Ritsu e Etsuo #29 (+18)


Etsuo assentiu a ele, embora duas palavras causassem um arrepio em si, podia sentir o corpo pedir por ele, na pontada que sentiu no próprio baixo ventre.

- Ritsu... Ah!
Gemeu ao sentir a mordida, dolorida, mas não mais do que as que dava nele e assentiu, desligando ambas as mãos pelo corpo dele, acariciando-o. Embora estivessem de lado, no meio de suas pernas, Ritsu moveu a pelve, moveu a coxa e empurrou para ele. Beijou seu pescoço, de um lado ao outro até encontrar sua boca. Etsuo suspirou e ergueu a face, observando o irmão na pouca luz do quarto, o beijou, empurrando a língua para dentro da boca dele, e segurou sua camisa, apertando-a entre os dedos. Ao beijar o moreno, Ritsu tomou no toque o impulso para subir em seu corpo, tomar mesmo aquele espaço entre suas pernas que tanto pedia. Quando enfim se pôs junto a ele, o observou na breve interrupção do beijo, para tirar sua roupa, o observou e pensou num breve raciocínio, como cogitar a ideia de tratá-lo com menos que daquela forma? De não ter a ideia de poder fazer aquilo com ele. Após tirar sua roupa, despiu-se da própria, esticou-se para conseguir uma camisinha e apenas então voltou a beija-lo. Etsuo suspirou, dessa vez um suspiro pesado, estremecendo conforme o sentiu retirar as roupas e o ajudou, esticando-se para puxar sua camisa igualmente. O gemido baixinho deixou os lábios e aproximou-se do irmão, selando-lhe os lábios, observando seus movimentos em busca do preservativo. 
- Vem, Ritsu...
Ritsu abriu a embalagem, rasgando-a nos dentes. Fez questão de formular a atividade de modo que lhe fosse percebido, se perguntava se parecia homem o bastante para ele. Após se vestir, abaixou-se na cama e no meio de suas coxas ainda que estivesse sentado. Tão logo se encaixou e se viu deslizar para ele, adorava ver aquela parte. A expressão de Etsuo se fechou, um pouco dolorida ao senti-lo deslizar para si, encaixando-se no próprio corpo. Estremeceu e agarrou-se a ele, deixando escapar um gemido dolorido. 
- Hum...
- Você gosta disso? 
Ritsu indagou. Sabia que doeria, não o havia preparado com os dedos. Ao se deitar sobre ele, beijou seu pescoço, subiu até a orelha, tocou o lóbulo sentindo seu pingente com uma pequena cruz. Se moveu então. Etsuo assentiu e encolheu-se, era um pouco dolorido, tanto que havia se calado se início, também estava um pouco chateado e apertou-o dentro de si. 
- Ah... Ritsu...
- Você não me quer, hum? Não quer transar comigo? 
O menor indagou, notando a suavidade do moreno. Lambiscou sua orelha e passou para o rosto, lambendo seus lábios. Se moveu, intensificando ritmo. 
- Hum, Kimochi...
Etsuo assentiu a ele e mordeu o lábio inferior.
- Quero, eu só... Dói um pouco. - Murmurou e novamente gemeu, pouco mais alto. - Kimochi...
- Fala comigo. 
Ritsu disse a ele, ergueu-se novamente, sentando-se entre suas pernas os quais segurou nas coxas e passou a se mover mais rapidamente, tirando o que restava de dor para substituir pelo prazer. Etsuo assentiu e puxou-o para si pelos quadris, firme, gemeu, prazeroso. 
- Vem... Me fode Ritsu.
- Está gostoso? 
Ritsu indagou e soou um pouco rouco, soprado, mas audível diante de sua audição apurada. Pressionou os dedos em suas coxas, puxando com firmeza. Podia não ser forte como um vampiro, mas tinha força.
