Yasuhiro e Yoruichi #34


Yoruichi havia finalizado o jantar, uma carne que Yasuhiro havia caçado, e junto dela fez suco de shisô, que havia sobrado de alguns bolinhos e arroz. Saiu da cozinha e seguiu para a sala, o procurava visualmente e o encontrou num futon na sala, a porta da varanda estava aberta e podia ver o vento gentilmente tocar os cabelos dele. As estrelas brilhavam e os pequenos corpinhos dos vagalumes iluminavam seu rosto numa cócega sutil. Riu consigo mesmo.
- Hey, dorminhoco... Acorde, o jantar está pronto.
Yasuhiro despertou em algum momento ao sentir seu cheiro por perto, mas não abriu os olhos porém, ficou ali como estava, sentindo a brisa leve da noite, era uma noite preguiçosa. Sorriu no entanto ao ser chamado, sem abrir os olhos ainda assim. Yoruichi sorriu e abaixou-se, ajoelhando ao lado dele, selando seus lábios.
- Engraçadinho, acorde.
O loiro sentiu o toque suave e só então abriu os olhos, tão pouco no entanto. 
- Hum...
- Preguiçoso. - O moreno disse a beijar o rosto dele agora. - Os vagalumes gostam de você.
- Parece que os bichos gostam de mim. Começou com um pequeno morcego.
Yoruichi riu baixinho ao ouvi-lo e negativou.
- Hum, eu era um pequeno morcego muito adorável, pode falar a verdade.
- É verdade. 
Yasuhiro riu, entre os dentes, preguiçoso como estava. Mas o puxou num movimento hábil, cuidadoso porém, fez se deitar contra o peito. Ao se deitar sobre ele, Yoruichi guiou os joelhos aos lados do corpo dele, abaixou-se e selou seus lábios. 
- Estava sentindo o cheirinho gostoso da carne? Fiz o cervo que você caçou. Os meninos estão dormindo, não sei se devo acorda-los pra comer.
- Hum, estava sentindo o cheiro da carne, o cheiro do shisô, o cheiro da grama, o cheiro da minha dama da noite.
O moreno sorriu a ele e tocou seu rosto, estava sendo tão gentil com ele naqueles dias, não sentia mais vontade de fato de ser grosseiro com ele, não tinha mais motivos, estava feliz, estava genuinamente feliz com ele, e o amava tanto que as vezes sentia o coração quase sair pela boca. 
- Hum, eu não posso garantir que ficou bom, mas...
- Hum, eu aposto que sim. 
Dito, Yasuhiro preguiçosamente abriu os olhos de fato desta vez e sorriu, mostrando os dentes. Como ele, sabia das diferenças da convivência, estavam mais brandos, haviam se tornado não só amantes como amigos também. Levou as mais até suas pernas e deslizou circulando, sentindo a seda em suas pele.
- Hum, não pode. - Yoruichi murmurou num pequeno sorriso. - Só se eu for a sobremesa.
- Estou só fazendo carinho, seu tarado. - O loiro disse, fazendo-se ofendido.
- Ah, eu sou o tarado? 
O moreno disse e ouviu os passinhos do pequeno pelo chão, carregava a bonequinha de pano comprada na feirinha, ele mesmo havia escolhido, era Ikuma, e esfregava os olhinhos sonolentos. 
- Mamãe... Eu senti cheiro de carne... Tem carne?
- Sim, você. - Yasuhiro afirmou, convicto. Porém se voltou ao pequeno marchador, sorriu ao ouvir a pergunta. - Não, amor. Você está imaginando coisas.
- Ah... Foi sonho? ... Mamãe, você pode fazer carne pra mim?
Yoruichi riu baixinho e negativou. 
- Mamãe fez carne sim, vem, vem cá. - Disse e saiu de cima do outro, sentou-se no chão e tocou os cabelos loirinhos do pequeno, colocando uma mecha atrás da orelha. - Estava num soninho bom? 
