.
- Uh...
O loiro gemeu, baixo e um pouco mais grave, sentindo-se imergir vigorosamente em sua boca. Fechou os olhos e consequentemente o apertou nos dedos com a força com que ele tratava a si.
- Nii-chan...
Conforme o sugava, Etsuo conseguia sentir a pele arrepiada, queria toca-lo, mais além de só enfia-lo na boca e uma das mãos o tocou na parte inferior do sexo, apertando entre os dedos.
- Vem... - Disse a retirá-lo da boca. - Vem, entra...
- Hum...
Ritsu gemeu novamente, sentindo a massagem mais embaixo, sentindo massagear as glândulas sob a ereção e fazia querer mexer mais da pelve, tal o fez e agora esfregava vigorosamente sua igual virilidade, quase inconscientemente.
- Etsuo, me faz gozar...
Etsuo desviou o olhar ao irmão conforme o ouviu e assentiu, sugando-o em sua ponta, firme, e esqueceu-se de si por um momento, embora o corpo estivesse quente, e aquilo era ruim para um vampiro. Segurou os quadris dele e puxou-o para si, deixando-o se afundar na garganta e fechou os olhos, concentrado nos movimentos. Ritsu sentiu suas mãos nos quadris, firmes com suas puxadas, intensificou a sugada, quase como se agora tivesse toda a atenção. Arqueou-se para frente, apoiando-se à parede atrás da cama e se moveu como daria ao penetra-lo.
- Ah... Isso.
Etsuo abriu os olhos, fitando o corpo dele tão junto a si, aquilo era excitante, tê-lo na boca era excitante, por isso, continuava a puxa-lo, cada vez mais firme, fazendo-o adentrar por inteiro na boca.
- Hum...
Ao reabrir os olhos, Ritsu voltou-se para ele, encarou seus olhos conforme estes mesmos se voltavam para si, queria que ele falasse mais, queria que ele disse o quanto gostava daquilo, mesmo que estivesse muito ocupado para isso, mas Etsuo era do tipo que queria ser provocado, não sabia provocar, era quase adorável pensar.
- Você me quer?
Etsuo assentiu conforme o ouviu e o retirou da boca, lambendo em sua ponta e deu uma pequena mordidinha, sem usar as presas, mas havia dado outra mordida, não nele, mas em si, na língua e o cheiro de sangue tomou conta do local, ele certamente poderia sentir, mas ainda mais quando deixou o sangue pingar sobre seu sexo, e sabia qual era a reação de um vampiro aquele toque, e a excitação que tomaria o corpo dele. Ritsu olhou para ele e cada gesto que formulou, olha-lo já era o estímulo que precisava, mas sentir na pele seu toque mais íntimo, era como um afrodisíaco instantâneo. Franziu o cenho, evidentemente excitado, não mediu forças quando pegou seus cabelos enroscou nos dedos seus fios espessos e negros, tomou-os contra seu couro cabeludo onde o segurou, era sua franja que tomou para trás e enfiou-se em sua boca, transou com ela quase literalmente até que então gozasse, se desfez em sua boca. Ao gotejar o próprio sangue sobre seu sexo, Etsuo quase sentiu em si seu arrepio, ele havia segurado a si, e fora tão rápido que teve que unir as sobrancelhas, agarrando-se a ele como pode, em seus quadris. Fechou os olhos conforme sentiu seus movimentos firmes contra o corpo e gemeu, dolorido e prazeroso conforme o sentia tocar a garganta com o sexo e ao senti-lo gozar, as unhas se cravaram em sua pele, engolindo o que ele havia deixado na própria boca, porém, tossiu logo após senti-lo se retirar de si.
- Uh, sugoi kimochi... - Ritsu disse, ainda que tocasse sua garganta, acariciando-o por sua tosse, embora extasiado pelo clímax. - Estava gostoso, hum? Se alimentou bem?
Etsuo desviou o olhar ao irmão e assentiu, lambendo os lábios para limpar os resquícios dele.
- Mestre... - Disse e novamente tossiu.
- Você quer mais?
- Quero... Por favor...
- O que você quer, hum?
- Quero que me foda, mestre. - Etsuo disse a observa-lo, e nem piscou ao dizer.
- E se eu não quiser?
- ... - Etsuo uniu as sobrancelhas.
- Hum? Não vai fazer nada? Não vai provocar seu mestre?
- Hum, quer que eu te provoque? - Etsuo disse e guiou a mão sobre o sexo dele, apertando-o suavemente. - Hum... Não quer sentir seu cachorrinho por dentro, hum? Eu estou apertado... Estou tão quente, mestre...
- Não, não quero que diga nada. Quero que me provoque com seu corpo bonito.
Etsuo uniu as sobrancelhas novamente e assentiu, dando pequenos tapas nos quadris dele. Ritsu moveu-se sobre ele, insinuando para ele a pelve, mostrou que no corpo ainda tinha uma ereção para ele, já reformulada, já pronto para ele outra vez. E se sentou na cama após se afastar o suficiente. Etsuo sorriu conforme viu seu corpo bonito, queria na verdade, sentar nele sem fazer nada, mas não fora a ordem que recebeu. Ao se levantar, retirou a boxer e a camisa que usava, deixando as roupas de lado a se manter somente com as meias colocadas pelo irmão, na gaveta ao lado da cama, buscou a camisinha de menta e guiou aos lábios, desenrolando sobre o sexo dele com a boca, colocando-o dentro dela mais uma vez e sentiu o corpo mentolado do preservativo. Logo após, sentou-se sobre as coxas dele e observou seu sexo, suspirando. Ritsu fitou a se despir, apreciando cada centímetro de pele como se fosse uma descoberta, como se já não o houvesse tocado tantas vezes. Adorava o que haviam se tornado, adorava o fato de que agora o moreno tinha tanta confiança a ponto de pedir para si o que desejava, sem ter vergonha de fazer, sem se reprimir, embora adorasse vê-lo corar, ver seu rosto retraído ao ter que lidar com sua vergonha. Tocou seus cabelos quando sentiu deslizar a camisinha pela base ereta, na verdade aquilo já era suficiente, vê-lo querer se sentar e enfiar a si no mais íntimo de seu corpo, mas, seria relutante.
- Mais, inu.
Etsuo uniu as sobrancelhas.
- O que mais eu posso fazer, mestre? Por favor, me deixe sentar...
- Coloque seus dedos.
- ...
Etsuo estremeceu conforme o ouviu e rosnou a ele, baixinho, porém se sentou na cama, já que teria que ter espaço para fazer o que ele pedia e esperou por seu olhar em si. O riso soou entre os dentes de Ritsu ao ouvi-lo rosnar, mas assistiu seu caminho para a cama, onde voltou a se por como antes estava.
