Midori e Akai #1


- Quantas vezes essa semana o Hiro já deu bolo na gente? 
Akai disse num suspiro e seguiu até o sofá, da casa do próprio amigo mesmo, Hiro, que inclusive, não estava em casa, mais uma vez. Entregou o balde de pipoca para Midori e sentou ao seu lado, se cobrindo com o cobertor embora estivesse sem camisa, preferia se cobrir do que se vestir melhor. 
- O que vamos assistir?
Midori olhou para o lado enquanto pegava a pipoca, sempre comiam dela, Akai parecia viciado no aperitivo enquanto assistia ou jogava, percebeu no entanto que estava sem camisa, desviou ao televisor mas voltou para ele em seguida ao notar. 
- Por que está sem roupa?
- Hum? Porque quero ficar confortável, ué. - Akai disse e deu de ombros, pegando da pipoca. - Nossa... Eu coloquei muita pimenta.
Midori franziu levemente o cenho, negativando consigo mesmo e por fim se voltou ao televisor, provou da pipoca. 
- Assim está bom, faz a pipoca ter gosto. Hiro deve estar com a sensei.
- Hum... Ou com a Miyuki. Se bem que a gente quase nem vê a Miyuki mais. Acho que eu devia por uma camisa, se a sensei chegar e me ver sem pode perceber que eu sou mais bonito que o Hiro. - Akai disse, claro, estava brincando.
- Ah é claro, como não perceberia. Claro que seu nanismo comparado ao um e oitenta do Hiro é o charme diferencial.
Akai desviou o olhar a ele e estreitou os olhos. 
- Vai se foder.
- Ó a boca.
- Praga. - Akai disse, comendo mais da pipoca.
Midori sorriu, consigo mesmo ao voltar a atenção ao televisor. Via-o desajeitado com o cobertor porém, só não entendia a razão de ficar daquela forma se ia ficar coberto, ele era meio esquisito no fim de tudo.
- Eu odeio esses filmes de comédia romântica, a gente parece duas Barbies assistindo.
- Então colocou por quê?
- Porque era o que tinha, caralho. Você tem conta no Netflix?
- Do Hiro já está logado, não precisa arrumar desculpas pra ver comédia romântica, pode ver a vontade.
Akai estreitou os olhos e levantou-se, trocando o filme para algum de terror que parecesse interessante. Ao voltar, se ajeitou no cobertor e estendeu a mão para pegar a pipoca novamente, mas distraído, o tocou em sua coxa, apalpando até seu baixo ventre, na tentativa de procurar o balde de pipoca. Arregalou os olhos e desviou o olhar a ele. 
- ...
Midori deixou de lado o balde com a pipoca, na verdade nem sabia porque sempre tomava conta dele. Buscando o controle para facilitar a trocar do canal, não tornou pegar a vasilha com aperitivo após ajustarem o filme, sentiu o toque na coxa e desviou a atenção ao local, teria dito algo se ele não fosse mais rápido, mas deu um "pulo" desviando de qualquer jeito do toque. 
- Ê...
- Foi mal... Cadê minha pipoca? - Akai disse a desviar o olhar a ele e fitou o balde longe. - Não me lembro de ter feito linguiça.
Midori riu, entre os dentes e pegou a pipoca, deixando naquele lugar seguro a vasilha com a pipoca. 
- Não, essa aqui meus pais que fizeram.
Akai riu igualmente, sutil e pegou mais da pipoca, embora estivesse brincando, tinha as bochechas coradas. Midori sorriu canteiro, notando seu sorriso sem graça, era difícil vê-lo daquele modo. Akai desviou o olhar a ele, e estava um pouco nervoso, tinham aquela relação estranha, eram amigos, mas tinha alguma coisa acontecendo quando olhava pra ele, era estranho, não sabia explicar, talvez só o achasse bonito e ajeitou-se no sofá, deitando a cabeça no encosto, e inclinou-se sutilmente para o lado, encostando a cabeça perto do ombro dele, mas afastou-se quase num pulo quando vou a porta abrir, lado onde estavam. 
- Opa, Hiro, oi!
