Masashi e Katsuragi #29 (+18)


Mais uma vez, mesmo naquela noite, Katsuragi tinha Masashi dentro de seu corpo, estava de costas e o menor tinha as presas cravadas em sua carne, numa segunda tentativa de sentí-lo, queria sentir melhor, ainda que Katsuragi achasse que levaria um tempo. O maior uniu as sobrancelhas, sentindo o sangue deixar o corpo e gemeu novamente, dolorido, mas prazeroso, era gostoso o fato de que ele estava bebendo do próprio sangue, mas era tão dolorido quanto da primeira vez que fora mordido, ao mesmo tempo que imaginava como devia ser para Jun, que era pequeno e frágil, e o mordia todos os dias, quase nunca ele reclamava. Atingiu o ápice pela segunda vez naquela noite, mesmo tão dolorido, era gostoso senti-lo atingir o ponto sensível interior enquanto mordia a si e gemeu, prazeroso dessa vez, sentindo o liquido sujar o abdômen e certamente os lençóis.
- ... Ah... 
Sentiu os braços fraquejarem a cada movimento que ele fazia, sentindo a carne se abrir mais com suas presas e caiu sobre a cama, agarrando-se ao lençol e contorcendo-se de forma dolorida. Masashi sentiu o aperto de seu íntimo, como seu corpo trêmulo, que denunciava o ápice misto em dor e prazer que ele tinha, junto ao fato de receber aquele toque novo. Gemeu ao sentir-se derramar junto dele, dentro de seu corpo frio e úmido, tão gostoso. Só então o liberou da mordida, de seu sangue esvaído para a própria boca e viu-o decair contra a cama, leve pelo clímax e dolorido pela mordida. Sentou-se por fim ao soltá-lo, deitando-se na cama a seu lado e deslizou o toque sobre seu dorso, sentindo-o trêmulo, fosse por dor ou prazer.
Katsuragi manteve-se daquele modo por algum tempo, tentando se acostumar a sensação dolorida e só conseguiu se mover quando as feridas se fecharam devido a alimentação pouco antes do sexo, só aí conseguiu desviar o olhar a ele e se mover. Ouvira os passinhos pela escada, rápidos e desviou o olhar, escondendo-se com o kimono, mesmo descontraidamente e viu o pequeno ali parado.
- D-Desculpe, só queria saber se estava bem, okaa-san.
- Estou bem... Pode subir de novo e avisar seus colegas.
- H-Hai...
Masashi suspirou, um pouco afetado ainda pela sensação nova. O viu se arrumar com a roupa, mas levou um pouco mais de tempo pra isso, talvez até tivesse sido visto parcialmente nu pelo pequenino, ali encolhido, meio curioso. 
- Jun, não pode entrar assim... 
Disse, meio devagar e até riu, achando graça de como aquilo havia sido intenso. Katsuragi riu ao outro e negativou.
- Não se preocupe, ele já viu coisa bem pior do que nós dois pelados. - Assentiu ao garoto e indicou a saída, na qual ele seguiu. - Feliz natal, vampirinho.
- Feliz natal, Katsuragi. - Masashi disse e sorriu a ele. Selando seus lábios. - Eu tinha esquecido, fui te morder achando que era uma mordidinha qualquer.
Katsuragi sorriu igualmente e retribuiu o selo, negativando.
- Tudo bem. Desculpe pela reação exagerada, não tenho costume de ser mordido. - Sorriu. - Só fui mordido uma vez quando transformado.
- Ah... Bem, isso parece bonitinho. - Riu. 
- Ah, parece é? - Riu.
- Estou aflito, Jun me viu... Meio... Duro, ele é uma criança. Como pode ter visto coisa pior? Você deixava ele ver isso?
Katsuragi riu ao ouvi-lo.
- Jun perambula pelo bordel desde que chegou, acha que não viu coisa pior? Sem contar que era meu amo se sangue.
- E, o que tem ele ter sido seu jantar?
- Bom, ele dormia comigo.
- E?
- Ora, Masashi, é óbvio. - Riu.
- Não é obvio, estou perguntando.
- Bem, ele dormia no meu quarto, tudo que eu fazia ele via.
- Ah, está dizendo que transava com ele vendo?
- Bom, deve saber que ele é novo, e eu não transava há... Uns dez anos.
- Se não transava há dez anos qual a idade do Jun?
- Masashi, para de ser tapato. - Katsuragi riu.
- Estou perguntando.
- Eu transei com o Jun.
- Ah claro, transou com o Jun há dez anos.
