Midori e Akai #7



Haviam se passado uns dias, e Akai estava indo pra casa dele de novo, dessa vez, estava perto do Natal, passaria com ele e seu pai na praia, já que a família era complicada. Na bolsa levava algumas peças de roupa, biscoitos que havia comprado, porque não sabia cozinhar tão bem quanto gostaria e uma caixinha pequena embrulhada, daria pra ele, quer dizer, não sabia se daria, tinha um pouco de vergonha de dar, então iria pensar. Ao chegar, suspirou e tocou a campainha, eram seis horas da manhã, iriam viajar cedo. 
Os passos de Midori haviam se arrastado até a porta. Estava banhado e trocado, mas ainda tinha algum sono e estampava isso na expressão, onde os olhos verdes pareciam ainda menores do que costumavam ser. 
- Kai...
Murmurou, saudando o amigo, embora aquele fosse um apelido pouco usado, era mais habitual na cama, mas talvez houvesse usado demais na última vez, o que acabou trazendo à tona ao revê-lo.
- Bom dia.
Akai sorriu meio de canto ao ouvir o apelido.
- Bom dia, ah... Eu cheguei cedo?
Midori negativou e deu espaço para passar, na verdade já estavam prontos para ir, mas não estava proibido de sentir sono, haviam acordado mais cedo, uma vez que o pai era muito pontual.
- E aí, Akai, devia ter dormido aqui, rapaz.
- Oi senhor, ah, é que eu precisava das roupas. Então achei melhor ir dormir em casa. - Akai sorriu. - Assim já trazia tudo
- Eu teria ido buscar você e suas coisas ontem.
Dizia ele enquanto segurava o ombro do amigo, levando-o para dentro. Atrás deles, Midori acabava num meio riso, imaginando se Akai não se incomodava com a afabilidade do próprio pai. Akai n
ão se incomodava, na verdade, só achava estranho que alguém se importasse consigo daquela forma, já que os pais nunca o fizeram.
- Eu nunca daria esse trabalho.
- Tolice. Quer tomar café antes de ir?
Midori fitava-os enquanto ajeitava um pouco de café para si.
- Ah, não... Eu trouxe uma barrinha de cereal, posso comer no caminho. - Akai sorriu.
- É sério? Que porcaria mais sem graça pra você que gosta de gordura, Akai.
- Ah, foi o que eu consegui pegar. - Akai riu. - Também tenho dezessete pizzas. Brincadeira.
Midori riu, imaginava se havia saído às pressas e evitando seu padrasto.
- Senta, eu vou fazer um lanche pra você.
Akai sorriu e assentiu a ele, sentando-se na mesa e aceitou o suco. Haviam se passado alguns dias desde que haviam feito aquilo de novo, e bem, ainda não se falavam, não conversavam sobre o que faziam no quarto, e tudo bem assim. Mas sempre que o olhava, era como se os olhos brilhassem, ele era bonito até sonolento e com cabelo desarrumado.
Midori olhou para ele, que parecia mais cheio de vigor do que a si, imaginava se havia dormido e acordado disposto daquele modo. Pegou as fatias macias de pão, colocou no prato e então preparou com as fatias temperadas de salame e um pouco de cream cheese, não que tivessem o hábito, mas acabou comprando em algum momento, certamente pensando nele, quase resmungou ao pensar nisso. Após preparar o lanche, entregou a ele com um pouco de chá verde. Ao receber o lanche, Akai fitou-o e sorriu, não disse nada, mas agradeceu muito mentalmente, estava com fome, não havia comido nada desde a noite anterior quando voltou pra casa, e não diria a ele, mas havia dormido somente duas horas. Ao morder o lanche, sorriu.
- Hum, caralho, Midori, você deveria virar sanduicheiro. Claro que é zoeira.
O riso soou entre os dentes de Midori, imaginou que não estivesse muito bom diante da última parte, julgou ser ironia.
- Hum, você pode fazer outro se achar melhor.
