Kyo e Shinya #66


Shinya havia levantado cedo, o outro não estava em casa, havia saído para resolver algo referente a galeria ou algo semelhante, ele tinha muitas coisas pra fazer, então como iria exigir que ele ficasse em casa? Não o fazia. Agora com as crianças crescidas, não precisava mais cuidar delas e ficar como um louco pela casa atrás da pequena que batia no piano enquanto o menor pulava pela escada, fora uma época difícil, mas divertida ao mesmo tempo. O sofá era confortável, mas preferiu fazer um bolo, estava animado para cozinhar, decorar alguma coisa, ele iria gostar. Separou os ingredientes, o preparo não fora demorado e com o bico de confeitar fez alguns detalhes sobre a massa. O bolo foi para a geladeira e lavou toda a louça antes de resolver voltar para o sofá, segurou as baquetas na mão, eram novas e pretas, gostava delas e girou algumas vezes entre os dedos, talvez devesse praticar um pouco, já que a casa parecia muito silenciosa, e não tinha mais o que fazer para preencher o tempo. No andar de cima, e na sala fechada, isolada sentou-se na bateria, tocando com as mãos os tambores, e de 
fato, estava ensaiando demais ultimamente, não parava de tocar, mas somente porque queria ficar cada vez melhor, e estava tocando em muitos lugares, então, tinha que ensaiar mais coisas além das músicas da própria banda. Iniciou o ensaio a seguir as músicas que lembrava e que certamente estariam no próximo show, também ensaiou algumas outras músicas e cessou por um tempo a deixar as baquetas de lado, mas somente porque sentiu um estranho aperto no peito, que depois descobriu ser no baixo ventre. Levantou-se, apoiando-se na parede e suspirou, tentando descansar um pouco, talvez estivesse se esforçando demais, mas talvez fosse melhor se sentar um pouco, fora por isso que voltou ao banco da bateria, porém cessou antes de tocá-lo ao ver as pequenas gotas de sangue pelo chão e haviam sujado o casaco branco que usava, por sorte, não a calça preta. Arregalou os olhos, claro que havia ficado assustado e sem muita alternativa saiu da sala e seguiu escada abaixo, devagar, degrau por degrau, mesmo ainda a sentir as gotas de sangue que caíam sobre o chão, limparia quando voltasse. O marido não estava em casa, mas o filho sim, e embora ele não tivesse carteira, talvez pudesse falar com ele, já que sabia dirigir.
- H-Hitomi...
Murmurou ao abrir a porta do quarto e viu o filho deitado, em sua cama, viu o maior sentado, não estavam juntos, pareciam somente conversar, mas não havia visto o amigo chegar, e naquele momento não estranhou, estava meio agitado devido ao susto.
- Toshi... Você pode... Me levar no hospital?
Toshiya retirou o cachecol que usava, dando um pequeno sorriso ao outro, e havia acabado de acordar, por isso conversavam. Por sorte, assim que o outro entrou desistiu do que fazia, já que iria inclinar-se para se deitar com ele, e automaticamente os olhos se voltaram ao casaco branco que ele usava, manchado.
- ... Shin o que aconteceu? - Levantou-se. - ... Está doendo?
- Hai... Me ajude.
- Eu vou... Eu vou ligar pro Kyo.
- Não, não... Não quero incomodar, por favor, me leve, eu só... Só deve ter sido algo relacionado a bateria, não deve ser nada demais.
- Nada demais? Shin, você está sangrando!
- Toshi... Sem exagero.
- T-Ta bem... Você vem Hiito?
Hitomi já havia se ajeitado pela cama a dar espaço ao moreno quando ouviu ruir na porta, por sorte nada falavam que fosse comprometedor porque pelo silêncio  do pai, não teria sido despercebido. Voltou a atenção a ele, notando sua roupa clara manchada. Se fosse uma mulher, teria pensado algo, mas como homem... Não sabia o que pensar.
- É claro que vou, você está machucado.
- Hai, vou tirar o carro, ajude o Shin.
Shinya assentiu ao ver o amigo sair, e parecia abalado, assustado talvez, não queria assustar ninguém, por isso preferiu não pedir uma ambulância. Estendeu a mão ao filho, que já havia se levantado.
- Quer trocar de roupa?
Hitomi levantou-se num pulo. Por sorte estava vestido, usava calça escura e preferiu ir daquele modo mesmo. Negativou e tomou um casaco, trajando-o enquanto apoiava o pai.