Katsuragi riu e escondeu o rosto, logo voltando a observá-lo em seguida.
- Não, sério. Ele dormia comigo, eu não transo faz tempo, então eu cuidava disso sozinho, obviamente boa parte dessas vezes ele via.
- Vocês são todos loucos... 
Masashi disse e negativou, sabia que lá existiam crianças e que certamente elas viam muitas coisas, mas nunca realmente havia parado pra pensar sobre isso.
- Eu não faço mais isso, engraçadinho. Mas... Já judiei de muitas crianças.
- Espero que não sexualmente.
Katsuragi sorriu, meio de canto e preferiu não dizer nada.
- Não é? - Masashi enfatizou esperando a resposta.
- Você sabe como eu era ruim, Masashi.
- Estou perguntando sobre sexualmente falando.
- Justamente.
- Então, está dizendo que fez coisas sexuais com crianças?
- Não fiz, mas deixei outros fazerem. Já vendi e comprei crianças no mercado negro. - Katsuragi falou a ele, e parecia de fato, arrependido pelo feito. - O garoto que fugiu com o Fei, quando chegou, eu o fazia dormir no sótão, no chão. E quando completou dez anos, teve o primeiro cliente, mesmo sendo criança ainda. Foi o garoto mais jovem que eu tinha no bordel, eu não gostava dele. 
Falou e pegou a cigarrilha ao lado da cama, acendendo o cigarro.
- Por que não gostar de uma criança? 
Masashi indagou, e o ouvia mas não filtrava. Não queria julgá-lo, já que não conhecia àquele de quem falava. Katsuragi sorriu, meio de canto.
- Eu tinha inveja dele.
- Aos dez anos?
Katsuragi assentiu e tragou o cigarro, ajeitando o quimono abaixado nos ombros.
- Ele tinha cabelos pretos bem compridos e macios e olhos bem azuis, era lindo, nunca havia visto uma criança tão linda.
- Hum... Eu não consigo entender como ter inveja de uma criança. Mas bem, ele era bonito, mas mesmo assim era mais bonito que Fei?
- Ele era mais bonito do que eu. - Sorriu. - E isso já era suficiente. Eu o via como um rival, não como um amante. Fei passava o dia todo com ele.
- Você gostava do Fei quando ele era criança?
- Masashi, isso já faz tempo, não é importante.
- Só quero saber.
Katsuragi tragou o cigarro novamente e desviou o olhar a ele.
- Não. Não tenho como me apaixonar por uma criança.
- Mas foi o que acabou de dizer, que era um rival porque o Fei ficava o tempo todo com ele.
- Não, mesmo antes do Fei ficar com ele eu já não gostava dele.
- Bem, talvez só fosse muito amargurado.
- Amargurado, é?
- Sim, não gostava de ninguém. Só do Fei.
- Fei era meu amante, não quer dizer que eu gostava dele do modo como pensa.
- Você gostava dele, Katsuragi. Fico mais chateado se mentir pra mim do que se você gostar dele. Não importa, como disse, eu nem havia nascido.
Katsuragi deu de ombros.
- Nem sei porque estamos falando disso, ele nem existe mais.
- Porque estou descobrindo mais sobre você.
- Meu passado é meio sombrio demais pra você ouvir. Melhor não, ou não vai mais gostar de mim.
Masashi assentiu, na verdade, à sua vontade de não falar mais sobre o assunto. Katsuragi sorriu a ele e ofereceu o cigarro, na verdade, tinha três problemas em falar sobre com ele, o primeiro era o passado horrível que tinha, e realmente não queria que ele pensasse mal sobre si, segundo, porque ficaria emotivo, e ele só havia visto a si chorar uma vez, não queria que ele visse novamente, gostava de manter a pose imponente e terceiro, não queria dizer novamente que gostava do garoto, ele já sabia, já era suficiente. Bem, Masashi tinha um pulmão que pra nada serviria, pegou portanto pegou o cigarro e pôde tragá-lo sem problemas. Sentiu um gosto fresco na boca, meio amargo, mas refrescante. E podia observar nele um tênue desconforto ainda que sorriso. 
- Talvez, eu tenha chegado até você pra te fazer feliz.
Katsuragi desviou o olhar a ele e abriu um pequeno sorriso de canto, estava escuro, enxergava-o na pouca luz do quarto, o que tornava o ambiente confortável, ele era só um garoto, sabia disso, e tinha muito medo que ele pudesse ir embora com outra pessoa, ficar com outra pessoa, mas o havia transformado, vampiros só tinham um parceiro, sabia disso, mas não sabia como funcionava, e se não fosse o parceiro dele? Mesmo assim sentia o nó na garganta, era dele, mas não era completamente dele.
