Yasuhiro e Yoruichi #28


Um suspiro profundo deixou os lábios, não era comum, era um vampiro, mas naquela manhã estava especialmente confortável, embora não soubesse o porque. Abriu os olhos, devagar e sentou-se, não sentia a cama macia baixo de si, o que era estranho, sentia o chão, na verdade não era bem o chão, era uma almofada grande onde costumava se deitar com ele, um futon pouco mais fino. Ele estava ali, os cabelos loiros caiam ao lado dele como fios de seda, era lindo, era realmente lindo, e gostava de ver seu rosto no sono tão tranquilo, havia adormecido com ele, em seu peito, logo após comer mais um prato de sopa que haviam feito novamente, havia gostado tanto, que ficara com desejo, e quase riu ao pensar nisso, ele havia viajado até outra vila para comprar os vegetais porque não haviam mais lojas vendendo por ali naquele horário. Era adorável, mais adorável ainda porque se lembrava de ter adormecido com a porta da sala aberta, mas ele havia fechado, e sobre o corpo havia um cobertor. O observou novamente e abaixou-se, o kimono meio desajeitado nos ombros, e selou seus lábios, acariciou seus cabelos loiros, estava tão confortável, podia ouvir os pequenos pingos de chuva que caíam na porta e nas janelas, lá fora tinha neblina, não conseguia ver corretamente, o que fazia a casa mais parecer uma chaleira quentinha e sorriu consigo mesmo, o observava dormir, naquele momento sabia que não adiantava fingir nem para si mesmo, iria até o inferno para cuidar dele, como ele cuidava de si. 
- Eu te amo, Yasuhiro... - Murmurou e beijou-o em sua testa. - Eu te amo muito. Por favor não esqueça, tá bem? 
Murmurou, e sabia que ele ainda dormia, então, aninhou-se ao peito dele e novamente fechou os olhos, cobrindo-o com o cobertor assim como a si, dormiria mais um pouco com ele, estavam protegidos da luz.



A noite ainda não havia caído do lado de fora, mas havia acordado, estranhamente com o som de uma coruja perto da própria janela, como moravam naquele local tão arborizado era comum ter tantos animais bonitos como aquele por lá, e também era comum que a casa naturalmente fosse escura, ou nublada. Ao se levantar, não o viu na cama, mas ouviu barulho na cozinha, sabia que ele estava em casa, e ponderou sobre como parecia agradável ir até a cozinha, o ver cozinhando, abraça-lo e dar um beijo no pescoço dele, havia se habituado a ele de uma maneira tão fantástica e estava feliz, estava realmente feliz. Ao se levantar, despiu o kimono de dormir, procurando no armário por um kimono casual, mais justo e ao vestir teve a surpresa que já esperava, estava apertado. Estreitou os olhos, irritado em frente ao espelho e afrouxou o obi dele, mas ainda estava apertado, sabia que era a gravidez, não era mais uma suspeita já há algum tempo, mas, estava de apenas três meses e a barriga parecia maior do que deveria ser, na verdade, havia visto poucas barrigas de grávidas, mas podia ter uma ideia. Uniu as sobrancelhas e negativou, na verdade, só tinha kimonos casuais mais justos as próprias formas, e agora percebia o quanto isso era horrível. Novamente pegou o kimono de dormir e vestiu, pareceria ridículo, mas caminhou devagar até a cozinha, se sentindo desconfortável e o fitou ali, não poderia abraça-lo de toda forma, porque ele havia visto a si. 
- ... Bom dia. - Yoruichi sorriu meio de canto.
- Ora, gatinho acordou tão animado e agora desanimou, hum? - Yasuhiro indagou, era seu parceiro e tinha seu sangue como ele o próprio, sabia que  havia sentido. - Estou fazendo gyoza.
O moreno sorriu, novamente meio desanimado e seguiu até ele, selando seus lábios. Nenhuma roupa me serve.
- Seus quimonos de seda são lindos no corpinho, meu amor.
- Mas não posso sair com eles. - Disse o moreno a suspirar. - Achei que iria demorar mais tempo pra comprar kimonos novos... Minha barriga está muito grande.
- Oh, eu compro kimonos novos pra você, docinho. É porque o papai é grande.
Yoruichi sorriu meio de canto. 
- Hum, espero que esse bebê não seja do seu tamanho. - Disse e riu.
- Claro, vai nascer assim. Crescido. Ou talvez sejam dois.