Etsuo assentiu ao irmão, puxando-o para si e beijou-o em seu pescoço, rosto e segurou seus cabelos médios, deslizando os dedos em meio aos fios, sentindo-os, eram frágeis devido a sua condição humana, assim como tudo nele, mas nunca diria isso a ele, podia sentir seu corpo quente dentro do próprio, era gostoso, na verdade, era quase afrodisíaco, tudo nele era, podia notar seus detalhes, os detalhes de seu rosto, mas ainda se lembrava de suas palavras dizendo a si que iria embora, não podia suportar que ele fizesse isso.
Ritsu se debruçou para ele a medida em que puxado, sentiu os beijos dispersos e naqueles momentos podia sentir o irmão tragar o cheiro da própria pele, na verdade não era de fato da pele mas o que estava sob ela. Era um hábito, era como um pequeno animal. Ao interromper, por um instante apenas, se esticou e pegou em sua gaveta onde buscava antes a camisinha, lembrando-se do acessório que estava nela. O pequeno vibrador levou para tocar seu sexo, o masturbou sem muito empenho, com o vibrador entre ele e a palma da mão, não precisava de esforço, e onde ele de fato gostava, ali sim tinha atenção. Mexia-se para penetra-lo vigorosamente, seguindo o ritmo com a mão com que o acariciava até pegar a sua e indicar que continuasse em seu ritmo preferido. Etsuo desviou o olhar ao irmão, notando-o pegar o objeto e arqueou a sobrancelha, ele geralmente usava aquilo para brincar consigo, não em momentos como aquele, mas assentiu e segurou-o, deixando o pequeno objeto vibrar contra o sexo, claro, estremecia, sentindo os espasmos do corpo. 
- ... Assim eu... Vou gozar mais rápido...
- E você não quer gozar?
Ritsu indagou ao moreno e daquele modo continuou. Estava gostoso e talvez pela sensibilidade do vampiro, ele se envolvia mais firmemente em si, tendo espasmos frequentes, o que consequentemente tornava mais vividamente sensitivo o prazer, não contendo a voz, que se envolvia com a dele enquanto gemia, ainda que pudesse ouvir mais presentemente seu timbre mais alto. O suspiro deixou os lábios do moreno, podia sentir a pele dele, podia senti-lo quente... Não era suficiente. Uma das mãos guiou entre as pernas, puxou-o para fora do corpo e retirou sua camisinha, rápido, não será tempo para que pensasse, é só então o colocou para dentro de novo, puxando seus quadris e agradecendo por agora senti-lo por inteiro. 
- Ah... Vem... Vem dono... Me machuca.
Ritsu sentiu seus dedos firmes, por um momento até o estalo do fino silicone da camisinha que rebateu na pele ao ser puxada, mas foi tão rápido que quando piscou já estava dentro dele outra vez. Sentiu seu interior úmido e frio, contrastando com a pele quente, embora aquela altura já devesse estar morna pela pele dele, não estava, era pelo fluxo sanguíneo na região ereta que continuava quente como ele queria sentir. Mordeu o lábio inferior e voltou a penetra-lo com força, sentido aumentar cada espasmo dele, iria gozar? Pensou e sentiu suas mãos tão firmes ao puxar a si, estava empolgado e se contagia com ele. Ao debruçar como antes, apoiou-se em seu pescoço, pressionando-o sem que pudesse de fato causar-lhe algum dano. Penetrou-o com força, sentindo a pele estalar junto a sua.
Etsuo estremeceu conforme o sentia atingir o ponto prazeroso do corpo, ele sabia exatamente onde tocar, sempre. Deslizou as unhas pelas costas dele, iria gozar, estava muito perto, sentia o cheiro dele, e os sentimentos estavam muito confusos, tudo se repetia dentro da própria mente a ponto de estar extasiado, tanto, que não notou nada do que a havia feito. Tocou os cabelos dele, macios, entrelaçou os dedos aos fios e a face permaneceu contra seu pescoço, e fora onde cravou as presas, bem a fundo na sua pele, sentiu a passagem rápida, quase nem sentiu barreira nenhuma, só o gemido dolorido do irmão, mas até ele fora amortecido pela própria cabeça e os próprios sentimentos. Havia gozado e avidamente golava o sangue do irmão, sentindo-o quente deslizar pela garganta, acendendo os olhos, alimentando o corpo, sentindo-o preencher a si.