Ikuma assentiu, abraçando o moreno.
- Hum... Você é o meu bebezinho. Por que não acorda o seu irmão pra vir comer carne? Mamãe fez suco de shisô.
- Hum, não...
- Por que não?
- Sobra mais pra mim.
- Ah, vou te dar umas palmadas. Tem que dividir com o Yuuki. 
Ikuma fez um pequeno bico. Yasuhiro riu entre os dentes, porém o viu se afastar. Virou-se, deitado ainda como estava a que pudesse vê-los e tornou a rir ao ouvir o menor. 
- Viu, por isso o papai disse que não tinha, pra sobrar pro papai, achou isso legal?
- Não, você é mau.
Yasuhiro riu. 
- Então, tem que dividir, assim como o papai vai dividir com você. 
- Hum... 
Ikuma assentiu, abraçando o pequeno brinquedo.
- Vai lá chamar ele vai, mamãe coloca um pouquinho de amor a mais no seu prato por saber dividir. 
- Promete?
- Prometo. 
Yoruichi disse e o beijou em sua bochecha macia, vendo-o seguir para o quarto. Yasuhiro observou o filho partir e claro, tanto ele quanto a si pareciam idiotas sorrindo em sua partida. 
- Eu que fiz. - Disse, sugerindo o filho, como se indicasse um feito orgulhoso.
Yoruichi desviou o olhar a ele e riu baixinho, abaixando-se e selou os lábios dele. 
- Eu ajudei.
- Ajudou mesmo. - O loiro sorriu e retribuiu seu pequeno beijo.- Eu dei a matéria e você desenvolveu.
- Hum. - O moreno assentiu e sorriu a ele. - Vem, levanta, me ajuda a arrumar a mesa.
- Ta bom, meu bolinho de shisô
O loiro disse e se levantou, seguiu com ele até a sala de jantar aonde passou a arrumar a mesa. Yoruichi sorriu meio de canto e na cozinha pegou as louças, levando até a mesa, assim como o jantar e logo viu os dois pequenos a caminhar para a mesa, Yuuki parecia ainda estar dormindo enquanto andava, teve que rir. Yasuhiro dispôs a louça nos lugares devidos e sugeriu as almofadas aos pequenos, eram dorminhocos feito o papai. 
- Hum, parece que dormir é melhor que comer, ah?
- Isso porque era só um cochilo, e vocês dormiram três horas. Tem que dormir pouquinho ou não vão dormir de dia.
- Eu vou dormir de dia sim.
Yasuhiro riu. 
- Aqui não tem tempo ruim, mamãe.
- Ah, você se puder dorme 24h, Ikuma.
- Dormir é legal, mamãe.
Yoruichi tocou o rosto do menorzinho que até então não havia cumprimentado e o ajudou a se ajeitar nas almofadas, assim como seu irmão.



Yoruichi suspirou enquanto virava novamente na cama, não conseguia dormir. Estava frio, era um princípio de inverno, geralmente se saía bem quando os filhos não estavam em casa, mas naquele dia especialmente estava triste, queria vê-los, queria fazer algo gostoso pra eles comerem, e eles não estavam... 
- ... Não consigo dormir. 
Disse, sabendo que o outro também não já que estava agoniado.
- Hum, posso ver, princesa... - Yasuhiro murmurou, rouco, quase sonolento, mas fingiu que não. - O que já de errado?
- ... Não sei, eu... Eu quero meus filhos. 
O moreno disse a unir as sobrancelhas, sabia que Yuuki estava na casa do avô e havia ficado por lá, Ikuma estava dormindo, mas não queria acorda-lo, sentia só uma agonia.
- Queria eles juntos, pra poder... Sei lá, fazer um sanduíche pra eles. Eu... Eu não sei.
- Eu posso ir buscar o Yuuki, mas ele provavelmente vai vir resmungando. - O loiro riu.
