Akuma e Orochimaru #4 (+18)


Ao se levantar, Orochimaru percebeu que ele ainda dormia, não o acordou, o deixou dormir, ele parecia muito cansado e a respiração era pesada. Havia saído para comprar algumas frutas, que não iria comer sozinho, sabia que ele não precisava de comida humana, mas achava uma pena que ele não pudesse comer. Ao voltar, deixou sobre a mesa a maçã e também mais dos pequenos motis, dessa vez, trouxe também tempurá com shisôQuando Akuma acordou ele já não estava no quarto, mas sabia que não estava deixado ali, sabia que aonde ele estivesse, tinha intenção de voltar e parecia animado com alguma coisa, alguma novidade, talvez estivesse feliz com sua companhia noturna. Havia se permitido dormir naquela noite então podia aparecer uma pedra durante o sono. Ao se sentar na cama, viu-o cuidadosamente colocar as frutas e seu dejejum sobre a mesa pequena tal quanto o resto do quarto. Orochimaru desviou o olhar a ele e abriu um pequeno sorriso. 
- Eu... Trouxe mais do doce que você comeu aquele dia. Trouxe frutas também.
- Você sabe que não preciso de alimentos. Mas se você pingar uma gotinha de sangue...
- Hum, posso fazer isso. 
Orochimaru disse e sacou a espada, fez um pequeno corte no dedo e pingou sobre o doce, entregando a ele, mas sugou o dedo em seguida, que ainda escorria sangue.
- Ora, que furinho dramático. 
Akuma disse a ele diante do gesto. Aceitou o doce, mas antes que ele partisse dali, claro, bloqueou seu caminho, travando seus passos. Da cama aonde estava se esticou, pegou sua mão e trouxe seu dedo para a boca, sugando em seu lugar. 
- Acho que eu me empolguei um pouco cortando. 
Orochimaru disse a ele e conforme parado, uniu as sobrancelhas, mas esticou a mão para ele e deixou-o sugar o sangue.
- ... É bom?
- Eu gosto, e você? 
Akuma indagou e antes de solta-lo, deslizou a língua por seu dedo, ambíguo é claro.
- N-Não faça... 
Orochimaru disse e fechou os olhos, tentando não olhar.
- Tem mãos bonitas, pequeno Orochi. - Akuma disse e mordiscou-o noutro dos dedos.
O outro gemeu ao sentir a pequena mordida. 
- ... Co-Coma... Hoje vamos a Edo.
- Certo, não posso recusar um convite. 
Akuma disse e o soltou, permitindo novamente que se movesse, só então comeu do doce. Orochimaru suspirou e voltou a mesa, escolhendo a maçã e mordeu. Em seu futon sem conforto, Akuma ficou, comendo aos poucos, agora fazia mais sentido come-lo. Tentou vasculhar o que em sua cabeça passava. Orochimaru não disse nada, mas se perguntava porque ele precisava do sangue se não era de fato um vampiro, como havia dito. Talvez apenas gostasse do próprio sangue. Olhou o dedo e notou que ainda sangrava, mesmo ele tendo sugado. No obi pegou um pequeno tecido, um retalho, e amarrou ao redor do dedo.
- Eu não sou um vampiro, mas posso sentir muito do seu sabor pelo sangue. A diferença é que não vou morrer sem ele. - Akuma revelou, tirando sua dúvida.
- Hum, e você está de novo dentro da minha cabeça. - Orochimaru disse numa repreensão.
- Isso acontece naturalmente. Posso ouvir mesmo sem tentar.
- Isso é horrível, e se eu tiver uma opinião ruim sobre você?
- Eu vou saber, mas não ouço tudo o tempo todo. Estou apenas concentrado em você.
- Entendi. Que bom que não tenho uma opinião ruim sobre você. - Disse num pequeno sorriso. - Você... Sabe então, sobre o dia em que eu fui...
- Ah, mas as vezes eu não me importo com opiniões ruins. Foi aonde? 
Akuma indagou, fingindo-se desentendido. 
- Nada. Em nenhum lugar. - Orochimaru disse num sorrisinho de canto.
- Lugar? Diga pra mim, Orochimaru.
- Não é nada demais.
Akuma sorriu, provocador, sabia bem do que estava falando. 
- Sei que foi tentar me esquecer por aí.
- Hum? - O menor desviou o olhar a ele. - Não foi... Por sua culpa.
- Ah, não?
- Não... Bem, foi. Mas...
- Mas?
- Eu... Eu só queria ter prazer e não te chamar de novo.
- Mas queria comigo.
- ... Talvez.
- Claro que queria. Quis um vampiro, queria ser mordido.
Orochimaru suspirou.
- Você consegue ver tudo isso na minha cabeça?
- Consigo ver muito mais, pequeno Orochi.
O menor sentiu o rosto se corar suavemente e desviou o olhar. 
- Não... Vasculhe.
- Não estou vasculhando. Mas eu sei que queria ter prazer comigo.
- ... - Orochimaru suspirou. - Achei que um vampiro faria da mesma forma.
- Ele não era eu.
- Eu percebi depois de um tempo. Ele não sabia mexer os quadris tão bem.
- E acha que teria sido bom se ele soubesse?
Orochimaru sorriu meio de canto.
- Provavelmente não.
Akuma sorriu canteiro.
- Convencido. Tire esse sorriso do rosto.
- Não sou convencido, você é quem está gostando do Kuminha.
- Kuminha? É um apelido fofo demais pra você.
Akuma riu, talvez fosse. Terminou o doce logo a seguir. Orochimaru sorriu meio de canto e mordeu o último pedaço da maçã.
- Vamos?
- Vamos, viajante.
Orochimaru riu baixinho e embalou o restante dos doces, levaria para ele, embora não dissesse nada. Akuma levantou-se, nu como estava, buscou as roupas que vestiu devagar. De canto, o menor o fitou enquanto se vestia e sorriu meio de canto, sutil, arrumando a espada na cintura.
- Pode olhar, não tenha vergonha. 
Akuma disse enquanto ajustava o kimono, o que ainda dava vazão a ele para olhar na fenda aberta e frontal.
- ... - Orochimaru assentiu e o fitou mais diretamente, já que ele não se importava. - Você tem um corpo muito bonito.
- Pode usufruir quando precisar.
- Hum. - O menor assentiu e riu baixo, ajeitando o obi do próprio kimono. - Pronto?
Akuma terminou de se vestir, ajustou as roupas escuras. Podia ver que ele usava o quimono vermelho que lhe havia dado antes. 
- Vamos lá.
- Vamos. - Orochimaru disse e ao sair do quarto, pagou por ele com a moça que trabalhava na pequena estalagem. Saiu com ele e espreguiçou-se, cansado. - Hum, o dia está bom hoje, gosto de dias nublados.
