Kazue e Toshinori #4


Era início de noite, Toshinori havia acabado de entrar no trabalho, então deixou a mochila de lado e ajeitou a gravata, usava uma calça preta, camisa social, gravata e colete, bem alinhado sobre o corpo magro. Tinha um trabalho não muito convencional, mas não se importava, era discreto. Sabia que naquela noite iria vê-la, mais tarde, quando saísse do trabalho. 
- E ele quis me levar pra casa dele, queria transar comigo, eu disse que meu emprego não é esse, é só acompanhar ele pra um restaurante, algo assim.
- Bom dia, Yuri. 
- Bom dia, Toshi. Já pegou alguém cliente hoje?
- Não. Acabei de chegar. 
- Eles já estão servindo as bebidas no bar, vê se alguém quer companhia.
Toshinori assentiu e ajeitou os cabelos em frente ao espelho, não era um trabalho convencional porque poucas pessoas tinham coragem de fazer, mas vampiros, bem, tinham gostos peculiares, pervertidos. De todo modo, não era um prostituto, não transava, só acompanhava, se sentava com alguém para algumas bebidas, ia a festas, aniversários, o que eles quisessem desde que pagassem, mas o dono não sabia que aceitava alguns trabalhos por fora da boate, assim como não sabia dos outros garotos, ou certamente, seriam demitidos. 
- Vai pra boate depois pra ver a Kazue?
- Que? Como você sabe?
- Ah, todo mundo só fala disso lá. Ela é gostosa pra caralho, e é uma Serizawa. Você tem sorte.
Toshinori uniu as sobrancelhas, enciumado pelo elogio, mas assentiu.
- Parem de conversa, tenho um cliente pra você, Toshinori. Gente importante.
Kazue acomodou-se num dos estofados da casa, noutra extremidade dele os demais vampiros dos quais trocavam algumas palavras, falavam sobre negócios. Usava naquele dia uma calça de couro preta, camisa branca e um casaco felpudo e simplesmente decorativo, não sentia frio afinal, cor creme, o que fazia com que os cabelos loiros se mesclassem à cor dos fios da peça. Não chamou por ninguém, esperava o atendimento no entanto.
- A maior parte das peças são ajustáveis, a menos que queira placas além de cordões ou correntes, deve modo fica melhor ajustar ao corpo de que deverá usar. Imagino que serão para os cortesãos mais requisitados, então qualquer peça deve ser útil. - Disse ao moreno defronte. 
Ao sair para o salão, Toshinori passou no bar e pegou as bebidas deles, serviria a mesa naquela noite, como garçom, acompanhante, junto com outro garoto que havia sido pedido, mas ele tinha cabelos loiros, pintados, é claro. Podia sentir no salão um cheiro familiar, e ainda mais quando chegava perto da mesa, mas distraído, não deu atenção de fato, havia muita gente, os cheiros eram confusos. Ao colocar as bebidas sobre a mesa, ergueu o olhar finalmente.
- Boa noite, eu sou... Sou... - Cessou conforme a viu, quase engoliu em seco, teve que se recompor e pigarrear para se lembrar do que iria falar. - Toshi... Toshinori. Eu... Vou servir vocês essa noite. - Disse e tentou não fazer contato visual com ela, deixando os cabelos negros caírem sobre os olhos. - Vocês... Querem mais alguma coisa? Bebidas?
Por um instante, ela não deu atenção aos odores do lugar, eram sempre camuflados e cheios de aroma, sangue, drinques, cafés e vampiros jovens, no entanto, com a proximidade, não poderia deixar de notar. Voltou-se ao atendente, tão logo que ouviu sua voz, antes mesmo de olhar para ele já sabia quem era.
- Boa noite, Toshi Toshinori.
Disse, tal como ele havia timidamente se apresentado, só não entendeu a ideia dos cabelos jogados em frente ao rosto, como se fossem um tipo de cortina, como se pudessem esconde-lo.
- Somente Toshinori. - Ele disse, desviando o olhar a ela e sorriu meio de canto, estava envergonhado pelo trabalho. - ... 
- Não queremos mais nada por enquanto, obrigado.