Yoruichi riu e negativou a ele. 
- Não... Deixa ele lá... - Murmurou e suspirou, aproximando-se dele e selou seus lábios, uma, duas vezes. - Quer fazer amor comigo então? Bem gostoso...
O loiro sorriu e deu a ele o aconchego num dos braços. 
- Oh... - Murmurou ao que recebera seu convite. - Você me quer ou só quer passar o tempo?
- Ora essa. - O moreno disse a estreitar os olhos. - E desde quando eu te quero só como passa tempo?
- Queria cuidar dos bebês e agora quer fazer um novo. Mas de todo modo eu aceito o convite independente da razão. - Riu.
Yoruichi estreitou os olhos mais uma vez e selou os lábios dele, puxando-o para si e separou as pernas, dando espaço a ele em meio a elas. As coxas nuas o pressionaram, o kimono já estava aberto e não usava roupa íntima, então ele teria espaço para fazer o que quisesse consigo. Sorriu a ele, mostrando os dentes afiados e selou seus lábios, podia até sentir o caminho que ele faria para dentro do corpo, mas não veio, o que veio foi um grande buraco no peito que parecia queimar cada vez mais, e sabia que ele também sentia porque parou o que fazia na mesma hora, e não era normal quando ele estava entre as próprias pernas. 
- Yasuhiro! É o Yuuki!
Yasuhiro revirou-se com ele na cama, subindo para seu corpo nu, suas pernas macias e algo não tão macio mais embaixo, ele estava animado e gostava de encontrá-lo desse modo. Ao se ajeitar para ele, roçou igualmente a nudez com a dele, ia se segurar e se levar para ele mas sentiu um desconforto, uma sensação de medo, calor, ardor. Se levantou sem precisar falar nada, tempo suficiente apenas para vestir a roupa. Ikuma já estava no quarto e parecia passar mal. 
- Fique com o Ikuma, eu vou até lá!
O moreno assentiu, ajeitando o kimono enquanto ele corria para fora, não conseguiu ter tempo nem de dizer nada. 
- Tome cuidado... - O moreno disse e estava agoniado, por isso se levantou rapidamente para abraçar o pequeno junto a si. - Ikuma... Tudo bem, meu amor? Você está bem?
- Não mamãe... Esta doendo...
- Já vai passar meu amor. 
Disse a ele e abanou seu corpo pequeno, tentando dar ar a ele e sabia que era por causa de Yuuki, era fogo, tinha certeza, mas ainda sentia o filho, então sabia que não estava morto. Por um momento, silencioso enquanto abraçava Ikuma se concentrou em outras sensações, ao procurar a mãe, ou o pai, encontrou um vazio profundo e uniu as sobrancelhas, sentindo as lágrimas nos olhos. 
- ... Fique... Fique aqui com a mamãe tá? Vai ficar tudo bem...
Yasuhiro podia sentir as sensações de Yuuki, Ikuma e mesmo o parceiro que deixou em casa, estava angustiado, ainda mais do que antes. Talvez nunca houvesse feito uma viagem tão rápida, a casa não era realmente tão próxima dos pais, mas a medida em que ia se aproximando, podia ver o fogo tomar conta de boa parte da casa e mesmo do terreno, do jardim. Algumas pessoas estavam do lado de fora, provavelmente os causadores daquilo, pois pareciam sequer se importar com a situação, sem ajuda, sem intenção além de ver o fogo. Yuuki, seu cheiro era ofuscado pela fumaça, pelo valor insuportável, teve de entrar por qualquer brecha na parte de trás da casa, evitando as pessoas na frente dela. Tentou com insistência encontrar rastros do cheiro do filho. 
- Yuuki! 
Chamou, sentindo a pele arder mesmo com a simples fumaça cálida.
