Ritsu e Etsuo #28


Devagar Etsuo seguiu o rumo para a escola dele, sabia que ele estava em uma aula extra curricular, então, podia fazer exatamente o que queria, sozinho. Ao adentrar o local, silencioso, procurou alguns alunos por ali, era noite, poucos estavam no local, sabia onde o garoto estava, amigo dele, o garotinho que costumava segui-lo pela escola, ele era o alvo naquele dia. Seguiu rapidamente pelo corredor, como uma sombra e avistou-o no corredor, sabia exatamente a hora que acabaria sua aula. O pegou pelo casaco e carregou consigo para dentro de uma das salas, empurrando-o em direção a parede. 

- Eh? Meu Deus, é uma assombração!
- Se gritar, eu arranco sua garganta. 
- ... Você é o irmão do Ritsu? 
- Eu vou falar só mais uma vez, não chegue mais perto do meu irmão.
- E-Eh?
Retirou do bolso o papel com a mensagem dele, uma carta que ele havia escrito a mão para o irmão, havia deixado em sua mochila, e por sorte, o irmão não havia visto, quem havia pego era a si, sempre mexia na mochila dele, sabia que era doente, sabia que o ciúme era muito grande, mas não podia evitar. Amassou a folha e jogou contra a face do garoto que se encolheu.
- Você me ouviu?! - Etsuo falou, firme e rosnou, expondo as presas. - Um garoto pequeno como você, eu posso facilmente beber todo o seu sangue em menos de dois minutos, pode sentir medo, ele deixa tudo mais gostoso, assim que esvaziar você, se eu pegar mas alguma coisa sua, eu vou cortar você inteiro, vou espalhar seus pedaços pelo quarto dos seus pais, e ainda faço questão de colocar sua cabeça bem na frente da sua casa, fincada na cerca, você me entendeu?
Observou os olhos dele, estavam cheios de lágrimas, era um maldito, tentava ter raiva do garoto, mas por dentro senti pena, podia sentir cada pequena gota de medo que o percorria, sabia que estava quase desmaiando, mesmo assim, mesmo conhecendo a si, ele era capaz de ferrar com a própria paciência sempre.
- E-Eu não quero magoar o Ritsu, eu só... Só queria... 
- Você não quer nada! Você ouviu? Você não quer porra nenhuma, você quer ficar longe dele, você me ouviu? 
- T-Ta bem...
- Ótimo, esse vai ser o meu último aviso. Saia, e vá direto pra saída, eu estou te observando. 
Dito, Etsuo o viu assentir e seguir para a saída, devagar, com suas pernas trêmulas, e correu pelo corredor, passando mesmo pelo próprio irmão, e nem olhou para trás.
Ritsu guardou os materiais dentro da bolsa-carteiro, que após reunir todos os pertences colocou no ombro e despediu-se do professor. Ao sair da sala, se sentia um pouco cansado naquele dia, não sabia exatamente o porquê. Seguiu pelo corredor, imaginando se podia levar algum chocolate para o irmão, ele andava realmente atraído pela alimentação humana, sempre gostou, mas parecia cada vez mais presente, desse modo passava a levar alguns aperitivos novos para que ele provasse. Avistou no entanto o colega de classe, que imaginava que àquela altura já havia ido embora. Mas acelerava seus passos, parecia frouxo, quase atordoado e tinha o rosto vermelho, os olhos também. 
- Haru... - Disse, mas ele parecia ignorar a si, o que consequentemente fez com que se virasse e segurasse seu pulso. - Haruki. - Disse e o puxou de leve, tentou ver seu rosto. - Oy... - Não tendo percebido do irmão alguns metros atrás de si. - Eu vou te levar pra enfermaria.
Etsuo sentiu o cheiro dele, sabia que ainda estava por perto e ao sair da sala, seguiu em direção ao corredor, observando-o dali, com os olhos amarelos brilhantes, ele poderia ver a si, saber que estava ali, e que sabia que ele estava com o outro, via a mão do irmão em seu pulso, o via olhar o irmão e estreitou os olhos.