Disse, não soou grosseiro e bebeu um pouco mais do próprio café, tentando abrir os olhos pequenos pelo inchaço do sono.
- Eh? Não, eu quis dizer que era brincadeira pra você não pensar que estou te mandando fazer lanche na rua. - Akai riu. - Mas está gostoso.
Midori tornou a rir e negativou.
- Não seria um mau negócio. Vou desistir da faculdade e virar cozinheiro.
- Seu pai vai me bater hein.
- Hum, meu pai nem liga. Se tudo der errado eu posso trabalhar na empresa dele. - Riu. - Mas não é você que gosta de cozinhar?
Akai riu.
- Não... Não sei cozinhar. Queria saber. Ah! Eu... Comprei uns biscoitos.
Disse e na bolsa pegou os biscoitos decorados que havia comprado, tinham tema de natal, ao puxar, deixou cair a pequena caixinha no chão e pegou rapidamente, enfiando na bolsa.
- ... Os biscoitos
- Você pode aprender, ora. Gosta tanto de comer, só não pode ficar gordo.
Midori brincou, como sempre. Observou fuçar sua bolsa, mas queria mesmo que ele comesse, ao ver a caixa cair, fez menção de pegar para ele, mas o viu buscar rapidamente e então imergir em sua bolsa grande. - Calma, vermelhinho.
Akai sorriu meio de canto. 
- Desculpa. Ah... São de gengibre, você... Eu achei que você gostasse.
- Eu gosto muito.
Midori sorriu, o que até então não havia feito, fez, tocou seus cabelos e afagou.
- Mas quero que você coma seu lanche, eu, nós compramos, porque você gosta.
Akai assentiu e sorriu, sentando-se para comer novamente, e realmente estava uma delícia. Midori aproveitou os biscoitos, abriu a embalagem decorada e então aproveitou o café que acompanhou. Ao terminar o lanche, e o segundo também, Akai fechou a bolsa e seguiu com ele para fora, iriam começar a viagem e estava animado.
- Primeira vez que eu vou pra praia. Quer dizer, fui quando era criança, mas não lembro.
- Bem, agora vai poder recordar dela. - Midori sorriu canteiro.
- Vamos, moleques. Entrem no carro. Nós vamos até o aeroporto e depois vamos de avião. Trouxe seus documentos, Akai?
Akai sorriu e assentiu.
- Eh? Ah, ando com eles sempre... Mas vamos de avião?
- É longe pra ir de carro. Você tem medo?
- ... Não. - Sorriu. - Claro que não.
- De avião vamos levar três horas, imagine de carro. Vamos até Okinawa.
- Não tudo bem... Então vamos.
- Vai ser legal. Vamos!
Midori assentiu e com o pai e ele, seguiu logo até o carro. O outro amigo havia decidido que tinha algo para fazer de importante, certamente alguém. Bem, felizmente tinha como levar o que era importante naquela data. 
- Vamos...
Akai sorriu e com ele seguiu viagem, a verdade é que tinha sim medo de avião, mas tentaria se controlar. 



Um suspiro profundo deixou os lábios de Akai, recostado na cadeira, não queria olhar pra fora, parecia que se olhasse seria sugado por um buraco negro para fora do avião, e nem percebeu quando apertou com tamanha força a mão dele que fez um de seus dedos estalarem.
- Você já entrou num avião?
Midori indagou ao que se acomodaram no assento. O pai havia comprado as passagens e se sentou com um colega de trabalho, deixando se acomodar ao lado de Akai. Sentiu o toque na mão, sabia que a decolagem era um tanto mais tensa que seria o restante, portanto fingiu não perceber o aperto.
- Não... - Akai disse num suspiro e ao perceber a mão dele, soltou-a rapidamente. - ... Meu Deus, a gente vai morrer.
- Calma, é só um impulso.
Midori sorriu e segurou a mão dele já que ele havia soltado a própria.
Ao senti-lo segurar a si, Akai o apertou e fechou os olhos firmemente.
- ... Isso é horrível.
Disse e ao sentir o avião estabilizar, suspirou.