- Continua cansado? Não te dei um bom descanso hoje, samurai?
- Deu sim. Estou melhor.
- Que bom, eu vou sair por alguns dias depois dessa tarde, nos encontraremos em breve.
- Hum, como quiser...




Um longo suspiro deixou os lábios de Orochimaru, estava de passagem pela vila e naquele dia, não havia visto ele desde cedo, julgou que ele pudesse ter ido atrás de comida, bem, o deixaria buscar. Ao seguir para uma barraca de comida, comprou um takoyaki, mas a moça da barraca olhava a si com uma cara estranha. 
- Está tudo bem com a senhora? 
- ... Vá embora, Youkai.
Orochimaru uniu as sobrancelhas.
- Youkai? A senhora está falando comigo?
- Sim, vá. Não precisa me pagar, só saia da minha loja.
Orochimaru arqueou uma das sobrancelhas, mas assentiu e seguindo para fora entendeu o que estava acontecendo. 
- ... Você parece um carrapato, um vírus, uma doença difícil de se livrar, hein? 
Falou para ele, e sabia que ele estava ali.
- Ora, não seja grosseiro, acabei de chegar, notei que sentia minha falta, então eu estou aqui. Mas... Parece que cheguei num momento ruim.
- Por sua culpa as senhorinhas acham que eu sou o demônio agora. Palhaço.
- Talvez você seja. 
- Ah, sou? Onde você estava?
- Estava em minha casa, me alimentando.
- Na sua casa? Onde você mora?
- Há algum tempo daqui. Você quer ir lá? 
Akuma indagou e sorriu, tipicamente lhe mostrando os dentes.
- Hum, não sei. Talvez eu nunca mais saia de lá se eu entrar, não acho seguro.
- Hum, então você quer ir.
Orochimaru sorriu meio de canto, já estavam com certa intimidade. Comeu uma bolinha do takoyaki e entregou o espetinho a ele.
- Você gosta de me alimentar feito humano, não é? 
Akuma indagou mas aceitou o bolinho.
- Ué, é só não comer. 
Orochimaru disse num pequeno sorriso.
- Mas você gosta.
- Gosto porque eu quero te mostrar coisas novas.
- Hum, isso soa gracioso. Me mostre coisas novas, Orochi-chan.
Orochimaru sorriu meio de canto. 
- Hum, você é o único amigo que eu já tive, então.
- Ah, não seja tolo. Já teve, mas preferiu se afastar para ter uma conclusão no seu objetivo.
- Você está entrando na minha cabeça de novo?
- Não, mas eu já fiz isso antes.
- Seu maldito. Estava procurando alguma namorada, é?
- Não, você já foi bem solícito sobre sua opinião a respeito disso. - Akuma riu, entre os dentes.
- Ah, fui? - Orochimaru disse num pequeno sorriso e comeu mais um bolinho. - Quer outro?
- Claro, gosta mais dos homens, não quer nem um amigo, então namorada seria a última coisa que eu pensaria.
- Hum, de fato. - Orochimaru disse, iniciando a caminhada. - Não encontrei o que queria aqui, talvez na cidade vizinha.
- O que você quer encontrar, viajante? Sabe que eu posso achar pra você.
- Não, esse é um caminho meu, já te disse. Eu quero uma academia de esgrima, quero achar o samurai mais forte e lutar com ele.
- Ah... 
Akuma disse, não diminuiria sua ambição, mas também não entendia a razão dela. 
- Eu quero ficar forte, pra poder matar o meu pai.
- Eu sei, mas deveria ir direto ao que quer.
- Eu já tentei, mas ele é muito forte... Eu perderia de novo.
- O orgulho é algo cravado nos humanos.
- Não é orgulho. Se você soubesse de metade das coisas que ele fez...
- Eu sei, mas estou falando sobre querer fazer isso sozinho. Seu pai não fez isso sozinho.
- Na verdade, fez. Quando tentou me matar.
- Mas a força que ele ganhou para se tornar o que é hoje, certamente não foi sozinho.
- Como assim? - Orochimaru disse a unir as sobrancelhas.
- Ele não aprendeu as coisas sozinho. E também, um homem odioso, acha que existe pureza e esforço?
- Hum, eu sei que não, mas eu não sou ele.
- Tudo bem, eu entendo seu ponto.
Orochimaru suspirou. 
- ... Me mostre sua casa, eu não tenho onde dormir essa noite mesmo.
- Ah, sempre terá onde dormir, só me pedir. - Akuma sorriu.
- Hum... Eu já dormi na floresta, não é tão ruim.
- Realmente, ainda mais se você não sentir frio. Vamos, vou leva-lo em minha casa. 
Dito, Akuma se aproximou dele, o segurou por perto. Bem, não precisava se locomover, era uma criatura afinal, embora a viagem certamente fosse mais desagradável para a consciência dele do que a própria, uma vez que ao transporta-lo consigo lhe daria algum tempo desacordado, embora brevemente consciente. Ao pegá-lo, minuto depois já i depositava sobre o futon. Diferente do que poderia pensar, tinha uma casa habitável para um humano, era de aspecto tradicional, como um templo, ironicamente.
- Mas que porra que aconteceu? - Orochimaru disse, enjoado enquanto se deitava, e nem percebeu quando se deitara, estava tonto, muito tonto e teve que levar uma das mãos até a cabeça. - Você me bateu, porra?
- Não, apenas fizemos uma viagem, mas você é humano, então ela certamente não é uma boa viagem pra você. - Akuma riu, mostrando os dentes afiados.
- ... Que horror, eu vou vomitar... - Orochimaru disse a unir as sobrancelhas.
- Fique à vontade. - Akuma riu, entre os dentes já cerrados desta vez. - Mas aposto que adorou meu futon.
Orochimaru suspirou e só então notou o local onde estava.
- ... Por que está escuro aqui?
- Estamos numa região muito arborizada. Mas não está tão escuro, você só está se recuperando da viagem. 
Akuma disse e risonho acendeu as lamparinas pela casa. Orochimaru piscou algumas vezes. 
- Realmente não está... - Suspirou. - Estou melhor...
- Parece que a viagem é muito pra você. 
Akuma provocou, mas sabia que de fato não seria uma viagem comum para um humano. 
- Mas aqui é normalmente mais escuro, eu gosto assim.
- Hum, eu gosto de escuro também. Nossa, essa cama é macia.
- Eu disse que ia gostar.
Orochimaru sorriu a ele, de canto e se levantou, devagar. 
- Eu estou sujo, não devia deitar na sua cama.
- É verdade, melhor ficar nu.
- Eu estou sujo nu também, palhaço.
- Mas está menos.
- Hum, isso é verdade. Tem algum rio aqui perto? Tenho que me banhar antes do anoitecer.
- Tem um lago logo na saída. Mas também tem um ofurô.