- M-Me solta! Me solta! 
O menor disse a Ritsu, estava com medo, ou nunca teria falado daquele modo com ele, soltou o pulso, com pouca dificuldade e novamente correu em direção a saída.
- Haru ... 
Ritsu murmurou quase lamentando, não havia entendido nada. Chegou a tomar novamente seu pulso após o desvencilho e puxa-lo para si, tentando segura-lo para entender, mas após sentir seu corpo debater, deduziu que precisava ir. Esperava no entanto que nada se passasse de mal, sabia que sua situação familiar não estava das melhores, talvez alguma notícia ruim? Pensou, mas não poderia ajudar. Após a saída do garoto, Etsuo adentrou a sala de aula e deu a volta, saiu pela janela e adentrou a escola pela frente, esperando ali o irmão que sairia para ir para casa. 
- Ritsu. - Falou, erguendo uma das mãos.
Após se ajeitar, Ritsu acabou mesmo se esquecendo de passar pela cantina, havia marcado de comprar um suco de uva verde que a mãe gostava e que havia pedido para levar. Deixou o colégio, tinha sono e também curiosidade de saber o que acontecera pouco antes. 
- Aniki. 
Disse a ele ao vê-lo então, seguiu para sua direção até encontra-lo. Etsuo observou-o conforme se aproximou, num sutil sorriso de canto, estava irritado, vê-lo segurar o garoto pelo pulso, puxá-lo, se importar, era irritante. 
- O que estava fazendo até essa hora aqui?
- Eu tive aula extra, esqueceu? Tudo bem estar tão exposto nesse horário?
- São seis da tarde. Estava sozinho?
- Mas parece claro hoje. - Ritsu mencionou. - Estava em aula, mais pessoas estavam na classe.
- Hum... Entendi.
- Alguma coisa aconteceu?
- Vi você e o garoto.
- Que garoto?
- Que garoto, Ritsu?
- Que garoto, Etsu? - Ritsu o respondeu com ele mesmo a si. Porém ligou à reação perturbada do amigo minutos antes da saída. - O que você fez?
- Eu não fiz nada, você que segurou o braço do trouxa do moleque!
Por um momento, Ritsu tentou observar ao redor a fim de saber se virava alvo do olhar alheio diante do timbre do irmão. 
- O que você fez com ele?
- Eu não fiz nada com ele, caralho.
- Então por que você estava lá?
- O vi daqui.
- Não está dentro do campo visual, Etsuo.
- Pareço ter sangue dele na minha boca?
- E você só sabe morder?
- Não encostei nele.
- E nem precisou. 
Ritsu disse e por fim se pôs a andar, Etsuo andou, junto dele. 
- Que porra? - Disse a segurar o pulso dele. - O que está fazendo?
- Estou indo embora. 
Ritsu disse ao interromper o caminho, desvencilhando a segurada dele, que era habitualmente firme. Etsuo estreitou os olhos e segurou seu pulso novamente. 
- Vai fazer isso de novo? Por causa de um garoto idiota?
- Estou fazendo o que, Etsuo? Estou indo pra casa. Você está falando alto, você veio atrás do meu amigo pra fazê-lo chorar.
- Por que será que vim fazer ele chorar, não é?
- Por quê?
- ...
Etsuo suspirou, sabia que se contasse sobre a carta, podia despertar interesse no irmão, e não podia fazer isso, o quão difícil era ser sempre o único pra ele?

- Por quê? - Ritsu indagou, enfático. - As pessoas não escolhem quem elas devem gostar, Etsuo. Elas simplesmente se apaixonam e você não pode dizer por quem. Somos amigos e ainda que ele sentisse qualquer coisa, ele nunca sequer disse a mim.