- Vai. - Disse e o incentivou ao tocar a si mesmo, embora tivesse algum problema com a camisinha.
Etsuo uniu as sobrancelhas e negativou, não costumava fazer aquilo na frente do irmão, mas faria. Uma das mãos deslizou pelo próprio sexo, agarrando-se entre os dedos e deu um sutil aperto, já estava excitado, por isso não precisou de muito. Ao guiar novamente a mão aos lábios, lambeu o dedo do meio, e fez questão que ele visse aquilo.
- Hum.
Ritsu murmurou, em agrado ao gesto do qual ele tinha razão em exigir que olhasse, porém, tomou sua mão, e lambeu seus dedos em seu lugar.
- Pronto, estou ajudando.
Disse ao expor a língua e lambe-lo no que ele faria antes e somente então o soltou.
Etsuo sorriu a ele e por fim guiou a mão a tocar a si, deslizou os dedos úmidos pela própria entrada e sabia que já havia feito aquilo, inclusive em frente a ele quando estava no cio, ainda assim era estranho. Devagar, empurrou um dos dedos para dentro do corpo, até completar a si e gemeu, prazeroso. Ritsu observou até que cada milímetro de seu dígito o completasse, podia sentir a tensão do irmão, mas o provocaria ainda assim, ainda que ele quisesse ir mais rápido. Apertou-se entre os dedos, o queria, queria transar com ele. Etsuo suspirou e mordeu o lábio inferior, movendo-se devagar, mas não teve muita paciência como ele queria, meteu outro dos dedos para dentro de si e mordeu o lábio inferior.
- Isso, faça direitinho, inu. Não tenha vergonha.
Ritsu disse e mordiscou o lábio inferior, por dentro, acabou sentido na boca o próprio gosto. Etsuo aspirou o cheiro de sangue e estremeceu quando constou que era dele. Moveu os dedos mais rápido, massageando o próprio interior.
- Ah...
Inclinou o pescoço para trás e mordeu o lábio inferior, uma das mãos, a que estava livre, deslizou pela própria coxa e roçou no tecido da meia, puxando-a da coxa a soltar e ouviu o estalo.
- Está aflito, Etsuo?
Ritsu indagou e não falou suave desta vez, falou tenso, evidentemente excitado. Etsuo assentiu a observa-lo e estremeceu, mordendo o lábio inferior.
- Por favor...
- Não gosta de usar seus dedos?
- Gosto mais quando uso seu pau.
- Você gosta do meu pau, nii-chan? Então me diz o que quer fazer com ele exatamente.
- Gosto... - Etsuo disse e enfiou os dedos em si, firme. - Ah! Eu quero ele dentro de mim desse jeito... Por favor...
- Fale mais.
Ritsu disse e segurou seu pulso, movendo-o consigo mas não encostou em suas partes mais sensíveis.
- ... Ritsu, você não vê o que está fazendo comigo? - Etsuo disse num suspiro e empurrou os dedos pra dentro, firme. - Ah!
- O que estou fazendo com você?
Ritsu indagou e sorriu, beijou o moreno em sua perna, na panturrilha, subiu ao joelho e tocou a coxa. Etsuo suspirou.
- Está me fazendo passar vontade e isso com um vampiro no cio não é bom.
- Você não está no cio, Etsu. Não vai me chantagear. Peça direitinho e eu vou fazer com você.
- ... Por favor onii-chan... Me fode.
- Então mostre pra mim onde foder, nii-chan.
Ritsu sussurrou e embora as palavras fossem um tanto diretas, usou de tom suave de forma contraditória. Etsuo rosnou a ele novamente e segurou sua mão, guiando-a sobre os próprios dedos, deixando-o tocar a si onde enfiava os dedos.
- Fode minha bunda onii-chan!
Ritsu sorriu e mordeu o lábio inferior, quase ansioso como ele.
- Abra as pernas e mostra pra mim onde.
Etsuo assentiu e retirou os dedos se si, deixando escapar um gemido prazeroso.
- Por fim, mostrou a ele onde era.
- Fala, bebezão, fala pra mim.
Etsuo suspirou e virou-se de costas a ele, empinando os quadris.
- Vem... Vem onii-chan...
Ritsu sorriu e podia perceber o limite do irmão, adorava vê-lo tão aflito, embora aquilo tornasse difícil até mesmo para si. Ao se levantar, ajoelhou-se atrás do moreno, pegou seus quadris de modo que agora tinha facilidade ao puxar, se perguntava o quão aliviado ele estaria por isso, e ao penetra-lo, passou sem hesitar, entrou vigorosamente e encaixado nele, não teve tempo em algo além de uma investida, gozou nele e gemeu, embora abafado, foi audível e ainda assim, continuou a se mover.
- Desculpe...
Ao senti-lo se empurrar para si, Etsuo fora exatamente como ele, gemeu, prazeroso e agarrou-se ao lençol da cama, na verdade, chegou bem perto de gozar com ele, mas não o fez, conteve-se.
- Ah... Você... Esta de camisinha onii-chan... Tira...
- Não posso tirar.
Ritsu disse, soou um pouco mais grave que o habitual. Ao segurar seus quadris com firmeza, puxou-o vigorosamente, com o ritmo, podia ouvir sua cama incomodar a parede, que ressoava com a batida. Etsuo resmungou ao ouvi-lo e mordeu o lábio inferior conforme o sentiu se mover, podia sentir o corpo quente, dolorido, pedia por mais dele mesmo com suas investidas tão fortes.
- Ah! Ritsu...
- Hum, está resmungando pro seu dono, inu?
Ritsu indagou, não que se sentisse incomodado com aquilo de fato. Tomava posse vigorosa de seus quadris e apertava suas nádegas sob os dedos, o qual uma delas, facilmente aprendeu como bater, desferiu-lhe um tapa. O gemido de Etsuo morreu na garganta ao sentir o tapa, o irmão não era um humano qualquer agora, tinha força suficiente para machucar a si, e cerrou os dentes conforme sentiu a ardência na pele, se empurrando contra ele como se seus movimentos não fossem suficientes. Ritsu deslizou as mãos firmes por suas nádegas, deslizando para a coxa e até o meio delas, apalpou seu sexo, amarrotando-o cuidadosamente nos dedos e sabia que estava facilmente perto do clímax, por isso não durou no toque. Penetrava-o com força e como ele, ter tudo o que podia não parecia suficiente. Etsuo ao sentir o toque no sexo, fora obrigado a estremecer, mesmo em seu pouco toque, podia senti-lo se enterrar no próprio corpo, prazeroso, e não conseguiu suportar, gozou, deixando o próprio ápice sobre os lençóis da cama, e denunciou isso a ele pelo aperto que dava em seu corpo, prazeroso, firme e mordeu o lábio inferior, sufocando o gemido que mesmo assim escapou.