Na tentativa do irmão de buscar mais força, Ritsu era puxado por suas mãos firmes enquanto ouvia-o pedir por ser machucado, movendo vigorosamente seus quadris, como se o que lhe dava estivesse insuficiente ou bom demais para ter um limite. Quando se deu conta havia com uma mão segurado seu nome pescoço e com a outra sequenciado pelo menos dois tapas no rosto dele, tentando satisfazer o vigor com que ele queria aquilo. Gozou, junto dele, dentro dele mas foi puxado e sem que pudesse protestar, apenas iria beija-lo mas ganhou um beijo de vampiro. Sentiu morder o próprio pescoço e não se importou embora tivesse doído, deixou beber e intensificar seu prazer, por uma razão sentia aquela sensação estranha deixar a cabeça aérea e de alguma forma dar um novo aspecto ao prazer. 
- Ah... Etsuo... 
Gemeu em sua pele, porém a leveza do corpo se tornava cada vez mais intensa de uma forma que aos poucos parecia esquecer de respirar. 
- Não respiro... Onii-chan, não consigo... Respirar. 
Disse a ele e levou as mãos para se afastar, tentando se erguer e tomar ar, mas ele não parecia querer aquilo. "Etsuo, não consigo respirar..." pensou dizer, embora provavelmente tenha ficado apenas na cabeça. Já não sentia calor, estava com um frio que não soube quando começou. Será que...
Etsuo estava agarrado a pele do irmão, não sentia nem a ardência de seus dedos na pele do rosto, nem seus movimentos firmes, somente podia sentir o íntimo aquecer com seu ápice habitual, bem a fundo no corpo, gostoso como sempre fora. Estremeceu, prazeroso, porém, não se atreve aquilo, estava mais concentrado em sugar o sangue dele. Sempre soube qual era o limite, sabia onde parar, quando parar de suga-lo ou poderia mata-lo, sabia disso, mas naquele dia, se agarrava a ele com muita força. Sentiu seu movimento, sabia que ele queria se levantar, ouviu até mesmo sua voz, mas havia fechado os olhos, fingindo não ouvir, fingindo não prestar atenção, mas prestava, as palavras dele ecoavam na cabeça e enchiam os olhos de lágrimas. As presas em sua pele, fraquejavam, os lábios tremiam, chorava, chorava contra a pele dele, chorava ao sentir o corpo do irmão perder a vida nos próprios braços, dentro de si, o tinha agora inteiramente para si, era dono dele, era dono de toda a essência dele, que veio para si junto de seu sangue e só parou de sugar, quando finalmente sentiu seu corpo passar de quente para frio, já não respirava mais, já não tinha mais vida, estava morto. Não o soltou de imediato, não conseguia, não conseguia soltar, estava agarrado a ele, agarrado ao corpo dele, e chorava, tão forte que chegou a soluçar, as mãos tremiam, as pernas tremiam, o corpo tremia. Nunca tinha chegado a ter sensações humanas, pensamentos estranhos, mas naquele momento, quis morrer. Havia sido egoísta o suficiente e sabia disso. 
- Ritsu, me perdoe... Eu te amo... Eu te amo muito... Mas não posso suportar que você vá embora. 