Etsuo arqueou uma das sobrancelhas, irritado e passou por ele, seguindo o caminho em direção a própria casa. Sem dizer nada, Ritsu o viu soltar o pulso. Detestava aquele hábito, porque ele nunca soube se controlar. Como ele, seguiu o caminho de casa, não trocou consigo nenhuma palavra, até se sentir farto o suficiente de curiosidade.
- O que você disse a ele, Etsuo?
Etsuo seguiu silencioso embora quisesse prende-lo no quarto e nunca mais deixa-lo sair, tinha consciência de que não podia fazer isso. 
- Por que você quer saber?
- Eu quero saber. Você já tinha feito isso e mesmo daquela vez ele não ficou assim. Você tocou nele?
- Não encostei nele, já falei.
- Hum. - Ritsu assentiu, acreditando nele. - Me fale, ele estava tremendo, ele parecia querer desmaiar, achei que a mãe dele havia morrido.
- Não quero falar, não há porque você se importar tanto com um humano inútil.
- Ele é um amigo, aniki. Você tem amigos. Não pode esperar que eu conheça apenas você e nossos pais. Ele é apenas um garoto.
- Você também é apenas um garoto. Ele é passivo, bem mais do que eu, é humano, é jovem. Quanto tempo até me deixar?
- Que tipo de baboseiras está falando, Etsuo? - Ritsu disse, totalmente fora de sua linha de raciocínio. - Você é passivo e também é jovem. São três anos, não trinta anos.
- Eu sou vampiro. Não é a mesma coisa, eu não vou envelhecer com você, não vou poder te dar filhos, não sou fofo e pequeno.
- O que há de bonito em envelhecer? Eu nunca disse que queria tudo isso.
- Disse que não sabia se queria ser um vampiro.
- Quando eu disse isso? Provavelmente há tanto tempo que já não me lembro.
- É, pois é, eu me lembro! E é algo que eu faço!
- Ser paranoico também. Não fará isso novamente.
- Eu faço o que eu quero. - Etsuo disse e entrou em casa.
- Não faz, Etsuo. Você precisa me ouvir também. - Ritsu disse ao entrar em casa, logo após o moreno. - Você não vai fazer o que quiser.
- Vou fazer sim! Você não sabe de nada!
- Não vai, Etsuo. Eu sei das coisas, eu não sou burro ou inferior a você.
O maior estreitou os olhos e negativou. 
- Ritsu, não me amole.
- Quer saber, não vale a pena. 
Ritsu disse, aborrecido. Ele tinha aquele ar desrespeitoso, queria ser capaz de repreende-lo por isso, mas não podia.
- O que não vale a pena?
- Fala! Fala pra mim o que não vale a pena!
- Falar com você, você acha que pode tudo. Mas deixa eu te dizer, não pode.
Etsuo estreitou os olhos e assentiu.
- Esqueça.
Ritsu fitou o moreno e por fim seguiu ao próprio quarto. Estava cansado e discutir com ele era ainda mais cansativo. Ele tinha gênio forte, mas sabia que era um bom garoto, ainda assim estava infeliz, se perguntava como estaria o amigo. Etsuo seguiu em direção ao próprio quarto, e na verdade, estava puto, pra dizer o mínimo, o que ele havia dito, que se apaixonar não era questão de querer, era ainda pior, o que significava que ele podia se apaixonar pelo garoto mesmo que não quisesse. Se sentia um lixo e fez questão de deixar isso claro pelo barulho alto do espelho que se partiu em mil pedaços no banheiro, compraria outro, era sempre assim, e a mão voltaria ao normal quando bebesse sangue. Nada daquilo teria acontecido se não fosse tão cabeça dura e se conseguisse manter a boca fechada, se odiava por ser tão ciumento, e por nunca pensar direito, se odiava, e aquilo já era algo comum. Adentrou o chuveiro, deixando a água quente cair sobre o corpo, e levar com elas os pequenos pedaços do vidro no punho, fazia questão que fosse quente, podia sentir queimar a pele, não se importava, queria se castigar de alguma forma.
