Sagara e Azaiichi #18
Saga encostou-se na divisa entre cômodos, dali podia ver o que era o próprio estúdio, por assim dizer, tinha guitarra, tinha um violão, tinha também um piano. Ao erguer o olhar os olhos cinzentos doeram pela claridade que vinha da porta transparente, deixando invadir a sala com a luz de fora, embora fosse uma simples fresta solar, era mais do que havia visto naquele dia. Caminhou com passos arrastados, não estava realmente indisposto, mas não estava disposto também. Podia sentir na sola dos pés a barra da calça flanelada, preta, simples, assim como a regata que mais era um tecido desajeitado no tronco, embora pelo número de tatuagens não fosse possível distinguir se aquilo era mesmo sem mangas. Sentou-se no banco aveludado, não achava aquilo realmente confortável. Com o dedo indicador tocou uma, duas vezes, três vezes a mesma tecla, aos poucos criou coragem para pensar numa continuidade. Estava sozinho naquele dia, o agente não estava para encher o saco, felizmente havia ganhado uma folga de sua presença, os caras da banda estavam tentando passar pelo mesmo, uma breve desintoxicação de vícios, embora eles com certeza não precisassem tanto quanto a si. Gostava daquele descanso de pessoas, às vezes precisava disso, no entanto, percebeu por um instante que uma presença seria boa por ali, aquele garoto, Azaiichi. Teclou o instrumento, murmurando algumas palavras, se havia algo na vida que amava, era a música.
- Moshi dare ka no... Kimi de... Aru koto ni furu... - Grunhia as palavras, até que elas estivessem mais fortes para si, assim como a melodia do piano, até que a voz rouca fluísse após um trago daquela bebida tão sem graça, água. - Kanashimi no subete wo kaze ni noseta yureru kagerou mite kimi wo daiteta... Ima kore ijou kono mama hanareta nara... Koware sou na yokan ni obieru darou... Toki ga tomaru koto wo tada negatteta...*
Um suspiro deixou os lábios de Azaiichi, estava cansado, tivera que pegar um avião para a escola e depois, voltar para ele, não podia ir todos os dias e nem queria se afastar dele, então havia conversado com a professora sobre a possibilidade de fazer as tarefas pelo computador, assim como a aula, era inteligente, alegou que um membro da família estava doente, mas ele era mais do que um membro da família para si, era uma parte que não podia mais simplesmente perder, estar longe dele um dia já era ruim o suficiente, havia tipo três tipos de ansiedade, se ele iria fazer alguma besteira, se iria se machucar, se iria se drogar de novo, se iria chamar outra pessoa se não a si, não entendia os medos que tinha, sempre quisera somente uma parte dele, mesmo que fosse pequena, que pudesse chamar de própria, e de repente se via tendo ciume dele, pensando nele com outra pessoa. Talvez aquilo havia acontecido já que agora não era só um amigo ou conhecido dele, haviam selado um namoro que para ele soava até meio infantil, mas para si significava muito. Havia se sentido carregando um peso nas costas desde que ele havia dito para si que queria se matar, mas não era um peso de cuidar dele, e sim o peso de nunca ter notado isso antes, de nunca ter se aprofundado nele mais do que o que faziam na cama, e aquilo era amargo nos lábios, tinha medo. Agarrou a barra da camisa do uniforme enquanto olhava pela janela, tinha lágrimas nos olhos, e havia percebido que não chorava desde a última vez que o viu doente, tentou se manter forte por ele em sua desintoxicação, mas a verdade é que algumas vezes se trancava no banheiro com lágrimas nos olhos, detestava ver ele daquele jeito, detestava o que haviam feito com ele, o que ele havia feito consigo mesmo. Silencioso retirou o fone de ouvido que tocava uma música dele, precisava ouvi-lo, mas notou a presença de alguém lado a si.
- Azaiichi-san.
- Sim?
- Já chegamos, tem um carro esperando você lá fora.
- Obrigado.
Sorriu meio de canto e pegou a mochila e mala que havia levado, estava pensando em trocar de escola, para uma escola mais perto dele, mas não sabia se podia de fato morar em sua casa, não faria aquela sugestão ou poderia assustá-lo, mas de algum modo, já estava morando lá. Ao seguir para o carro, entrou e encostou a cabeça no banco, dentro da mochila pegou o estojinho de maquiagem, passou a base no rosto, lápis de olho, não queria estar feio para vê-lo, em alguns minutos, estava de volta. Ao sair do carro, subiu as escadas, não conseguia ouvi-lo pela casa, então sentiu o coração bater num soco no peito, correu para seu quarto, fitando sua cama vazia.