- É a parte mais legal na verdade. Eu gosto de imaginar o primeiro vôo do piloto, qual foi a sensação de pilotar pela primeira vez.
Akai desviou o olhar a ele.
- ... Hum... Parece bom.
- É legal, não é? Porque deve ser emocionante você voar pela primeira vez.
Akai sorriu meio de canto.
- ... Hum, é eu... Acho que sim.
Midori sorriu a ele, de canto, e acabou que havia tomado sua atenção. Akai desviou o olhar para a janela, estava tudo bem até então, estavam voando. Sorriu e estava mais calmo. 
- ... Eu... Quero te dar uma coisa.
- Hum?
Midori indagou, voltando-se para ele e lembrou do pequeno embrulho tão rapidamente pego do chão. Akai s
uspirou e da bolsa tirou a pequena caixa vermelha, havia embrulhado por si mesmo, por isso era um pouco estranho, não estava exatamente bem embrulhado, mas tinha deixado fofo com uma fita branca. Dentro, tinha um colar prateado, e o pingente, era uma pequena fatia de pizza, que havia achado engraçado, mas fofo ao mesmo tempo. Gostava de pizza, de verdade, então para si, era como dar o que mais gostava a ele, embora ele certamente não fosse ver daquela forma, parecia um presente divertido.
Midori aceitou a caixa e o pequeno embrulho, parecia tão delicado que imaginava que alguma outra pessoa havia feito para ele, Akai não faria nada que soasse delicado, ou em suas palavras, gay, mas estava surpreso que ele estregasse daquele modo. Ao pegar pensou em guardar para o natal mas ele parecia mesmo curioso para saber a reação então abriu e logo observou colar, riu ao notar a pequena fatia.
- Ora, você é quem deveria usar... - Riu novamente. - Mas claro, vai me fazer lembrar de você sempre, então faz sentido. Obrigado...
Akai sorriu meio de canto, estava envergonhado, mas havia conseguido dar então tudo bem.
- Você não precisa usar... Pode... Pode guardar. - Sorriu.
- Eu gostei, é legal. 
Midori disse e aproveitou para colocar o colar, imaginava o esforço que ele havia feito, tímido enrustido como era.
- Ficou legal. - Akai riu e pigarreou. - ... Ficou bom.
Midori riu, entre os dentes.
- Valeu, espero que não tenha sido caro.
- Ah, não se preocupe. - Sorriu. - A corrente é de prata.
- É, eu sei. Bem, eu não sei muito bem sobre o que você gosta... Pra poder te dar de presente.
- Não, não precisa me dar presente não, estamos de boa. - Akai sorriu meio de canto.
- Eu gostaria de saber. Saber mais sobre você.
- ...
Akai desviou o olhar a ele, estava um pouco envergonhado por estarem tendo aquele tipo de assunto, mas de certo modo, também queria saber.
- Ah, você sabe sobre mim
.
- Não de fato, e já nos conhecemos há quase três anos. Sei que gosta de pizza e não gosta do seu padrasto.
Akai sorriu meio de canto, a família era algo que não gostava muito de falar, era bem complicado, era uma pessoa reservada, não gostava de falar tanto sobre si, porque na verdade, não queria se aprofundar tanto em si mesmo.
- ... E o que você quer saber?
- O que quiser me contar.
- Ah, eu sou uma pessoa normal, não tem muito pra falar sobre mim...
- Hum, talvez em outro momento eu saiba mais.
Akai sorriu meio de canto.
- É sério, eu não tenho muita coisa pra contar.
- Você gosta de que além de pizza?
- Comer? Hum... Eu gosto de tudo.
- Prefere os salgados ou os doces?
- Salgado. Eu gosto muito de niikuman também
- Eu também gosto, na verdade acho que é meu lanche favorito.
- Sério? Bom, temos uma coisa em comum. - Riu.
- Mas o seu é pizza.
- Mas gostamos de Niikuman.
- Então vamos comprar alguns quando você for lá em casa.
- Bora. - Sorriu. - Doce eu gosto de bolo.