Disse, em meio as lágrimas, e se sentia uma criança novamente, lembrava-se do dia em que o encontrou, o dia em que o trouxe para casa e agora ele estava morto. Devagar, se afastou dele, embora não quisesse, e fitou seu rosto, delineou com os dedos, notando sua pele pálida como a própria, e fora quando cortou o pulso, usando as presas para rasgar a pele e sentiu o sangue escorrer, forte, frio, denso, fora quando o levou em direção aos lábios dele e virou-se, deixando-o na cama, abriu sua boca, delicadamente e deixou que o próprio sangue fluísse para ele, para dentro de seu corpo, era o único modo que podia salva-lo, que podia trazê-lo de volta a vida. Deixou o sangue por um longo tempo, escorrer para ele, a ponto de se sentir tonto se estivesse mal alimentado, sempre que as feridas se fechavam, rasgava a pele de novo, a dor era, como sempre, um castigo para si mesmo, por ter sido tão egoísta a ponto de fazer aquilo com ele, e em sua ferida do pescoço, também despejou do próprio sangue, não sabia como fazer uma transformação, nunca havia feito uma antes, tentou de todas as formas possíveis. Ao terminar, ainda tremia, e novamente abraçou o corpo do irmão, repousando a face sobre o peito dele. 
- Volta pra mim... Volta pra mim por favor... Por favor, onii-chan, eu... - Suspirou, tentando falar em meio aos soluços. - Eu não quero te perder...
Aquela sensação havia começado logo ao acordar. Kaname havia ido trabalhar daquele modo, sabia que tinha um filho temperamental, sabia também que saberiam se resolver. No entanto, a abruptidão com que aquilo se intensificou foi suficiente para causar um mal estar voraz, nauseado se levantou e buscou na enfermaria o menor. Encontrou a ele como ele a si, buscando onde encontrar. Seu rosto estava tenso, tanto quanto o próprio, mas tocou seu ombro. 
- Não é nada. Vá para o carro. 
Disse e então constou saída, avisando para o rapaz que há alguns meses havia contratado por lá, por sorte, naquele dia ele estava ali. Foi assim que partiu ao rumo de casa, tão rápido quanto poderia. Shiori havia saído da enfermaria, após se sentir tão mal que não fora capaz de permanecer me pé parado no local, as sensações consigo e o filho eram sempre assim, ele era muito difícil de lidar, senti-lo muitas vezes era uma espécie de castigo, saber que estava mal e não poder fazer nada, mas aquilo, aquilo era diferente, era quase como se ele estivesse a beira da morte, eram sensações estranhas, que nunca queria ter. Agarrou a mão do moreno conforme o encontrou, firme e assentiu conforme seguiu para dentro do carro, e em um pulo, esperava que já estivesse em casa com ele.
- Kaname... Kaname ele vai se matar?!
- Não vai, não tem porque fazer isso. Ele deve ter brigado com o Ritsu. É por isso que eu não queria que continuassem. 
O ponteiro do veículo indicava a rapidez com que dirigia, contraditória à expressão que dava a ele, não ia simplesmente dar corda a seus pensamentos ruins, embora estivesse preocupado, não o faria se preocupar ainda mais. Quando enfim parou na vaga, o carro mal teve tempo de ser bem estacionado, por sorte a trava de segurança era algo automático se em algum momento se distanciasse demasiado do veículo. Elevador não era opção, para nenhum dos dois, subiu com o companheiro e ao abrir a porta, não pode manter de fato a calmaria. 
- Etsuo!
Shiori assentiu, sabia que ele estava dizendo para tranquilizar a si, e não porque realmente se sentia daquele modo, podia sentir o incômodo e o medo mesmo vindo dele. Ao abrir a porta de casa, viu a porta do filho mais novo aberta, eles não estavam ali, então empurrou firmemente a porta do quarto do outro, arregalando os olhos conforme viu os dois corpos nus na cama, o mais velho sobre o corpo do menor, e fitou bem o rosto do menor, estava pálido, estava morto, e seus lábios, tinham sangue. Não sabia se controlar, também era sentimental como o filho mais velho, fora por isso que o sangue quase havia deixado o corpo, sentiu uma sensação horrível no peito e a única coisa que conseguiu fazer foi gritar, sentindo as lágrimas nos olhos. 
- Etsuo! O que você fez?!