- Saga?
Chamou, deixando a mochila e a mala de viagem ali mesmo, foi até o banheiro, batendo na porta antes de abrir, a banheira estava vazia, não havia sinal dele. Caminhou até a cozinha, sala, e por último, o estúdio no andar de cima, iria chamá-lo de novo, mas pela porta aberta ouviu os toques no piano, então silenciou-se e devagar caminhou para dentro, em dias, ele estava tocando, e cantando, teve que sorrir para si mesmo.
Saga ouviu ruir alguns passos de si, o que fez com que desviasse a atenção dispersa, não olhava nada ali fora, embora os olhos estivessem abertos, era como se olhasse para dentro de si mesmo, buscando a letra que pronunciava aos poucos, viu no entanto Azaiichi, sorriu para ele daquele típico jeito preguiçoso, mas nem por isso deixou de cantar a música, por um momento imaginou se estava cantando aquilo para si ou para ele. Azaiichi sorriu a ele, não queria que ele houvesse visto a si, mas ficou em silêncio quando percebeu que ele continuava a cantar, gostava muito de ouvir, era uma letra nova, e prestava atenção em cada uma das palavras, não estava certo se parecia uma letra romântica, ele não era do tipo que escrevia coisas assim. Saga cantou um pouco mais, até que as palavras fossem virando apenas murmurios e enfim, interrompeu, junto a última teclada no piano.
- Okaeri, pirralho.
Azaiichi sorriu novamente conforme o ouviu e caminhou até ele, parando lado ao piano.
- É nova? É linda.
- Hum, não realmente. É uma que comecei há algum tempo, mas que vou fazendo aos poucos. Acho que sem querer terminei ela hoje.
- Ah... - O menor disse conforme se aproximou e selou os lábios dele. - Você vai lançar?
- Hum, não, acho que não. Você ia gostar de ouvir algo assim?
- Eu iria adorar. - Azaiichi sorriu.
- Uh, você vai adorar até se eu disser que vou cantar uma música falando sobre macarrão instantâneo.
O menor riu.
- É claro que ia, eu adoro macarrão instantâneo.
- Hum, eu também gosto. Vamos almoçar lamen hoje.
Azaiichi riu e assentiu, tocando os cabelos dele e abaixou-se, roçando o nariz ao dele, embora ele ainda achasse a si uma criança, sentia que não era mais o mesmo de quando o conheceu.
- Senti sua falta...
Saga o observou a medida em que se aproximou, teria dado uma das pernas para ele se sentar, imaginava que pretendia fazer isso, mas ganhou aquele estranho afago de nariz e riu, achava graça embora soubesse que era um gesto de carinho.
- Hum, talvez eu também tenha sentido a sua. - Brincou, mas havia sentido mesmo.
Azaiichi sorriu e continuou a carícia em seus cabelos.
- Sentiu mesmo?
- É, senti sim. - Saga disse e ao se levantar passou o braço ao redor de seu pescoço. - Vamos, vamos fazer lamen. Está cansado da viagem?
Azaiichi sorriu novamente, dessa vez o sorriso era bem maior.
- Vamos! Iie, eu vim de avião, foi rapidinho. Estou um pouco cansado da aula, eu tive três aulas de matemática seguidas e odeio matemática...
- Como foi na escola?
Saga indagou e a medida em que chegaram à cozinha, buscou a louça o qual preparou a água para ferver.
- Ah, isso está tudo certo, eh vou enviar as atividades pra ela por computador, e... Eu estava pensando em me transferir temporariamente pra uma escola daqui
- Hum, mas é sua mãe que pode decidir isso pra você.
- Eu posso pedir pra ela. Ela não se importa que eu esteja aqui aparentemente.
- Ela sabe o que você tem feito?
Saga indagou e se encostou ao móvel atrás de si.
- Eu mando mensagem pra ela, ela sabe que eu estou com você. É que ela trabalha muito, quase nem visualiza o que eu mando, nem me responde. - Azaiichi disse num pequeno sorriso. - Ela ia me visitar geralmente só uma vez no ano, no natal.
- O que ela faz afinal? Talvez eu já tenha perguntado mas não lembro.
Azaiichi sorriu meio de canto e negativou.
- Ah... Ela é empresária.
- Hum, uma resposta bem evasiva.
- É complicado. Não é importante. Eu só... Só não a vejo muito.
- Sei, se não quer falar sobre isso então tudo bem. Pais são complicados mesmo.