Midori olhou de soslaio percebendo a proximidade dele durante o filme, não questionou, na verdade, tal como pensava ele, via a situação um pouco esquisita, Akai parecia quase carente por vezes, como se gostasse de estar em contato e muitas delas ficava em silêncio, um silêncio que passara a achar extremamente adorável, fazia querer tocar seus cabelos. Percebeu o exato momento em que pretendia se deitar mas fora brecado pela chegada do amigo, diferente dele, apenas se voltou para a porta, tal como já estava, sem entender a reação exasperada dele.
- Você demorou pra caralho, estava com a sensei?
- O que vocês estavam fazendo? 
Hiro indagou, de olhar esquisito, era apenas provocador, não estava realmente querendo saber.
- Assistindo filme, caralho. Ó o filme aí.
- Juntinho assim? Sempre desconfiei. 
Hiro provocou enquanto partia para a cozinha, vinha consigo logo atrás a morena. Akai silenciou-se quando viu a professora e desviou o olhar ao outro. 
- Vish.
- O que? - Midori indagou ao amigo diante de seu breve resumo.
- A Miyuki vai acabar descobrindo essa porra aí.
- Hum, não sei, quem iria imaginar uma professora com um aluno?
- Bom, tá meio na cara e a Miyuki sabe que ela saiu com o Hiro algumas vezes. Acho que não vê porque é tapada.
- Bem, ele tem aulas, a Miyuki sabe. Sei lá, eu ficaria com a mais velha.
Akai sorriu meio de canto. 
- Ah ficaria, é?
- É, ela é mais madura, o Hiro também, então deve ser bom.
- Hum, eu também ficaria com ela.
- Bem, no seu caso seria melhor a Miyuki.
- Por quê?
- Porque você é menos maduro.
Akai estreitou os olhos. 
- Ah sou? Palhaço.
- É sim, um pirralho.
- Seu c...
- Ó...
Akai estreitou os olhos e jogou pipoca nele, Midori abriu a boca e se desviou, tentando ter tempo de pegar a pipoca ao invés de ser arremessada contra si.
- Palhaço. - Akai disse a novamente jogar pipoca nele.
- Tá vendo? Maturidade, cadê?
- Ah e você e muito maduro né?!
- Eu sou. 
- Não façam nada na minha cama, usem o quarto de hóspedes. Eu volto em algumas horas.
- Certo. - Midori assentiu ao amigo que já saia novamente, não era uma novidade. - Traga a pizza.
Akai estreitou os olhos.
- Não vamos fazer nada, caralho! Pizza! Traz pizza! - Disse a observar o amigo e sorriu. - Porra, eu amo pizza.
Midori sorriu para ele, adorava como as coisas pareciam incríveis para ele o tempo todo. Akai sorriu, só de pensar na possibilidade da pizza. 
- Quer beber alguma coisa?
- Eu vou trazer a pizza, ligo antes. 
Hiro avisou logo antes de sair, Midori também se despediu da professora que parecia tímida e ao mesmo tempo não parecia, sempre dava um risinho ao olhar para Akai e sabia bem a razão. Akai sorriu a ela conforme a viu sair e acenou, parecia uma criança no natal.
- Você é mesmo animado, não é?
- Mais ou menos.
- Fica sempre agitado. Deve ser de tanto comer açúcar.
- Eu não como muito açúcar. Tá me chamando de gordo?
- Não, você é bem magrelo.
- Hum, acho bom
- Acha bom ser magrelo, é?
- Acho bom que não esteja me chamando de gordo.
- Tá bom, tá bom. 
Midori disse e tocou seu cabelo, dando um breve afago, como em uma criança, embora só quisesse mesmo toca-los. Akai estreitou os olhos a desviar o olhar a ele e segurou sua mão, iria retirá-la dos cabelos, mas a tocou mais firme, ele estava tão quente.
- O que? 
Midori indagou sentido seu aperto, mas desviou e tornou a afaga-lo.
- Você está quente. Está com febre?
- Sou sempre quente. Está com frio?
- Um pouco.
- Então por que está enrolado no cobertor e sem camisa? Quer seduzir seu amigo, ah? - Midori disse num sorriso torto, sem importância.
- Ah claro, quero demais. Seu viadinho.
- Você que é viadinho.
- Sou nada. Eu sou muito hétero.
- É tanto que precisa afirmar.
Akai estreitou os olhos. 
- E daí que eu afirmo?
- E qual a necessidade?
- Nenhuma, caralho, nenhuma.