- Ah! ... Não... Não pare!
Cada espasmo mais intenso que dava denunciava seu clímax na proximidade até então, desfazer-se, gozou e Ritsu sentiu isso, sentiu mesmo o cheiro dele, seus apertos e sua vontade de continuar, não muito diferente de si e continuou, intensificou o clímax dele. Etsuo estremeceu conforme o sentiu se empurrar contra si, onde gostava e mordia o lábio inferior, firme, talvez não o suficiente para perfurar, mas o suficiente para fazer a si sentir uma fisgada de dor.
- Droga...
Ritsu investiu com insistência naquela parte de seu corpo já sensível pelo clímax recente, não era difícil de encontrar e dar prazer a ele, sendo recompensado por isso, no ritmo vigoroso com que se encontravam e sentia cada aperto de sua entrada, fechando em torno de si. Etsuo sentiu as pernas vacilaram sobre a cama, iria cair, apoiou-se firmemente para manter os quadris erguidos e gemeu, prazeroso, pouco mais alto conforme contraiu-se a aperta-lo em si.
- Ritsu! Goza... Goza de novo...
- Por quê?
Ritsu indagou e deslizou a mão por suas nádegas, subiu aos seus cabelos negros, mas apenas o segurou pela nuca.- Você gosta quando gozo em você? - Indagou, soava um pouco embargado, afetado pela excitação, mas não demoraria a dar a ele o que queria, ainda mais intensificando o ritmo, penetrando-o com mais força, tentando conseguir mais do que queria, do quanto o queria. Etsuo assentiu e estremeceu conforme sentiu a puxada dos cabelos. Inclinou o pescoço para trás e o observou meio de canto.
- Mas gosto quando goza sem a camisinha...
- Hum, eu queria saber porque você gosta de sentir ele entrar em você. Quer ter pequenos Ritsus, hum?
Ritsu brincou com ele, embora não desse tanta atenção ao que falavam senão ao fato de que poderia mesmo gozar nele em alguns poucos movimentos. Etsuo sorriu a ele e mordeu o lábio inferior.
- Eu não sei... Eu só gosto... - Murmurou e empurrou-se contra o corpo do irmão. - Você não gostava?
- Hum, eu não sentia nada específico sobre isso, na verdade, talvez um pouco de desconforto.
Ritsu riu, entre os dentes e foi sincero, não achava que ele fosse se incomodar sobre isso, assim como não pensava sobre o fato dele não procurar mais o próprio corpo daquele modo. Apenas gostava de tê-lo, de qualquer modo, sabia que ele também se sentia assim. Ao cessar por um momento, foi muito rápido, mas tirou a camisinha que já devia ter sido trocada, rapidamente o penetrou, agora, podia sentir diretamente sua pele e dar a ele a mesma sensação.
- Hum... Entendi.
Etsuo disse num pequeno sorriso e uniu as sobrancelhas ao senti-lo se retirar do corpo, desviando o olhar a ele, porém gemeu ao senti-lo entrar em si e agarrou-se ao lençol na cama, ele estava quente, também estava.
- Assim que você gosta, hum? Hentai inucchi. - Ritsu disse, afável, como se de fato falasse com um bicho de estimação.
- Hai... Hai mestre...
Etsuo disse e estremeceu, era quase manhoso, embora não soubesse que ele gostava daquilo, estava somente excitado.
- Hum, tá manhosinho, hum? É por que está muito gostoso, ah?
Ritsu indagou ao puxa-lo para si, tomou suas costas junto ao próprio peito e enlaçou seu tronco onde sustentou para retomar movimento. O beijou no pescoço, mordiscou sua nuca, seu ombro, aspirou seu cheiro e era suficiente sentir tão perto, logo gozou nele.
- Uh... - Murmurou, tão junto de sua audição e roçou os dentes em sua orelha, arranhando seu lóbulo.
Etsuo ergueu-se conforme o sentiu puxar a si e mordeu o lábio inferior, por fim conforme o sentiu gozar, estremeceu e dessa vez, sentiu as presas perdurarem o lábio, teve que gemer dolorido e contraiu-se, prendendo-o em si até que seu ápice tivesse fim. Ritsu gemeu, quase grunhiu na verdade, sentindo-se estimulado, fosse pelo ápice quando pelo estímulo que ganhava, sendo apertado por cada um de seus espasmos, e se perguntava porque havia sido preso ali, talvez ele gostasse mesmo daquilo. Quando o pegou pelo rosto, o virou para si, encarou seu rosto bonito por alguns minutos e gemeu só de olhar para ele. Aspirou seu cheiro e logo, tomou sua boca, buscando seu sangue. Ao se virar, Etsuo observou o irmão, bonito demais, também queria beija-lo, era bom não passar vontade e conforme o beijou, pode sentir suas presas afiadas que perfuraram a língua, gemeu, dolorido. Ritsu gemeu como ele, durante o beijo, embora fosse por satisfação. Se moveu, agora mais devagar, entrando e saindo como a posição permitia e assim trocava o sangue e a saliva com ele. O moreno uniu as sobrancelhas e bem, talvez pagasse pelo que havia feito com ele quando pequeno, era mordido por ele agora. O sentiu adentrar o corpo, e gostava de saber que ainda não havia sido suficiente para ele. Estremeceu e empurrou-se suavemente contra ele.
- Takuan, você já tomou banho?
- Mãe, eu pareço uma criança! Tenho quase vinte anos já, eu já vou!
- Você ainda é uma criança pra mim, filho.
Taa riu e deslizou a mão pelos fios de cabelo do filho, beijando-o no rosto e o viu limpar enquanto ria, seguindo a seu quarto. Negativou e virou-se, seguindo ao próprio quarto, onde não encontrou o maior, que certamente chegaria logo, então não se importou. Adentrou o banheiro, retirando as roupas no caminho e observou-se no espelho, ajeitando os cabelos, que certamente iria lavar. Colocou um roupão sobre o corpo, somente para que não andasse nu pelo banheiro e seguiu ao armário onde pegaria um pedaço de algodão para tirar o excesso de maquiagem do rosto, porém fora forçado a se apoiar na parede devido a dor que sentiu no abdômen e uniu as sobrancelhas. Era vampiro, não se lembrava da última vez que havia sentido aquela dor, na verdade, se lembrava muito bem, e por isso se preocupou. Deslizou a mão pela parede, cerrando os dentes na boca, porém, não gritou, nem gemeu, se quer fez algum barulho, somente se encolheu a se sentar no chão, afinal, os filhos poderiam ouvir, e não queria. Ouviu os passos do lado de fora, e provavelmente o loiro havia chego, ou se atirado para dentro do quarto, sabia que a própria dor podia ser sentida por ele, e negativou quanto a isso, não conseguia nem esconder. Suspirou, sentindo a fisgada que havia tido por morder o lábio inferior e tentar conter os sons e lambeu o sangue pelo lábio, limpando-o. Apoiou a mão no chão, ainda meio dolorido e assustou-se ao ter tocado algo liquido, meio grosso, ergueu a mão em direção a face e observou o sangue a escorrer pelo pulso, negativou consigo, esperando que ele não chamasse.
