Yasuhiro e Yoruichi #30


Naquele dia, a mãe havia visitado Yoruichi para um chá, o moreno odiava as visitas dele e Yasuhiro sabia, porque ele também não gostava, por isso preferia não participar da conversa, até porque, era mais como uma conversa meio feminina e não se importava de fato, sabia que ela criticaria a própria aparência, os modos, como sempre, e de fato, foi a primeira coisa que ela fez realmente.
- Hum... Você está enorme, parece um ovo.
- Mamãe, isso não é muito educado. 
- Mas está. Seu bebê vai nascer gigantesco.
- São dois. Sinto o cheiro deles. 
- Dois?! E você vai conseguir cuidar dos dois?
- Não, Yasuhiro vai me ajudar. 
- Esse não é o papel do marido, Yoruichi.
- Mamãe, pare com essa conversa idiota. Eu farei o que quiser. 
- Já escolheu os nomes?
- Yuuki e Ikuma. 
- Ikuma? Isso é um nome?
- Sim, e eu gosto muito. Beba seu chá, antes que esfrie. 
Ele guiou a xícara aos lábios golando longamente a bebida gostosa e adoçada com mel. 
- Hum, você ficou sabendo do incêndio?
- Incêndio? Como eu iria saber estando aqui?
- Bem, teve um incêndio na padaria da vila e algumas casas queimaram com ele. Ah, foi um incrível churrasco. Haviam oito corpos.
- ... Na padaria? Mas... Era bem no centro da vila. 
- Hum? E daí?
- ... 
Yoruichi uniu as sobrancelhas, segurando firme a xícara entre os dedos, se lembrava bem de onde ficava a padaria, então, silenciou-se por um momento a fitar o rosto dela.
- O que foi? Como se você gostasse do garoto.
- ... Então ele morreu? 
- Sim, foi o primeiro, estava dormindo quando o fogo invadiu a casa, aparentemente.
Yoruichi suspirou, sabia que sempre havia desejado mal a ele, mas agora era diferente. 
- ... Não diga sobre o incêndio ao Yasuhiro. 
- Yoruichi... Você enlouqueceu?
- Não diga. Se disser, não o recebo mais aqui. 
Ao levar a mãe de volta ao veículo onde iria para casa, Yoruichi seguiu para dentro, sabia que ele não estava em casa, então o procurou do lado de fora, e não fora preciso muito, ele estava ali, sentado na grama e parecia simplesmente contemplar o céu e o tempo frio em silêncio. Caminhou para ele, devagar já que era difícil caminhar pela barriga pesada e se sentou, atrás dele, tocando-o em seus cabelos, acariciando os fios loiros e beijou-o em sua nuca. 
- ... Que tal você entrar, pegar o cobertor quente e eu fazer sua comida favorita, hum?
Yasuhiro havia se sentado ali fora para permitir o chá casual de Yoruichi e seu pai, suas visitas eram sempre torturantes portanto ele preferia sempre estar a sós naquela ocasião para evitar ouvir qualquer crítica do tio sobre ele. Sentado ali, gostava do clima, ameaçava chuva e ventava de forma intensa, gostava de contemplar o dia no pouco que via da luz dele. Não se virou, nem mesmo quando sentiu seu cheiro, mas sorriu, esperando aquele "patinho" chegar até a si e desferir seus carinhos mais aparentes na gravidez. 
- Hum... E se eu entrar e fizer isso pra você? 
Yasuhiro indagou e se moveu com destreza, puxando-o de trás de si, dando o colo para ele. Há alguns dias não ia até a cidade, não visitava os pais com frequência, portanto bem como ele imaginava, não sabia do ocorrido. Yoruichi sorriu meio de canto conforme sentiu a maciez de seu corpo atrás de si, não era bem macio, mas era um abraço gostoso. Virou-se para ele, o rosto e selou seus lábios. 
- Faremos juntos então.
- Hum, e qual é sua comida favorita? 
O loiro indagou ao fita-lo, agora em frente ao corpo. 
- Humana? Hum... Bem, eu gosto dos seus bolinhos.
- Certo, então farei bolinhos e suco pra você. - Yasuhiro disse e se levantou, por consequência o levou junto, no colo. - Olha como meu bebês estão grandes.
Yoruichi sorriu a ele conforme fora pego no colo e beijou-o em seu rosto. 
- Não estou pesado?