- Você gostaria que eu contasse minha história pra você?
Masashi entregou de volta seu cigarro, após mais um trago. Bem, não tinha certeza se queria conversar sobre isso, não se importaria de ouvir se ele estivesse a fim de falar, mas não tinha certeza se era a vontade dele, visto que parecia sempre na vontade de desviar o que dizia. Katsuragi desviou o olhar, visto que não havia recebido algo receptivo e assentiu, levantando-se e ajeitou o kimono.
- Vamos subir.
Masashi levou a mão a seu pulso ao se levar e puxou-o de volta para a cama, mais especificamente ao próprio colo, onde o fez se sentar e abraçou sua cintura. Fitou-o no entanto, mesmo no escuro, segurou a mecha de seu cabelo e afagou sua bochecha. 
- Se você quiser me falar, eu quero ouvir. Mas se não estiver a fim de conversar sobre isso, então não preciso ouvir.
Katsuragi sentiu seu colo macio e desviou o olhar a ele, passando o braço ao redor de seu colo.
- Quero que escute se quiser, assim vai saber tudo sobre mim e vou ser inteiramente seu.
- Não vai ser, você já é.
- Esqueça, não tem importância.
- Você pode me dizer, só estou dizendo que você não é menos meu por não me dizer.
- Está curioso, hum?
- Um pouco.
Katsuragi sorriu, sabia que já havia contado a própria história a ele um tempo atrás, mas haviam certas coisas que não havia contado, coisas de um passado um pouco obscuro e distante, que queria enterrar, mas sabia que aquilo era devido ao modo como havia crescido, como havia sido tratado.
- Como você sabe, o dono do bordel antigo me tratava como filho dele, mas isso não quer dizer que eu tinha uma vida maravilhosa, ainda que ele gostasse de mim e tenha colocado o meu nome no testamento dele. Ele me acolheu, mas também me fazia dormir com ele, na mesma cama, já que ele não tinha esposa, e fez coisas comigo muito piores do que somente ficar olhando ele se tocar, como o Jun já viu, acho que ele não se importava muito, já que eu já havia sido machucado por outras pessoas, falava comigo como se fosse algo comum e eu achava que era. - Disse num pequeno sorriso fraco. - Quando cresci, ele não permitiu que eu trabalhasse no bordel, ele queria que eu fosse só dele, mas ele era um velho nojento e eu não o suportava mais, não suportava mais dormir com ele, então... A morte dele não foi bem um acidente, eu mesmo o matei, eu envenenei o chá dele, e ninguém nunca desconfiou de nada, então ficou por assim mesmo. Ele mereceu no fim, não acho que fiz errado, ele teria machucado muitas outras pessoas, mas eu sei disso agora, porque, na época, eu achava que era comum fazer o que ele fazia, porque ninguém havia me dito o quão errado era, então, eu trafiquei muitas crianças, para os fins errados, algumas conseguiram crescer e seguir a vida, mas perdi muitas no caminho também, algumas preferiam morrer a trabalhar aqui, e eu entendo o porquê agora.
Masashi o ouviu em silêncio, mas uniu as sobrancelhas quando chegou ao fim de sua breve história.
- Você se arrepende, não é?
- É claro que eu me arrependo, se não não contaria dessa forma, acharia que eu ainda estava certo e não teria vergonha de dizer. Se eu pudesse recuperar aquelas crianças, como fiz com o Jun... Se eu pudesse ver o Hazuki novamente, certamente seria diferente. Certamente não... Teria feito o que fiz a ele, não teria o machucado tanto, eu o machuquei até o último dia em que ele esteve nessa casa e quase o matei.

- Me surpreende que os pais consigam se desfazer de seus filhos como se fossem descartáveis.
- Naquela época era moda vender filhos, muita gente vendia.
- Hum, até hoje é.
- É... É triste, mas é a realidade. 
- Hum, bem, você no fim só refletiu em si mesmo o que passou quando criança.
- Bem, talvez devessemos passar por isso e pensar que ninguém deveria fazer isso com alguém, mas eu acabei sendo o mesmo rapaz que me estuprou há tantos anos atrás. - Murmurou. - Quem consegue maltratar tanto uma criança?
- Você. 
Masashi retrucou no entanto. Não entendia como alguém podia absorver o que via de ruim no mundo. Não entendia como sofrer não tornava as pessoas melhores ao invés de se tornarem aquilo que mais teme. No entanto, não o condenava, apenas eram diferente. Tocou seu rosto, afagando. 