Disse o rapaz moreno de cabelos compridos e olhos afiados. Toshinori desviou o olhar ao lado e viu o rapazinho loiro que também se apresentou num sorriso e sentou lado aos morenos, era de praxe, fazer companhia apenas, servir as bebidas, sorrir e não se meter nos negócios, somente isso. Mas estava ali em pé, envergonhado e o garoto fitou a si como quem estivesse perguntando o que estava fazendo. Sentou-se timidamente ao lado dela e serviu a bebida no copo dela.
- Somente Toshinori.
Kazue disse copiosamente, porém assentiu ao que dizia Katsuragi, não precisavam de nada por enquanto. Sob a mesa porém, enquanto ele se acomodava, tocou sua coxa, aonde simplesmente permaneceu com a mão. Tragou da bebida e bem, embora estivesse surpresa por encontra-lo ali, falar de negócios era falar de negócios.
- Voltando ao assunto, ambas as opções são viáveis, podemos fazer maciço ou apenas banhado, ouro, prata, bronze, platina. As pedras mais pedidas são os rubis, como devem imaginar. O prazo é de cinco dias e em caso de medidas específicas preciso do rapaz à disposição por um ou dois dias.
Ao sentir a mão dela porém, Toshinori sorriu meio de canto e a tocou igualmente, daquele modo, sem pudor algum, gostava dela e isso não era segredo, até os amigos já sabiam. 
- Hum, e se o garoto for eu? Eu gosto das suas joias, queria algumas pra mim, você iria gostar, não iria, Masashi?
- É claro que sim. 
Kazue sorriu ao ouvir o moreno e seu incentivo junto ao parceiro.
- É claro, será um prazer. No entanto, todos os garotos que usarão as roupas devem acompanha-lo caso as peças não sejam apenas por cordões e correntes, hum? Caso prefira tapa sexo ou corpetes. Senão podemos apenas ajustar a partir do seu biótipo. Você pode olhar o catálogo de cores das peças.
Ela dizia e teve de brevemente desviar o toque dele, colocando à mesa a amostra das correntes e posteriormente pequenas pedras igualmente catalogadas, mais à frente algumas fotos, modelos já prontos. Enquanto conferiam, voltou-se de soslaio ao garoto.
- E você, rapaz, o que me sugere de bebida?
Toshinori ouviu silencioso, consigo mesmo pensava em uma única palavra que ela havia dito: rubi. Se vendesse a própria casa talvez pudesse comprar uma roupa daquele catálogo, talvez nem isso. Espere, nem tinha uma casa, morava de aluguel.
- Hum? Ah, as bebidas... Bem, pra você eu sugiro as Margaritas, com tequila ou vodka. Você gosta? Ou algo com hortelã... Shisô? Desculpe, eu ainda não sei do que você gosta. Talvez só saquê, forte e puro ou com kiwi.
Disse num pequeno sorriso, era o 
- Hum, acho que você tem muitas sugestões.
Kazue disse e por fim não exatamente escolheu alguma bebida, não o faria sair dali naquele momento. Apenas pegou o que já estava servido por ele e tragou da bebida. Voltou tão logo a mão por sua coxa, subindo até o meio das pernas e deu uma apertada.
- São todos bonitos. Eu me resumo a escolher o que gostaria em você, amor. - Disse Masashi.
Toshinori sorriu a ela, meio de canto e atencioso ao catalogo mesmo de longe, quase teve um sobressalto ao sentir o aperto, mas por sorte, fora discreto e desviou o olhar a ela.
- ... 
- Hum, tudo bem. Para os garotos, eu vou enviar dois dele pra você pedir e confeccionar as peças. Quero essas com ouro branco, algumas com rubi e outras com diamantes. - Disse Katsuragi.
- Acertaremos a quantidade das peças e o modelo quanto chegar para tomar medidas, uh?
Dito, Kazue podia ver o olhar curioso do garoto à mesa, portanto deixou um dos catálogos, tinha fotos femininas e masculinas com algumas das peças de roupa já feitas na loja, a maioria explícita. Tornou dar a ele um aperto firme.
Toshinori viu o rapaz assentir e curioso fitou o catálogo deixado em frente a si. Ao sentir o segundo aperto, mordeu o lábio inferior, mas levou a mão sobre a dela, apertando-a, não podia ficar excitado no trabalho.
- As roupas são lindas, eu adoraria usar uma dessas.
Disse o loirinho num pequeno riso para seus acompanhantes.
- Ah é? Talvez eu possa te usar de modelo.