Kaname seguiu tão abrupto quanto o menor. Ele podia ser mais rápido pelo tempo um ou dois anos de experiência, mas em compensação tinha um passo maior, foi desse modo que chegou no quarto e fitou o mais velho. Extasiado, o corpo já era frio, mas sabia a sensação humana de sentir ele fluir e descer por todo o corpo, era horrível, aquela cena toda era horrível, fosse os filhos já desenvolvidos demais para visualizar seus corpos, o sangue, os resquícios do que haviam feito e o aspecto débil do mais velho. 
- Saia!
Disse ao filho e puxou pelo braço, afastando-o do caçula, não tinha tempo, não tinha tempo para bater nele, brigar com ele, entendeu o que havia acontecido, não tinha tempo para nada. Tentou reanima-lo com impulsos em sua caixa torácica, estava frio. Estava com tanta raiva, que embora fosse um vampiro, conseguia estar vermelho. Pegou o lençol, cobriu o garoto e o pegou no colo, levaria-o para o quarto. 
- Shiori, pegue uma seringa, tire sangue, precisa injetar nele.
Etsuo havia ouvido o grito dos pais, sabia que eles estavam lá, mas estava tão absorto no que havia feito, estava tão preso no irmão, não raciocinou nada, somente quando fora puxado foi que respondeu, se agarrou no irmão ainda mais, mas mesmo assim fora arrancado dele. 
- Ritsu! Não! Solta ele! 
Falou ao pai e correu em direção a ele, tentando pegar o irmão novamente. 
- ETSUO! 
Shiori gritou, segurando o filho mais velho, agarrando-o pela cintura e quase não conseguia conte-lo, podia ser forte por ser mais velho, mas nunca seria comparado a um vampiro nascido, a força que ele tinha naturalmente era grande e inclusive caiu, tentando segura-lo e o viu passar por si, correndo em direção ao pai.
- Shiori! 
Kaname bradou, aborrecido pelo teatro, pela estupidez de ambos. Não ia dizer outra vez, esperava que dizer seu nome novamente fosse o suficiente. Ouviu o filho vir logo atrás de si e ao se virar, talvez o tivesse encarado como nunca antes. 
- Etsuo, você é meu filho, não me faça te bater como um homem.
Shiori negativou e se levantou, seguindo rapidamente ao outro quarto e fez o que ele havia pedido, pegou a seringa e retirou o próprio sangue para ele, embora dolorido, voltou após um pequeno tempo e entregou a ele. 
- Quer que eu tire numa bolsa?
- ... Pai, me devolve o Ritsu. Ele vai se transformar, eu não matei ele. Me da. 
Etsuo falou, esticando a mão, tentando alcançar o irmão, e nem se dava conta de que estava nu no quarto com ele.
- Claro que você matou ele, Etsuo! Como foi fazer algo tão irresponsável? Eu não acredito em você. - Kaname disse e levou o filho para a cama, esticou a mão para o menor com a seringa. - Vem. - Não precisava dizer sobre o que fazer com o procedimento, ele iria saber. 
- ... 
Etsuo uniu as sobrancelhas, sentia novamente as lágrimas nos olhos e apenas permaneceu parado no mesmo lugar, vendo os pais se moverem pelo quarto, ainda tinha a mesma sensação, vazia.
Shiori aproximou-se devagar, observando o filho na cama e passou a mão pelo rosto dele, acariciando-o, claro que estava atencioso, havia visto sangue do filho mais velho nele, sabia que ele já estava em processo de transformação, isso é, se fosse se transformar. Segurou o braço dele e encontrou sua veia facilmente, aplicando do próprio sangue nele, em sua corrente sanguínea, que estava quase seca, não achava que ele tinha sangue suficiente. Sentou-se na cama, lado a ele e abaixou-se, beijando o filho no rosto e chorava. 
- ... Kaname... Ele não vai conseguir...