- Você já tentou tirar a roupa e ver o que pode ser?
Indagou e ele e pegou um casaco maior ao pai, suficiente para esconder a peça manchada. 
- I-Iie, eu... Estava tocando bateria quando a dor começou, eu só levantei e desci, está doendo bastante...
Shinya murmurou, e embora parecesse calmo, de fato doía, mas adotara aquele modo calmo de agir devido ao marido, que se irritava facilmente com alvoroço. Segurou a mão do filho, e apertou-a entre os dedos.
- Desculpe.
- Então... Vamos rápido.
Hitomi disse e se sentia um pouco desconfortável em fazer aquilo mas pegou o pai nos braços, passando um deles em suas costas e outro abaixo de seus joelhos, subindo com ele até o andar superior e levou para o carro.
- Não é nada grave. Não deve ser apêndice, pode ser... Bem, não é grave. Vai comigo atrás? Prefere ir sentado ou deitado?
Shinya segurou-se ao filho, e claro, tinha vergonha, era desconfortável como ele mesmo havia descrito, mas ele era cuidadoso, e achava uma gracinha.
- ... N-Não fale, melhor... Não falar. - Riu baixinho, indicando a frase cortada por ele. - V-Vou sentado, não tem problema... Ah...
- Vamos gente. - Toshiya falou a estacionar o veículo em frente a casa. - Shin, está tudo bem?
- H-Hai...
- Na frente?
Hitomi indagou novamente, na resposta incompleta, por fim o colocou no banco traseiro do veículo e entrou junto ao pai. Shinya s
entiu o banco abaixo de si, dolorido e inclinou o pescoço para trás, apoiando a mão sobre o abdômen a observar o filho.
- Eu ia escolher o de trás mesmo. - Sorriu, meio de canto, não queria apavorá-lo.
- Não é melhor deitar?
Hitomi indagou a ele, dando espaço conforme se sentaram juntos. Por fim pegou o celular e mandou uma mensagem ao pai, indicando qual seria o endereço do hospital.
- Iie, estou bem. - Shinya falou e inclinou o pescoço para trás, suspirando. - ... O que está fazendo?
- Ai caralho... - Toshiya falou ao ver o engarrafamento, quase absurdo em uma das ruas e desviou meio bruscamente, adentrando um atalho. - Desculpem.
- Caralho Toshiya, é pra me levar pro hospital, não pra uma corrida.
- Porra, anda fazendo muitas barbas por aí?
Hitomi indagou a ele, provocando é claro. Negativou à pergunta do pai, disfarçando não ser nada de mais, sabia que ficaria feliz em receber a visita do pai inesperadamente. Não teve resposta na mensagem, mas sabia que havia visto.  Shinya r
iu baixinho, apesar de dolorido.
- Ai gente, parem de ser tão maus comigo, eu odeio dirigir em situações de emergência.
Toshiya disse e por fim estacionou em frente ao hospital, saindo do carro para ajudar o outro com o amigo. Hitomi d
eu um sorriso meio canteiro, mais pela colocação da situação na frase. Ao estacionarem, podia ver ser atendido por um enfermeiro, levando até o veículo a cadeira de rodas onde o pai fora acomodado. Seguiu com ele e deu um apertinho em seu ombro, indicando que tudo ficaria bem, pensava. Shinya suspirou, sendo guiado a cadeira de rodas e pela enfermeira seguiu ao quarto, claro, tentou não chamar muita atenção, mas o outro com sua altura gigantesca e roupas pretas não parecia muito discreto. Desviou o olhar ao filho e deslizou uma das mãos pela dele, retribuindo seu gesto sutil.
- Podemos ir com ele? Eh? Mas como vamos saber se vai ficar tudo bem?
- Por favor, aguardem aqui fora, logo vamos dar noticias, primeiro precisamos trocar as roupas dele e analisar o ocorrido, ele ficará meio desconfortável na presença de vocês.
- Esperamos em frente a porta, mãe.
Hitomi disse a ele, dada a proibição de entrada ao quarto onde ele logo desapareceu. Não demorou mais que quinze minutos da entrada no hospital e podia ver o pai pelo corredor, direção a ambos.