- Um ofurô... Na sua casa?
- Meu pequeno Orochimaru, eu sou imortal, individual, tenho que ocupar meu tempo quando não sinto fome.
- Hum, individual, mas me trouxe. 
Orochimaru disse e riu, mas se levantou e deixou a espada de lado, ali podia fazer um pouco, ninguém iria tentar nada. - ... Posso me banhar lá?
- Por enquanto sou individual. Sim, você pode, mas eu vou ver.
- Imagino que você vá gostar da vista.
- É, também pretendo usufruir dela.
Orochimaru riu, estava deitado na cama dele antes, estava no quarto dele, sentiu vontade de toca-lo, mas não diria nada nem se aproximaria, era melhor não. 
- Me leve.
- Oh, te levar? Não sabia que estávamos assim tão ousados. 
Akuma brincou é claro, sabia como ele estava pedindo aquilo. No fim o pegou no colo, seguindo por levá-lo consigo até a acomodação de banho.
- Eh? Não... Não me pegue no colo, seu doido. - Orochimaru disse a se balançar, descendo do colo dele. - Eu quis dizer me levar até lá porque eu não sei onde é.
- Saiba que você viajou nos meus braços, querido. - Dito, tão logo Akuma o guiou até a casa. Achava estranho ter de seguir até lá sem que ele pudesse presumir aonde estava cada cômodo, afinal era diferente para si. - Vá em frente.
Orochimaru assentiu ao ouvi-lo e abriu o obi, deixando-o de lado, depois, abriu o kimono, retirando-o. 
- Você... Vai ficar me olhando?
- Hum, acho que você quer companhia. 
Dito, Akuma levou as mãos para as roupas que vestia, desenlaçou o obi, foi devagar embora pudesse se desfazer rapidamente da roupa. 
- Por que você acha isso? 
Orochimaru disse a fita-lo enquanto retirava o kimono, e por um momento pensou que não tiveram chance de se conhecer bem, foram só alguns encontros, e simplesmente transaram sem conversar, sem toques, sem nada. E embora soubesse que homens não gostavam de toques, que gostavam simplesmente de foder e pronto, sem delongas, não era assim. Queria beija-lo, embora soubesse que a boca dele era perigosa, queria toca-lo, queria trocar algum tipo de afeto com ele. 
- Nunca diria.
- Porque eu aprendi sobre você, Orochi. Eu aprendi a ler seu corpo tão bem quanto posso ver a sua alma. 
E Akuma não estava mentindo, embora pudesse com frequência ler seus pensamentos, e sabia que agora ele estava esperando por alguma coisa, gostava disso. Caminhou até ele após se despir, num minuto encheu a banheira redonda e de madeira, a água era quente o suficiente para ele suportar, embora gostasse de mais calor. E em sua menção de provar o toque do banho porém, o virou para si e então deu a ele o que queria descobrir, um beijo. Orochimaru sorriu meio de canto e negativou, sabia que estava indo para sua casa, sabia o que ele queria, sabia que iria virar o jantar, de uma forma ou de outra, mas ele não parecia querer machucar a si. Ao sentir o toque, arqueou uma das sobrancelhas como se estivesse surpreso, mas não estava, esperava pelo beijo, que retribuiu, deslizando as mãos pelas costas dele até seus quadris, onde repousou. Akuma empurrou a língua em sua boca e deslizou pelo espaço entre ela, tragou seu gosto, não sentia o sabor de seu jantar, nem do que quer que houvesse colocado nela, sentia o gosto dele, o sabor que sua alma provavelmente deveria ter, e gostava do que sentia. Deslizou copiosamente a mão por seu corpo, chegou porém um pouco mais embaixo, tocando suas nádegas e sentiu o momento em que ganhou a tensão de seu corpo. Um suspiro deixou os lábios de Orochimaru, contra os dele, havia sentido seu toque, e não era ruim. Tocou a cintura dele, sentindo sua pele macia, sentiu cada pequena parte da pele dele ali, e subiu novamente por suas costas, acariciando-o, sentindo-o, até cessar em algo estranho, parecia um machucado, uma cicatriz, não sabia exatamente, nunca havia notado, e afastou-se conforme o toque, fitando o rosto dele. 
- ... O que é isso?
Akuma não havia dado atenção ao subir de suas mãos, não para a região o qual se levava, porque podia jurar que já havia dado às costas a ele, mas talvez não deixasse as marcas nas costas expostas. 
- Hum, uma marca da nascença. - Disse e riu, baixinho.
- Isso não parece uma marca de nascença... É enorme, parecem duas cicatrizes.
- Que adorável, você acredita mesmo. São marcas do que eu não tenho mais, você deve imaginar. - Akuma sorriu canteiro, achando interessante que estivesse curioso sobre aquilo.
- Eram... Asas? - Orochimaru uniu as sobrancelhas.
- Eram sim. Não olhe assim, eu fico excitado.
Orochimaru estreitou os olhos ao ouvi-lo, mas negativou em seguida. 
- Como elas eram?
Akuma sorriu canteiro, sabia que tinha uma pontada de piedade ali, não precisava disso no entanto, era curioso que sentisse algo a respeito. 
- Como você acha que eram?
- Hum, imagino que elas eram pretas... Mas acho que elas eram brancas, não eram?
- Bem, não era algo muito sólido afinal. Mas eu acho que combinou muito mais sem elas, não acha?
- Hum... - Orochimaru sorriu meio de canto. - Acho que sim, mas... Doeu?
- Eu não lembro. - Akuma sorriu, canteiro, não como habitualmente. - Pode ser, mas foi há muito tempo.
Orochimaru uniu as sobrancelhas novamente. 
- Hum... 
Dito, o tocou dos ombros, virando-o de costas para si, foi calmo, observando as cicatrizes marcadas na pele, imaginava como as asas teriam sido, deveriam ser maravilhosas. Aproximou-se dele, devagar e o beijou em suas costas, sobre o local onde a cicatriz ficava. Akuma não tentou ler seus pensamentos naquele momento, sabia o que encontraria, era muito previsível. Virou-se sem impasse, não tinha medo, ainda mais com sua sensação de afabilidade. Sorriu num riso nasalado, soprado, sentindo o beijo nas costas, não sentia dor, não se lembrava dela. Orochimaru não tinha pena, era diferente disso. Apenas se sentia triste por ele, por ele ter perdido uma parte dele. 
- Sinto muito. 
Disse e o beijou em seu pescoço, tinham quase a mesma altura. Akuma sorriu, embora fosse mais para si mesmo, de costas para ele como estava. Poderia se surpreender por isso? Talvez devesse, mas não, era exatamente algo daquela pureza que existia nele que fazia querer estar por perto. 
- Vai cuidar de mim e das minhas costas feridas, viajante?