- Taazinho, meu amor, abre a porta pro seu maridinho.
Ikuma disse após todo caminho que fez da boate até a própria casa. Desceu até lá, sentindo o desconforto do companheiro, podia não sentir com exatidão a dor, mas podia saber que ele a sentia e quase o grau com que sentia. Era por isso, que aquela altura, estava parado ali, queria evitar uma porta quebrada. Taa observou a porta, e ele parado ali, ponderou um longo tempo e tentou se apoiar na parede, mas se sentia meio tonto, então permaneceu ali mesmo.
- Ikuma... Eu abro já, estou tomando banho!
- Ah não mente que é feio, lagarta. Abre isso aí, se não conseguir eu vou ter que quebrar a porta.
- Não, vai ser caro pra arrumar, espera um pouco que eu já abro.
- Deixa eu ver se a Shizuka tem um grampo de cabelo.
- Ikuma! Espera.
Ikuma negativou consigo mesmo e levou a mão até a maçaneta, claro que a girou com força suficiente para danificar a peça e consequentemente conseguir abrir, junto a ela, que ficou na própria mão. Pelo menos não havia quebrado a porta inteira, só o suficiente pra um reparo simples depois.
- Oh que isso, é um banquete pra mim?
Disse ao perceber o sangue, que saía de modo incomum de uma zona também não habitual. É claro que ficaria um pouco sem jeito naquela situação, fosse pelo modo como encontrara o parceiro ou por perder um filho, mas não demonstraria isso a ele, já que desconfortável o suficiente, embora igualmente não mostrasse para si.
- É uma pena que eu tenha me alimentado tão recentemente, mas vou te dar um bainho antes de ir pra cama.
Taa suspirou, tentando se levantar ainda, e era ainda pior com ele na porta, sabia que logo ele iria abrir sem se importar com o aviso e fora exatamente o que ocorreu. Desviou o olhar a ele, meio irritado pelo modo como havia entrado e abaixou a cabeça a esconder a face, o roupão branco a essa hora já estava sujo de sangue, assim como o chão e a mão que havia tocado o piso. Negativou e de fato não queria levantar e achar qualquer coisa estranha pelo chão, por isso se manteve ali.
- Feche a porta, não quero que as crianças escutem.
- A porta está fechada, só não trancada porque...
Ikuma disse e mostrou a ele a maçaneta na mão, e que deixou de lado após pegá-lo no colo e colocá-lo à beira da banheira onde pôde tirar o roupão de seu corpo e assim colocá-lo em seu banho, tirando o excesso do sangue, limpando seu corpo. Por um momento pegou o celular no bolso e ligou ao médico, enquanto ligava, voltava ao banheiro, trazendo ao companheiro um pouco de sangue, suficiente para repor o seu e aliviar a dor.
- Ikuma, não...
Taa murmurou ao senti-lo pegar a si no colo e não sabia o que era pior, aquela situação ou parecer tão fraco diante dele. Negativou, sentindo a água morna que levava o sangue embora, limpando o corpo e abaixou a cabeça, sentindo as lágrimas que se formavam nos olhos, e ainda não havia pensado naquela situação, quer dizer, não sabia que estava grávido, não havia se apegado ao bebê, aquilo era triste, mas tinha outros filhos, o problema era quando não tinha nenhum, tinha medo de não poder ter mais, e agora, estava tudo bem, não havia problema, mas sentia vergonha por ele ver a si daquele modo, sentia desgosto por não conseguir se cuidar. Observou o sangue trazido por ele e negativou, embora ainda sentisse dor, a vergonha não deixava aceitar e apenas ficou ali parado, sentindo a água escorrer pelo corpo.
- Estou bem.
Ikuma franziu o cenho, enquanto falava ao telefone, denunciando o desagrado a ele, e tornou empurrar o sangue para ele.
- Beba. - Ordenou, mesmo no telefone o qual desligou algum minuto depois. - Estou falando pra tomar Taa.
Taa desviou o olhar a ele, observando-o, sério mesmo com a expressão chorosa e assentiu, aceitando o copo com o sangue, que tomou.
- Ora, não fique triste, lagartinha. Já já te faço outro.
- Não estou triste por isso, idiota.
Taa murmurou e logo entregou o copo a ele, tentando se apoiar na parede, embora com pouca dificuldade.
- Está com vergonha, seu nojento? - Ikuma resmungou. - Pare com isso. - Disse e o ajudou a se por em pé, para o banho, ainda que precisasse descansar.
- Eu estou bem... Não precisa fazer isso.
Taa murmurou, tentando mudar de assunto e logo pegou a esponja para lavar o corpo.
- Ah, como se eu não estivesse sabendo.
- Não queria que visse...
- Pior do que ver sou eu saber e ficar lá fora sem fazer nada. Acha que eu vou pensar o que?
- Desculpe... Tudo bem.
Taa murmurou e suspirou, ensaboando o corpo, e teve que se apoiar nele, mesmo a molhar seus braços e a camisa. Ikuma segurou-o em torno de sua cintura, e deixou-o se lavar como queria, ainda que preferisse fazer isso em seu lugar, mas somente ajudou o enxague e logo o retirou do banho, levando consigo até o quarto, secando seu corpo, vestindo-o com a roupa íntima, somente no que era suficiente. Taa segurou-se no outro, que havia ajudado a seguir para o quarto e beijou-o no rosto, como agradecimento, as lágrimas ainda nos olhos. Não sabia exatamente porque tinha aqueles abortos, não era comum para um vampiro, era provável que quando humano, tivesse algum problema.
- Preciso limpar o chão...
Ikuma sorriu de canto ao sentir o beijo, que soava bem ingênuo na verdade, era fofo.
- Seus olhos vão murchar. - Disse, provocando-o pelo quase choro. - Eu vou limpar, mas vamos esperar o médico primeiro.
Taa assentiu e riu baixinho ao ouvi-lo, negativando.
- Não fale pras crianças, ta bem?
- Não tenho porque dizer.
Ikuma retrucou ao parceiro e abaixou-se, beijando-o em sua testa. Seguiu logo para atender ao médico, um diferente desta vez, aparentemente, indicado pelo amigo de família e médico habitual que impossibilitado de se deslocar diante de inclusive, complicações com outra criança. Deu vazão ao moreno e indicou o quarto onde o companheiro, fitou-o claro dos pés até a cabeça, notando seu desconforto talvez pela falta de costume na situação.