- Hum, eu gosto também. Mas acho que todo mundo deve gostar de bolo.
- Ah, nem todo mundo, conheço algumas pessoas que não gostam. Você... Já namorou com alguém?
Midori perguntou, era uma conversa descontraída, mas estava mesmo curioso sobre aquilo.
- Não, nada sério. - Midori indagou, o julgou curioso e bem, podia fazer o mesmo já que ele havia entrado no assunto primeiro. - E você?
- Nada sério.
Akai disse, igualmente, mas na verdade, ele havia sido a primeira pessoa que beijou na vida. Evitava a troca de olhares enquanto falava daquele tipo de coisa. 
- ... Você... Me disse que eu fui a primeira pessoa... É verdade?
Midori voltou-se para olha-lo, imaginando como havia tido coragem para perguntar sobre aquilo.
- Hum... O primeiro garoto.
- ... Você teve outra pessoa? 
Akai disse e naquele momento olhou pra ele.
Midori fitou-o ao que olhou para si, ele quase parecia enciumado.
- Hum... É... Uma garota. Você... não?
- ... - Akai desviou o olhar, e estava puto, mas não diria nada. - Claro.
- Aos quinze anos.
- Quem era? - Akai disse, com os dentes cerrados.
- Você não vai conhecer.
- E você, eu conheço?
- Não, certamente.
- E você gostou..?
- Sim. - Akai deu de ombros. - Você não?
- Hum.
Midori murmurou, deixou ele entender como preferia. Claro, havia conseguido ter prazer mas havia sido apenas isso. Com ele havia sido diferente.
- Mas eu gostei mais do nosso jeito.
Akai desviou o olhar a ele ao ouvi-lo e o rosto queimou como fogo, estava vermelho.
- ...
- Você não?
Midori indagou e diferente dele, não era tímido daquela forma, mas ver seu rosto tão vermelho era mesmo adorável, quis beija-lo.
- ...
Akai suspirou e desviou o olhar, achou que poderia se abrir um pouco com ele.
-  ... Eu nunca transei com ninguém na verdade.
- Ah... Eu achei que já, você fala tanto de garotas com o Hiro.
Midori disse e estava um pouco surpreso, mas no fim preferia imaginar que ele já havia feito com alguém e que havia sido melhor para ele como ele a si.
- ... É, eu... Só não conte pra ninguém.
- Por que eu diria sobre sua vida sexual com alguém? Sabe que eu não faria isso.
- Eu sei... Disse e suspirou. ... Eu nunca saí com nenhuma menina, você foi a primeira pessoa que eu tive... De todas as formas.
- Ah, verdade? Você sempre fala como se sim. Como se saísse com várias na verdade.
- É, mas... Não é verdade.
- E por que você age como se sim? Não precisa provar nada a ninguém..
- É que sei lá... O Hiro tem a sensei e a Miyuki, você também já ficou com outras pessoas...
- Mas eu nunca falei sobre isso.
- É, mas eu imaginei... E você realmente ficou.
- Sim, mas de ir pra cama só uma vez.
- Ainda assim...
- E aposto que foi melhor do que eu.
- Eu disse pra você outra coisa um pouco antes. Eu disse que gostei mais de como fizemos.
O riso de Akai soou nasal, estava enciumado, embora não quisesse dizer, e se calou quando percebeu que estava falando sobre aquilo tão abertamente. Seu riso soou nasalado, de alguma forma soou para Midori com ironia, ele estava enciumado? Se questionou, embora não soubesse dizer se estavam naquele nível, haviam feito duas vezes, se beijaram algumas mais, mas era sempre tudo dentro do quarto, aquela conversa era algo inédito no fim das contas, mas perceber seu interesse em saber se havia sido a melhor pessoa para si, era fofo, gostava disso.
-  Hum, você deve saber que eu não gosto de mulheres, Akai.
Akai desviou o olhar a ele, de soslaio.
- ... Você me disse que não era gay.