Orochimaru suspirou e encostou a testa em seu ombro, mesmo que ele estivesse de costas, não sabia se deveria confiar nele, não sabia se poderia, se ele não tinha outra pessoa que estaria fazendo a mesma coisa que fazia consigo ali, mas percebeu que ele não tinha de fato um motivo, se ele quisesse matar a si, era só matar, era só tomar a própria alma, ele não precisava daquele joguinho. Sabia que se se sentia feliz perto dele, mesmo que houvessem se visto tão poucas vezes, queria conhecê-lo, queria saber mais. 
- Eu fico.
Em sua cabeça, Akuma notou cada questão que abordou por si mesmo, sorriu canteiro ao pensar que aquela altura ele ainda imaginava que pretendia mata-lo. Talvez ainda tivesse algum pensamento maldoso, com ele, mas nada além das provocações ou quem sabe algumas travessuras, quem sabe fazê-lo estar por perto, mas isso não agora. 
- Vai, hum? Hoje ou...?
- Fico com você. - Orochimaru disse num suspiro. - Você disse que queria um parceiro e eu estou sozinho, então... Por que não?
- Certo, então não pense que vai mudar de ideia, acabou de falar isso para mim e não um humano. 
Akuma sorriu, sabia que estava sendo levado pelo momento, porém não tinha importância, sabia que ele gostava daquilo, gostava de estar consigo, gostava do sexo e mesmo daquela simples conversa. Orochimaru assentiu, sorrindo a ele, meio de canto e beijou-o na nuca novamente. 
- Hum, você não vai me deixar em paz mesmo.
O riso soou entre os dentes de Akuma. 
- É bem verdade.
- Então, se não pode vence-lo, junte-se a ele. - Riu.
- Bem, se eu souber que quer mesmo que eu vá, talvez eu possa sumir. - Akuma disse, mas claro que não faria isso.
Orochimaru desviou o olhar a ele e podia ver seu rosto de relance. 
- Eu não quero.
Akuma sorriu e no fim se virou para ele, selou brevemente seus lábios, era um tipo de agrado para os humanos, sabia. No fim sugeriu a banheira para ele. Orochimaru retribuiu o selo dele e assentiu, acariciando seus cabelos negros, gostava deles. Entrou na água, era quente, mas não queimou a pele. Logo após ele, Akuma entrou também na água, para si estava apenas morna, ou melhor era quente, mas não tanto quanto poderia ser. Só então retribuiu seu carinho, tocando seus cabelos, descobrindo a textura deles. Orochimaru sorriu conforme sentiu o toque nos cabelos, não esperava pelo toque. Aproximou-se dele, devagar e o beijou em seu pescoço.
- Ah, hoje você está afim? 
Akuma indagou ao sentir o beijo no pescoço, não era comum e não estava provocando nenhuma sensação em seu corpo. 
- Hum, achei que eu tivesse aceitado ser seu parceiro, devo ficar longe de você?
- Ah é, acho que não filtrei a informação. Achei que disse que ficaria, mas que precisaria insistir mais pra ser parceiro.
- Ah, nesse caso eu posso fingir que não quero nada com você por um tempo, se você quiser. - Orochimaru disse num sorrisinho.
- Na... Eu não tenho dessas frescuras, não precisa enrolar. O que eu quero, eu quero.
Akuma levou o braço ao redor de seu corpo e o puxou para cima do próprio, era fácil move-lo ainda que fosse um homem forte. Orochimaru sorriu meio de canto e assentiu, sentava-se no colo dele, mas não era nada que já não quisesse, ou não teria beijado o pescoço dele, foi como pedir permissão, mas não sabia sobre a posição, não havia feito aquilo antes daquela forma, bem, não achava que seria difícil, talvez a água fosse pior. Abaixou-se na altura dele e selou seus lábios mais uma vez, moveu os quadris suavemente sobre o colo dele, sabia o que queria talvez pela primeira vez na vida em uma questão sexual.
- Hum, esse ânimo não sou eu quem está te dando. 
Akuma disse e sorriu, mostrando-lhe os dentes pontiagudos. Sentiu sob suas nádegas roçar ao próprio corpo e não precisava de nada para ter uma ereção, era capaz de firmar o que ele queria simplesmente por querer isso,  era capaz de dar a firmeza a ele também e foi o que fez, num breve instante.
- Hum... Eu sei que não. 
Orochimaru disse e abaixou-se para beijar o pescoço dele, mas arregalou os olhos quando sentiu o corpo endurecer, talvez rápido demais, bem mais do que geralmente. Uniu as sobrancelhas e suspirou. 
- N-Não faça isso...
- Por que não? Você quer isso. Só deixei você duro, não estou te excitando mais, mas posso fazer... 
Disse e deu-lhe uma mostra da sensação, um breve lapso de excitação a mais. Orochimaru mordeu o lábio inferior conforme sentiu a sensação gostosa no baixo ventre, ele poderia fazer a si gozar sem nem encostar em si, mas gostava do contato, gostava do toque, não queria só sensações sem tato, até porque, sabia muito bem que poderia não dizer nada, mas dentro da cabeça, chegaria num ponto em que implicaria pra ele foder a si, naquelas palavras mesmo, mas claro, só na própria cabeça. 
- ... O que mais você pode me fazer sentir?
- Muitas coisas. Coisas boas e ruins. Mas acho que você quer que eu faça isso com meu corpo. - Akuma sorriu canteiro. - Também posso deixar a penetração menos difícil já que você está com medo da água.
Orochimaru assentiu, ele sabia, pensava, e ele lia os pensamentos, maldito, talvez devesse manter a mente limpa.
- Eu quero...
Akuma sorriu, não pelo que dizia, mas o que pensava e bem como sugeriu, o fez sentir do calor dentro de seu corpo, assim como a umidade que não antes tinha. Orochimaru suspirou, podia sentir as sensações vividas, era estranho o que ele podia fazer consigo, imaginava o que ele podia fazer para machucar a si, se quisesse. 
- Vai entrar?
- O que você acha? 
Akuma indagou em retruque e segurou sua cintura sem curva, o ergueu suavemente e roçou no sexo. Orochimaru assentiu, era a expectativa que eriçava a pele, que causava aquela sensação de ansiedade. Mordeu o lábio inferior e se afastou do pescoço dele, o ajudou, segurando-o entre os dedos e o encaixou no corpo, deixando-o adentrar a si, e realmente não fora tão dolorido quando achou que seria, gemeu prazeroso, não dolorido. 
- Ah...
Akuma arqueou brevemente uma das sobrancelhas ao sentir seu toque, sua tomada de iniciativa, não sabia o que se passava com ele e não estava buscando entender sua mudança de escolha, não queria saber daquela vez. Não se demorou a resvalar para dentro, correu para ele sem dificuldade, mesmo que fosse apertado, era com certeza mais fácil do que seria normalmente. Ao se sentar no colo dele, Orochimaru o tinha inteiramente dentro do corpo, sorriu só pensar sobre algo idiota. 
