Miyako e Sayuki #1

Aviso
Essa história foi descontinuada, ou seja, não temos previsão de novos capítulos, mas esse fato não prejudica nem deixa a história com mistérios não resolvidos, prometemos que ainda será uma boa leitura. 


O chá havia esfriado sobre a mesa e o tom branco da sala era quebrado exclusivamente por seu jaleco cor de rosa, mais nada tinha tanta cor quanto ele, nem tanta elegância como ela achava. Sayuki havia sido contratada há pouco tempo para trabalhar na enfermaria de um colégio na capital, havia pedido transferência e conseguido o bom emprego, já que a outra enfermeira havia pedido demissão devido a problemas pessoais, esses problemas eram na verdade filhos, todos sabiam devido ao volume em sua barriga nas últimas semanas de aula e fazia a loirinha nova até suspirar, pensando se um dia teria algum pequeno que fosse seu para cuidar. Quem sabe?
O local não era de fato movimentado, era uma escola, então o que poderia acontecer além de joelhos ralados e dores de cabeça fictícias para evitar aulas? E fora exatamente isso que interrompeu o chá somente experimentado e deixado sobre a mesa devido às batidas na porta. Era o primeiro paciente que tinha, e esperava que fosse algo realmente legal que pudesse cuidar, mas era somente uma estudante em pé, sem machucados, marcas, roxos ou qualquer outra coisa.
Miyako, ou Miya como costumavam chamá-la, era estudante do segundo ano, tão bonita que chegava a dar inveja nas outras meninas da turma, era modelo, uma mestiça japonesa e coreana de cabelos castanhos médios e olhos cinzas, a beleza na qual até a enfermeira invejou, embora seu estilo mais garoto não fizesse o próprio tipo, com suas camisas largas e monocromáticas. O fato é que a aula entediava Miya, até demais, não tinha paciência para toda aquela baboseira que já havia ouvido mil vezes e preferia cabular aula e voltar pra casa, achou que seria melhor fingir uma dor de cabeça na enfermaria, pelo menos a enfermeira servia chá e era boa para conversas, afinal, já conhecia a índole dos alunos, o problema fora que para sua surpresa, a enfermeira antiga não estava mais lá, e agora dava lugar a uma nova, e era uma moça extremamente bonita para ela, tanto, que observou de cima a baixo quando aberta a porta e sorriu meio maliciosamente.
- Opa, oi.
- Oi! Está tudo bem com você?
- Ah, eu estou com um pouco de dor de cabeça.
Disse ela, despreocupada e havia até se esquecido o porque de estar ali.
- Ah, entendi... Pode entrar, talvez deitar um pouco, quer chá?
Miya sorriu, era exatamente o que queria e assentiu com a cabeça, sentando-se na cadeira em frente a ela que deu a volta e serviu chá para o outra num dos copinhos descartáveis.
- Chegou há pouco tempo?
- Comecei hoje.
- Pois é, a outra enfermeira estava aqui até esses dias.
Sayuki sorriu, arrumando os cabelos loiros e ondulados nas pontas.
- Tive sorte de conseguir esse emprego, ela saiu para cuidar do filho.
- Hum. Qual seu nome?
- Sayuki. O seu? Você é minha primeira paciente, sabia?
- Miyako. Jura? Que legal.
O sorrisinho tímido logo brotou no rosto da enfermeira, que desviou o olhar, e embora parecesse frágil, era bem espertinha embora não quisesse demonstrar, sabia que ela só estava ali como desculpa.
- Acho que depois do chá você pode voltar para sua sala.
- Ah, não seja tão chata, sensei, estou conversando com você, me deixe ficar um pouco aqui.
- Bem, eu não posso me distrair se houver algo mais sério.
- O quão sério pode ser? Numa escola.
Ela ponderou e assentiu.
- Quantos anos tem?
Perguntou Miya, realmente interessada na outra a repousar o cotovelo sobre a mesa e logo a face sobre a palma da mão.
- Vinte e seis. Você?
- Eu tenho dezessete. Você é bonita.
Sayuki a observou, sentindo as bochechas se corarem e assentiu.
- Obrigada, você também é.
- Ah, isso é gentileza sua. É casada?
- Eh?
E a pergunta realmente a havia pego de surpresa, afinal, era aluna, não achava que se interessaria pela própria vida, mas somente negou com a cabeça, observando-a.
- Hum, e não pensa em casar e ter filhos?
- Um dia quem sabe, por enquanto não.
Miya a observou por um tempo, notou seu óculos colocado sobre os olhos, os cabelos jogados de lado e droga, era realmente muito bonita, tanto que queria verdadeiramente atacá-la sobre a mesa e lhe tomar os lábios, mas provavelmente seria expulsa, ela não parecia gostar de meninas, o salto alto, vestidinho deixava isso bem claro, uma pena. Era óbvio que gostava de mulheres, ou ao menos achava óbvio pelas roupas que usava, apesar de ter as expressões bem femininas. Mas a conhecera há talvez um minuto, como podia simplesmente imaginar tudo aquilo com ela? Até se sentiu desconfortável consigo mesma.
- Você precisa voltar para a sala.
- Certo. Foi um prazer conhecê-la, sensei.
Sayuki desviou o olhar a ela, com um sorrisinho de canto e assentiu, também havia gostado de conhecê-la, apesar de não ver nela nada de muito interessante, já que não gostava de mulheres, era bonita, é óbvio, mas não iria muito além de uma observação feminina, até então não tinha interesses.

