Masashi e Katsuragi #25


Katsuragi virou-se na cama, deitando-se ao lado dele e a respiração ofegante denotava o quão cansado estava, era vampiro, não respirava, mas ainda mantinha o hábito e como havia feito tanto esforço, despencou sobre a cama. Abriu um pequeno sorriso, virando-se em direção a ele e beijou-o no rosto e pescoço, abraçando-o meio de lado e observou seu corpo nu, descoberto devido ao sutil calor que fazia do lado de fora, embora a brisa do mar entrasse pela janela aberta devido a falta de pessoas por ali e devido a hora noturna. Podia ver a fina camada de suor que cobria seu corpo, tão bonito e agora eternizado daquele modo. Mordeu o lábio inferior e riu baixinho, sabia que ele devia estar irritado consigo, já que quando ele era humano tinha pouco tempo com ele devido ao cansaço, agora que era vampiro, o acordou na parte da tarde, e havia transado com ele desde então, acreditava que já fosse a sexta vez que o fazia gozar e podia ver igualmente sua respiração descompassada pelo cansaço.

- Kimochi, ah? 
Sorriu e virou-se a dar mais um gole na taça de sangue ao lado da cama, o que ajudava o próprio corpo a cicatrizar, e por tanto, voltar a forma de quando fora transformado. 
Masashi deitou-se ao lado, e embora não mais tivesse o cansaço de um humano comum, ainda não tinha tanto vigor de um vampiro. Faziam dois dias desde que acordara após a "transição", portanto, não estava como um vampiro assim tão bem feito. O corpo ainda se ajustava as mudanças, mas ele, não se importava. Havia tirado a si do sono, e transaram por vezes seguidas, não se lembrava quantas vezes já havia sujado o abdome com seu clímax.  Suspirou, pesado, embora aquilo fosse somente um reflexo do corpo que não realmente precisava do oxigênio. 
- O quão insaciável é você, hum? 
Disse e observou no reflexo da janela o batom borrado, que tentou tirar do queixo com o dedo.
- Hum, é que você é lindo, meu anjo, se não fosse, eu não seria tão insaciável assim, hum? - Katsuragi murmurou e estendeu a taça a ele. - Mais?
- Lindo, é? Se fosse feio?
- Você não é feio, isso que importa.
- Hum... 
Masashi murmurou e preguiçosamente se revirou pela cama, agarrando o travesseiro que abraçou e deitou a face sobre ele. Mas voltou atenção e aceitou a taça, bebeu daquela bebida que ainda não havia realmente se acostumado, embora gostasse dela, quisesse ou não. Katsuragi sorriu a ele e espreguiçou-se, levantando-se e ajeitou os cabelos poucos bagunçados.
- Hum, que delicia... Preciso de um banho.
- Está bastante quente. Me deixa com uma sensação ruim, como se estivesse derretendo.
- É porque você é sensível ao calor agora, entende porque era tão ruim eu tomar banho com você no chuveiro?
- Você teimava, idiota. - Masashi resmungou e se levantou, sentando-se na cama. - Não tenho mais sêmen, foi todo embora hoje.
Katsuragi riu.
- Tem sim, você produz pro resto da vida, hum.
- Não tenho mais. - Masashi enfatizou. - Tirou meu estoque.
Katsuragi riu.
- Ah então não vamos poder fazer bebês.
- Não vamos fazer bebês, jogamos um monte fora.
O maior mordeu o lábio inferior e aproximou-se dele, selando-lhe os lábios.
- Vamos tomar um banho, hum? Depois eu vou levar você pra caçar.
- Caçar? Não, não vou caçar. Quero somente o sangue que puder pegar, da garrafa, não quero saber como vem.
- Você tem que aprender a caçar, Masashi, se um dia alguma coisa acontecer comigo, precisará comer.
- Não quero saber como fazer. Não preciso pensar em como me alimentar na selva se não penso em ir pra uma. Caso aconteça algo extraordinário, eu aprendo.
- Bem, como quiser. Mas vou trazer um humano pra você matar.
- Não vou matar nada, Katsuragi. - Masashi disse e soou impassível. - Não pense que vai pintar e bordar só porque me transformou no que você é.
Katsuragi desviou o olhar a ele, arqueando uma das sobrancelhas.
- Como é?