- Esse é o seu tamanho mesmo ou você o deixou assim pra mim?
- Esse é meu tamanho. - O riso soou entre os dentes de Akuma. - Você quer maior?
- Não, é perfeito. 
Orochimaru disse num pequeno sorriso, não que quisesse elogia-lo, é que queria especificar que parecia ter sido feito para si. Moveu-se, devagar e suspirou quando teve que se apoiar nas bordas da banheira. 
- Ah...
- Ah, tem um tamanho ideal? 
Akuma sorriu para ele, mas deixou de fazer a medida que se moveu, sentindo-se deslizar por ele.
- Tem. 
Orochimaru disse, excitado como estava e fechou os olhos por um instante, era a primeira vez que apreciava aquilo sem ele estar no comando, sem ele se empurrar insistentemente e firme contra o corpo. Podia sentir, cada pequena parte dele entrar em si, podia sentir melhor. Suspirou e moveu-se, mais firme sobre ele, sentindo-o atingir onde gostava e estremeceu.
- E como deve ser um tamanho ideal? 
Akuma indagou, evidentemente estava excitado como ele e o moreno, parecia animado com as rédeas sobre o corpo, podia lê-lo. Levou as mãos até sua cintura, o pegou através dela outra vez e ajudou a se mover, no entanto deu liberdade com o ritmo, queria ver o quanto ele queria tomar posse naquele dia, o quanto ele ia se deixar levar.
- Hum, um que não machuque. - Orochimaru disse num pequeno sorriso. - Quer dizer, não machuque muito porque em mim, tudo vai machucar. 
Dito, moveu-se mais uma vez, firme como havia feito antes, se empurrava sobre o colo dele, e tinha que conter os gemidos que queriam deixar os lábios, sem controle.
- Ah, você é sensível, ah? Mas não parece que está machucado agora, acha que sou pequeno pra você? 
Akuma retrucou, mas o estava provocando, sabia que no fim ele pensaria na resposta. Sob seu corpo se moveu, erguendo-se para ele com alguma firmeza assim como ele descia em direção a si. 
- É claro que não estou, você me deixou molhado. 
Orochimaru disse num pequeno sorriso, doía, mas não realmente como doeria em outra ocasião, aquela não era uma parte com lubrificação, mas assim era mais fácil. Suspirou e mordeu o lábio inferior, moveu-se assim como ele queria, subindo e descendo em seu colo. 
- Ah...
- Te deixei molhado, ah? 
Akuma indagou, provocando sobre seu modo de falar. Deslizou as mãos da cintura até as costas, tocou seus ombros, sua nuca e o puxou pra perto, mordiscou seu queixo, desceu ao pescoço e lambeu sua pele após arranha-lo com os dentes. 
- Hum, talvez isso soe meio feminino demais. - Orochimaru disse e ao se aproximar, uniu as sobrancelhas, deixando escapar um gemido dolorido. - Ah... Isso dói, vai me deixar todo marcado.
- São só alguns arranhões, você é um samurai que tem medo de marcas? - Akuma indagou contra sua pele e lambeu até alcançar sua orelha. 
- Marcas de batalha eu não tenho medo, mas de vários riscos de dentes de um demônio é esquisito. - Orochimaru disse e estremeceu ao sentir o toque.
- Hum, mas você já é o companheiro de um demônio, tem coisa mais estranha?
- Tem razão, pode machucar sim.
- Não é assim tão doloroso, são apenas arranhões. Além de que, você já provou como é sentir dor e prazer juntos.
- Estou fazendo isso agora. - Orochimaru disse num sorriso. - Como você gosta? Gosta de machucar seus parceiros?
- Hum, não acho que eu tenho um jeito específico, gosto de fazer você sentir prazer até que sinta que não aguente mais. Então isso inclui talvez sentir dor.
- Hum, entendi. 
Orochimaru sorriu e apoiou-se mais firmemente nas bordas da banheira, moveu-se, e dessa vez agilizou os movimentos, subindo e descendo, rápido, forte. Teve que fechar os olhos e inclinar o pescoço para trás, gostava das sensações que tinha pelo corpo, gostava de como o corpo reagia a ele.
- E você, me diga como gosta, prefiro ouvir a ter que descobrir. 
Akuma disse, referindo-se aos pensamentos dele, gostava de ameaça-lo sobre isso, embora preferisse ouvir o que ele tinha a dizer, queria saber dele sem ter tudo entregue, só não entendia exatamente o porquê, uma vez que era tão fácil buscar e viver seus momentos, talvez gostasse mesmo dele. Tomando sua cintura passou a move-lo novamente, ajudando seu intenso vaivém, não tinha dificuldade naquilo, portando o puxava com insistência, podia ouvir a agitação do ofurô conforme aos poucos ia cada vez mais facilmente para dentro de seu corpo úmido e não era pela água.
- Hum, eu gosto do jeito que estou fazendo, ora. 
Orochimaru disse a ele, tinha as próprias curiosidades sobre sexo, mas não diria, tinha vergonha, e preferia guardar para si. Moveu os quadris, rebolando em seu colo, não que tivesse real intenção em rebolar, mas se esfregar ali era gostoso.
- Não acredito em você, sei que tem um jeito específico, foi o jeito que eu fiz, hum? Foi a forma como te ensinei a ter prazer com um homem, ah? 
Akuma provocou e olhou para baixo, podia ver sua ereção mesmo imerso em água. Deslizou uma das mãos em sua coluna, pegou seus cabelos, rente à nuca aonde roçou as unhas e sentiu sua pele eriçar. Orochimaru sorriu meio de canto, assentiu, mas era evidente que tentava não pensar no que de fato ele queria saber. Ao sentir sua mão puxar os cabelos, uniu as sobrancelhas e mordeu o lábio inferior. 
- Ah... Suas unhas são... Umas filhas da puta.
Akuma riu, entre os dentes à mostra, mas tornou tocar sua pele com as unhas, era apenas um roçar, o que lhe causava o arrepio na pele. 
- Me deixe ver o que você quer descobrir, podemos fazer isso juntos.
- Pare de entrar na minha cabeça. 
Orochimaru disse a estreitar os olhos e suspirou com suas unhas gostosas.
- Não estou nela, se estivesse não estaria dizendo pra me falar. 
Akuma retrucou. Enfiou os dedos entre seus fios de cabelo, segurou suavemente e puxou com firmeza medida, enroscando-se nele. Embaixo de seu corpo, movia-se como podia, sem muito impasse, encontrava-se com ele, atingindo em estocadas que não eram rápidas mas era firme.
- Você sabe o que eu estou pensando, então você está. 
