Yuuki e Kazuto #85


O suspiro longo deixou os lábios de Kazuto, já era noite e havia acordado sozinho, os filhos também não estavam em casa. Estava entediado e olhava no celular algumas fotos quaisquer em um blog yaoi, até passar por uma foto bem específica e parou. Observou a tela, notando os detalhes do rapaz e o modo como o outro falava com ele, parecia excitante, parecia ter bastante atenção do seme, e podia fazer com ele, ele não poderia recusar, certo? Mas onde iria arrumar os acessórios...? Levantou-se, seguindo ao quarto de ambos onde abriu as gavetas, procurando pela chave, queria a chave do outro quarto para que pudesse procurar, mas ele parecia esconder bem demais aquela maldita chave. Após vários minutos procurando, finalmente havia encontrado dentro do armário dele e seguiu quase num pulo para o corredor, onde abriu a porta do último quarto. Devagar, adentrou o local, fitando as paredes escuras e o chão vermelho, de certo modo aquele lugar incomodava a si, dava uma sensação muito ruim no corpo, de que ali poderia acontecer qualquer tipo de coisa. Os lençóis, sempre estavam limpos, não importa quantas vezes dormisse com ele ali, sempre eram arrumados, e não era a si quem o fazia, afinal, não podia entrar ali geralmente, não era permitido se não estivesse com ele, talvez porque poderia encontrar algo estranho que ele pudesse guardar ali, mas era curioso, e era a primeira vez que o fazia sem permissão. Abriu um dos pequenos armários, buscando por ali o que queria, e teve que revirar alguns lugares, claro, sempre arrumando tudo novamente em seu devido lugar, e alguns itens, nunca havia visto, nem sabia para que eles serviam. Via correntes grossas, certamente para prender um vampiro, um humano não precisaria de tudo aquilo, e até mesmo conseguiu ver uma pequena mancha de sangue perto da parede, por sorte, sentia o próprio cheiro nela. 
- ... Será que ele não está mentindo pra mim dizendo que nunca trouxe ninguém aqui? 
Murmurou, deslizando uma das mãos pelo lençol da cama e logo após, pelas cortinas que haviam em volta dela. 
- ... Eu quero ser o único pra ele... Preciso ser o único. 
Disse num suspiro e devagar seguiu até a última gaveta da cômoda, abrindo-a a achar ali o que procurava, uma pequena coleira com um cadeado, e arqueou uma das sobrancelhas, mas achou bonitinho e seguiu ao espelho, colocando-a no pescoço. 
Yuuki já havia sentido uma estranha sensação​ de alerta que vinha do garoto. Abriu a porta quando chegou do serviço comum que mantinha, a banda, e que não tinha tanto ânimo mais para continuar a levar. Ao entrar, buscou visualmente sua figura ou de alguém mais pelos cômodos da casa. 
- Kazuto.
Kazuto arregalou os olhos ao ouvi-lo adentrar a casa e correu rapidamente para a sala, vendo-o ali e sorriu, usava a coleira no pescoço ainda. 
- Yuuki...
De onde estava, Yuuki ouviu seus passos se apressarem até que o levasse para si. Fitou-o de cima, percebendo o adorno em seu pescoço. 
- Onde pegou?
- ... - Sorriu meio de canto, envergonhado. - No quarto...
- E quem deixou?
- Ninguém, é que eu vi uma foto na internet e decidi procurar...
- Você sabe que deve me pedir, não é?
- Eu sei, eu só... Só peguei a coleira.
- Não importa o que é, importa que você tem de me obedecer. O que andou vendo?
Kazuto uniu as sobrancelhas e assentiu. 
- Yaoi... O que tem medo que eu veja la dentro?
- Uh. - O riso soou em um sopro nasal. - A questão não é sobre o que tem lá, e sobre a ordem que não foi respeitada, Kazuto.
O menor assentiu. 
- ... Eu peguei a coleira porque achei que poderia ser legal ser o seu mascote.
- Ah, é? Vá e feche a porta, deixa-a como encontrou.
Kazuto assentiu e devagar seguiu ao quarto, fechando a porta e trancando, logo voltou e devolveu a chave a ele.
- Hum, então agora anda lendo revistas de criança, ah? 
Yuuki disse após sua conta e aceitou a chave, embora ele não houvesse pego consigo. Kazuto uniu as sobrancelhas. 
- Mais ou menos.
Yuuki desviou o olhar a seu novo colar, bem, o deixou estar ali. 
- Ficou bom.
Kazuto sorriu a ele. 
- Farei o que quiser, mestre.
- Dono, você não é um pet?
- Ah, hai... Dono.
- O que você quer com o jogo?
- ... - Kazuto sorriu novamente, meio de canto. - Quero que você goste mais de mim. Sei que você gosta de gatos, então...
- Você não se parece como um gato. Está mais para um cachorro.
- Um cachorro? - Kazuto uniu as sobrancelhas.
- É, cães é que são grudentos. 
Yuuki tocou o topo de sua cabeça, afagou e então seguiu o caminho pela casa até a cozinha. 
- Hum, então serei seu cãozinho. 
Sorriu e seguiu com ele até a cozinha igualmente, observando-o. Yuuki fitou o menor enquanto servia-se de um pouco de vinho, não tão vinho assim.