- Hum, um pouco mais que o seu peso habitual, mas posso lidar com dois morceguinhos a mais. - O loiro disse e sorriu, levou-o até chegar em casa, de volta a dentro dela. - Como foi seu chá?
Ao entrar em casa, Yoruichi novamente estava no chão, se equilibrando na parede, era vampiro, era forte, mas cuidar de dois bebês exigia que se alimentasse todo o tempo, ou eles secariam o próprio sangue. 
- O chá? Ah... Foi desagradável, como sempre. - Riu.
- E o que ele falou desta vez? 
Yasuhiro indagou, perguntando sem realmente exigir resposta, apenas trocava algumas palavras enquanto aprontava o que usaria para o lanche dele. 
- Que eu pareço um ovo. 
Yoruichi disse a fazer um pequeno bico.
- Ah, é um ovinho lindo. Uma codorninha.
O moreno riu e mordeu o lábio inferior, estava repreensivo, mas de alguma forma, achou que ele deveria saber e naquele momento, não se importou de fato com os sentimentos que tinha sobre o garoto. 
- Eu preciso te contar uma coisa.
Yasuhiro arqueou a sobrancelha, parecia ruim antes mesmo de falar. 
- O que? 
Indagou e fitou-o de onde estava. Pegou as folhinhas que tirou de um pequeno vaso na cozinha mesmo. Yoruichi aproximou-se dele, devagar e deslizou uma das mãos pelos cabelos dele, uniu as sobrancelhas. 
- Houve um incêndio na vila... Na padaria. Bem do lado onde o garoto dormia.
Ao vê-lo chegar, o loiro fitou de soslaio. 
- Diga, esposa, chega de suspense. - Disse e sentiu seu carinho, aquele consolo antecipado era incômodo, mas o ouviu dizer. - Ele morreu?
- Sim. - Yoruichi disse a observa-lo ainda e ainda acariciava seus cabelos. - Ele dormia quando a casa pegou fogo.
- É uma pena, não é? 
Yasuhiro disse, num comentário, não exigia mesmo resposta. Não ia se debulhar em lágrimas, mas ainda assim era uma notícia triste. Por um momento até se lembrou do rapazinho, de como sempre fora esforçado. 
- Humanos são frágeis, mas espero que não tenha sentido dor.
Ao ouvi-lo, o moreno não respondeu, silencioso o segurou pelo braço, sem força e o abraçou, cuidadoso pelo impasse da barriga.
- Ora, parece até que ele era da família. - Yasuhiro disse, tentando evitar o consolo, mas podia lidar com o abraço. - Mas vou aproveitar o abraço mesmo assim.
Yoruichi sorriu meio de canto ao ouvi-lo e ergueu a face. 
- Sei que gostava dele. Tudo bem.
- Mas não é como você pensa. Ele era um amigo, alguém que não teve muita sorte.
- Eu não estou exigindo saber como gostava dele, simplesmente sei que gostava e tudo bem você ficar triste. Se quiser que eu volte ao meu modo normal e te coloque pra dormir no sofá, por mim tudo bem.
- O que? Eu nem disse nada.
Yasuhiro disse, sem entender a conclusão de seu raciocínio, repentinamente.
- Hum, está recusando meus abraços. - O moreno fez um pequeno bico.
- Não estou recusando, disse que o estava aproveitando. - O loiro sorriu. - Mas conheço você, sei que quer me consolar, mas certamente ainda tem suas neuroses. Conheço minha esposa.
Yoruichi sorriu meio de canto, mas negativou em seguida, abraçando-o novamente e repousou a face sobre o ombro dele. 
- ... Eu sei que ele era alguém importante pra você, mesmo que eu seja encanado com isso, não sou um cretino idiota, então... Eu não faria mal a você por estar triste.
- Na verdade estou com pena. Algumas pessoas parecem ter vindo ao mundo para sofrer.
- Hum, humanos... Humanos geralmente sim.
- Ele era um rapaz esforçado, merecia uma boa vida. - Yasuhiro disse, e embora estivesse no fundo um pouco indignado, não deixou isso claro. - Sua mãe quem disse sobre o incêndio?
- Sim. Claro que ela foi extremamente indelicada, então preferi que ela não falasse com você.
- Hum, minha tia não gostava dos meus hábitos de passeio, eu entendo. Apesar que ele é indelicado em tudo. "Yoruichi, engravide!" , "Yoruichi você está enorme!" Nunca está feliz. Amorzinho acho que sua mãe não transa direito.