- Como eu disse. Quando eu cheguei no bordel, até parou de ferir o Jun. Parou de usar crianças como animais, e agora porque eu me alimento do mesmo modo acha mesmo que vai voltar com isso?
- Quem disse que eu vou voltar com isso? Você precisa aprender a caçar, você é um vampiro agora, aceite e caso você não se lembra, você enfiou a língua cortada na minha boca, então não me culpe por te transformar, idiota.
- Não estou culpando você, só estou falando que não vou matar ninguém por esporte. Eu sou esperto, eu sei caçar. Se você não sabe, quando criança eu me virei sozinho, não precisei de ninguém pra me ensinar, estar sozinho me ensinou então se isso for por você faltar algum dia, vou aprender como aprendi antes. Mas você não vai morrer.
- Como se eu não soubesse. 
Katsuragi falou a ele e assentiu, irritado não pela contradição ou por recusar, mas sim por jogar na cara que o havia transformado, e já se culpava a cada cinco segundos, não precisava que ele fizesse isso. Negativou e vestiu o quimono sobre o corpo.
- Vou sair.
- Não vai sair nada. - Masashi disse a se levantar e largou o travesseiro sobre a cama. - Vai aonde?
- Não te interessa.
- Me interessa sim, estou perguntando.
- Sair. Volto ao amanhecer.
- Nem pense.
- Vai fazer o que? Me segurar?
- Não vou conseguir te segurar.
- Então. Reclame mesmo que eu transformei você, me faça sentir mais culpado do que eu já sou, como se eu não soubesse que você quisesse continuar sendo humano e morrer com noventa anos, todo cheio de rugas, sei lá. Não precisa me fazer sentir mais culpado.
- Não culpei você. Essa foi a minha escolha. Eu havia negado até então porque eu pensei que talvez pudéssemos fazer isso quando... Quando, mais pra frente, não agora. Mas estou dizendo que você não vai sair por aí comendo pessoas, você não fez isso até agora.
- Masashi, de onde acha que vem o sangue na sua garrafa? Acha que algum humano doa para um banco de sangue e eu roubo de um hospital? Tudo certinho e dentro da lei?
- Se roubar, não será dentro da lei. Mas não sou ingênuo, só que não é porque eu bebo leite, que preciso pensar nas tetas da vaca.
- Certo. Mas ainda assim preciso sair pra caçar, se não quiser ir, tudo bem.
- Tudo bem, vá se quiser.
Katsuragi desviou o olhar a ele e suspirou.
- Certo, vou quando você dormir. Não temos mais comida e não podemos voltar ao bordel ainda, você tem que se acostumar a sentir cheiro de tantos humanos sem matar ninguém.
- Não vou matar, sabe disso.
- Você não sabe o quão incontrolável é isso.
Masashi suspirou e assentiu. 
- Eu só queria poder te dar meu sangue ainda. Mas agora ele não vale nada.
Katsuragi suspirou e seguiu em direção a ele, segurando seu rosto.
- Masashi... Vampiros gostam bem mais do sangue de outros vampiros, é bem mais saboroso pra gente, humanos são somente para sobrevivência, mas nada se compara a beber o sangue do seu parceiro. - Segurou as mãos dele e inclinou o pescoço de lado. - Beba.
- Mas não te ajuda. - Masashi retrucou no entanto, enquanto fitava-o disposto a se "doar" para si, mas negou, acariciando sua pele com a ponta dos dedos. - Não agora.
Katsuragi desviou o olhar a ele, meio confuso, porém assentiu.
- Hai...
- Ainda não me acostumei, preciso de um tempo.
- Não pode agir assim pra sempre, terá que se habituar.
- Eu vou, mas seja paciente.
- Hum...



Katsuragi suspirou, deitado na cama, e já haviam voltado para o bordel como ele queria, infernizara tanto a si que fora obrigado a voltar. Os olhos fechados indicavam a preguiça que sentia devido ao início de noite, e a casa estava cheia, o outro havia saído e já havia mandado o garotinho atrás dele, incomodado com a demora, mas enquanto isso, deslizava um dos dedos pela cabecinha pequena do filhote de corvo que dormia no próprio peito.