Dito, Orochimaru gemeu pouco mais alto e contraiu-se ao redor dele, apertando-o, achava que seria gostoso pra ele, mas era dolorido para si já que ele entrava com força no corpo a cada vez que se empurrava.
- Mas eu não vi o que você quer descobrir, poderia, mas quero ouvir você... 
Akuma disse e soou mais soprado da boca ao fim de frase, sentindo seu estímulo, seu breve agrado entre os espasmos de seu corpo. Com a mão esquerda, correu pelas costas e tocou sua nádega, apertou-a sentindo os dedos afundarem em seu corpo, mas ainda tinha algum cuidado. O maior negativou, não conseguiria dizer mesmo se quisesse. 
- ... Você pode ver, eu não quero falar. 
Disse, mas gemeu ao sentir o toque de seus dedos, apertando a si.
- Talvez eu possa te deixar tão excitado a ponto de falar pra mim. 
Akuma disse e se enfiou em seu pescoço, tocou com os lábios, mordiscou-o com suavidade, subiu até a orelha e provocou o lóbulo, fez tudo leve, suficiente para lhe causar aflição. Orochimaru negativou e sentiu o arrepio percorrer o corpo, era aflitivo, mas gostoso e agarrou os cabelos dele, apertando os fios entre os dedos. 
- N-Não...
Akuma tomava seus cabelos, puxou-os com força suficiente para encara-lo, encarar seus olhos castanhos e profundos. Embaixo dele se moveu novamente, não desviou olhar mesmo enquanto sentia seus apertos, seu interior profundo e quente, úmido. Ao se voltar para ele, Orochimaru uniu as sobrancelhas pelo puxão dolorido, fitando seu rosto de perto, ele era tão bonito, era uma observação que fazia sempre a si mesmo, e constava ainda mais durante o sexo e quando via seus dentes pontudos. 
- Ah! Eu... Akuma...
Akuma sorriu, recebendo indiretamente seu elogio, lê-lo era quase inevitável, porque se concentrava nele, no que proveria a ele, no que ganharia com ele. Aqueceu seu corpo, numa parte específica na verdade e suavemente intensificou a sensibilidade de seu corpo no toque, fosse qual fosse, ao menor atrito da pele. Orochimaru negativou novamente, não queria que ele fizesse aquilo, não queria ficar tão sensível, era difícil até mesmo se manter sobre ele, com as mãos apoiadas agora em seus ombros. 
- Não faz isso, eu vou gozar...
- Então me diz, me diz o que você quer descobrir comigo...
Akuma falou baixo enquanto ainda o encarava, expôs a língua e lambiscou seu queixo. Orochimaru uniu as sobrancelhas e negativou, não queria de verdade dizer, não queria, preferia que ele visse. Fechou os olhos, não olharia mais pra ele, e pensou, lembrou da situação, queria que ele visse, queria que ele fizesse como havia feito com a lembrança do pai naquele dia. Akuma soube já em sua mente que ele queria que vasculhasse, achava o rapaz estranhamente contraditório consigo mesmo, mas sabia que no fundo talvez esperasse por alguém em sua jornada, era adorável. Ao fazer parte dele, visualizou o que ele queria mostrar, no entanto, não deixou de se mover ou move-lo no colo, arrastando seu corpo num leve vaivém. 
Orochimaru manteve os olhos fechados, podia sentir os movimentos dele, mas a lembrança se tornava vivida enquanto ele estava na própria cabeça, era como um filme, um filme que via com ele, e sabia que era como se ele estivesse lá. Era pequeno, tinha cerca de sete, oito anos quando havia ido para a cidade enviado pelo pai, ele havia pedido que cobrasse um valor de uma casa estranha no centro da cidade, que era muito bem escondida no meio das outras, silenciosa, até se estar dentro dela. Não conseguia entender como alguém enviava uma criança para cobrar um valor em dinheiro, mas só pensava nisso agora que era adulto, quando criança, tinha que obedecer em silêncio, ou apanharia. Ao entrar na casa, acompanhado de uma moça alta e morena, esperava fora de seu quarto, a casa tinha um cheiro estranho de perfume misturado a suor, não sabia bem que cheiro era aquele quando era criança. Enquanto a esperava, caminhou pelo corredor, podia ouvir sons estranhos vindo dos quartos, sabia que eram gemidos, mas pensou que alguém poderia estar passando mal, por isso havia ido até a porta daquele quarto especificamente e havia um garoto na cama, de cabelos negros e longos, era bonito, mas parecia jovem, talvez tivesse uns dezesseis anos. Ele não podia ver a si, estava escondido olhando por uma fresta, e podia ver em seu corpo a corda vermelha que o amarrava em nós, era bonito de alguma forma. Ele estava com outro homem, que parecia pouco mais velho do que ele, mas que também era bonito, assim havia pensado na época, e o homem o segurava pelo pulso, pelas amarras que havia feito com suas mãos juntas, apertava, e era isso que fazia o garoto gemer, claro, que além disso era o fato de que o rapaz estava entre suas pernas enquanto o segurava, e observava atentamente cada um dos movimentos dele, até que a mão subisse ao rosto do garoto e o acertasse num tapa, segurando-o em seu pescoço em seguida. Arregalou os olhos, não entendia, naquela época achava que ele poderia estar matando o garoto e havia notado que o rosto dele tinha marcas rosadas, certamente onde já havia apanhado antes da mão do homem sobre seu corpo. Havia sido pego ali, a moça segurou o próprio pulso e puxou a si para fora, era uma criança, não deveria ver isso. Aquela era a lembrança que queria que ele visse, mas na verdade, sem querer, a própria cabeça projetou uma cena um pouco mais tarde, ou talvez, ele mesmo estivesse vasculhando os próprios pensamentos e as lembranças. Estava no quarto, usava somente um Yukata depois do banho e de olhos fechados, no silêncio que estava do lado de fora, abriu o Yukata para ver o próprio corpo. Imaginou as cordas vermelhas trançadas, imaginou o aperto firme como o daquele rapaz, e tocou o sexo com uma das mãos, o apertando sutilmente. Tinha quatorze anos, começara a pensar que aquilo não era algo errado, que eles estavam sentindo prazer, sabia disso porque a mãe havia dito a si sobre aquilo quando chegou em casa e contou a ela o que viu. Só estavam sentindo prazer... Queria sentir também. O suspiro deixou os lábios, profundo e de olhos fechados, gemeu sem intenção e mordeu o lábio inferior, sufocando o gemido logo em seguida ao morder a manga do kimono que usava, estava endurecendo, mas fora chamado, e constrangido, abandonou o toque, arregalando os olhos. "Mamãe?" Conforme a palavra veio, só então acordou daquele sonho estranho que na verdade era uma vivida lembrança. Abaixou a cabeça, envergonhado e moveu os quadris, devagar.