Kaname deixou nas mãos do menor os cuidados, observava o filho, normalmente tendo alguma cor em seu rosto, normalmente com a expressão suave, agora parecia enrijecer pela frieza de seu corpo, era um cadáver. Felizmente seu corpo ainda tinha movimento, o que dava a si alguma esperança, não estava endurecendo. Teve de trancar a mandíbula, tentando conter a si mesmo. Suspirou, ainda tinha aquela maldita sensação humana de gelar completamente, mesmo que fosse naturalmente assim. 
- Por que, Etsuo? Por quê? Ele pediu isso a você? Como puderam fazer algo tão estúpido e inconsequente? Ele pode não conseguir passar por isso, ele pode não absorver o sangue que demos. Você se sente muito forte, mas é só um vampiro jovem.
Etsuo desviou o olhar ao pai, e realmente, não sabia o que dizer, tinha a boca suja com o sangue do irmão, as mãos estavam sujas, os braços, o corpo. Estava ali parado e nem sabia o que dizer a ele, estava transtornado, e novamente, queria chorar, estava começando a entender o que havia feito. 
- ... Ele tem pouquíssimo sangue no corpo... Não vai conseguir absorver o nosso sangue... Não vai se misturar ao dele... - Shiori disse, e queria agir como o maior, mas estava apavorado. Segurou a mão do filho mais novo, entrelaçando os dedos aos dele e beijou sua mão. - ... Ritsu...
- Eu não vou... - Kaname disse e era necessário engolir a rouquidão da voz. - Eu não vou nem te punir, porque se você está sentindo o mesmo que eu, então isso é punição o suficiente. - Dito, pegou um roupão pendurado o qual colocou em seus ombros, escondendo seu corpo. Voltou-se para o menor, fechou os olhos por um instante. - Precisa de mais, você prepara os materiais, vou fazer uma pequena transfusão, um pouco do meu, pelo menos por agora.
- ... 
Do modo como Etsuo estava, permaneceu, observando o corpo do irmão na cama, desacordado, se sentia horrível. 
- ... Eu não queria matar ele... Eu não... Eu... 
- ... Não, eu farei, sou mais velho como vampiro... - Shiori disse, segurando o choro. - Kaname... Leve o Etsuo lá pra fora.
Kaname ergueu a mão ao filho, não para agredi-lo mas para pedir silêncio. Buscou o que precisou para confortar o menor, indicou o lugar ao lado do filho onde ele pudesse estar e assim, dar a ele um pouco de sua vitalidade. Shiori assentiu ao dito pelo outro, segurando a mão dele e beijou-a antes que ele pudesse sair, havia pego os equipamentos, faria a transfusão do próprio sangue para o corpo do filho, e esperava que pudesse ao menos dar certo. Ao se direcionar para a saída, Kaname pegou o moreno pelo ombro, levando para que deixasse o quarto. Ao seguir para o dele, levou para o banheiro e ligou o chuveiro. 
- Tome banho, está sujo.
Etsuo seguiu com o pai, para fora do quarto e desviou o olhar ao menor sobre a cama antes de finalmente ter a porta fechada atrás de si. Negativou, unindo as sobrancelhas e novamente chorava.
- ...
Kaname olhava o filho, somava seu choro, eu comportamento e sua ideia imatura e só conseguia pensar que ele não havia crescido. Para um pai o filho sempre será uma criança, mas queria entende-lo, não conseguia. Após despir o moreno, ligou o chuveiro e o levou para baixo d'água, quisesse ele ou não. Etsuo seguiu com o pai, embora ainda silencioso e ao ser colocado embaixo d'água, sentiu-a levar embora todo o sangue e resquícios sexuais que tinha pelo corpo, tudo fora tão rápido, estava falando com o irmão a pouco, e agora não podia mais. Kaname fitou o moreno por algum tempo, até buscar a esponja de banho e lava-lo como quando era apenas uma criança, embora não tivesse certeza se havia deixado de ser uma. Etsuo uniu as sobrancelhas, desviando o olhar ao maior, e só então percebeu que ele não via a si daquele modo há anos, estava nu na frente dele.