- Porra, você é bem alto. - Disse, sem rodeios. - Provavelmente é novo nisso. - Disse e notou-o se arrumar a dar atenção ao parceiro, iniciando os preparos para a "limpeza".
Taa sentiu o beijo e sorriu ao maior, observando-o enquanto seguia até a porta e suspirou, já até imaginava ter que passar por aquele problema todo devido ao bebê perdido, que nem queria pensar.
- Oi... - Falou ao doutor, meio desconfortável e desviou o olhar ao loiro. - ... Vou ter que fazer outra cirurgia?
- Infelizmente, mas será algo pequeno. No caso de aborto, alguns resíduos ficam nas paredes do útero, sendo homem, sem passagem para a limpeza natural do corpo, precisamos abrir para que saiam. Ou podemos deixar, mas eventualmente pode sentir alguma dor, algumas cólicas, então é recomendável.
Ikuma parou um pouco ao lado, dando uma boa olhada no médico, no companheiro, notando de havia algum traço de interesse na boa aparência do moreno. Deu até uma estreitada nos olhos, analisando melhor. Mas no fim apenas brincava com o maior, fazendo questão de deixar a olhada aparente.
- Tá tudo bem aí em cima, Doutor? Como é a vista daí? - Ikuma disse e viu o médico sorrir, mesmo durante sua explicação.
Taa desviou o olhar ao menor, unindo as sobrancelhas ao ouvi-lo falar daquele modo com o doutor, embora no fundo, quisesse rir e assentiu.
- Hai... Eu também sou médico, mas... Tem muita coisa que eu ainda não sei. Murmurou e suspirou, ainda um pouco chateado pela situação.
- Vai precisar de toalhas?
- É um pouco complicado quando você precisa se adaptar às mudanças do corpo. - O médico disse ao rapaz, como o que podia retrucar do seu comentário. - Preciso de dois lençóis, um para a cama e outro para que você se cubra.
Taa assentiu e desviou o olhar ao noivo parado ali.
- Ikuma, você pode, por favor?
- Posso o que? Não vou sair.
Ikuma resmungou e fez um bico ao falar, no entanto sorriu e caminhou até o closet, pegou os lençóis e levou até a cama, ajudando o companheiro ao forrar a cama e dispor o outro sobre seu corpo, parcialmente. Taa sorriu a ele e suspirou, inclinando o pescoço para trás e fechando os olhos, agarrando o lençol entre os dedos. Ikuma observou em silêncio, assim como o médico a formular o início do procedimento. Por algum momento ficaram parados lá, sem nada a dizer ou fazer, enquanto ele aparentemente esperava a anestesia a fazer efeito, suavizando possível sensação da abertura e da limpeza de seu organismo. Quando logo deu início a cirurgia que não durou muito tempo, tirou no lençol o que tinha lá dentro, e era tão pequeno que mais parecia sangue em coágulos. Por um instante se virou e fitou o lado oposto, de braços cruzados. E quando finalmente enrolou o lençol sujo, cedeu uma sacola para o descarte onde foi colocado. Voltou-se ao parceiro e deu-lhe já o sangue para que pudesse se recuperar. Taa desviou o olhar ao menor, que andava pelo quarto junto ao médico e uniu as sobrancelhas, queria chorar, mas não o fazia nem em frente a ele, ainda mais do médico, nem nos partos o havia feito, mesmo sentindo dor. Suspirou e desviou o olhar logo após, esperando pelo sangue que tomou em poucos goles e já podia sentir as próprias feridas se fecharem e a pele cobrir os cortes feitos, colocando tudo no lugar. Suspirou.
- Obrigado doutor.
Murmurou, observando o outro, e não quis ver a sacola que ele segurava, nem lençol algum, nem sangue algum, só queria que o médico saísse do quarto logo, para que pudesse ficar sozinho. Num cumprimento de mão, Ikuma despediu-se do rapaz, era um vampiro jovem, pôde deduzir. E ao sair, demonstrava a gentileza de levar consigo o que precisava ser descartado, talvez no intuito de não fazer com que um dos pais da criança quase nada formada, o fizesse. Agradeceu ao rapaz que levou até a porta. Voltou ao parceiro a seguir e lhe deu algumas roupas, deixaria-o se vestir, estaria melhor logo após beber o sangue, deixaria-o dormir também. Taa vestiu-se com as roupas dadas pelo menor, não se preocupando muito em quais fossem e logo, deitou-se novamente, deixando outro suspiro escapar, pesado e piscava algumas vezes, evitando as lágrimas. Abraçou o travesseiro e desviou o olhar a ele, parecendo um bichinho encolhido na cama.
- Desculpe.
Ikuma ignorou o que dizia e abaixou-se novamente a beijá-lo, na bochecha dessa vez e pertinho do pescoço.
- Está tudo bem, nem tinha consciência ainda. Eu vou limpar o banheiro e você dorme, depois te dou uma folhinha nova pra melhorar.
Taa assentiu ao sentir o beijo e virou-se a lhe selar os lábios, mantendo-se daquele modo na cama e o observou a seguir ao banheiro.
- Papai!
Takuan falou a adentrar a casa e encontrou o loiro na cozinha, parecia buscar sangue para si, não sabia, mas parecia tranquilo, então se manteve tranquilo também, suspirando.
- ... O que houve?
- Sua mãe estava com dor abdominal, agora está triste no quarto porque eu sei disso.
- ... O que? Mas ele é vampiro.
- É, eu disse pra ele se alimentar melhor.
- Ah... Hai...
- Fique tranquilo, ele está com vergonha, deixe ele quietinho. Volte pro seu serviço.
- Hai... Desculpe, é que... Eu me assustei. Achei que ele tinha caído, sei lá.
- Por que vocês tem mania de pedir desculpa? - Ikuma indagou, curioso sobre porque ele ou os filhos tinham essa mania.
- Eh? Ah, é que eu não quero me intrometer.
- Como se não fosse mãe de vocês. - Ikuma disse e deu uma bagunçada no cabelo do filho.
- Ah, eu sei, mas isso é assunto seu e dela. - Takuan sorriu.
- Pode ir fazer o que tiver de fazer. - Ikuma disse e pegou a bebida, seguindo com ela até o quarto.
- Hai... - Takuan murmurou a observar o pai e logo seguiu em direção ao próprio quarto.
Kazuto havia preparado espaguete, e misturado sangue na receita, ele gostava daquele modo, porém, ouviu o barulho da porta e voltou-se a ela, observando o filho adentrar o local, e não havia se atentado a retirar a coleira.
- Eh? Yuuto-Chan. Onde estava?
Yuuto sentiu o cheiro pela casa e com isso seguiu a busca da mãe na cozinha, era sempre essa a razão.