O resmungo do vidro era uma evidência de sua fúria imatura. Ritsu se perguntava porque ele era assim, porque tão impulsivo e estupidamente incontrolável por si mesmo. Não tinha pais assim, eram na verdade tão diferentes, o irmão era diferente sendo apenas o próprio irmão, gostava dele mas era incapaz de compreende-lo em seus acessos de raiva. Negativou por si mesmo e trancou a porta, não queria falar com ele. Silencioso, Etsuo sentou-se no chão no banheiro e permaneceu ali, sentindo a água cair pelas costas, não se moveu. No quarto, ouvia o vibrar do celular sobre o móvel, e odiava o fato dos pais poderem sentir tudo o que sentia, não iria atender. 



Já era um pouco tarde quando Ritsu acordou após um cochilo não de fato tão breve. Imaginou que àquela altura o irmão já havia ido para aula, provavelmente iria sair com seus amigos, aborrecido como estava, era o que ele costumava fazer. Ao deixar o quarto, a casa estava escura, buscou o caminho na cozinha e por alguns minutos observou o celular, digitou uma mensagem de texto, na tentativa de tranquilizar o amigo. Não nutria sentimentos pelo rapazinho, eram simplesmente bons amigos, ele era um kouhai e era assim que o via, sem mais. Deixou o celular ao lado enquanto buscava utilitários para usar na cozinha, tomaria café. Etsuo não saiu, como ele achava que tinha feito, na verdade, estava em casa, e ao ouvir o barulho do irmão, levantou-se, estava um pouco irritado ainda com ele, mas queria vê-lo, sentia falta dele de alguma forma. Ao seguir junto dele, chegou silencioso, quando por fim viu a tela de seu celular e estreitou os olhos, pegando o celular dele a ler a mensagem.
Ritsu ouviu o barulho pela cozinha, havia vindo tão sorrateiro quanto um gato, virou num sobressalto, quase um pulo e viu-o olhar o celular. Não disse nada, observou o moreno, não constaria o fato de que ele estava em casa. Esperou que ao menos uma mensagem que evidentemente tranquilizava o garoto sem maiores cortejos fosse filtrado pelo irmão.
"Me desculpe pelo meu irmão. Não precisa ter medo dele, não fará nenhum mal a você, eu prometo".
- Não farei mal a ele? - Riu, sínico.
O sorriso de Ritsu soou quase copioso, embora fosse mais sutil e soprado que o dele. Virou-se para pegar a cafeteira, percebendo na verdade que rapidamente havia terminado sem fome. 
- Não vai.
- Até quando você vai demorar pra entender que eu faço o que eu quiser?
- Não seja estúpido. Você não é um Deus.
- Sou sim.
- Ah, claro que sim. - Ritsu sorriu, imaginava que o irmão estava apenas provocando, se virou novamente para ele. - Não fará mal a alguém que eu gosto, fará? 
Disse, na verdade quis dizer como diria sobre um irmão ou um pai, não o tipo de gostar que constantemente rondava sua cabeça. Imaginava que daquele modo diria que não daria nada que pudesse aborrecer a si.
- Você gosta dele? 
Etsuo disse novamente sínico e negativou, jogando o celular dele no armário, que deslizou e foi de encontro ao chão. Ritsu viu o movimento do celular, deslizando na bancada, seguiu até o chão para pegar e esfregou gentilmente a tela no suéter desalinhado que estava usando. 
- É um bom garoto.
Etsuo estendeu a mão. 
- Me da.
- Não, pra você jogar de novo?
- Não, dessa vez eu vou quebrar.
- Vou quebrar ele em você, isso sim.
- Então quebra. - Etsuo disse a estreitar os olhos. - Não quero mais você com esse moleque!
- Etsu, você não é meu pai.
- Você que sabe, eu vou matar ele.