Masashi voltou após algum tempo, já acompanhado por dois cortesões. Negativava para si mesmo, não pelos rapazes mas sim pelo mais velho em ser tão receoso a ponto de ter sido buscado. Ao entrar no bordel, subiu diretamente para seu quarto, ultimamente, comida humana era a última coisa que procurava, no máximo algumas frutas mais suculentas e ácidas e encontrou-o junto ao pássaro acomodado em seu peito. 
- Por que mandou os meninos irem atrás de mim?
Katsuragi sorriu a ele ao vê-lo adentrar o quarto e ajeitou-se na cama, sentando-se, porém com cuidado com o animalzinho.
- Porque estava demorando.
- Mas não precisa pedir para irem atrás de mim, pode demorar um pouco mais volto.
- Tenho medo que não volte.
- Não seja bobo.
- Não sou, por isso mandei te buscarem.
- É sim, se eu quiser ir embora eu vou com eles ou não. Então pare com isso.
- Certo.
- Eu quero falar com você. 
Masashi disse e seguiu até ele se sentando.
- ... O que houve?
- Eu acabei de voltar da escola de medicina. Quero estudar, como eu disse a você desde o início. Eu quero fazer medicina chinesa.
- ... O que? Mas você é rico, Masashi.
- Não sou rico, você tem seu dinheiro, mas de todo modo, não é pra ser rico, eu quero fazer alguma coisa.
- Você me faz companhia.
- Eu sei, não vou estudar o dia todo, somente algumas horas.
- ... Não sei, Masashi.
- Eu vou fazer durante o período da tarde, quando acordar já estou aqui.
- Como vai chegar no curso?
- Eu vou quando começar a anoitecer.
- Não sou muito a favor disso.
- Por quê?
- Porque você pode muito bem conhecer pessoas novas lá e me trocar. Pode ser descoberto, pode ocorrer várias coisas.
Masashi fitou-o por uns instantes e por fim sorriu. 
- Não sei o que fazer com você.
- Hum?
- Ciumento.
- Hum, casou comigo assim.
- Casei, é?
- Claro.
- Não seja imaturo, sabe que não estou procurando outra pessoa pra encontrar.
- Eu tenho quase cem anos, não sou imaturo, e sei que as coisas acontecem, e que vocês humanos são mais fracos pra isso.
- Vocês humanos?
- Sim, você era humano antes.
- Você também.
- Mas sou um vampiro agora, e só temos um parceiro.
- E eu também sou um.
- E você me adotou como parceiro?
- Não te adotei. Já somos parceiros. Eu raciocínio está sendo idiota.
Katsuragi estreitou os olhos e assentiu.
- Então vá.
- Está sendo, esqueceu da sua orgiem, acha que nasceu vampiro? Ah, vocês humanos... Como se você não fosse um. E não aja como se eu fosse uma criança, eu sei respeitar você.
- Certo. Se você ou alguém aprontar, eu vou saber.
Masashi fitou-o, descrente do que dizia e negativou, mais para si mesmo do que a ele.
- Venha, vou mandar trazer o almoço.
- Não quero, estou sem fome.
- Masashi, pare de ser idiota.
- Não estou sendo, estou sem fome.
Katsuragi estreitou os olhos.
- Certo.
- Não me importo que desconfie dos outros, mas de mim?
- Masashi, eu não quero perder você.
- Está agindo de uma forma desagradável. Mandando que me busquem, o que ainda é certo, mas você falar "se aprontar eu vou saber". Realmente, você desconfiar dos outros, tudo bem, mas de mim não.
Katsuragi assentiu, desviando o olhar ao corvo ao abaixar a cabeça, sabia que era exagero próprio, mas realmente não queria perdê-lo para outra pessoa.
- Eu não dei motivos pra isso.
- Certo desculpe.
- Eu não sou o Fei, ele não gostava de você, por isso foi embora.
Katsuragi desviou o olhar a ele e arqueou uma das sobrancelhas. Masashi encarou-o do mesmo modo, não arrependido do que disse.
- Pode sair.
- Certo. 
Masashi disse se levantou a deixar seu quarto, não muito animado com a conversa. Katsuragi suspirou e colocou o pequeno bichinho na gaiola novamente, fechando-a para que não ficasse voando pelo quarto e antes que se deitasse de novo, jogou uma das mesas contra a parede e como sempre, ignorou o som da madeira arrebentando. O menor fechou a porta e do corredor pode ouvir o ruído no quarto. Parou por um momento mas suspirou e continuou, já imaginando o porquê.

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