O pequeno estava na sala, por sorte havia saído do quarto quando tudo começou a desmoronar, ou teria morrido junto dos avós. Estava sozinho, os pais a quilômetros de distância, sabia que acabaria morrendo como os avós, então ficou embaixo de uma mesa grande de madeira enquanto via o fogo queimar aquela parte da casa, não tinha como sair, a frente estava barrada pelo fogo e não pensou numa porta de trás. Os olhinhos pequenos estavam arregalados enquanto ficava ao redor, não queria morrer, não queria mesmo e por isso as lágrimas encheram os olhos enquanto sentia a pele arder colorida onde o fogo havia tocado, de olhos fechados, abraçou as pernas apertado. 
- Mamãe... 
Chamou, baixinho, mas não fora a mãe que ouviu, era o pai. Abriu os olhos novamente e viu os cabelos loiros e o kimono vermelho do pai que estava parado na sala. Saiu de baixo da mesa, rápido e correu até ele, abraçando-o. 
- Papai!
- Yuuki! 
O loiro disse a medida que seus passinhos rápidos o levaram como um falcão até a si, o abraçou o tomou no colo, envolvendo-o com os braços como se tentasse cobrir todo seu corpo que parecia ainda menor naquela ocasião. O beijou na cabeça, no rosto, mas buscou aonde pudessem sair. Aquela altura já havia queimado o quimono ou ferido alguma parte do corpo, o que só descobriria mais tarde, quando já não estivesse tão ocupado com os sentimentos do filho, do parceiro. 
- Tá tudo bem, mamãe está esperando você em casa, vai ficar tudo bem.
O pequeno se encolheu nos braços dele, já chorava, tinha medo ainda embora soubesse que agora poderia estar a salvo nos braços do pai. O abraçou forte, firme e escondeu a cabeça no pescoço dele, entre os cabelos enquanto o viu sair da casa, deixando o fogo para trás.
Em casa, Yoruichi acariciava os cabelos de Ikuma, mas tinha lágrimas nos olhos que não deixava escorrer, estava concentrado nele, nos sentimentos dele e o alívio quando ele encontrou o filho e saiu da casa, pode sentir, e por isso suspirou fundo, fechando os olhos por alguns segundos, agradecendo, e a pequena lágrima escorreu do rosto e molhou a manga do kimono do filho.
- Mamãe... O que aconteceu?
- Yuuki estava num lugar com fogo... Papai vai contar...
Yasuhiro afagou seus cabelos loiros e desalinhados. Depois de algum tempo conseguiu driblar as chamas dentro da casa, conseguiu passagem para fora dela e ao olhar para trás, podia ver as mesmas pessoas esperando que a cada se desfizesse em cinzas, mal teve tempo de pensar nos tios, nos pais de Yoruichi, mas sabia que se estivessem vivos, Yuuki não estaria ali. Tão rápido quanto chegou lá, saiu dali e voltou para casa, tentou tranquilizar o filho e mesmo os próprios sentimentos, esperando que o moreno sentisse o mesmo de onde estava, até finalmente chegar lá e deixar o filho ser visto por ele. 
- ...
Yoruichi desceu da cama, levando Ikuma no colo consigo e ao chegar na porta o deixou no chão. Correu pela varanda descalço e ao vê-lo com o pequeno correu pela grama mesmo até alcança-los e os abraçou, firme, o filho e ele, beijando o pequeno na testa e ele nos lábios.
- Vocês estão bem? Você está bem, meu amor?
- Iie... Dói mamãe... Dói... 
Disse o pequeno a pedir colo e o pegou no colo, acariciando seus cabelos loirinhos. Uma das mãos, desocupada, deslizou pelo rosto do marido e o tocou num pequeno machucado em sua bochecha, negativou. 
- Venham os dois pra dentro.
- Já vai passar, pequeno. Vai passar. 
Yasuhiro disse e tocou os cabelos do filho no entanto o deixou levar consigo para dentro, sabia que não o largaria tão facilmente e Yuuki precisava mesmo daquilo. 
- Vamos.