Miya voltou para a sala, e a aula seguinte era educação física, droga, se matar faria mais sentido do que ficar ali sentada vendo os outros jogarem bola, antes estivesse ficado na enfermaria com a enfermeira bonitona. Espere, talvez essa pudesse ser uma ideia boa, mas ao se levantar, o professor já sabia o que queria fazer, afinal, olhou para si com olhos estreitos, como se mandasse se sentar novamente e revirou os olhos em desgosto, porém ao retornar de volta ao assento atirou-se no chão e fingiu estar verdadeiramente afetada pelo tombo com uma reclamação junto do gemido que rasgou a garganta. O tumulto fora pouco, somente alguns amigos em volta que seguraram a si ao redor do ombro, ajudando a levantar e franziu o cenho ao passar pelo professor, esperando ser extremamente convincente, ou só o suficiente para passar por ele sem precisar se explicar.
Fora deixada na enfermaria pelos amigos e agradeceu antes de se soltar, batendo na porta algumas vezes para que fosse atendida e claro, pela mesma enfermeira bonita.
- Sayu-chan, eu caí, estou com dor.
- Eh?
Sayuki guiou um dos braços ao redor dela, mesmo sem entender o novo apelido, era o próprio trabalho ajudar os alunos, ajudou-a adentrar a enfermaria e aconchegou-a em uma das macas, onde havia uma divisória com uma cortina branca, tudo era extremamente sutil e agradável ali dentro, como um sonho bom e tranquilo, e era como deveria ser um hospital, um local seguro.
- Onde machucou?
- Aqui.
Disse Miya, indicando o peito e abriu um pequeno sorrisinho debochado.
- Miyako!
- O que? Eu caí mesmo.
- Ah sim! Não deve vir aqui sem motivo.
- Mas eu queria tanto te ver de novo, sensei.
- Nos vimos há duas horas. Não é como se eu fosse desaparecer de uma hora pra outra.
- Você tem namorado? Amigo colorido?
- Não, já falei.
- Ótimo, então saia comigo essa noite.
- O que? Eu não...
- Como amigas, vai ter uma festa.
- Uma festa?
- Sim, ora. Vamos sensei, vai ser legal. Eu juro.
Sayuki ponderou, não tinha nada pra fazer, mas essa não era a questão, ela era aluna da escola e não era amiga dela, embora parecesse ser alguém agradável. O problema fora olhar sua expressão pedinte e imaginar que se não assentisse, teria de receber as visitas dela pelas últimas duas aulas restantes no dia, então optou por apenas assentir, depois pensaria melhor no assunto.
- Certo...
- Eu te pego as sete aqui na frente, ah?
- Ta bem... Mas pare de fingir estar doente, hum? Eu me preocupo com você.
A morena a observou, com um sorrisinho nos lábios, que a outra retribuiu e logo se levantou, assentindo a ela, e voltaria para a sala, mas não sem antes lhe dar um selo nos lábios, sutil, sentindo seus lábios macios e aconchegantes junto ao gloss labial que usava e não disse nada, apenas correu para a saída, deixando-a sem saber o que havia acontecido. 

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