Kazue disse ao garoto, muito mais relaxado que Toshinori. Insistiu no aperto, ignorou seu toque, na verdade fingiu interpreta-lo como uma continuidade e não um freio.
- Ah, é? Eu iria gostar. - Disse o loirinho.
- Eu gostaria também de ser modelo.
Toshinori disse, claro, enciumado com o garoto e quase rosnou para ele, ele sabia sobre ela e a si e por isso deu um pequeno sorrisinho. Kazue v
irou-se para o moreno ao lado e sorriu, ele falou tão depressa que achou graça no retruque.
- Claro, vamos conversar sobre isso mais tarde, ah?
- Hum, vocês dois ficariam bem trabalhando pra mim também. Quanto ganham aqui? Fariam dez vezes o valor disso num mês. - Disse Katsuragi.
Toshinori sorriu meio de canto, sabia quem ele era, não tinha interesse em ser prostituto, só queria pagar as contas.
- Obrigado, Katsuragi-san, mas tenho que recusar sua oferta. 
- Hum, eu até que gostaria. Pensa, vários homens bonitos todas as noites e ainda receber pra isso. - Disse o loirinho.
- Qual sua idade? 
- Eu tenho dezoito.
- Bem, então apareça na casa se tiver interesse.
- Hum, eu vou sim! - O loiro sorriu.
- É, você também ia ter vários homens bonitos, Toshinori. Homens ricos, afinal, qual é a mãe que pagaria por roupas de ouro para seus cortesãos?
Toshinori sorriu meio de canto.
- Ah, eu não quero roupas de ouro. - Disse a ela e murmurou, suficiente para que ela ouvisse. - Estou feliz com meu jornal. 
- Deve ser um jornal muito confortável, eu suponho. Achei que havia gostado e por isso queria ser modelo, para usar elas. Acho que no fim você só quer me mostrar como elas ficam em você, hum? 
Toshinori sorriu meio de canto.
- Hum, e a senhora gostaria de me ver com as joias?
Falou com ela, como falava com os clientes habitualmente.
- Senhora? Não sou sua avó, meu querido.
Kazue apertou-o novamente com a ponta dos dedos. O moreno r
iu baixinho e mordeu o lábio inferior, segurando a mão dela mais uma vez.
- Como devo chama-la então?
- Depois eu digo.
Kazue retrucou e sorriu a ele, com o olhar no entanto. Se levantou junto a Katsuragi e Masashi, dos quais apertou as mãos e trocou algumas palavras a mais antes de então se despedir. Toshinori s
orriu meio de canto e permaneceu sentado enquanto eles se despediam, o garoto se levantou, seus clientes estavam indo embora e Katsuragi deixou uma nota alta na mão dele, com o telefone de sua casa. Kazue se sentou novamente após a saída dos clientes, permaneceu em silêncio até se voltar para ele e então sorriu, canteiro.
- Então você é um acompanhante
Ao vê-la se sentar, Toshinori sorriu meio de canto, sabia que a pergunta viria, e veio rápido.
- É, parece que sim.
- Eu bem que havia provocado você, parece acertei. Trabalhando como um acompanhante, não deveria morar num simples jornal.
Toshinori riu baixo.
- Eu não faço sexo. Eu só vou a festas, encontros, sirvo bebida. Claro que não durmo num jornal de fato.
Ela riu, uma vez que ele parecia levar a sério o que dizia.
- Sei.
Ele riu.
- Quer conhecer meu apartamento?
- Não, quero que me atenda bem hoje. Vamos, me traga uma bebida, escolha uma que você ache viável.
- Hum, tudo bem.
Toshinori sorriu e observou o cardápio, só havia visto ela beber saquê, mais nada, mas quando olhava pra ela, sabia que ela deveria gostar de coisas boas. Levantou-se conforme seguiu ao bar e trouxe uma garrafa de vinho, o melhor que tinha na casa.
- Você gosta?
Kazue viu-o partir como se tivesse alguma ideia do que buscar. No fim regrediu com uma garrafa escura e fosca. Sorriu, era uma tentativa segura, vinho.
- Gosto, você gosta?
- É claro. Quem não gosta de O negativo? - Toshinori disse num sorriso. - Quer outra coisa?
- Não, sente-se. - Ela disse logo após ser servida por ele.