Como uma peça de teatro, Akuma vivia vagarosamente sua lembrança, passando frente aos olhos como um telespectador. Havia sido muito claro, não precisou puxar muito de sua memória para reviver aquele momento, ele mesmo queria aquilo, queria mostrar aquilo. 
- Oh... Você sempre foi muito submisso afinal, ah? Shibari... Eu posso fazer isso. Não entendo porque é tão tímido sobre pedir. Isso ficou na sua memória por algum tempo, ah? - Indagou e levou a mão até seu rosto, delineando seu queixo. 
Orochimaru desviou o olhar a ele conforme o ouviu, sempre sentia uma dorzinha de cabeça depois daquilo. Sentiu as bochechas queimarem, mas não sabia que estavam coradas.
- ... Hum...
- Quer ser amarrado, pequeno Orochi? 
Akuma indagou e ao erguer a mão, mostrou-a para ele em seu olhar que curiosamente se voltou para ela, certamente tentando entender o que era para se ver ali, ao apertar os dedos, formando o punho fechado e apertado, fez no moreno a sensação das amarras ao redor de seu corpo, passando pelos braços, coxas, peito, e a medida em que apertou os dedos, apertou também sua imaginária corda. Silencioso, Orochimaru o fitou enquanto expunha sua mão, gemeu em seguida, mais alto conforme sentiu as cordas apertando o corpo e podia vê-las, ainda que de alguma forma soubesse que não estavam lá. Uniu as sobrancelhas conforme desviou o olhar a ele em seguida, podia até mesmo ouvir o barulho da corda conforme apertada. 
- Ah!
Daquele modo, Akuma o sustentou, mesmo ao abaixar a mão. Levou as mãos até seus quadris, manejou-o com facilidade agora tomando as rédeas do movimento como ele tentava fazer a pouco, não era tão rápido, mas não era devagar, era firme. Orochimaru agarrou-se na borda da banheira, pelo menos as mãos estavam soltas, por hora. Moveu-se novamente, firme contra ele e podia sentir o sexo pulsar no ventre, ah, era tão gostoso, e a sensação de estar preso, de não ter controle sobre si que tanto imaginava também. 
- Eu vou...
- Era isso que você queria, ah? 
Akuma indagou embora tivesse a resposta de seu corpo, não o estava tentando excitar, exceto pelo calor que antes o proveu, já não o afetava mais, cada espasmo dele pertencia a seu próprio prazer, suas próprias sensações.
- Então goze. 
Disse, puxando-o com firmeza, sentando-o no colo com força e para sua infelicidade, também atou e imobilizou seus braços, atrás de seu corpo, colado as suas costas. Orochimaru assentiu e mordeu o lábio inferior, mas antes que pudesse voltar a se mover fora preso e perdeu um pouco do equilíbrio, mas manteve-se ali. Gemeu dolorido pelas amarras firmes no corpo e moveu os quadris, rebolando sobre ele, não iria aguentar, e de fato gozou, inclinando o pescoço para trás a deixar um gemido escapar dos lábios.
- Ah! Akuma...
A medida em que ia se aproximando do ápice, Akuma ia intensificando as sensações no corpo dele, bem como falou, queria faze-lo gozar até desfalecer, gostava de prover um prazer intenso. Levou a mão até sua nuca, segurou seus cabelos e puxou-os para trás, o fez pender porém ainda o sustentou no corpo, ainda o deixou ter algum apoio. Empurrou-se com força, estocou uma, duas vezes mais até então fazê-lo gozar e seguir seu ritmo, gozou nele, deixando sentir seu corpo aquecer com o que fluiu para ele. O gemido mais alto deixou os lábios de Orochimaru quando sentiu o puxão nos cabelos, sabia que o prazer que sentia não era só próprio porque era muito forte, mas era o que fazia as pernas tremerem de modo até um pouco descontrolado sobre ele e não tinha apoio, o apoio era ele, sentiu até a vista sutilmente embaçada, achou que estava passando mal, mas era apenas as sensações do corpo que eram intensas demais. Mordeu o lábio inferior e por fim sentiu-se aquecer com seu ápice, que inclusive era mais quente do que o próprio normalmente era. 
- ... A-Akuma...
Akuma riu baixinho e entre os dentes, notando toda reação do moreno, estava se desfazendo no clímax, mas o segurava como estava, ainda que seu corpo trêmulo quisesse sair do lugar. Não deixou de aproveitar o próprio clímax porém, sentia a sensação do prazer formigar o corpo, e podia claro, intensificar como fazia com o dele, mas queria olhar pra ele enquanto se desfazia atordoado, portanto, daquele modo era suficiente. 
- Isso é bom, ah? 
Indagou, mais lânguido que habitual, em seguida liberou sua sensação de aperto, liberou as cordas imaginárias. Orochimaru assentiu e uniu as sobrancelhas, sentindo o corpo livre agora que não tinha mais o aperto das cordas. Olhou os pulsos por um momento e pôde ver as marcas ainda assim na pele, ainda que fossem imaginárias. 
- É gostoso...
- É? 
Akuma indagou, não esperando realmente uma resposta. Deslizou os dedos por sua nuca, sentindo seus cabelos curtos e por lá o trouxe para perto, lambiscou seus lábios. Orochimaru assentiu e suspirou, estava trêmulo, evidentemente, e sentia frio agora. Ao se aproximar, retribuiu o toque, lambeu a língua dele. Akuma deslizou a mão por suas costas, arranhando suave, superficialmente, sua pele. Continuou o beijo que vinha lânguido, ele ainda estava atordoado pelo prazer. 
- Hum... Não me dê tanto prazer assim, ou eu morro.
 Disse num pequeno riso em meio ao beijo.
- Hum, não eu não vou deixar isso acontecer. - Akuma sorriu como ele. - Só vai chegar perto.
- Hum, tá bem então, me salve. - Orochimaru riu. - Se acontecer...
- É claro, se é meu parceiro, será protegido.
Orochimaru sorriu e assentiu. 
- Dormirei com você?
- Se não for ter medo da viagem até aqui.
- E quem disse que eu vou embora?
- Você não é um homem viajante?
- Hoje não... Posso ficar?
- Bem, foi pra ficar que eu trouxe você aqui.
Orochimaru sorriu meio de canto. 
- Então, me mostre o que fazer de interessante.
- Eu não entendo muito do que pode ser interessante pra você, ou para muitos humanos, além do sexo e das bebidas. Você pode me mostrar.
- Hum... Entendi. Tudo bem. - Orochimaru disse e se afastou. - Você... Fez sexo pela primeira vez só quando foi... Expulso?
Akuma sorriu, mostrando-lhe os dentes.
- Hum. Experimentei muitas coisas apenas quando fui expulso. Como sexo, dor.
- Hum, coisas que os humanos fazem ou sentem. É verdade que você não sente amor?