- Eu não disse que não era gay, eu só disse que não era viado. - Midori sorriu canteiro. Numa das férias de verão, acabei encontrando uma colega de escola por coincidência, como estávamos noutra província, acabamos saindo algumas vezes e aí eu fiquei com ela. Eu queria saber se eu realmente não gostava de uma garota, achei que talvez não quisesse nada romântico mas que talvez fosse diferente daquela forma, sexual.
- Hum... Entendi.
Akai disse, sem querer saber do restante da história. O coração pulsou forte no peito.
- Mas bem, eu não gosto de garotas.
Akai assentiu e abaixou a cabeça, estava um pouco desajeitado, envergonhado por ter iniciado aquele assunto e ainda enciumado.
- ... Vou ao banheiro.
- Você está com raiva de mim, Kai?
Midori indagou e tocou sua mão por um instante, sabia que talvez estivesse com ciúme ou sem jeito, mas também poderia estar estranhando a breve confissão,  então... 
Ao sentir o toque, Akai sobressaltou-se por um momento, mas não puxou a mão.
- ... Por que eu estaria? Você pode transar com quiser não é mesmo?
Midori o observou e por sua frase notou o que ele não estava gostando.
- Hum... Por que está incomodado com isso? Não é como se eu estivesse ficando com você e com outra pessoa ao mesmo tempo
- Eu não... - Akai falou alto, mas negativou e pigarreou. - Eu não estou incomodado.
Midori assentiu, não havia muito o que poderia fazer, deixou-o ter seu tempo, estavam num avião, não poderia fazer muita coisa ali. Só não entendia como estava tendo quase uma "DR" com o amigo. Akai suspirou e não poderia se levantar e sair, nem ir ao banheiro, tinha medo de levantar e cair, então se encolheu no banco e abraçou as próprias pernas. Estava irritado consigo mesmo pelos sentimentos, não entendia porque se sentia daquela forma, ele não era um namorado, não entendia porque estava tão incomodado, havia pensado que fora o primeiro dele, e isso era tão bom, mas agora, havia descoberto que não, mesmo que ele houvesse dito que o sexo consigo era melhor, era como se já tivesse competido com uma mulher. Era triste e estranho.
- Você quer que eu vá com você até lá?
Midori indagou, imaginando ao vê-lo se encolher que estava receoso sobre ir embora quisesse, ainda estavam há duas horas do destino desejado e estavam num avião.
- Não... Eu estou bem. - Akai disse e suspirou. - Só preciso de um tempo.
- Não quer ir ao banheiro? Digo, não precisa ir?
- Não... Eu acho que não.
- Hum. Você não está com ciúme, está?
Akai suspirou. 
- Não.
- Bem, ainda assim, como eu disse, sei que não somos algo como um casal, mas quero que saiba que eu gosto quando fazemos as coisas, foi a primeira vez que fiz com um cara então, eu penso como a primeira vez, já que antes disso eu só queria saber se eu era mesmo gay.
Midori levou a mão ao rosto ao terminar a frase um tanto mais baixo e pesaroso, não que tivesse vergonha mas era estranho dizer aquilo a Akai. Akai
 assentiu ao ouvi-lo, estava um pouco agoniado mas ouvir o que ele dizia parecia melhorar o vazio que sentia.
- ... Tudo bem, eu não ligo, não se preocupe...
- Não liga, hum. - Falou, mais para si mesmo.
Akai assentiu e suspirou, na verdade se importava, mas não queria dizer e fechou a mão firmemente, tentando ficar silencioso.
- ... Você... Você ser gay, isso... Isso não muda nada, tá?
Midori olhou-o de soslaio e sorriu tão de canto quanto o olhou. Imaginava que não devia importar afinal, estavam transando, mas de alguma forma, talvez não se dessem conta disso, uma vez que pensava lhe causar algum desconforto diante da sexualidade, e ele, parecia não gostar da ideia de ter ficado com uma mulher ainda que fosse gay, talvez fossem apenas dois tapados. Akai desviou o olhar, não olhava diretamente pra ele.
- Quer dizer... Você sempre vai ser o meu melhor amigo, não importa.