Yoruichi entrou junto dele e Ikuma, segurando a mão do outro filho, que olhava o irmãozinho no colo, assustado. 
- Calma, Yuuki calma. 
Colocou-o numa almofada macia e acariciou os cabelos dele, puxando seu kimono e o rasgou, estava todo repicado mesmo. Rasgou um tecido na cozinha e buscou os vidros de sangue, que usou para cobrir as feridas. 
- Mamãe vai te dar um banho, ouviu? Gelado, pra melhorar as feridas, e com sangue na água. Você está bem?
Yasuhiro abaixou-se, observando o filho, estava quieto, embora com seus olhos intensos, provavelmente amedrontado, retorcia suavemente a expressão ao sentir o toque na pele. Ao se levantar buscou uma dose de sangue, entregou ao filho. 
- Beba, Yuuki, vai parar de doer...
Yoruichi estava aflito, tanto quanto o filho, se fosse humano, certamente já teria infartado. Aproximou-se dele e beijou-o no rosto, várias vezes, beijou também o outro pequeno que se sentou ao lado dele. 
- Vocês estão bem... Mamãe e papai não vai deixar nada acontecer com vocês, nunca, ouviram? Nunca. 
Falou e suspirou, vendo o pequeno beber o sangue do copo, limpando-o. Enquanto isso, molhava o tecido no sangue e cobria suas outras feridas. Melhor? Murmurou e viu o pequeno assentir. Só então virou-se e beijou o marido no rosto. 
- Tire o kimono também, vamos jogar fora, pegue sangue e eu vou fazer compressas pra você.
- Cuide do Yuuki primeiro e se acalme você também, está tudo bem. Vai parar de doer, filho, vai ficar bom. Ikuma, cuida também do seu irmão, fique calmo, isso não vai acontecer de novo. A vovó e o vovô resolveram dormir pra sempre, mas estão bem também.
Yoruichi uniu as sobrancelhas ao ouvi-lo, estava abalado demais pra conseguir se concentrar em alguma coisa e sentiu as mãos tremulas, acabou por derrubar os tecidos no chão e negativou, abaixando-se para pega-los.
- Você quer que eu faça isso? - Yasuhiro indagou e tocou seus cabelos, afagando sua nuca.  
- Onii-chan, vai parar de doer...
- Não... - O moreno disse conforme se levantou, olhou pra ele e os olhos amarelos estavam cheios de lágrimas que estava tentando segurar. - Você... Pode tirar o kimono por favor? Eu quero ver onde machucou e cuidar...
- Depois, amor. Cuide do Yuuki, vão, tomem um banho juntos. Eu vou estar aqui, junto com vocês. 
Aquela altura a pele do loiro já começava a evidenciar o ardor, mas se absteve da atenção a isso, levantou-se buscando um pouco de sangue, bebeu o conteúdo todo do copo e tomou uma segunda quantidade depois, era suficiente para ajudar a cicatrização, embora a pele continuasse sensível, precisaria tatear a pele com o sangue direto. Yoruichi suspirou ao ouvi-lo e assentiu. Pegou o filho no colo e o beijou no rosto.
- Ikuma, eu vou te pedir um favor, você faz pra mamãe? 
O viu assentir e sorriu a ele, beijando-o no rostinho. 
- Pega um pouquinho de sangue e passa nesses tecidos, coloca nas feridas do papai. Você ajuda a mamãe a fazer isso?
- Uhum.
- Então tá bom. Mamãe já volta. 
Disse e levou o pequeno para o banheiro ali dentro mesmo, preparou a banheira, a água era fria porque ele não podia com água quente ou morna e acariciou os cabelos do filho. 
- Fala pra mamãe o que aconteceu.
- ... Não quero falar agora, mamãe.. 
Yuuki disse, estava incomodado, estava atordoado, não queria pensar nos avós.
- Tudo bem... Me desculpe. Esta doendo ainda?