- Tadaima. Fui até a cafeteria, fiquei com vontade de tomar algo e observar o movimento. Ganhou um colar do meu pai, hum? Parece um cãozinho.
Kazuto sorriu ao ouvi-lo e assentiu.
- Hai, não é bonito? - Disse a indicar o colar.
- Hum, sim. - Yuuto sorriu a ele e não achava bem a definição de um colar bonito, sabia que era algo mais sexual. - Quer ajuda, mamãe?
- Ah, iie, logo vou servir o jantar, tome um banho pra ficar quentinho, hum? - Kazuto sorriu a ele e tocou o rosto do filho com uma das mãos, acariciando-o.
- Hum. Não preciso ficar quente, mamãe.
- Ah... Desculpe, é mania de humano.
- Sei que é idiota...
- Não, é costume. Ficar quente deve ser agradável.
Kazuto sorriu a observá-lo e assentiu.
- Quer experimentar o macarrão?
- Hai, já estou com fome e o cheiro parece ótimo.
Kazuto assentiu e sorriu a ele, colocando um pouquinho do macarrão num pequeno pratinho.
- Experimente.
Yuuto aceitou o prato, que era na verdade um pires, provou sentindo o sabor do molho impuro.
- Oishi. Está saboroso, mãe.
Sorriu a ele e sentiu o cheiro da comida saborosa pela casa se misturar com um odor característico, rapidamente se abaixou na cozinha, escondendo-se atrás do balcão, embora soubesse que era inútil.
- Hum, que bom que está gostoso. - Sorriu.
- TADAIMA! Eh? ... Hey priminho, não se esconda, eu consigo te ver.
Kazuto riu baixinho.
- Ikuta, não faça tanto barulho, Yuuki não gosta.
- Ah verdade... Desculpe ne.
- Quem é que gosta? - Yuuto disse e só então se levantou enquanto resmungava e lamentava para si mesmo. - Veio encher a barriga?
- Ah, não aja como se eu só tivesse vindo jantar. Eu vim ver você, priminho.
Kazuto sorriu a ambos.
- Logo o jantar estará pronto.
- Ah... Ganhou uma coleira, tio?
- Ah, é. - Kazuto sorriu.
Yuuto voltou a observar o pequeno adorno do pai, se perguntava se usaria constantemente.
- Isso não se usa somente em momentos específicos, mãe?
Indagou e por fim voltou a pegar o pequeno pires, terminando a prova de macarrão.
- Ah... Na verdade isso não tem fins sexuais se é o que vocês estão pensando. - Falou num sorrisinho. - Apenas achei que seu pai ia gostar de me tratar como um bichinho.
- Hum... Mas por quê?
Kazuto uniu as sobrancelhas e desligou a panela.
- Todo mundo gosta de filhotes.
- Meus pais não são como os seus, eles fazem as coisas com sutileza.
- Ora, meus pais só são... Entregues. Meu pai principalmente. - Riu.
Kazuto riu baixinho e assentiu.
- Yuuki, venha comer!
- São despudorados. Por isso você é assim. - Disse Yuuto.
Aquele chamando não era exatamente a forma como gostava de ser requisitado, mas Yuuki sentia um cheiro e era por isso que estava indo. Viu no entanto o filho e também seu primo.
- Ah, não fale assim dos meus pais!
- Yuuki. - Kazuto sorriu ao ver o outro na porta, dando a ele um pequeno pratinho com um pouco de macarrão igualmente. - Pra experimentar.
- Ah, oi tio.
- Ikuta.
Yuuki disse como um cumprimento em resposta, observou a porção qual ganhou e provou um dos fios. Não era seu pai afinal, aquele havia nascido com alguns traços que remetiam à sua mãe, embora ainda pudesse ver de Ikuma nele.
- Oishi? - Kazuto murmurou e sorriu a ele.
Yuuki assentiu ao menor e percebeu que ainda usava seu colar roubado.
- Hum, não vai tirar?
- Eh? Ah iie, eu gosto assim.
Kazuto sorriu a ele e seguiu para lhe dar um selo nos lábios.
- Kazuto-san parece feliz hoje.
Yuuki sentiu o toque nos lábios, o que não lhe era um hábito em frente aos outros, o fitou de olhos baixos ao que se afastou, evidentemente sem dizer nada lhe fez uma expressão indagativo.
- É porque ele descobriu sua nova identidade de espécie. - Yuuki respondeu ao sobrinho.
- Ah... - Ikuta riu.
- Eh? Não... Eu só estou feliz ora.
- É mesmo a nova espécie.
- Eu disse.
Kazuto cruzou os braços.
- E o que você é, tio?
- ... Um cachorro.
Yuuki apertou novamente seu narizinho achatado.
- Chame seus irmãos. - Disse ao filho que seguiu a chamar pelos irmãos. Seu primo o seguia. - Ele parece mais você do que os pais dele.
Kazuto sorriu ao senti-lo apertar o próprio nariz.
- Eh? Parece?
- É, indo atrás do Yuuto. Quero entender porque esses meninos são obcecados pelos meus filhos.
- Ah... - Kazuto riu. - Não sei, eles sempre fazem isso.
♦
Kazuto estava na cozinha, na verdade, preparava o jantar como de praxe, gostava de cozinhar pra ele mesmo que estivesse impedido de usar o fogão. Algumas vezes, usava o microondas, mas comida congelada era simplesmente horrível. Num suspiro observou o livro de receitas, podia sentir o cheiro dele e da filha, embora não com exatidão, era um vampiro transformado e nada era muito exato para si. Ouviu os passos pela sala e pela cozinha, podia sentir o cheiro dele, e sorriu, virando-se para cumprimentá-lo quando por fim viu as rosas sobre a mesa e uniu as sobrancelhas, não era de feitio dele, não mesmo. Desviou o olhar ao maior, silencioso, tentando processar suas palavras e o viu se retirar, silencioso como a si. Desviou o olhar para as flores azuis, eram tão bonitas que fora obrigado a deixar o livro de lado e ergueu o buquê a observa-lo, era a primeira vez que ganhava flores. Sorriu, primeiro um pequeno sorriso e depois um maior, aspirando o aroma delas para si e cortou aquele embrulho todo, claro, atencioso, mantendo as pequenas flores que faziam conjunto com as rosas, junto delas. Colocou-o num vaso e deslizou os dedos devagar sobre as pétalas.
- ... Obrigado, Yuuki.
Falou, para si mesmo e sorriu novamente, não falaria sobre aquilo com ele.
O dia estava cinza lá fora, Asahi sabia porque havia espiado na casa enquanto ele dormia, ou ele nunca deixaria a si fazer aquilo. As vezes era inevitável, sentia falta do tempo, das flores, do céu, precisava sair para tomar ar fresco. Havia feito o almoço e agora, curiosamente lia um livro no canto do quarto, enquanto ouvia atentamente a conversa dele com outro militar na sala, buscando saber se havia alguma novidade, é só se levantou quando finalmente ouviu o nome da vila onde antes morava.