- Não vai me castigar?
- Como eu deveria punir um cão?
- Ah... Eu não sei.
- Talvez uma chinelada?
Kazuto encolheu-se sutilmente. Yuuki sorriu canteiro. 
- Não vou te punir fisicamente. Ia te dar a chave do quarto, não darei mais.
Kazuto uniu as sobrancelhas. 
- Não... Yuuki...
- Essa vai ser sua punição.
- Isso é maldade... - Kazuto falou ainda com o cenho franzido. - ... Ne Yuuki, tem certeza que ninguém além de mim entrou ali?
- Alguém mais entrou. Eu.
Kazuto arqueou uma das sobrancelhas. 
- Ora...
O maior tragou a bebida a observa-lo e infeliz com a resposta.
- Você teve um parceiro antes de mim...
- Tive um acessório frequente. Não um parceiro.
Kazuto uniu as sobrancelhas ao ouvi-lo, de modo compreensivo e assentiu, nunca havia ouvido ele falar daquela maneira. 
- ... Hum.
- E agora eu tenho um cachorro.
Kazuto Desviou o olhar a ele e riu.
- O que você vai fazer hoje, vai cozinhar sendo um pet? Vou ter que comprar ração.
- Ração não... - O menor murmurou a unir as sobrancelhas.
- Ração sim.
- Eu cozinho...
- Não, vou comprar sua comida.
Kazuto uniu as sobrancelhas. 
- Yuuki, não quero comer ração, é nojento...
- Nojento, é?
- Hai... É pra cachorro.
- E você é um, não é?
- ... mas sou um cãozinho humano.
- O que você quer comer?
- Lamen. - O menor sorriu.
- Que porcaria.
Kazuto uniu as sobrancelhas. 
- Achei que era da sua época...
- Minha época, é? Meus avós não gostam de comidas como essa.
- Ah... Achei que gostassem.
- Sempre fomos vampiros, pouco se tem de alimentos humanos. Eles mais permitiam os doces, porque minha avó gostava. Já na casa do meu pai era um pouco diferente.
- Mas você não gosta de doces.
- É por essa razão. Ele gostava muito de doces. Muito.
- Ah... Você morou com seu avô?
- Não ao todo, mas não se passava mais de uma semana sem que minha avó me fizesse ir para a casa dele, ainda que meus pais fossem contra. Ikuma sempre fez bagunça, consequentemente meus avós não o prendiam tanto.
- Hum... Por isso você é tão diferente do Ikuma?
- Sempre fomos diferentes. O que, uh, isso te aborrece? - Yuuki indagou num sorriso canteiro.
- Aborrecer? - Kazuto sorriu a ele. - Você não parecer o Ikuma? ... Se eu o quisesse, teria escolhido ele e não você.
- Não é tão fácil. Ele gosta daquele magrelo esquisito.
Kazuto riu. 
- O Taa é meio estranho mesmo.
- Vai entender, Ikuma sempre quis coisas estranhas.
- Eu gosto de imaginar vocês dois novinhos. Parece adorável.
- Bem, é só olhar para Yuuto e Yuuko.
Kazuto riu. 
- Mas eles sempre se parecem com você, ter um mal humorado e um brincalhão deve ser muito engraçado.
- Não sou mal humorado, só não sou palhaço. Ikuma deveria ser levado por um circo.
Kazuto riu novamente. 
- É, tem razão.
- ... você acha que eu sou mais bonito do que o Taa?
- Não vou responder.
Kazuto uniu as sobrancelhas. 
- Eh?
- Não vou responder.
- Por quê?
- Pra te deixar na dúvida.
- ... Ah mas disse que ele não era bonito.
- Então, fique na dúvida.
- Não me acha bonito?
- Não vou responder.
- Você é mau.
- Eu sou.
Kazuto uniu as sobrancelhas. 
- Hum, então quer só sangue pro jantar?
- Escolha o que preferir. 
Yuuki tragou novamente da taça. Fitou o garoto e analisou seu rosto para ser capaz de então respondê-lo. Ao seguir para ele, tocou seu nariz e apertou, como sempre, fingindo ser capaz de puxa-lo de seu aspecto achatado.
- Você tem um bom rosto. Mas... - Prosseguiu. - Não faça o que eu disse para não fazer. Se eu digo não entre, não entre.
Kazuto assentiu, ponderando pelo que iria pegar para preparar, porém cessou ao sentir o toque no nariz, e sentiu o arrepio percorrer a coluna, amedrontado pelo toque, não era acostumando a algo sutil vindo dele.
- ... 
Uniu as sobrancelhas mas uma vez e observou-o. 
- Certo... Me perdoe.
A voz soou quase nasalado, afetada pela respiração que ainda tinha, riu baixinho.
- Não vai soltar meu nariz...?
Yuuki o soltou e analisou como antes. 
- É, continua achatado.
Yuuki riu. 
- Desculpe, queria ter um igual o seu.
- Hum, esse está bom pra você.
Kazuto desviou o olhar a ele e deu um pequeno sorriso. 
- Acha?
- É, inu.
- Au. - Kazuto latiu, baixinho e sorriu a ele.

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