- Dói aqui, e aqui também. 
Yuuki disse, sugeriu primeiro a cabeça e posteriormente o peito, a dor que sentia não era exatamente na pele. Yoruichi assentiu e fitou o corpo dele, ele não tinha nenhuma marca no peito então sabia do que ele falava. Acariciou os cabelos dele e o beijou no rosto, no fim, colocou sangue na água e o colocou lá dentro. 
- Não está tão gelada, você não vai sentir, não se preocupe, vai aliviar suas feridas. Vai ficar tudo bem, tá bom?
- Foram os humanos. 
Yuuki murmurou, não se importava realmente com a temperatura da água, na verdade era um grande alívio sentir o toque frio dela, acalmava o ardor da pele. Yoruichi uniu as sobrancelhas. 
- ... Eles colocaram fogo? 
Murmurou e tocou suavemente a pele machucava do filho com o tecido macio, havia embebido ele em sangue antes.
- Sim, fogo na casa. Vovó e vovô nem tentaram ir até mim... Eu não sei o que aconteceu.
O moreno suspirou, certamente eles deveriam ter colocado fogo numa área onde atingiu o quarto de cima primeiro.
-  ... Tudo bem, eles... Eles estão bem agora, não se preocupe. Os humanos não vão pegar você, hum?
- Não... Eu quero matar todos eles!
- Eu também quero meu amor, mas se fizermos isso, eles vão vir e queimar a nossa casa também. E eu não quero que você morra ou o Ikuma.
- Eu vou crescer e matar todos...
Yoruichi suspirou e acariciou os cabelos dele. 
- Quando você for mais velho, vai poder matar todos eles mesmo. - Disse num pequeno sorriso. - Mas agora, você precisa ficar forte antes.
- Eu vou... 
Yuuki disse e embora não demonstrasse a voz soou um pouco trêmula diante da passada de tecido numa parte ardida. Podia sentir a mãe, estava triste, então não queria mostrar que sentia a pele dolorida. Yoruichi uniu as sobrancelhas, sabia que doía, mas tinha que fazer, tinha que fazer cicatrizar a pele dele ou ficaria cicatriz, por sorte, não era sol, ou teria ficado. 
- Quando você crescer você vai ser meu guerreiro. Mas agora você precisa melhorar. - Disse e o beijou na testa, acariciando seus cabelos molhados. - Vai ficar tudo bem, tá?
Yuuki apenas assentiu, sabia que ele assim como a si, estava fingindo que tudo estava bem. Se arqueou e encostou a testa junto ao braço dele.
- ... Sei que você está triste pelo seu avô. - O moreno disse, baixinho, somente para ele e tocou a testa dele com a mão fria, onde estava machucado. - ... Eu sei que eles não eram tão bons quanto poderiam, mas... Sei que sentirá falta deles. Eu sinto muito, querido.
- Mamãe que está triste... - Yuuki murmurou, ali mesmo aonde estava e aonde ficou.
Yoruichi sorriu meio de canto enquanto fitava seu rostinho tão perto do próprio e beijou-o na pontinha do nariz. 
- Eu vou ficar bem...
Yuuki assentiu, unicamente com a cabeça. Continuou a sentir o pano passar pelo corpo delicadamente, mas repousou em seu ombro, fechou os olhos e tentou não pensar no calor do fogo ainda que ele estivesse sentido na pele.
- Eu prefiro mil vezes que isso tenha acontecido do que algo ter acontecido a você. - Yoruichi disse e tocou o narizinho dele com o dedo indicador. - Eu acho que eu teria morrido junto com você.
Yuuki ergueu os braços devagar, ardidos em partes específicas, alcançou o pescoço do pai e então o abraçou. O moreno o abraçou igualmente e sentiu as pequenas lágrimas escorreram pelo rosto, estava triste, mas tão feliz que ele estava bem. 
- Eu não consigo viver num mundo onde você não está, meu amor. Eu sempre vou cuidar de você, hum?