- E quem disse isso a você?
- Todos dizem, demônios não podem amar.
- Assim como um anjo não deveria sucumbir aos desejos.
- Hum, você é louco por desistir do paraíso por causa de coisas humanas. - Disse num riso.
- Eu não desisti do paraíso, ele que desistiu de mim. - Akuma riu.
- Hum, mas desejou coisas humanas pra sair de lá, não foi?
- Não foi exatamente assim, não é como se eu tivesse desejado de propósito.
- Hum... Entendi. - Orochimaru sorriu meio de canto. - Bem, se o céu não quer você, eu também não quero o céu. - Deu de ombros.
- Ah é? 
Akuma sorriu e apoiou o cotovelo sobre a beirada da banheira, tão logo o rosto sobre a palma da mão.
- Hum. - Assentiu. - Não parece ter nada de errado com você que não teria em mim, por exemplo. Claro que não sou um demônio, mas... Os desejos que você tem certamente são os mesmos que eu.
- Oh, pequeno Orochi gosta de mim, ah?
Orochimaru desviou o olhar a ele e uniu as sobrancelhas. 
- Eu não disse isso.
- Praticamente disse sim.
- Não, eu só disse que se eles te expulsaram por você desejar as mesmas coisas que eu, então eu também não serei bem vindo lá.
- Não, você disse que se eles não me querem então você não os quer também.
Orochimaru desviou o olhar. 
- Eu não sei o que eu disse, certamente devo ter dito errado...
- Ah, claro, foi isso sim.
Orochimaru fez um pequeno bico, sem intenção, é claro. 
- Vamos sair...
- Acho que você ia se banhar, não? - Akuma indagou e tocou seus lábios com o dedo, breve.
- Ia... Mas a água está suja, posso... Usar o chuveiro? Nunca vi uma casa com tudo dentro assim.
- Use o que quiser, meu Orochimaru. Agora você pode usar.
Orochimaru sorriu meio de canto e levantou-se, estava frio, estremeceu ao pisar no chão de madeira. Seguiu ao chuveiro, que abriu e viu a pequena cascata de água cair sobre si, também era aquecida, de modo maravilhoso, teve que sorrir.
- Nossa...
Akuma se levantou logo após ele, deixando a banheira qual tão logo esvaziou, não precisava de muito empenho na atividade. Sorriu ao vê-lo, sabia o quanto estava aproveitando e o mais curioso era não estar ali por mordomias, aproveita-las era uma conseqüência.
- Isso tudo existe mesmo ou é como a corda? - Orochimaru desviou o olhar a ele.
- A casa existe. Alguns aspectos dela eu posso melhorar. - Akuma sorriu, canteiro.
- Entendi. - Disse num pequeno sorriso. - É estranho estar numa ilusão sua...
- Mas não estou falando da estrutura, estou dizendo da água quente por exemplo.
- Ah, entendi. Isso é bem incomum. Só temos água quente se aquecermos, então.
- Aproveite a água. 
Akuma disse enquanto encarava-o em seu banho, podia ver sua pele agradecer pelo calor da água. Orochimaru assentiu e usou o sabonete que ele tinha ali para lavar o corpo, era outra coisa que não costumava ver com frequência, mas não disse nada.
- Bem, sou uma criatura eterna, preciso descobrir coisas novas.
Orochimaru riu. 
- Eu não falei nada.
- E precisa?
- Não, você lê tudo que eu penso. 
Disse num pequeno riso novamente. Após se lavar, buscou a toalha ali mesmo no banheiro, era macia, teve que sorrir por isso também. 
- Posso fazer um chá pra você... Tem ervas aqui?
- Nem tudo. Mas você parece bem com isso afinal. - Akuma disse e assistiu seu banho até o final. Aproveitou e se vestiu tão logo, sugerindo com o dedo a direção da porta, logo, o lado de fora da casa. - Você pode procurar tudo o que precisa lá fora.
- Hum, entendi, então não tem em casa. - Ao ajeitar o kimono, Orochimaru seguiu para a porta. - Eu já volto.
- Não dentro de casa, mas se me disser o que quer eu posso conseguir, você sabe.
- Não, sem mágica, eu quero que prove as ervas de verdade. - Disse e sorriu meio de canto.
- Mágica? - Akuma riu. - Vá em frente.
- É, é como mágica, sei lá. Mas assim você não vai saber o gosto realmente, vai ser só ilusão sua.
- Você é adorável. Vamos, busque as ervas.
Orochimaru assentiu num pequeno sorriso e negativou, saindo de sua casa e pisou na grama, sentindo o cheiro de chuva, terra, iria chover, o céu estava escuro. Seguiu pela floresta, passando entre as árvores e olhava o chão, estava claro ainda, podia ver, não com tanta clareza como queria, mas conseguia. Pegou algumas ervas, chá verde, ele não conhecia, então iria mostrar. Apenas gostaria de ter um pouco de alguma fruta cítrica, gostava dos cítricos e coisas refrescantes, como o shisô. Ao voltar, fechou a porta atrás de si, mostrando as ervas a ele. Akuma seguiu alguns passos até o lado de fora, ficou ali, observando seu caminho tomar espaço de si, poderia ir até lá, mas ficou observando de onde estava. Na volta observou as folhas, já as conhecia embora não houvesse provado da bebida a partir dela. 
- Já bebeu chá verde? 
Orochimaru disse a ele enquanto seguia para a cozinha e buscou a chaleira, onde aqueceria a água.
- ... Ah, você não tem um fogão, ou um lugar pra acender o fogo?
- Conheço a erva, mas nunca bebi o chá dela. Aqui tem tudo o que deveria ter numa casa, Orochi-chan. Me preparei pra você, querido.
- Ah, ta bem... 
Orochimaru disse a procurar o local onde poderia fazer o chá e acendeu o fogo, deixando-o aquecer a chaleira. Akuma o acompanhou, levando a chaleira que ele procurava até ele, feito isso deixou prosseguir o preparo. Se acomodou, sentando-se numa das almofadas ali, fitando-o aonde estava e sabia que de algum modo ele pareceu tímido com aquilo.
- Você não sente frio? Está um frio do inferno aqui. - Orochimaru disse, mas quando percebeu o que havia dito negativou. - Não, digo...  O inferno não é frio...
- Eu sou bem quentinho, vem cá ficar quente. 
Akuma disse e sorriu diante do comentário, tratou porém de deixar o calor no ambiente, até preferia afinal. Orochimaru aproximou-se dele e ajeitou-se junto de seu corpo. 
- Não, não faça isso, não aqueça a sala, aqueça o meu corpo com o abraço.
- Hum, hoje estamos de bom humor.
Akuma disse e na sua proximidade, de fato o abraçou, aquecendo-o com o corpo que já normalmente cálido, talvez um pouco mais daquela forma. 

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