Kyo tomou o celular do bolso enquanto observava a organização da galeria. Estava movimentava com a arrumação, produtos para lá e cá, ainda assim sabia estar atendo ao aparelho, evitando problemas com a correria da banda ou mesmo de casa. Notou a mensagem do filho e no entanto voltou o celular ao bolso. Deixou avisada a saída, sob responsabilidade do encarregado e seguiu ao veículo, posteriormente ao endereço indicado. Não tinha certeza do motivo, não foi informado. Também não havia visto qualquer reação do baterista que pudesse leva-lo ao hospital, imaginava algum acidente em casa, nada que fosse de longo prazo. Teria tomado informação, mas não queria falar com ninguém, por sorte havia visto o caçula pelo corredor e seguiu até lá, junto ao filho e o baixista.
- O que houve?
Disse, e embora estivesse preocupado sobre a situação, podia soar tranquilo.
- Oi Kyo. E-Eu não sei, estávamos conversando e o Shin apareceu pedindo pra trazer ele pra cá, então... Nos assustamos porque ele estava com a roupa suja de sangue e não parecia ter se machucado, parece que ele estava com dor no abdômen, ou algo parecido. Quase entrei em pânico. 
Kyo cruzou os braços sobre o peito enquanto fitava o baixista que viera antes do filho a dizer. Claro que franziu o cenho, naturalmente, embora dessa vez analisasse a situação. Suspirou por fim, imaginava se não era talvez algum tipo de gravidez ou coisa assim.
- E aí, faz quanto tempo?
- Faz uns quinze minutos, acho que levaram ele pra fazer alguns exames. Espero que... - Desviou o olhar ao sobrinho e logo ao amigo em seguida. - Bem, você sabe. Espero que não seja nada sério.
- Hai...
Shinya falou ao filho e fora levado para o interior do quarto, onde teve que trocar as roupas e passar por alguns exames, alguns meio constrangedores até resolverem fazer exames mais a fundo após perceberem que não era nenhum machucado ou corte. Tirou até sangue, e fora acomodado na cama do quarto, com as roupas de hospital e alguns cobertores.
- Eu quero ir embora...
- Eu sei, mas não se preocupe, o doutor logo virá falar com você sobre o resultado dos exames, vou deixar seus parentes entrarem, tudo bem?
- Hai, obrigado.
- Com licença. - Disse a enfermeira a sair ao corredor. - Vocês já podem entrar, ele está esperando.
- Eu vou primeiro. Já eu chamo vocês.
Disse aos outros dois, e tocou o ombro do filho como o pedido, não viu, mas ele assentiu a concordar. Adentrou a sala e notou o companheiro lá, já acomodado, parecia bem e deu-lhe um sorriso singelo, canteiro.
- Cachoeirinha.
Shinya suspirou e ajeitou os cabelos, queria parecer apresentável ao filho e o amigo, porém quem havia entrado era o outro, e uniu as sobrancelhas, sem entender o porque, mas claro, fora o filho que ligou. Abriu um pequeno sorriso, e por um momento esqueceu-se de tudo ao vê-lo sorrir, claro, não sentia mais dor, fora medicado.
- Kyo... O Hitomi te ligou?
- Passou uma mensagem. - Kyo disse e por fim tocou seus cabelos ao chegar a seu lado. - Está com dor?
Shinya sentiu o pequeno arrepio pelo corpo ao vê-lo se aproximar e certamente ele podia notar uma mudança nos batimentos cardíacos pelo monitor, claro, não era acostumado com algum tipo de carinho da parte dele, quer dizer, recebia as vezes, mas nunca se acostumava, embora fosse muito bom. Encostou a face sobre a mão dele, sutilmente ao sentir o toque e negativou.
- Já passou... Me deram remédio. Eu... Não queria te atrapalhar...
- Não funciona assim.
Kyo disse e por um instante voltou a atenção ao monitor, visto que as batidas ressoadas em breves "pis" havia aumentado em frequência, nada que houvesse dado demasiada atenção e tornou olhar para ele.
- Já falaram o que houve?
- I-Iie...
Shinya disse ao vê-lo desviar o olhar ao monitor e uniu as sobrancelhas, envergonhado, era casado há vinte anos, e mesmo assim, o coração ainda batia forte quando o via.
- O médico vai vir falar com a gente.
- Cadê o médico, porra? - Kyo falou, mas nada demasiado alto.
- Calma. -Shinya riu baixinho e segurou a mão dele. - Obrigado por vir.
Kyo pensou em perguntar se sentia algo que parecesse gravidez, porém preferiu não fazê-lo, imaginava que o teria angustiado com a possibilidade. Shinya suspirou e nem pensava sobre isso, fazia tanto tempo que nem sabia o que era gravidez, quase dezoito anos desde o último filho, sinceramente, achou que não pudesse mais engravidar.