- Você não vai tocar nele, Etsuo. 
Ritsu disse, não acreditava mesmo que o irmão pudesse, mas não daria vazão para ele achar que sim. Não nutria nenhum sentimento amoroso pelo amigo e era justamente por isso que colidia com o moreno, porque não existia nada de mais. Gostava dele, ainda que isso não se passasse em sua maldita cabeça.
- Vou tocar sim! Você não manda em mim e não pode fazer nada pra me impedir!
- Uh. - Ritsu murmurou quase risonho, sabia que não podia fazer nada além de dizer a ele. - É, não sou forte como você, fale na cara, Etsuo, ao invés de jogar indiretas. Você não vai tocar nele. - Disse e até se pôs defronte a ele.
Etsuo estreitou os olhos. 
- É? Assista. 
Disse e virou-se, seguindo em direção a porta. Ritsu o amaldiçoou por se sentir tão imponente. 
- Devia se envergonhar de amedrontar um garoto como ele, Etsuo. Ele é pequeno e tão ou mais fraco que a mim.
- É por isso mesmo que eu quero arrebentar a cabeça dele!
- Se você fizer algo a ele eu vou embora daqui, Etsuo. Posso não ser capaz de te segurar, mas posso não estar aqui pra assistir você.
- Você vai me deixar por um garoto?
Ritsu não respondeu, não iria. Na verdade não apenas por um garoto, era por um amigo e não apenas por ele, mas pelo irmão. 
- Você precisa voltar a ser o meu irmão. Ele não fazia isso.
- ... O que?
Ritsu negativou, maldição era gostar mesmo de seus piores defeitos. Virou-se para a cafeteira, prepararia o café, mesmo sem vontade. 
- Não quero brigar com você.
Etsuo negativou, irritado e pegou da mão dele seu celular, atirando pela janela da cozinha em direção ao térreo do prédio, não disse nada, somente saiu e seguiu para o próprio quarto. Tão rápido quanto o tomou, atirou pela janela e então partiu para seu quarto. Ritsu o fitou, desta vez certamente aborrecido e marchou logo após ele. 
- Caralho! Tinha coisas importantes naquela porra de celular, Etsuo!
Etsuo arqueou uma das sobrancelhas ao ouvi-lo. 
- Foda-se, compra outro!
- Não tenho como comprar as informações do celular, seu filho da... 
Por desencargo de consciência, Ritsu buscou mesmo o celular do irmão e jogou como ele jogara o próprio. Etsuo estreitou os olhos ao vê-lo jogar o próprio celular, porém assentiu em seguida. 
- Foda-se, eu não tenho conversinha importante com amiguinho.
- Não tem conversinha, mas não vai se esquecer das fotos que tinha nele.
- Eu tenho backup no computador.
- Ah é? 
Dito, Ritsu buscou o notebook do irmão, travaria uma batalha com ele se necessário.
- Para caralho! - Etsuo falou a ele e segurou o notebook. - Solta essa merda.
- Talvez eu devesse quebrar sua cabeça, não precisaria quebrar o celular ou o notebook.
- Quer saber? Vai tomar no cu. - Etsuo falou a ele e pegou o notebook. - Vai você e seu merda de amigo.
- Ah, você quer que eu vá tomar no cu com ele? Achei que estávamos brigando porque não queria que isso acontecesse. 
Ritsu disse, aborrecido, deu de ombros, não tinha conversas com os outros, se ele tivesse um pouco mais de sanidade veria que na mesma aba de mensagem que ele viu, não tinha exatamente conteúdo além de trabalhos de escola. As mensagens do celular eram dele. O conteúdo de algumas das aulas, teria de pegar depois. Negativou, estava com dor de cabeça. Olhava pra ele e via o irmão como aquele pirralho de 14 anos que costumava ser quando a si tinha apenas 11. 
- Eu não quero brigar com você. Você está agindo feito um louco por nada, me faz sentir que estamos num abismo.