- ... Papai... Me perdoe... Eu não sei o que eu fiz... Ele me disse que ia embora...
Por um instante, Kaname fechou os olhos, tentou ser empático, não sabia se devia ser. Não sabia de nada que havia entre eles, imaginava que por serem irmãos, a relação seria mais simples, mais amigável por todo ano de convivência, algo quase ingênuo como costumavam ser quando meninos. Ao reabrir os olhos, podia não estar com lágrimas neles, mas estavam vermelhos, e não era a iris. Continuou o banho, não ousou perguntar qualquer coisa. Etsuo desviou o olhar a ele, não era capaz de dizer nada, nunca o havia visto daquele modo, havia destruído a si e aos outros. Silencioso, apenas continuou no banho, sem se importar com ele de fato. Kaname o vestiu como havia tirado sua roupa. Trajou-lhe o roupão, colocando em seus ombros. Após tira-lo do banho o levou para seu quarto; a cama parecia péssima, negativou para tentar obter alguma paciência. Feito isso, voltou ao quarto, buscando o companheiro, buscando o filho. 
- Shio...
Ao ouvir os passos, Shiori desviou o olhar ao outro na porta, estava com as sobrancelhas unidas, a expressão parecia um pouco frágil, estava passando o próprio sangue para o filho, então claramente, se sentiria fraco, ele estava sem sangue, teria que preencher seu corpo com boa parte do próprio. 
- Kaname... Etsuo está bem...?
- Vamos, troque comigo. 
Kaname disse ao se sentar na cama. Deu a ele uma pequena bolsa de sangue humano tipo O, era o mais intenso para ele. Não respondeu. Shiori negativou, segurando seu braço, porém aceitou a bolsa de sangue, beijando a mão dele em seguida. 
- ... Já estou terminando. - Murmurou, pouco rouco. - Não... Podemos ficar com raiva dele, ele... É só uma criança.
- Ele é um pirralho. - Kaname cerrou os dentes. - Não estou com raiva, é meu filho. Mas estou puto pela imprudência. Veja isso. - Disse enquanto apontava para o filho desacordado na cama. - Ele vai fazer aniversário na sexta-fera e eu não sei sequer se ele vai acordar pra isso.
Shiori uniu as sobrancelhas. 
- Eu queria saber o que aconteceu... Ele... Ele nunca faria isso. - Murmurou, e estava preocupado, segurava a mão do filho com a outra mão livre. - Estou com medo dele não acordar... Não sei o que vai ser de nós.
- Enquanto o corpo dele não estiver endurecendo, vamos continuar dando nosso sangue a ele. Todos os dias. Ele faria isso, ele fez isso. O Etsuo é impulsivo quando se trata do Ritsu, ele disse que o Ritsu ia embora. Provavelmente é doente de ciúme e achou que quando mais rápido o Ritsu fosse um vampiro, menos chances de ter uma vida comum ele teria.
Shiori uniu as sobrancelhas ao ouvi-lo e desviou o olhar ao filho menor. 
- Kaname... Ele não faria isso, não acho que seria doente de ciúme a esse ponto. Se ele ama o Ritsu, deveria deixar ele escolher o que quer... Se o Ritsu acordar, nunca mais vai querer falar com ele.
- Isso não foi ideia dos dois? 
Kaname indagou ao outro, não pensaria na hipótese de uma atitude estúpida e egoísta vinda do filho. 
- Não sei... O Ritsu não disse nada. Ele me diria.
- Eu não quero pensar na hipótese do meu filho ter morrido com medo do próprio irmão.
Shiori uniu as sobrancelhas e segurou a mão do maior, apertando-a, e mesmo o aperto estava fraco. 
- Kaname... Pode abrir a bolsa pra mim?
- Hum. - Assentiu. - Quer que injete em você ou prefere beber?
- Vou beber.