- ... Espero que... Que não seja... Que eu não tenha perdido um bebê.
Kyo fitou-o na verdade um pouco surpreso pelo comentário, inesperado.
- Sentiu algum sintoma? - Retrucou por fim, dada iniciativa por parte dele mesmo.
Shinya negativou, unindo as sobrancelhas a observá-lo e apertou sua mão em meio a própria.
- Claro, algumas tonturas, mas... Nada que pareça com a da Kasumi ou Hitomi, então... Eu não sei.
- Hum. Tontura é porque tem trabalhado demais e se alimenta mal, eu suponho. Cadê a porra do médico...
- Eu tenho me alimentado bem... Ao menos eu acho.
Shinya murmurou e logo ouviu o barulho da porta e o doutor que adentrara a sala com a enfermeira, que havia ficado meio atrás, e claro, nenhum dos amigos haviam entrado, mas o amigo estava quase em desespero do lado de fora.
- Desculpem a demora, eu tive que esperar o resultado do exame e analisar. Como está se sentindo?
- Bem, eu... Estou melhor, sem dor.
- Entendi. Bem, aparentemente, você não tem nenhum problema, nenhum machucado ou corte evidente, por isso, como sabe, tivemos que fazer o exame e só então entendemos o que está de fato acontecendo.
Shinya assentiu, e estava quase estrangulando o médico, queria ouvir logo qual era o problema.
- Por favor, me diz que não tenho câncer ou alguma doença horrível.
- Não, claro que não, sua saúde está boa, embora você tenha alguns sinais de anemia, você precisa se alimentar melhor, ainda mais agora. Você está esperando um bebê, aparentemente deve ser algo em torno de dois ou três meses, porém, não temos noticias muito boas a respeito, por sorte você não teve um aborto, mas, segundo sua ficha, você é baterista e tem feito muito mais esforço do que seu corpo suporta, tem se alimentado mal, e suas atividades são muito cansativas, então, pelo menos por um tempo, você precisará ficar em repouso, caso contrário, isso terá um risco grande ao bebê.
- ... Então... Eu estou grávido mesmo? Ele está bem? - Shinya murmurou e já sentia o nó na garganta. - Eu machuquei ele?
- Ele parece bem agora, não se preocupe ou se culpe por isso, aparentemente você não sabia. Precisa se alimentar melhor e se cuidar, senhor Niimura, é importante, pra você e ele agora.
- ... Mas temos turnê, você... Você confirmou que sairíamos em turnê, eu não posso... Parar de tocar.
- Bem, eu recomendo repouso por hora, caso haja alguma atividade física de muito esforço, sabe dos riscos para com o bebê, então pedimos que o senhor tenha cuidado. Vamos deixá-los a sós, meus parabéns, e vou lhe receitar alguns remédios para dor caso a tenha, você já pode ir, vou pedir que a enfermeira o prepare e a cadeira de rodas. Com licença.
Kyo observou o médico e como habitual, cruzou os braços enquanto o esperava dizer, embora fosse cheio de delongas, esperou-o falar. Quando mencionei gravidez, quase já havia imaginado que aquilo era relacionado. Embora não tivesse sintomas, qual outro motivo seria? Fitou-o de soslaio, tentando notar que tipo de expressão havia estampado ao saber que teriam outro filho, naquela idade, embora não fossem velhos, não era uma idade que imaginaria ter outro filho. Shinya saiu o médico deixar a sala e permaneceu alguns segundos fitando a parede, confuso, porém as mãos sobre o abdômen já antes de saber, acariciaram sutilmente o local, com um pequeno sorriso nos lábios e logo desviou o olhar a ele. Kyo fitou-o no igual silêncio, sem saber sobre como reagir. Claro que não estava infeliz com a notícia, mas realmente estava surpreso com o fato.
- Uau.
O maior sorriu meio de canto, e tinha a face corada ao ouvi-lo.
- Achei... Que eu não pudesse mais ter filhos...
- Ora, por que não teria? Tem cinquenta anos e eu não sei? - Kyo indagou e por fim tornou afagar seus cabelos. - Parabéns.
Shinya riu baixinho e negativou, voltando a segurar a mão dele e beijou-a.
- Idem, papai.