Yoruichi riu e negativou. 
- Não fala isso não, se forem dois eu vou morrer com o parto.
- Prefere um grandão?
O menor uniu as sobrancelhas. 
- Pensando bem, pode dividir sua altura por dois sim.
Yasuhiro riu baixinho e ergueu a folhinha de massa para mostrar a ele. 
- Vem.
Yoruichi sorriu e assentiu, aproximando-se dele e pediu uma das massas para ajuda-lo. 
- Está com neblina lá fora, pelo visto a noite vai ser boa.
- Vai ser mesmo. Podemos ligar as lamparinas sob a neblina. 
Yasuhiro entregou a ele a rodinha de massa, deu em sua mão, adicionou a carne e mostrou como fechar. O moreno assentiu num sorriso e aceitou a massa, observando o modo como ele fazia para fechar aquela estranha comida que mais parecia um bolinho esquisito. 
- Entendi. - Disse e pegou um novo, repetindo o que ele havia feito, mas um pouco torto e teve que rir. - Ficou horrível.
- Ficou fofo. Vamos de novo. - Yasuhiro disse e deu a ele mais uma das massinhas.
Yoruichi sorriu e aceitou a massa, tentando fazer o formato que ele indicava. O loiro sorriu, vendo seus movimentos suaves, tentando imitar o bolinho. Riu, mais para si mesmo.
- Aí, ficou feio? - Riu.
- Não, está adorável. Continue.
Yoruichi sorriu e novamente fez outro pequeno bolinho, um pouco mais certo do que os outros.
- Esse ficou bom.
- Tenho certeza que quando finalizar ele vai ficar ainda mais bonito. - Yasuhiro disse num sorriso provocador. 
Yoruichi uniu as sobrancelhas. 
- ... Mas eu já finalizei.
- Ah... - O loiro disse e lhe deu uma piscadela no fim, era difícil provoca-lo. - Você é mesmo adorável, não dá pra te provocar.
- ... Está fazendo de propósito? - Yoruichi disse a estreitar os olhos e deu um tapa no ombro dele. - Palhaço.
- Claro que é, docinho. - Yasuhiro riu e deu mais massa para ele.
- Hum. Chato. - O moreno disse a pegar a massa e fez mais um dos bolinhos. - Como se cozinha isso? Vai desmontar tudo...
- Não, vamos fazer no vapor. Colocar água numa panela, coloca outra panela em cima da panela com água e tampa...
- Ah... Tá bom. Comprou essa panela lá na feira?
- É, peguei da cozinha de um restaurante.
Yoruichi riu. 
- Você é um ladrãozinho, ah?
- Acho que eu sou mesmo.
- Hum, estou com desejo... E agora vai ter que ir buscar pra mim.
- Qual é?
- Quero coração.
- Mas docinho, não vai esperar o bolinho? Quero que você prove dele. Vai sentir desejo de gyoza após comer.
Yoruichi riu. 
- Mas não preciso comer agora, pode ser amanhã. O coração, digo.
- Depois dos bolinhos eu busco, se ainda estiver com vontade.
- Humano.
- Certamente, amorzinho.
- Hum. - Yoruichi assentiu e beijou-o no pescoço. - Por que você é tão fofo?
- Mamãe fez eu assim.
O moreno riu e mordeu-o suavemente no pescoço. 
- Eu te amo, seu malditinho.
Yasuhiro riu, entre os dentes, sentindo os mordiscos carinhosos. Era engraçado pensar na forma como haviam se adaptado tão facilmente em tão pouco tempo de casado, uma vez que costumavam ter um tipo de inimizade no início. Yoruichi riu baixinho e suspirou, animado em terminar mais um dos bolinhos que deixou de lado.
- Ao mesmo tempo que te acho fofo, quero arrancar suas roupas quando me lembro de você dando uma surra no Ryoutaro. Você me prometeu que iria bater em uma pessoa por semana pra me excitar e até agora nada, fazem quatro meses quase, vou cobrar hein?
Yasuhiro riu, entre os dentes. 
- Não bato sem motivos, meu anjo, mas posso bater em você.
- Em mim não, só se for com carinho. Uns tapinhas eu não acho ruim.
Yasuhiro riu. 
- Engraçado você rabugento pedindo tapinhas carinhosos.
Yoruichi riu. 
- Queria que eu quisesse levar uma surra?
- Não, só é bonitinho você pedindo carinho, neném.