Kaname assentiu e perfurou a bolsa médica, deu a ele junto de um canudo, era quase como um suco de criança. Shiori pegou a bolsa, bebendo o sangue, um tanto grosso demais para o canudinho e fechou os olhos.
- Quer um copo? 
Kaname indagou, soava um pouco roupa. Se acomodou ao lado do filho adotivo, acariciando seus cabelos clarinhos, distantes do restante. 
- Não, tudo bem... Você está bem?
- Estou bem. - Kaname disse e tocou o cabelo escuro dele, como o do filho. 
Shiori assentiu e deslizou a mão pela mão dele, acariciando-o.
- Vai e descanse. Fale com aquele moleque. Vou trocar com você.
- Vai ficar tudo bem... Temos que esperar pra ver se ele vai acordar. 
Shiori murmurou e devagar, retirou a agulha da veia, deixando escapar um gemido baixo.
- Vai sim. - Kaname disse e após sua saída, seguiu para substituir seu lugar. - Mas ainda assim vá e fale com o Etsuo. Ele está vegetando.
- Vou falar. 
Shiori disse a ele e levantou-se, seguindo para fora enquanto levava a bolsa de sangue, secando-a em poucos segundos. Ao entrar no quarto do filho, já havia jogado fora e fitou-o em sua cama, sua expressão vazia. 
- Etsuo... - Disse e sentou-se lado a ele, segurando sua mão. - Vai me dizer o que aconteceu? 
- ... Eu matei o meu irmão, foi isso que aconteceu. 
- Não sabemos se ele está morto ainda. 
- Você mesmo disse que estava. 
- Você sugou todo o sangue dele, não pode fazer isso. 
- ... Não sei o que deu em mim. 
- Ele concordou com isso? Porque não procuraram a gente antes? Eu teria ajudado. 
- ... Eu não combinei com ele, mãe, ele estava falando com um garoto, o... O garoto escreveu uma carta de declaração pra ele, eu... Eu perdi a cabeça, ele me disse que ia embora, que não me queria mais como sendo algo além de irmão, eu... Não podia deixar ele ir embora. 
- Você matou ele sem a permissão dele?
- ... Eu... - Etsuo assentiu.
- Mas que porra você estava pensando, Etsuo? Sério, que merda? - Shiori disse e era sempre tão calmo, não costumava falar daquele jeito, mas estava puto. - Se ele acordar agora, como acha que ele vai reagir a essa palhaçada que você fez? Você entende que ele pode nunca acordar e se acordar, vai te odiar? 
Etsuo assentiu apenas. 
- Vai fazer o que se ele acordar e não quiser mais te ver? Vai tacar fogo nele? 
Etsuo negativou. 
- Então?
- Eu me afasto. Se ele não quiser mais me ver eu vou embora. 
- Não acha que devia ter feito isso antes? Seu ciúme não é normal, isso não é normal! Eu... Eu não vou... Não vou nem castigar você. Seu pai vai pensar em um castigo, e se o seu irmão não acordar, você vai ter que viver com o fato de que matou o seu irmão por uma porcaria, por um ciúme idiota. 
Silencioso, Etsuo desviou o olhar a mãe, as lágrimas nos olhos mais uma vez, sabia o que havia feito, já havia entendido. 
- ... - Shiori suspirou. - ... Vista uma roupa. Assim que se vestir, venha ao quarto do Ritsu.
Etsuo não fez o que a mãe mandou, na verdade ficou ali até que eles finalizassem a transfusão do irmão. Após seguirem para seus quartos, só então seguiu para o quarto do irmão, já com um pijama trocado e ao adentrar o observou ali, a pele pálida, o coração que já não batia mais. Averiguou o corpo dele e no banheiro buscou uma toalha, assim como água e o sabonete, limpou todo o corpo dele em silêncio, retirando os resquícios de sexo e até o próprio sangue que estava em outra parte dele. Por fim, o secou e o cobriu com o edredom mais uma vez, seguindo para o lado dele e repousou a cabeça em seu tórax, fechando os olhos.

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