- Não chore.
Katsuragi desviou o olhar a ele ao ouvi-lo e negativou, era realmente daquele modo, um idiota e ao sentir o toque no rosto, virou-se e ajeitou o kimono novamente, limpando as lágrimas que escorreram dos olhos.
- Chega...
- Não, continue, me conte.
- Não quero, eu só quero parar com isso.
- Mas vai se sentir melhor depois. Você realmente matou o dono do bordel?
- Sim...

- Que idade tinha?
- Dezesseis. - Suspirou. - Mas muitos garotos não estão aqui pra contar a história.
- É porque já morreram.

- Justamente. 
- Entendi. Viu, não está se sentindo melhor?
- É... Desculpe... Depois que o Fei foi embora... Eu fiquei meio frustrado. Mandei gente atrás dele para matar ele e o garoto, mas eles voltaram sem sucesso, não o encontraram. Eu achei que ia morrer, tinha desistido de viver, aí bebia todas as noites e resolvi aceitar clientes de novo no meu quarto, foi quando isso aconteceu comigo, e eu tive que parar de viver lá em cima.
- Por que ele te deixou tão frustrado? A ponto de desistir depois de tudo que passou e mesmo naquela época não desistiu.
Katsuragi sorriu.
- Eu achei que ele era o amor da minha vida, mas ele atrasou alguns anos.
- O que te fez pensar que ele podia ser esse amor?
- Nada. Eu passei bons momentos com ele, mas ele só cuspia mentiras na minha cara. Ele tinha um jeitinho debochado, um jeito meio intrigante que eu gostava de tentar entender. Mas só dizia a verdade para o Hazuki, só sorria pra ele.
- Mas ele era bom com você?
Katsuragi sorriu meio de canto.
- Ele puxava o meu saco. Isso que ele fazia. Ele tinha um quarto só dele, mais dinheiro, mais tempo.
- Ele era você. - Masashi riu.
- É, mas não conseguiu me matar.
- Não tentou, tentou?
- Não. Ele fugiu antes.
- E então, se sente melhor agora que falou?
Katsuragi sorriu meio de canto.
- O que foi?
- Estou querendo saber se está mais feliz por me contar tudo isso.
- Não muito, parece ciumento.
- Não, eu estou bem. - Disse, sincero.
- Mas nem cheguei na melhor parte. Depois de me transformar, o que foi doloroso, durante uma semana agonizando no chão do quarto numa poça do meu próprio sangue, sozinho e acabado, eu levantei. Alguns anos atrás, eu achei um rapaz lindo que veio até aqui, ah se você pudesse vê-lo, Deus, aqueles olhos cinzas... Eu nunca havia visto nada igual, e ele tinha lábios vermelhos que pareciam uma rosa, você já viu uma rosa pessoalmente? É a coisa mais linda do mundo.
- Agora está tentando exagerar pra me fazer mal?
Katsuragi riu baixinho, ingenuo demais como sempre fora.
- Calma, não tenha ciume. Eu achei que ele fosse só uma criança quando pediu para trabalhar comigo. Depois descobri que ele era mais do que isso, quando se deitou comigo a primeira vez... Nossa... Acho que nunca havia ficado com alguém daquela forma, que fizesse aquilo tão bem, ele fez eu me sentir vivo de novo... Me deu prazer, e me fez sentir amor ao mesmo tempo, algo que eu não havia conseguido até então.
- Ah, idiota... 
Masashi resmungou e levou uma das mãos fronte a face, escondendo com sutileza o suave rubor que ainda conseguia ter. Katsuragi riu e virou-se, puxando-o para si e beijou-o várias vezes sobre a face corada.
- E ele continua tão lindo depois desse tempo, tão fofo, tão... Único. Uma rosa vermelha entre as cerejeiras.
Masashi chegou mais perto ao ser puxado e mimado por beijos dispersos. Negativou aos exagerados elogios.
- E acha que não, ah? - Katsuragi sorriu. - Eu te amo.
- Eu também... Te amo e fico feliz por poder te fazer feliz como não foi antes.
Katsuragi sorriu ao ouvi-lo, permanecendo a observá-lo por alguns instantes e lhe selou os lábios, acariciando sua face com o polegar.
- Eu nunca disse isso pra ninguém. - Falou, referente ao que havia dito a ele antes. - E você me faz feliz como ninguém fez.
Masashi sorriu e afagou seu rosto, se acomodando como antes já o estava. 
- Espero que sim.

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