Yuuki assentiu com a cabeça. 
- Eu também vou cuidar de você, mamãe.
- Vai é? Promete pra mamãe? 
Yoruichi disse num sorriso e afagou os cabelos dele novamente.
- Prometo. Prometo!
O moreno assentiu e roçou o nariz ao dele, o amava demais pra caber no peito e por isso o coração bateu forte dentro dele, teve que cessar por um momento e suspirar, mesmo sem costume. 
- Hum, está melhor as queimaduras? Ainda dói? Papai e Ikuma devem estar preocupados com você, mas eles não sabem que você é o mais forte de todos nós.
- Sinto que a minha pele tá queimando, mas não está doendo mais, só está estranho...
Yuuki sorriu suavemente diante do comentário e assentiu com a cabeça, seria forte. 
- Hum, então quer ficar mais um pouquinho ou quer ir pra cama? Mamãe repõe as faixas em você e te da mais sangue, assim vai passando a dor e você pode descansar, estava dormindo, não estava?
- Quero deitar com você, mamãe.
Yoruichi assentiu e sorriu a ele. 
- Vou levar você pra minha cama então. Quer mais um pouquinho de banho?
- Não.. Quero mais sangue.
O moreno assentiu e esvaziou a água, pegando-o no colo e colocou-o no chão, sobre o tapete pequeno do banheiro. Secou seu corpo com muito cuidado, evitando as partes machucadas que agora já haviam cicatrizado, mas ainda estava vermelho. O pegou no colo, enrolado na toalha e o beijou no rosto, seguindo para fora, na cozinha, buscou um copo de sangue cheio e entregou a ele. 
- Hum... Acho que vou ter que sair pra caçar amanhã.
Yuuki parou aonde colocado, sentindo a toalha doer na pele mesmo com suavidade. Não reclamou no entanto. Quando seguiram para a cozinha aceitou o copo com sangue e tomou em goles, em tragos. 
- Não se preocupe, eu farei isso. 
Yasuhiro disse ao parceiro, com o filho no colo. Afagou os cabelos molhados de Yuuki. Aquela altura já havia bebido o bastante e trocado a roupa, permaneceu sem a parte de cima, com ataduras úmidas. Yoruichi desviou o olhar ao loiro e negativou. 
- Você não vai a lugar nenhum, vai ficar em casa e descansar... 
Disse conforme viu os machucados dele e uniu as sobrancelhas. Por um momento deixou Yuuki sobre a bancada e deu um beijo na testa dele, apenas para olhar os machucados do marido, seus braços, tórax, até uma parte do abdômen estavam avermelhados. O abraçou, firme contra si, sabia que doeria, mas para ele não era um problema e repousou a face em seu ombro. 
- Meu Deus, eu... Eu não sei o que eu faria sem você... - Disse baixinho, para ele, embora soubesse que Yuuki ouviria. - Eu te amo... Eu te amo muito.
- Vou sim, você não vai me impedir. 
Yasuhiro resmungou, brincando com ele, mas o sorriso diminuiu, porém não extinguiu. Mordeu o lábio inferior ao sentir seu abraço, mas o retribuiu, sentindo sua firmeza. O beijou no topo da cabeça. 
- Hey, está tudo bem. Eu também te amo, não me atreveria a morrer e deixar meus morceguinhos aqui.
O moreno sorriu ao ouvi-lo, novamente sentiu o coração pulsar forte no peito. 
- Não se atreveria mesmo, eu ressuscitaria você no tapa. - Disse conforme se afastou dele e tocou o rosto dele com uma das mãos. - Você é o meu herói.
Yasuhiro sorriu e se virou, beijou a palma de sua mão. 
- Eu tenho certeza que me traria de volta.
Yoruichi sorriu a ele e selou seus lábios, estava feliz de ter ele consigo, mas tinha lágrimas
nos olhos por ter tido tanto medo de perde-lo.