- Eu sei, você falar isso faz parecer algo que precisa ser falado. Eu não acho que precise, é normal, só que eu não terei uma namorada como o Hiro... Ou você.
- Mas você sabe que eu nunca faria algo que você não quisesse, então..
Akai assentiu conforme desviou o olhar a ele.
- Não, eu falar isso é necessário pra você saber que se alguém mexer com você por causa disso, eu vou espancar a pessoa até ela implorar pela vida. É algo que precisa ser dito pros amigos.
Midori riu baixinho.
- Bem, você é a única pessoa que geralmente zoa chamando os outros de viado, então... Além do mais, ninguém sabe disso, eu não sou assim tão descarado.
- Hum... - Assentiu. - ... Tudo bem.
- Mas valeu. Você gosta de garotas, hum?
Akai uniu as sobrancelhas, não sabia responder exatamente a pergunta, mas não queria dizer que era gay... Na verdade sentiu agonia de pensar em algo assim, tinha vergonha de si mesmo.
- Gosto.
- E de... Garotos?
Akai mordeu o lábio inferior e desviou o olhar.
- Não gosto de garotos.
- Ah sim.
Midori disse, um pouco confuso, mas achou melhor encerrar o assunto. Akai s
uspirou, não queira entrar naquele assunto, era algo que ainda não entendia direito.
- ... Ah... Falta muito?
- Hum, não sei, acho que em algum momento eles vão avisar, mas acho que pelo menos umas duas horas, uma e meia.
- Meu Deus... - Disse e negativou. - Mas até que não está tão ruim.
- É, é legal. Quer sentar aqui? Na janela.
- Não! Não... Tô tranquilo.
- Deveria ver, é bem bonito.
- ...
Akai desviou o olhar a ele, tentando ver a janela. Midori a
jeitou-se, afastando o banco e deu espaço para fitar a janela pequena ao lado do assento. Akai fitou a janela, era bonito mesmo.
- ... É bonito.
- Você quer vir pra cá?
Midori indagou, embora estivesse reparando em seu rosto enquanto ele olhava a própria direção para ver a janela.
- ... Não, não quero tirar o seu lugar, eu posso ver daqui.
- Eu não me importo, já fiz a metade da viagem aqui. Vem.
Akai assentiu e soltou o cinto, trocando de lugar com ele para a janela e fitou as nuvens, era tão bonito.
- ... Nossa.
Num movimento rápido, Midori trocou de lugar com ele, até deu uma esbarrada no espaço estreito em que se locomoveram, tocando-o em seu dorso corporal, mas se acomodou em seu lugar anterior e sorriu com deu deslumbre pela paisagem. Akai sorriu meio de canto.
- ... É lindo... Estamos no céu.
- Estamos.
Midori disse e sorriu, vendo como ele parecia uma criança, gostava dessa parte dócil e tímida de Akai. Akai r
iu baixinho e tocou a janela, não poderia tocar as nuvens é claro, mas queria poder.
- Bom dia, vocês querem pedir sua refeição?
Disse a aeromoça, trajando roupas justas em azul escuro, o cabelo era tão polido quanto seu sorriso.
Akai desviou o olhar a ela e depois a ele, não estava entendendo nada.
- Você quer pedir o café?
Midori indagou ao moreno que parecia confuso. Deu a ele a pequena cartilha para escolher alguma das opções. 
- Ah... Eu aceito suco.
- Não quer comer nada? Eu sei que você é comilão.
- Quero a batata frita... - Akai disse a unir as sobrancelhas.
Ele gostava das porcarias, Midori sabia. No fim pediu para si um café e o melon pan, para ele as batatas e o suco. Agradeceu após receber os pedidos, poucos minutos depois. Gostava de como ele parecia se divertir com tudo. Akai sorriu e abriu o pacotinho de batata, bebendo um gole do suco. 
- Oishi.

Compartilhe:

DEIXE UM COMENTÁRIO

    Blogger Comment

0 comentários:

Postar um comentário