Etsuo olhou o rosto do irmão, viu suas expressões, não era acostumado ao ouvi-lo falar assim não costumava ser tão drástico, só então notou que talvez estivesse novamente sendo um idiota e deixando o ciúme dominar a si. Silencioso, virou-se, e seguiu em direção ao quarto, e ao dar as costas para ele, naquela luz, talvez ele pudesse ver as marcas avermelhadas nas costas, onde havia queimado com a água quente do chuveiro, não eram simples marcas para um vampiro. Ao entrar, deixou o notebook de lado e deitou-se na cama.
Diferente dele, Ritsu não havia levado a um patamar tão profundo aquela briga, na verdade havia se sentido como meninos que eram como irmãos, embora não tivessem o hábito de discutir tão frequentemente. Não sabia medir a profundidade de fragilidade dele, afinal era normalmente agressivo, tentando se esconder em sua autivez por ser um vampiro, conhecia no entanto o fato de que era sensível, mesmo que não soubesse o quanto. Seguiu logo após ele, desligando a cafeteira, havia visto sua pele ferida e sabia que assim estava justamente por sua intensidade habitual. Ao entrar em seu quarto, não pediu licença para se deitar a seu lado, sabia que estaria ainda rancoroso, mas não queria continuar com aquilo, afinal parecia uma bola de neve, parecia que uma discussão estúpida havia tomado uma proporção desnecessária.
Etsuo suspirou, estava chateado, e não era pouco, sentia as lágrimas escorrerem pelo rosto e mesmo que ele achasse ser uma briga estúpida, não esperava nunca ouvir aquilo do irmão, por isso era tão doloroso. Ao vê-lo entrar, manteve-se em silêncio, limpando o rosto, sem se virar. Ritsu acomodou-se na cama, ajeitou-se como pode em seu espaço. Tentou dar a ele um meio abraço, como costumavam estar deitado. Por alguns minutos fez silêncio até estarem calmos no mesmo ambiente há algum tempo. 
- Não quero brigar com você, não estava falando seriamente, tentei agir como fazíamos quando crianças. Não me dei conta de que as coisas nunca seriam como antes.
Etsuo desviou o olhar a ele, meio de canto, não virou-se realmente de frente para ele, não inicialmente. Suspirou, permanecendo assim por um algum tempo ainda, e só então se virou. 
- Você não é mais só o meu irmão.
- Eu sei. 
Ritsu sussurrou em resposta. Levou a mão para seu rosto onde repousou-a. Por um tempo ficou em silêncio, deu a ele um breve carinho na nuca, sentindo seus cabelos. Etsuo suspirou, abraçando-o e ali ouviu os batimentos do coração dele, calmo, sua pele quente, seu toque macio. O menor virou-se para ele, pouco via diretamente seu rosto, mas beijou sua bochecha e sua testa. Sentindo o cheiro que ele tinha depois do banho. 
- Eu preciso tocar você, uh? - Disse baixo, mas audível na proximidade.
- Pode me bater. 
Etsuo disse e suspirou, não se importava de fato, ele não faria muito diferente de si, se castigando.
- Não quero te bater, quero fazer amor com você. Quero te tocar.
Etsuo ergueu a face, observando-o.
- Quero transar com você. Quero fazer por cima, que abra as pernas pra mim, eu quero ver você as segurando, e quero que me sinta duro em você, pra saber que você não precisa ser pequenino ou frágil para ser meu e pra me excitar. - Ritsu disse e tomou a mão do moreno, levando-a para o próprio sexo. Desvencilhou porém conforme chegou mais perto e se acomodou entre suas pernas. - Quero que se sinta meu. Você é meu, não é? 
Disse e beijou seu pescoço, o mordeu como se fosse um vampiro, ele gostava daquilo. Não falava apenas para tranquiliza-lo, ainda que fosse, falava porque era exatamente o que queria, queria ele e queria que ele soubesse o quanto queria. 

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