Ikuma e Taa #78


- Takuan, você já tomou banho?
- Mãe, eu pareço uma criança! Tenho quase vinte anos já, eu já vou!
- Você ainda é uma criança pra mim, filho.
Taa riu e deslizou a mão pelos fios de cabelo do filho, beijando-o no rosto e o viu limpar enquanto ria, seguindo a seu quarto. Negativou e virou-se, seguindo ao próprio quarto, onde não encontrou o maior, que certamente chegaria logo, então não se importou. Adentrou o banheiro, retirando as roupas no caminho e observou-se no espelho, ajeitando os cabelos, que certamente iria lavar. Colocou um roupão sobre o corpo, somente para que não andasse nu pelo banheiro e seguiu ao armário onde pegaria um pedaço de algodão para tirar o excesso de maquiagem do rosto, porém fora forçado a se apoiar na parede devido a dor que sentiu no abdômen e uniu as sobrancelhas. Era vampiro, não se lembrava da última vez que havia sentido aquela dor, na verdade, se lembrava muito bem, e por isso se preocupou. Deslizou a mão pela parede, cerrando os dentes na boca, porém, não gritou, nem gemeu, se quer fez algum barulho, somente se encolheu a se sentar no chão, afinal, 
os filhos poderiam ouvir, e não queria. Ouviu os passos do lado de fora, e provavelmente o loiro havia chego, ou se atirado para dentro do quarto, sabia que a própria dor podia ser sentida por ele, e negativou quanto a isso, não conseguia nem esconder. Suspirou, sentindo a fisgada que havia tido por morder o lábio inferior e tentar conter os sons e lambeu o sangue pelo lábio, limpando-o. Apoiou a mão no chão, ainda meio dolorido e assustou-se ao ter tocado algo liquido, meio grosso, ergueu a mão em direção a face e observou o sangue a escorrer pelo pulso, negativou consigo, esperando que ele não chamasse.
- Taazinho, meu amor, abre a porta pro seu maridinho.
Ikuma disse após todo caminho que fez da boate até a própria casa. Desceu até lá, sentindo o desconforto do companheiro, podia não sentir com exatidão a dor, mas podia saber que ele a sentia e quase o grau com que sentia. Era por isso, que aquela altura, estava parado ali, queria evitar uma porta quebrada. Taa o
bservou a porta, e ele parado ali, ponderou um longo tempo e tentou se apoiar na parede, mas se sentia meio tonto, então permaneceu ali mesmo.
- Ikuma... Eu abro já, estou tomando banho!
- Ah não mente que é feio, lagarta. Abre isso aí, se não conseguir eu vou ter que quebrar a porta.
- Não, vai ser caro pra arrumar, espera um pouco que eu já abro.
- Deixa eu ver se a Shizuka tem um grampo de cabelo.
- Ikuma! Espera.
Ikuma negativou consigo mesmo e levou a mão até a maçaneta, claro que a girou com força suficiente para danificar a peça e consequentemente conseguir abrir, junto a ela, que ficou na própria mão. Pelo menos não havia quebrado a porta inteira, só o suficiente pra um reparo simples depois.
- Oh que isso, é um banquete pra mim?
Disse ao perceber o sangue, que saía de modo incomum de uma zona também não habitual. É claro que ficaria um pouco sem jeito naquela situação, fosse pelo modo como encontrara o parceiro ou por perder um filho, mas não demonstraria isso a ele, já que desconfortável o suficiente, embora igualmente não mostrasse para si.
- É uma pena que eu tenha me alimentado tão recentemente, mas vou te dar um bainho antes de ir pra cama.
Taa suspirou, tentando se levantar ainda, e era ainda pior com ele na porta, sabia que logo ele iria abrir sem se importar com o aviso e fora exatamente o que ocorreu. Desviou o olhar a ele, meio irritado pelo modo como havia entrado e abaixou a cabeça a esconder a face, o roupão branco a essa hora já estava sujo de sangue, assim como o chão e a mão que havia tocado o piso. Negativou e de fato não queria levantar e achar qualquer coisa estranha pelo chão, por isso se manteve ali.
- Feche a porta, não quero que as crianças escutem.
- A porta está fechada, só não trancada porque...
Ikuma disse e mostrou a ele a maçaneta na mão, e que deixou de lado após pegá-lo no colo e colocá-lo à beira da banheira onde pôde tirar o roupão de seu corpo e assim colocá-lo em seu banho, tirando o excesso do sangue, limpando seu corpo. Por um momento pegou o celular no bolso e ligou ao médico, enquanto ligava, voltava ao banheiro, trazendo ao companheiro um pouco de sangue, suficiente para repor o seu e aliviar a dor. 
- Ikuma, não...