Kyo sorriu a ele, escondendo os olhos já naturalmente pequenos e que diminuíam no sorriso. Shinya observou seu sorriso, e teve vontade de apertá-lo e nunca mais soltar, era tão lindo, que não saberia descrever. Sorriu e apertou a mão dele, tentando se conter.
- ... Eu te amo tanto.
- Eu também... Mas já sabe, achou que estava comendo bem, vai tomar algumas vitaminas.
- Hai, eu vou. Me perdoe... Está... Está preparado pra ter outra Kasumi indo comprar pão com você, te acordando de manhã? - Shinya riu baixinho.
Kyo riu entre os dentes.
- É claro que sim.
O maior sorriu, observando aquele sorrisinho gostoso dele e puxou-o para si, sutilmente, selando-lhe os lábios.* Você é lindo, desculpe, não consigo evitar. Shinya riu.
- Acho... Acho melhor avisar o Hitomi e o Toshi antes que eles morram.
Kyo abaixou-se conforme puxado e selou seus lábios como pedido.
- Tsc. - Resmungou, não dando bola ao elogio mas assentiu ao pedido. - Uhum, mas já estamos de saída de qualquer forma.
- Hai. Se eu pudesse, ficaria aqui com você o dia todo te vendo sorrir.
Shinya murmurou e sorriu a ele, e de fato, estava feliz de poder vê-lo feliz, imaginava o quão chateado ele ficaria se tivesse acontecido algo ruim ao bebê, por algum motivo, não costumava pensar nele como alguém preocupado, mas numa situação assim, sabia que ele iria se chatear. Após vestir as roupas com a ajuda dele, e claro, sem movimentos bruscos fora colocado novamente na cadeira e o casaco branco, levava consigo, dobrado sobre o colo, vestia o maior, dado pelo filho e ao sair, observou-o ali, parados na porta, o baixista quase tendo um ataque, e julgou ser por isso que segurava a mão do filho.
- O que houve? Você está bem? Me diz que não é nada grave, por favor.
- Eu estou bem. -Shinya sorriu. - O Hitomi vai ter um irmãozinho.
Hitomi fitou a silhueta dos pais a sair da sala médica, pela feição do pai sentado em cadeira de rodas, não parecia ser nada ruim. Tinha segurada a própria mão pelo baixista, recente namorado, e mesmo na presença dos dois, não pareceu se importar em soltar, deduziu que apenas havia mudado a expressão, como se aquilo fosse uma preocupação e não um namoro com o filho de seus amigos e quase seu filho por consideração, que talvez fosse assim como os pais costumavam ver. Kyo ajudou-o com as vestes e por fim o pôs na cadeira de rodas, levando-o consigo após despedir-se do médico num agradecimento. Nem se deu conta das mãos dadas e não dava muita importância na verdade. Deu um sorriso meio de canto ao perceber a expressão engraçada do baixista diante da notícia.
- Oh... Parabéns, mãe. - Hitomi disse e podia perceber a euforia contida no pai ao anunciar.
- Um irmãozinho? Eu vou ter outro sobrinho? Eu vou... Eu vou ter outro sobrinho?! Ai meu Deus, que bom! É menina ou menino? Deixa pra lá, vou comprar roupinhas amarelas.
- T-Toshi... Olha o barulho.
Shinya falou, achando graça do ânimo dele e sentiu a face se corar, assentindo ao filho e segurou uma das mãos dele, apertando-a em meio as próprias.
- Obrigado, meu amor.
Hitomi riu e acariciou a mão no pai enquanto fitava o companheiro.
- Quem vê parece que você é quem vai ter um filho, oji-san.
- Ai, por Deus. - Riu. - Hum, ter um bebê não seria ruim. O que acha, Hiito? Acha que... Alguém... Ia querer ter um bebê comigo?
Shinya sorriu a ambos e mordeu o lábio inferior.
- Você não ia largar essa criança nunca mais, do jeito que é Toshi.
Por um instante, Hitomi o fitou quase estupefato com a pergunta, imaginando que a havia dispersado sem querer.
- E eu vou saber? - Disse, dando uma cotovelada em seu braço, descontraidamente é claro, sem repreendê-lo.
- Não consigo imaginar você tendo um bebê, Toshimasa. - Disse Kyo.
Toshiya riu, é claro que sabia que ele se sentiria desconfortável, brincaria com ele depois.
- Poxa... Parem de fazer bullying comigo.

Compartilhe:

DEIXE UM COMENTÁRIO

    Blogger Comment

0 comentários:

Postar um comentário