Kyo e Shinya #38


Shinya tinha os olhos fechados e na face a expressão tranquila, descansava junto do outro na cama, porém os lentos movimentos que fez, talvez causassem a ele o sutil incômodo. Acordou no susto a se sentar na cama e observou o quarto escuro, os olhos ainda embaçados que foram preenchidos pelas lágrimas que escorreram pela face, porém, não disse nada a ele, não queria acordá-lo, da própria boca não saía nada, nem um simples suspiro, estava em silêncio absoluto. Observou-o apenas, dormindo lado a si e voltou a se deitar, aproximando-se do outro e encolheu o corpo junto ao dele, entre o braço dele que levou ao redor da própria cintura, sentindo as mãos sutilmente tremulas.

- Shin...?
Kyo indagou suavemente rouco, baixo e leve. O braço pesado guiado sob seu corpo com mão trêmulo e ruídos quase imperceptíveis vindos dele, se não fosse por estar sonolento.

- Hum? - Shinya murmurou apenas, a voz igualmente tremula, porém tentou disfarçar.
- Está passando mal? - O menor falou ainda assim baixinho.
- Iie... Estou bem, só tive um pesadelo...
- O que sonhou?
- Não é importante...
- Só algo ruim. Ao menos, já acordou...
- Eu sei...
- Eu fiquei mais feliz em ver que estava do meu lado quando acordei.
- Sonhou algo ruim comigo?
- Nós dois.
- E o que foi?
- Sonhei que me mandava embora...
O maior murmurou e uniu as sobrancelhas, sentindo as lágrimas a preencher os olhos novamente.

- Por que eu faria isso?
- Não sei... Você disse que não me queria mais por perto, e me mandou embora, você... Já me disse isso várias vezes.
- Não vou fazer isso.
- Eu... Eu sei. - Disse o maior.
- Então.
- Por isso eu não quis te acordar... Não foi nada demais.
- Então por que está tremendo?
Kyo tocou numa de suas mãos, envolvendo-a com a própria. O baterista u
niu as sobrancelhas ao sentir o toque e permaneceu em silêncio por alguns segundos.
- Fiquei com medo...

- Hum... - O menor murmurou. - Faz algum tempo que não digo, mas eu te amo, Shinya. Não tenha medo, não esteja inseguro, quero estar com você.
O maior assentiu, mesmo em silêncio a ouvi-lo e abraçou-o.
- Eu também te amo... Muito.

- Pare de tremer.
- Hai... Eu vou...
- Quer que eu faça um chá pra você? Talvez assim melhore.
- Não, eu... Tudo bem. Desculpe te acordar.
- Não me peça desculpas, quero que esteja bem, e se isso envolve que eu acorde, tudo bem.
Shinya assentiu, observava o outro e por um momento até parecia um sonho, o modo como ele falava consigo, demonstrava carinho, algo que dificilmente tinha dele antigamente, não sabia se ele só estava com sono, mas sua expressão parecia de alguma forma, genuína, embora preguiçoso.
- Vem, deita. Amanhã faremos algo legal, pare de pensar besteiras.
- Eu vou...
- Direi ao Kaoru que não iremos ao ensaio, e podemos sair um pouco.
- Tudo bem... Kyo... Obrigado.

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