Taa murmurou ao senti-lo pegar a si no colo e não sabia o que era pior, aquela situação ou parecer tão fraco diante dele. Negativou, sentindo a água morna que levava o sangue embora, limpando o corpo e abaixou a cabeça, sentindo as lágrimas que se formavam nos olhos, e ainda não havia pensado naquela situação, quer dizer, não sabia que estava grávido, não havia se apegado ao bebê, aquilo era triste, mas tinha outros filhos, o problema era quando não tinha nenhum, tinha medo de não poder ter mais, e agora, estava tudo bem, não havia problema, mas sentia vergonha por ele ver a si daquele modo, sentia desgosto por não conseguir se cuidar. 
Observou o sangue trazido por ele e negativou, embora ainda sentisse dor, a vergonha não deixava aceitar e apenas ficou ali parado, sentindo a água escorrer pelo corpo.
- Estou bem.
Ikuma franziu o cenho, enquanto falava ao telefone, denunciando o desagrado a ele, e tornou empurrar o sangue para ele.
- Beba. - Ordenou, mesmo no telefone o qual desligou algum minuto depois. - Estou falando pra tomar Taa.
Taa desviou o olhar a ele, observando-o, sério mesmo com a expressão chorosa e assentiu, aceitando o copo com o sangue, que tomou.
- Ora, não fique triste, lagartinha. Já já te faço outro.
- Não estou triste por isso, idiota.
Taa murmurou e logo entregou o copo a ele, tentando se apoiar na parede, embora com pouca dificuldade.
- Está com vergonha, seu nojento? - Ikuma resmungou. - Pare com isso. - Disse e o ajudou a se por em pé, para o banho, ainda que precisasse descansar. 
- Eu estou bem... Não precisa fazer isso.
Taa murmurou, tentando mudar de assunto e logo pegou a esponja para lavar o corpo.
- Ah, como se eu não estivesse sabendo.
- Não queria que visse...
- Pior do que ver sou eu saber e ficar lá fora sem fazer nada. Acha que eu vou pensar o que?
- Desculpe... Tudo bem.
Taa murmurou e suspirou, ensaboando o corpo, e teve que se apoiar nele, mesmo a molhar seus braços e a camisa. Ikuma s
egurou-o em torno de sua cintura, e deixou-o se lavar como queria, ainda que preferisse fazer isso em seu lugar, mas somente ajudou o enxague e logo o retirou do banho, levando consigo até o quarto, secando seu corpo, vestindo-o com a roupa íntima, somente no que era suficiente. Taa segurou-se no outro, que havia ajudado a seguir para o quarto e beijou-o no rosto, como agradecimento, as lágrimas ainda nos olhos. Não sabia exatamente porque tinha aqueles abortos, não era comum para um vampiro, era provável que quando humano, tivesse algum problema.
- Preciso limpar o chão...
Ikuma sorriu de canto ao sentir o beijo, que soava bem ingênuo na verdade, era fofo.
 - Seus olhos vão murchar. - Disse, provocando-o pelo quase choro. - Eu vou limpar, mas vamos esperar o médico primeiro.
Taa assentiu e riu baixinho ao ouvi-lo, negativando.
- Não fale pras crianças, ta bem?
- Não tenho porque dizer. 
Ikuma retrucou ao parceiro e abaixou-se, beijando-o em sua testa. Seguiu logo para atender ao médico, um diferente desta vez, aparentemente, indicado pelo amigo de família e médico habitual que impossibilitado de se deslocar diante de inclusive, complicações com outra criança. Deu vazão ao moreno e indicou o quarto onde o companheiro, fitou-o claro dos pés até a cabeça, notando seu desconforto talvez pela falta de costume na situação.
- Porra, você é bem alto. - Disse, sem rodeios. - Provavelmente é novo nisso. - Disse e notou-o se arrumar a dar atenção ao parceiro, iniciando os preparos para a "limpeza".
Taa sentiu o beijo e sorriu ao maior, observando-o enquanto seguia até a porta e suspirou, já até imaginava ter que passar por aquele problema todo devido ao bebê perdido, que nem queria pensar.
- Oi... - Falou ao doutor, meio desconfortável e desviou o olhar ao loiro. - ... Vou ter que fazer outra cirurgia?
- Infelizmente, mas será algo pequeno. No caso de aborto, alguns resíduos ficam nas paredes do útero, sendo homem, sem passagem para a limpeza natural do corpo, precisamos abrir para que saiam. Ou podemos deixar, mas eventualmente pode sentir alguma dor, algumas cólicas, então é recomendável.
Ikuma parou um pouco ao lado, dando uma boa olhada no médico, no companheiro, notando de havia algum traço de interesse na boa aparência do moreno. Deu até uma estreitada nos olhos, analisando melhor. Mas no fim apenas brincava com o maior, fazendo questão de deixar a olhada aparente.
- Tá tudo bem aí em cima, Doutor? Como é a vista daí? - Ikuma disse e viu o médico sorrir, mesmo durante sua explicação. 
Taa desviou o olhar ao menor, unindo as sobrancelhas ao ouvi-lo falar daquele modo com o doutor, embora no fundo, quisesse rir e assentiu.