- Não me deixa... Tá bom? Nunca... Nunca. 
Disse e abraçou-o novamente, beijando seu pescoço a sentir o cheiro gostoso que ele tinha, que só ele tinha, a pele dele, sentiu a textura macia, sentiu o toque dele e desejou poder ficar ali pra sempre, mas o toque do copo do lado lembrou a si do pequeno.
- Você sabe que isso nunca vai acontecer. 
Yasuhiro disse e retribuiu seu abraço, apertando-o entre os próprios. Tragou seu cheiro como ele o próprio e sabia exatamente o que ele estava pensando, porque sentiu isso com o filho, mas como disse, não se atreveria a deixá-los. Yoruichi assentiu e desviou o olhar a Yuuki, era tão pequeno, ficou imaginando o medo dele de estar sozinho lá. O pegou no colo novamente, agora ele já parecia melhor e aproximou-se do loiro novamente, selando seus lábios. 
- Vamos pro quarto? Acho que tem dois morceguinhos que querem dormir com a gente essa noite.
- Vamos, vamos dormir feito cobras hoje, todo mundo enrolado. 
Yasuhiro disse e beijou ele, os filhos também. Yoruichi riu baixinho e seguiu ao quarto, colocando o pequeno na cama com cuidado e acariciou seus cabelinhos macios. 
- Tudo bem, meu amor? Você quer alguma coisa?
- Não... Quero só dormir. 
Yasuhiro disse e por um minuto se voltou ao pai, abraçou-o pelo pescoço embora tenha continuado nos braços da mãe, era um agradecimento. Yoruichi assentiu e sorriu ao vê-lo abraçar o outro, não entendia como os humanos podiam ser tão cruéis com algo como ele, era como um pequeno anjo que o via, não um demônio. O cobriu com o cobertor macio, que não machucaria sua pele e beijou-o em seu rosto. 
- Boa noite, pequeno, eu vou estar bem aqui do seu lado, tá bom? - Disse e pegou o outro filho no colo igualmente. - Eu não esqueci de você, biscoitinho de gengibre. - Disse num sorriso e colocou-o na cama ao lado do irmão, beijando-o em sua bochecha macia. - Isso vale pra você também, mamãe vai estar aqui do lado. Eu amo vocês, tá bem?
- Também te amo, mamãe.
Disse Ikuma, Yuuki apenas se encolheu em seu cantinho, mas assentiu com a cabeça, era sua retribuição embora fosse tímido para falar.
- Eu também te amo, mamãe. 
Yasuhiro disse e sorriu ao moreno, mostrando-lhe os dentes. Yoruichi assentiu a Yuuki logo em seguida, entendia o que ele queria dizer, mesmo sem dizer, era algo próprio e dele. Cobriu igualmente Ikuma e roçou o nariz ao dele, depois estreitou os olhos ao maior e deu um tapinha em seu braço onde não estava machucado. 
- Você não é bebêzinho. Você é bebezão. - Yoruichi disse e selou os lábios dele, cobrindo-o com o cobertor como fez com os filhos e deitou-se ao lado dele. - Boa noite, Yasu.
- Não vai roçar meu nariz também? - O loiro indagou e podia ouvir Ikuma rir.
Yoruichi riu baixinho e roçou o nariz ao dele como pedido. 
- Hum, seu invejoso.
- Não sou invejoso, só quero mimos também, mas depois você me paga.
Yoruichi sorriu a ele e assentiu, aproximando-se e repousou a face perto de seu peito. 
- Boa noite meninos, durmam bem.
- Bom dia, morceguinhos. Bom dia, minha dama da noite.
Yoruichi sorriu e beijou o peito dele onde se apoiava, fechou os olhos e agora dormiria tranquilo sabendo que o filho estava ali. Era estranho, como se antes previsse aquilo, estava inquieto a noite toda. Suspirou, tudo estava bem agora.

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