- Kazuma? - Disse, aproximando-se dele. - ... Encontraram ele?
Após se despedir do outro militar, Kazuma assentiu à continência em despedida. Só então se voltou ao menor, curioso diante da conversa. Sorriu de canto, vendo que ele já não estava tão magro.
- Não há mais ninguém na igreja. Toda a região foi evacuada, não encontramos o padre, porém é possível que ele e os demais tenham se abrigado em algum lugar.
Disse, embora na verdade não pudesse lhe assegurar aquilo, alguns corpos foram encontrados por lá, o dele não, porém, nada garantia sua vida, duvidava disso, mas antes sumir do que confirmar sua morte ao garoto. Asahi uniu as sobrancelhas, assentindo a ele, e imaginava que não iria encontrá-lo nunca mais, a igreja nunca havia sido evacuada antes, e um padre não deixaria sua igreja.
- Bem... Já havia se acostumado com isso. ... Tudo bem, não acho que eu vá vê-lo novamente.
- Ele deve estar seguro, ele pode ter sido transferido como antes. Sabe que para uma segunda guerra, estamos todos preparados mais que antes.
- É, mas... Os padres não deixam a igreja. Ele certamente iria querer morrer lá dentro.
- Você não sabe como é uma ordem de evacuação militar, eles o arrastariam se preciso. Deus sabe o que faz, não é?
Asahi desviou o olhar a ele e por fim assentiu.
- ... Sim.
- Senhor? Eu trouxe os suprimentos.
Ouviu a voz do rapaz, vinda de trás dele, e carregava uma caixa, contendo as coisas que usavam no dia a dia, porém, o que mais chamou atenção fora o rosto do rapaz, e não o que ele trazia. Fitou-o silencioso e de olhos arregalados por alguns instantes, vendo-o entrar no local e por fim afastou-se em passos rápidos.
- ... Você, eu conheço você! Você foi o imbecil que tentou me machucar na igreja aquela vez!
- O que? ... Eu não conheço você.
- Conhece sim! Eu havia ido atrás de Kazuma, você me disse que me levaria até ele, mas me levou até o meio da floresta, seu desgraçado!
Asahi disse, irritado, diferente de como havia agido na época já que antes, havia estado traumatizado pela ausência dele.
- Obrigado, soldado. - Kazuma disse ao rapaz, porém se virou em breve atenção ao companheiro e ao que dizia. Se lembrava de tê-lo ouvido falar sobre aquilo. - Asahi, se acalme. - Disse e se virou num movimento rápido, pegou o homem pelo pescoço e o segurou sob os dedos. - Você tem certeza disso?
Asahi assentiu conforme olhava o rapaz, de olhos estreitos, tinha certeza, se lembrava de cada pequena parte do rosto dele, agora em pânico com os dedos do outro a apertar sua garganta.
- O que você ia fazer comigo se o comandante não tivesse chego? Achou que eu era um garoto, tentou me segurar, ia tirar minha roupa? Você faz isso em todas as guerras?
- D-Desculpe...
Kazuma observou o menor de soslaio e ainda que estivesse em fúria pelo que ele dizia, deu um sorriso canteiro, achando adorável sua manifestação de coragem, sabia que ele se sentia seguro por estar consigo e era por isso que agia de tal maneira.
- Asahi, acho melhor você sair.
Asahi uniu as sobrancelhas, não sabia se seria bom ele matar o rapaz, se sentiria culpado, um dos mandamentos é que não deveria matar ninguém, mas ele era um general, já havia matado centenas.
- ... Tudo bem.
Disse a observa-lo e seguiu para fora, devagar, porém, permaneceu encostado na parede do lado de fora, tentava ouvir, mas estava atento se ele não iria se machucar. Kazuma entraria em conflito entre perder um soldado pelas próprias mãos, entraria ao perceber que o homem poderia lutar pela guerra, entraria porém se não pensasse em quantos garotos ou garotas não poderiam encontra-lo, como Asahi, em seu caminho. Como teria se livrado de suas más intenções se não fosse o bom homem que o encontrara. Era assim que nada sentia ao segurar em seu pescoço e torce-lo num estalo preciso e rápido, não gostava de barulhos. Asahi pôde ouvir o estalo, nitidamente, e aquilo havia apertado o peito de certa forma, mas nada podia fazer agora, estava morto. Ao se virar, voltou para dentro e fitou o homem em seus braços.
- ... O que vamos fazer com ele?
- Janta-lo.
- Eh?! N-Não seja bobo!
Kazuma riu, num riso silencioso.
- O levarei para os arredores.
- ... E se descobrirem que foi você?
- Não farão nada.
- ... Você me defendeu. - Sorriu.
- Não quando de fato precisou.
- ... Mas está aqui agora. - Sorriu.
- É... Depois descobriremos qual foi o homem que o ajudou.
- Naquele dia... Eu jurei ter visto você, então... Eu fui te procurar. Ele disse que me levaria até lá. Eu... Fiquei tão emocionado que não pensei...
- Ninguém mais se aproveitará de você.
Kazuma disse e deslizou a mão por seu rosto suave, dos olhos até o queixo. Asahi o observou e assentiu, repousando o rosto sobre a mão dele.
- Ah... Kazuma... Algo... Algo mexeu... - Disse e tocou a própria barriga pouco crescida. - Está tudo bem com ele?
- É, sabe que papai se estressou. - Kazuma disse, referindo-se a ele mesmo. - Vá, volte a sua leitura, eu vou levar ele lá pra cima. - Disse e pegou o homem, colocando-o sobre o ombro.
Asahi assentiu, embora estivesse achando estranho, já que era a primeira vez que o sentia chutar.
- Vou voltar... Não demore.
- Calma, o bebê só está dando oi... - Kazuma sorriu e o tocou na barriga com a mão desocupada.
Asahi desviou o olhar a ele e sorriu igualmente, tocando a mão dele com a própria.
- Sentiu?
- Hum. - Murmurou afirmativo. - Está dizendo pra você não se estressar.
O loiro sorriu novamente e assentiu, selando os lábios dele.
- Deveria ser romântico... Se não tivesse um cadáver nos seus braços. - Riu. - Devo abençoá-lo?
- Não. Eu vou leva-lo.