- Uh, não sou neném.
- Claro que é.
- Sou nada!
- É sim, bebezão.
Yoruichi estreitou os olhos.
- Vamos lá, bebê, vamos pôr pra cozinhar!
- Vamos! Espere, eu não sou bebê.
- Ah, não é não.
- Não sou.
- Não mesmo. - Yasuhiro disse e seguiu para ajustar as panelas, colocando-as no jeito para cozinhar os bolinhos. - Agora só esperar!
- Eu não posso ser um bebê esperando mais dois bebês. 
O moreno disse na suposição de antes e riu.
- Eu entendi amorzinho, você é super não bebê.
Yoruichi estreitou os olhos. 
- Hum... Espero que tenha mesmo.
- O que? - Yasuhiro indagou confuso e conferiu os bolinhos. - Quase, quase.
- Espero que tenha entendido. Disse a observar os gyoza e riu. Foi o melhor que eu pude fazer.
- Entendido o que, amorzinho? 
Yasuhiro indagou e pegou um dos bolinhos, tirando da panela para conferir o cozimento. Yoruichi estreitou os olhos. O loiro não sabia mesmo o que ele estava dizendo e por fim, entregou um dos bolinhos para ele, logo após sopra-lo por uma eternidade. 
- Prove, prove.
O moreno observou-o enquanto pedia que experimentasse e aceitou, guiando aos lábios e mordeu um pedaço do pequeno bolinho que quase desmontou.
- Hum... Oishi!
- Não é? 
O loiro indagou e pegou um para si o qual driblou nos dedos assoprando para esfriar. Yoruichi assentiu, podia sentir o toque suave do sangue no recheio. 
- Hum... Você deveria ser cozinheiro. Vamos abrir uma barraquinha na feirinha.
- O gengibre não ficou gostoso, hum? - O maior indagou e provou o bolinho.
Yoruichi riu e assentiu.
- Mas ótimo, vou comprar uma barraquinha linda.
- Coloque meu nome nela. Não! "Barraquinha de gyoza para o meu amorzinho".
- Claro, barraquinha para sustentar meus bebês. O grande e o pequeno.
- Ou os, a gente não sabe. - O moreno riu.
- Todo os meus bebês. 
Yasuhiro disse e daquela vez ele nem havia protestado sobre o "bebê". Yoruichi riu e o abraçou por trás, beijando-o em suas costas, naquele momento só quis alcançar o ombro dele pra encostar o queixo, mas não alcançava. O loiro fitou-o de soslaio e sorriu, abaixou-se, se entornando para dar o ombro a ele. 
- Não vão comer mais, hum?
O menor sorriu e beijou-o na nuca. 
- Não precisa se abaixar, tudo bem. Vou sim, mas seus bebês queriam te dar um abraço.
- Pode comer e abraçar o papai ao mesmo tempo.
O moreno riu e pegou outro dos pequenos bolinhos de carne, levando aos lábios.
- Oishi?
- Oishi!
Yasuhiro deu uns pulinhos, brincando com a empolgação dele. Também comia. Yoruichi riu ao vê-lo pular, eram os hormônios que deixavam a si daquela forma. O loiro tirou todos os bolinhos da panela, servindo na pequena travessa. Colocou-os à mesinha da sala e então pegou a mão do parceiro, levando ao kotatsu onde o deixou para então servir os potinhos de molho de soja com gengibre e os copinhos de sake. Yoruichi ajoelhou-se na pequena almofada e sorriu, batendo uma mão na outra, animado para receber a comida e os acompanhamentos, claro que estava brincando com ele. 
- Gosta quando eu fico animado, hum?
- Claro que fico, somos casados.
Yasuhiro disse e então se sentou. Tomou o sake antes de pegar mais da comida. Yoruichi sorriu e mordeu o lábio inferior. 
- Hum, você é realmente adorável. Eu não sei lidar com você.
- Pois lide. 
O loiro disse e por fim serviu sake para ele. Os bolinhos logo foram do pote ao shoyu e então para a boca. Yoruichi sorriu e bebeu um gole do sake.
O maior esticou a mão e por baixo da mesa tocou a dele, acariciando-o. Yoruichi desviou o olhar a ele e retribuiu sua carícia, sorrindo meio de canto, de alguma forma estranha, podia sentir pontadas sutis na barriga, eram como pequenas borboletas, não sabia que eram os pequenos bebês que já podiam se mexer mesmo tão pequenos.

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