Yoruichi riu ao ouvi-lo e assentiu.
- Ah, mas disso eu tenho certeza. Acho que ele não transa há uns cem anos.
- É uma pena, não é? - Yasuhiro indagou e sorriu a ele ao abraça-lo. - Teria feito um outro Yoru pra eu contemplar. - Dito tentou desviar atenção do assunto.
Yoruichi sorriu e tocou o rosto dele, acariciando-o. 
- Eu sinto muito, Yasu. De verdade
- Eu sei, amorzinho. Obrigado por me contar. 
Yasuhiro sorriu e beijou sua bochecha. Yoruichi sorriu e retribuiu seu pequeno beijo. 
- Vem, eu te ajudo a cozinhar.
- Não é necessário, se sente na sala e assista seu maridinho sensual na cozinha.
Yoruichi sorriu e assentiu, voltando para a sala onde se sentou numa almofada. 
- Está chovendo. Eu gosto da chuva.
- Ou você pode ver a chuva, decida sua prioridade visual. 
Yasuhiro brincou, no fim voltou a cozinhar, gostava da chuva como ele, eram os dias mais agradáveis. Estava chateado sobre a vida infeliz daquela criança, mas não achava que era um bom assunto, esperava, que em algum lugar ele encontrasse a felicidade. O moreno suspirou, estava triste como ele, estava triste porque sabia que ele pensava e se importava com o garoto, mas embora o odiasse, não queria que ele morresse realmente.
- Bolinhos e um suquinho? Ou quer vinho?
- Hum... Suco mesmo.
- Tá bem. 
Yasuhiro disse e pegou das frutas que ele havia colhido pelo terreno naquele mesmo dia, preparou enquanto termina a de aquecer a gordura para fritar os bolinhos que embora fosse saborosos, adicionavam sempre um pouco do sangue na composição, embora naquele, o líquido viesse acompanhando o molho de soja. Ao fazer aquilo se lembrou do garoto a quem entregou o próprio sangue, talvez retribuísse a receita lhe sugerindo o sangue, se agora, ele houvesse conseguido ter êxito em sua ideia de transformação. No término de tudo, levou em etapas até a pequena mesa onde ele se acomodava, de frente à varanda. Ao vê-lo retornar, o sorriso novamente adornou os lábios de Yoruichi, via seus cabelos loiros caírem sobre os ombros, ele era realmente muito bonito, e gostava demais dele, não queria que ele ficasse triste, nunca. 
- Eu te amo, sabia?
- Olha, as vezes eu até desconfio... - O loiro brincou embora falasse muito sério, mas sorriu no fim. - Eu também te amo. 
Disse e pegou uma de suas mãos, levou-a em frente aos lábios e o beijou. Yoruichi sorriu a ele, apertando sua mão em meio a própria e ouviu um dos dedos estalar, riu baixinho. 
- Hum, eu sou uma mamãe forte.
- Claro que é, mamãezona. Coma bolinhos, amorzinho.
Yoruichi assentiu e pegou um dos bolinhos, mordendo um pedaço e uniu as sobrancelhas, massageando a barriga com uma das mãos. 
- Hum... Que violência, Yuuki.
- Está brigando pra ver quem vai comer o bolinho primeiro.
Yoruichi riu e assentiu. 
- Hum, temos que terminar os berços essa semana... Estamos perto dos nove meses, eles vão querer sair já já.
- Estarão prontos logo, quer dizer, um já está. Apenas o imprevisto que não. 
Yasuhiro sorriu, serviu sua bebida e também para si, daquele modo provou e passou a comer com ele. O tocou em sua barriga porém, acariciando seu formato impecável. 
- Deixe sua mãe em paz.
Yoruichi sorriu ao sentir o toque, gostava quando ele tocava a si, gostava de verdade, e pôde sentir o pequeno movimento de um dos pequenos em si, riu baixinho. 
- Acho que esse preguiçoso não foi o Yuuki.
- Ikuma, você já vai ganhar o seu. 
Yasuhiro disse ao sentir o movimento mais suave e continuou a afaga-lo. Yoruichi mordeu o lábio inferior e aproximou-se dele, selando seus lábios, ele era um docinho. O loiro o retribuiu no beijo suave e breve. Sabia o quanto ele gostava dos carinhos e os filhos também pareciam gostar.

Compartilhe:

DEIXE UM COMENTÁRIO

    Blogger Comment

0 comentários:

Postar um comentário