Toshinori assentiu e sentou-se ao lado dela.
- Hum, que bom que o Yuri foi embora. Ele te chamou de gostosa hoje cedo.
- Ah é? Provavelmente estava provocando você.
- Deve estar, esse maldito.
- Ah, é ciumento. Nem você sabe se eu sou gostosa.
- Lógico que eu sei. Eu tenho olhos.
- Não se come com os olhos, meu querido.
- Hum, eu não sou fissurado em comer ninguém, eu gosto de aproveitar o momento. - Ele disse num sorriso. - Se você quiser, eu faço, mas pra mim só importa passar um tempo com você, de qualquer jeito.
Kazue arqueou a sobrancelha, não entendendo o quão profundo ele foi no assunto, parecia diferente naquele dia.
- Ah, é? Que tipo de personalidade nova é essa, Toshinori? Não parece nem que foi a pessoa que falou vai se foder e veio comigo pro quarto só por um pingo de sangue.
Toshinori riu e serviu do vinho a ela, pouco mais. Estou no trabalho, a hora que eu sair eu posso mandar você se foder, por hora, se meu chefe escuta, estou na rua.
- Estou falando que a princípio não estava pensando em aproveitar o momento. Eu sou seme. - Ela disse, imitando-o.
Toshinori estreitou os olhos.
- Eu sou seme. Não muda minha preferência sexual. E pare de me zoar.
- E qual sua preferência sexual, Toshinori?
- Com preferência eu quis dizer posição.
- Então quer dizer que preferia ser ativo comigo?
- Eu não disse isso.
- Seu merdinha, você não sabe de nada, não é?
Ele riu.
- Eu não sei como te responder porque, eu nunca gostei de uma mulher.
Ela sorriu, canteiro.
- Bem, tenho de ir embora.
Disse e no fim tragou do vinho servido por ele, era doce e acentuado, mas não chegava a ser licoroso, era uma boa escolha.
- Ah, não vá embora. - Toshinori disse e uniu as sobrancelhas. - Fique mais um pouco.
- Qual seu horário de sair? Estou mesmo afim de enfiar a mão na sua cara.
Ele riu e mordeu o lábio inferior.
- Saio onze horas. Por isso é difícil chegar antes de algum uke no seu quarto, já que você chega meia noite. Eles costumam já estar lá.
- Então seja rápido, rapaz.
Toshinori assentiu conforme a ouviu.
- Serei.
- Agora vou até lá, ainda vou tomar banho, ver se tem gente me esperando. - Provocou.
- Hm, é assim então?
- Acho melhor você se apressar, como eu disse.
Dito, Kazue levou a mão até seu sexo, o apertou por baixo da mesa. Toshinori g
emeu baixinho e suspirou.
- Não faça isso, eu não posso ficar duro no trabalho.
- Mas não estou tentando te deixar duro. - Kazue sorriu. - Você é mesmo masoquista no fim?
- Pelo jeito eu sou, não? Descobri recente.
- É, parece que sim. Mas me pergunto até que ponto. - Ela sorriu.
- Hum, por que você não descobre? - Toshinori sorriu meio de canto.
- Não é do jeito que pensa. Mas vamos ver.
Toshinori uniu as sobrancelhas, não entendia o que ela falava, não sabia que ela certamente estava falando de sentimentos.
- Estou indo. - Dito, Kazue deixou o pagamento sobre a mesa, claro que deixou mais do que precisava da gorjeta, mas ainda assim, podia dar isso a ele, pelo menos ali. - Te vejo depois, Toshi Toshinori.
Ao ver o dinheiro, Toshinori sorriu meio de canto, ela não sabia o quanto queria abraça-la forte, apertar, tinha essa vontade, era estranho, achava que podia estar se apaixonando e teve que negativar consigo mesmo.
- ... Te vejo depois.
- Vou esperar. - Ela sorriu e lhe deu uma piscadela enquanto se ajeitava para partir. - Pode ficar com a garrafa de vinho pra você.
- Hum, vou levar pro quarto hoje. - Ele disse num sorriso.
- Tá bom, talvez eu beba no seu umbigo.
- Hum, eu quero. - Ele riu.
Kazue lhe deu as costas no fim com um sorriso canteiro, tão logo partiu, iria mesmo até a casa, tinha um quarto pago, então era quase um hotel para si.

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