Kazuma dito e após se despedir de sua barriga inquieta naquele dia, subiu, levando o homem para fora da casa, conferindo os arredores antes de entregá-lo ao soldado em posto. Asahi assentiu e permaneceu a observá-lo enquanto seguia para a saída e apertou uma das mãos contra o peito. Após se desfazer do homem, Kazuma voltou alguns minutos mais tarde após uma troca de palavras com o soldado. Desceu de volta e encontrou o garoto parado do mesmo jeito, imaginava que se passasse uma hora, ele estaria esperando daquele mesmo modo, como um cãozinho esperando seu dono, como aquele pequeno animal que levou consigo, imaginava, embora não fosse um cão, que seria bom para ele. O bichinho tinha os pelos sujos e grudentos, olhos arregalados por medo, estava tremendo e não sabia se era de medo, frio ou de fome.
- Olha o que encontramos por aí.
Ao vê-lo descer, Asahi esperava ainda parado no mesmo lugar, aflito, e só então fora que abriu um sorriso nos lábios, porém o sorriso sumiu aos poucos ao ver o pequeno gatinho, não sabia nem dizer a cor dele de tão sujo que estava.
- ...Meu Deus, o que aconteceu com ele?
- Estava no meio da bagunça. É um rapazinho de sorte. Ai ai...
Kazuma resmungou conforme sentiu as unhas doloridas no bichinho que se agarrou na veste, estava amedrontado certamente, uma vez que a audição felina podia ser apurada, ainda mais para ele, por seu tamanho, imaginava que não era um gato adulto. Ao pega-lo em sua tentativa insistente se subir até o próprio pescoço, entregou ao menor.
- Aqui, seu novo companheiro.
Asahi segurou o pequeno gatinho que miou para si e sorriu, acariciando a cabecinha sujinha dele, podia ver seus olhinhos azulados e grandes, era lindo.
- Oi neném, o que aconteceu com você hein? Você é lindo. - Disse e acariciava ele, que se encolhia em meio aos próprios braços. - Vamos aquecer a água pra te dar um banho, hum? Vou deixar morninha.
Kazuma higienizou as mãos com uma toalha enquanto o via recepcionar o bichinho, tocou seus cabelos só após limpar as mãos.
- Acho que ele vai gostar.
Asahi desviou o olhar ao maior e sorriu.
- Ele é meu presente de aniversário? - Disse, animado. - Eu nunca tive um bichinho.
- Acho que você será o presente dele.
Asahi sorriu e aproximou-se a beija-lo no rosto.
- Vamos dar banho nele?
- Hum. Vamos descobrir qual é a cor dele.
Asahi riu e assentiu, seguindo para a cozinha, onde esquentaria a água para o gatinho, claro que suficiente para não machuca-lo. Kazuma seguiu logo após ele, não sem antes ligar o rádio, suficiente para ouvir sem atrapalhar os pais que repousavam junto as suas xícaras de chá. Entregou também os mantimentos aos serviçais e deixou uma das sacolas dentro do próprio quarto, só então se acomodou para vê-lo conhecer seu novo amigo. Ao esquentar a água, testou para ver a temperatura, e visto não estar muito quente, testou no gatinho, que não se moveu.
- Quentinho, né?
Kazuma sentou-se num banquinho que acomodou ali, observou o menor junto de sua nova companhia e percebeu que estava um tanto sorridente. Asahi molhou o gatinho, usando um pouco de sabonete para ensaboa-lo e tirar a terra e com a água morna o lavou, vendo só então que ele era pretinho com algumas manchas amarelas.
- Ah, você é amarelinho, gatinho? Você parece um docinho.
- É, tem um pouco de nós dois. Achei que seria cinza e branco.
Asahi riu.
- Tadinho, parecia encardidinho mesmo. - Disse a observar o rostinho do gatinho. - Está quentinho, hum? - Disse e o viu erguer o rostinho e miar para si, sorriu para ele. - Então tá bom.
- Já parou de tremer pelo visto. - Kazuma sorriu e se aproximou, abaixou e tocou a orelha do pequenino. - Você é corajosinho, hum?
O pequeno se sentou no chão e olhando pra ele deu outro miadinho fraco.
- Eu sei. - Kazuma disse, como se bem o entendesse. - O que damos pra ele comer?
- Hum... Carne? Se sobrou alguma...
- Temos atum. O soldado deixou os mantimentos. Que nome dará a ele?
- Acho que pode ser. - Asahi sorriu. - Hum... Amai é ruim?
- Hum, talvez Eri? Significa abençoado, acho que pra ser um pequeno como este, no meio dessa guerra e sobreviver, precisa ser abençoado. Ou então Issa, corajoso.
Asahi sorriu.
- Eri. Gosto de Rri.
- Então Eri.
Asahi sorriu e secou o gatinho com uma pequena toalha, lá embaixo não era frio, por sorte, embora lá em cima fosse.
- Vai secar rapidinho.
- É. Eu vou conseguir a comida dele.
Dito e após afagar os cabelos do menor, Kazuma seguiu para conseguir algo de comer ao bichinho, ainda assim, atento ao rádio. Asahi acariciou os pelos molhados do bichinho que agora estava encolhido na toalha.
- Calma, ninguém vai te machucar. - Disse num sorriso. - Ta vendo essa barriga grandona? É a Kazumi, ou o Azuma.
- Kazumi ou Azuma, hum?
Kazuma sorriu a medida em que novamente regrediu, vendo-o segurar seu bichinho como ao bebê que em sua barriga. Asahi desviou o olhar a ele e sorriu.
- Ah é... Eu gosto.
- São nomes bonitos. - Kazuma sorriu a ele e deixou no chão o pequeno pote de improviso. - Havia pensando em Arashi, combina com o seu nome e tem um bom significado, mas parece que encontrou uma junção de nomes, ah?
Asahi colocou o gatinho no chão e sorriu a ele.
- Arashi?
Kazuma ainda estava abaixado e empurrou a tigela ao pequenino, entregando a ele a porção de atum, viu encontrar o pote com tanta gana, que podia ouvir cada suspiro vigoroso de sua garganta enquanto comia sem freios. Naquele momento até imaginou quantas pessoas estariam lá fora, como na última guerra em que pôde brigar.
- Hum, de flores após a tempestade.
Asahi sorriu.
- É lindo... Agora eu fiquei em dúvida.
- Saberemos quando o bebê chegar. - Kazuma sorriu-lhe de canto.
Asahi riu baixinho.
- Tá bem. Eu... Gosto mesmo.
- Hum? - Kazuma disse, diante do comentário mas afagou seus cabelos. - Veja, seu amiguinho esganado de fome.
- Gosto mesmo do nome. - Asahi sorriu. - Ah... Tadinho, será que ele quer água?
- Eu também gosto. - O moreno sorriu. - É o que temos de bom nesses anos ruins. - Disse e tocou seu ventre já volumoso.
Asahi sorriu, e de fato, as guerras não desanimavam o próprio espírito, tinha ele, o filho, e agora um novo mascote.
- Enfim, arrume o lugarzinho dele, ah?
- Vou arrumar sim. - O loiro sorriu.