- Hai... Eu também sou médico, mas... Tem muita coisa que eu ainda não sei. Murmurou e suspirou, ainda um pouco chateado pela situação.
- Vai precisar de toalhas?
- É um pouco complicado quando você precisa se adaptar às mudanças do corpo. - O médico disse ao rapaz, como o que podia retrucar do seu comentário. - Preciso de dois lençóis, um para a cama e outro para que você se cubra. 
Taa assentiu e desviou o olhar ao noivo parado ali.
- Ikuma, você pode, por favor?
- Posso o que? Não vou sair. 
Ikuma resmungou e fez um bico ao falar, no entanto sorriu e caminhou até o closet, pegou os lençóis e levou até a cama, ajudando o companheiro ao forrar a cama e dispor o outro sobre seu corpo, parcialmente. Taa s
orriu a ele e suspirou, inclinando o pescoço para trás e fechando os olhos, agarrando o lençol entre os dedos. Ikuma observou em silêncio, assim como o médico a formular o início do procedimento. Por algum momento ficaram parados lá, sem nada a dizer ou fazer, enquanto ele aparentemente esperava a anestesia a fazer efeito, suavizando possível sensação da abertura e da limpeza de seu organismo. Quando logo deu início a cirurgia que não durou muito tempo, tirou no lençol o que tinha lá dentro, e era tão pequeno que mais parecia sangue em coágulos. Por um instante se virou e fitou o lado oposto, de braços cruzados. E quando finalmente enrolou o lençol sujo, cedeu uma sacola para o descarte onde foi colocado. Voltou-se ao parceiro e deu-lhe já o sangue para que pudesse se recuperar. Taa desviou o olhar ao menor, que andava pelo quarto junto ao médico e uniu as sobrancelhas, queria chorar, mas não o fazia nem em frente a ele, ainda mais do médico, nem nos partos o havia feito, mesmo sentindo dor. Suspirou e desviou o olhar logo após, esperando pelo sangue que tomou em poucos goles e já podia sentir as próprias feridas se fecharem e a pele cobrir os cortes feitos, colocando tudo no lugar. Suspirou.
- Obrigado doutor.
Murmurou, observando o outro, e não quis ver a sacola que ele segurava, nem lençol algum, nem sangue algum, só queria que o médico saísse do quarto logo, para que pudesse ficar sozinho. 
Num cumprimento de mão, Ikuma despediu-se do rapaz, era um vampiro jovem, pôde deduzir. E ao sair, demonstrava a gentileza de levar consigo o que precisava ser descartado, talvez no intuito de não fazer com que um dos pais da criança quase nada formada, o fizesse. Agradeceu ao rapaz que levou até a porta. Voltou ao parceiro a seguir e lhe deu algumas roupas, deixaria-o se vestir, estaria melhor logo após beber o sangue, deixaria-o dormir também. Taa vestiu-se com as roupas dadas pelo menor, não se preocupando muito em quais fossem e logo, deitou-se novamente, deixando outro suspiro escapar, pesado e piscava algumas vezes, evitando as lágrimas. Abraçou o travesseiro e desviou o olhar a ele, parecendo um bichinho encolhido na cama.
- Desculpe.
Ikuma ignorou o que dizia e abaixou-se novamente a beijá-lo, na bochecha dessa vez e pertinho do pescoço.
- Está tudo bem, nem tinha consciência ainda. Eu vou limpar o banheiro e você dorme, depois te dou uma folhinha nova pra melhorar.
Taa assentiu ao sentir o beijo e virou-se a lhe selar os lábios, mantendo-se daquele modo na cama e o observou a seguir ao banheiro.
- Papai!
Takuan falou a adentrar a casa e encontrou o loiro na cozinha, parecia buscar sangue para si, não sabia, mas parecia tranquilo, então se manteve tranquilo também, suspirando.
- ... O que houve?
- Sua mãe estava com dor abdominal, agora está triste no quarto porque eu sei disso.
- ... O que? Mas ele é vampiro.
- É, eu disse pra ele se alimentar melhor.
- Ah... Hai...
- Fique tranquilo, ele está com vergonha, deixe ele quietinho. Volte pro seu serviço.
- Hai... Desculpe, é que... Eu me assustei. Achei que ele tinha caído, sei lá.
- Por que vocês tem mania de pedir desculpa? - Ikuma indagou, curioso sobre porque ele ou os filhos tinham essa mania.
- Eh? Ah, é que eu não quero me intrometer.
- Como se não fosse mãe de vocês. - Ikuma disse e deu uma bagunçada no cabelo do filho. 
- Ah, eu sei, mas isso é assunto seu e dela. - Takuan sorriu.
- Pode ir fazer o que tiver de fazer. - Ikuma disse e pegou a bebida, seguindo com ela até o quarto.
- Hai... - Takuan murmurou a observar o pai e logo seguiu em direção ao próprio quarto.

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