- Uh, mas que revolta, hétero-kun.
Akai deixou a pipoca de lado e estapeou o outro no ombro e braço.
- Ai ai... - Midori riu, entre os dentes. - Quer sair no soco?
- Pode vir!
Midori riu, novamente. 
- Ah vá.
- Vem. - Akai disse num pequeno riso. - Eu ganho de você.
- Não, você é magrelo, eu tenho dó. 
Midori disse, embora não fosse realmente assim tão franzino. Akai estreitou os olhos. 
- Que dó o que, nunca brincou de lutinha?
- Não. 
- Vem, então vem brincar comigo.
Akai estreitou os olhos e puxou-o sobre si, e na verdade, a intenção era realmente brincar, então usou a força para tentar derruba-lo do sofá. Midori arqueou a sobrancelha ao perceber que ele levava a sério, puxado porém sem força suficiente, terminou em cima dele no sofá. 
- Ora, era só pedir que eu vinha.
Akai estreitou os olhos. 
- Não, eu vou te derrubar, palhaço.
- Então derrube. 
Midori disse e continuou em cima, na verdade até segurou no sofá. Akai empurrou-o com certa força, tentando derrubar. 
- Saai!
Midori ajeitou-se, ignorando os protestos e se deitou em cima dele.
- Midori! Você é pesado, vai me esmagar.
- É porque não sou magrelo.
- Sim, é pesado. Sai!
- Me tire você.
- Eu não consigo!
Midori riu, entre os dentes, de cima onde estava, porém logo se afastou, sentando-se no local de antes. Ao vê-lo se erguer, Akai uniu as sobrancelhas e sentou-se igualmente, um pouco desconsertado.
- Ah, queria que eu ficasse te aquecendo um pouco mais, falaí.
- N-Não... E se o Hiro volta?
- Ah, se não fosse isso você iria querer? - Midori riu, entre os dentes.
- Eu não, sai fora.
Midori sorriu de canto, olhando-o de soslaio. Esticou a mão e tocou seu cabelo. Ao sentir a mão, Akai uniu as sobrancelhas, o toque dele era sempre constante, mas era gostoso, por isso aproximou-se novamente, silencioso e encostou a cabeça no ombro dele. O maior sentiu se acomodar no ombro, o que fez com que freasse o afago, era um gesto sempre incomum e sempre diferente de sua habitual euforia. Virou-se a fita-lo de soslaio. Silencioso, o menor manteve-se daquela forma, e pegou pouco mais da pipoca, levando aos lábios. Midori virou-se ao fita-lo ali, queria perguntar porque se deitava no lugar. Imaginava se esperava por algo, como devia interpretar aquilo, se devia esperar ou fazer algo, ao se virar como se pôs, olhou de perto. Akai desviou o olhar a ele, podia sentir o coração pulsar firme no peito, tinha vontade de beija-lo, tinha realmente vontade, mas... Era homem. Sentiu um arrepio percorrer a coluna e esticou-se, tocou os lábios dele, num selo breve e a face se corou completamente.
- ...
Midori sentiu seu toque tão suave quanto uma pluma, por um pouco menos, teria sentido apenas um soprou na boca, era muito lânguido, muito tênue. Ficou surpreso e embora deixasse sido claro com o olhar, não emitiu nenhum espanto. Podia ver sua bochecha rubra ainda que desviasse a direção com que olhava. Era um dos momentos que gostava, Akai tímido e fofo. Virou-se para alcançar seu rosto e então o beijou de forma mais firme do que a que havia ganhado. Conforme sentiu o beijo, por um momento Akai não soube o que fazer, estava confuso, mas não o recusou, na verdade, fechou os olhos, firme e retribuiu o pequeno beijo, ainda que desajeitado. Midori manteve aquele toque simples, era o suficiente para o que havia ganhado, não parecia ter intenção de ir além. Após o selo estalando de leve, tornou se afastar e voltou ao lugar. Ao fim do toque, Akai se ajeitou assim como ele, silencioso e sentia o coração bater forte no peito, estava ansioso. Midori ficou próximo, bem como antes estava, como se nada houvesse corrido, o menor suspirou, e sutilmente repousou a cabeça no ombro dele mais uma vez, o outri deu um sorriso meio canteiro ao notar a proximidade.

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