Azaiichi sorriu meio de canto, estava evidentemente incomodado, não gostava de falar sobre a mãe, quando perguntavam sempre tentou ser evasivo, mesmo na escola, em dias das mães, era sempre sozinho, a via uma vez por ano, no máximo, no natal, e ela geralmente só trazia um presente, a família era a empregada com quem vivia.
- ... Você... Vai ter show no natal esse ano?
- Temos evento de ano novo na verdade, algumas bandas vão se apresentar na virada.
- Ah, eu posso ficar com você ainda assim?
- Você sabe que é convidado, pirralho.
Azaiichi sorriu e assentiu, pegando o macarrão no armário a entregar a ele.
- ... Minha mãe não gosta muito de mim, sabe?
Murmurou, era a primeira vez que falava algo pra alguém. Saga aceitou o macarrão e abriu a embalagem, dispondo na panela onde a água fervia. - Você não precisa falar disso se não quiser, Azaiichi.
O loiro assentiu e abaixou a cabeça.
- Desculpe.
- Desculpe o que? Eu não estou brigando, só não quero que se sinta obrigado a falar alguma coisa, mas pode falar comigo se quiser me contar.
- Não, tudo bem...
- Não quer falar? - Saga se aproximou dele.
Azaiichi ergueu a face para olhar pra ele, sorriu meio de canto.
- Acho que você tem muita coisa na cabeça.
- Não aja como se eu fosse um cristal, Azaiichi. Eu já sou adulto, você que é o pirralho aqui. - Dito, Saga beliscou sua bochecha.
Azaiichi riu baixinho e negativou, abaixando a cabeça.
- Ah... Minha mãe não mora comigo, mas também não trabalha tanto quanto eu disse pra você... Quando eu tinha doze anos, meu pai bateu o carro voltando pra casa. Murmurou, era difícil contar então os lábios tremiam um pouco. Ele estava voltando rápido porque era meu aniversário e ele não... Queria perder a festa, então... Ele ultrapassou um sinal e bateu. Minha mãe, eu sei lá, eu acho que ela ficou com raiva de mim por isso... Ela não falava mais comigo, se afastava sempre que eu tentava falar com ela... Até o dia em que ela me deixou na casa e se mudou pra outra cidade dizendo que ia trabalhar... Mas eu pesquisei ela no facebook e sei que ela tem outra família lá... Então...
Saga voltou-se para o preparo do macarrão, mas não deixou de olha-lo porém enquanto ouvia o que dizia. De alguma forma havia pensado exatamente sobre outra família a respeito de sua mãe e sua ausência, preferia não ter acertado esse detalhe.
- Sinto muito, garoto. Sua mãe é uma vagabunda.
Azaiichi riu conforme o ouviu, não era algo pra rir, mas, se surpreendia sobre como ele havia falado.
- É, eu sei que ela é. Eu já cheguei a pedir pra ela pra passar o natal com eles, mas, pelo jeito ela não quer que saibam que eu existo. Então... Por isso eu não me importei muito quando fui atrás de você a primeira vez, acho que se você tivesse me matado, estaria fazendo um favor pra ela. - Sorriu meio de canto.
- Hum. - Saga murmurou em compreensão. - Bem, se ela não se importa, você não deveria se importar também, mas eu não sou bom em dar conselhos, eu não sei o que dizer embora eu sinta muito que tenha que passar essas coisas, eu sei como é lidar com família. Azaiichi assentiu, assim como ele, não sabia o que dizer, então por isso mesmo preferia não falar sobre isso, só ficava triste por ser tratado daquela forma, como se fosse lixo, uma sobra, era como se tivesse morrido junto do próprio pai.
- As vezes eu sinto falta dele... Ele era uma pessoa incrível.
- Bem, dizem que o que é bom dura pouco, talvez seja o mesmo com as pessoas.
Saga disse e dispôs seu macarrão num bowl de cerâmica, preto com detalhes dourados sutis. Serviu-se como para ele e parou a sua frente enquanto segurava o recipiente que aquecia a palma das mãos a seu redor.
- Bem, mas eu estava esperando você voltar.
O menor observou o bowl nas mãos dele e sorriu conforme o ouviu, aceitando a comida e piscou algumas vezes para afastar as lágrimas nos olhos. Saga sorriu canteiro e tocou seus olhos, secou as lágrimas e lambeu o dedo salgado pelo toque das gotas. Ao se aproximar dele, o menor não o abraçou porque segurava o bowl entre as mãos, mas encostou-se nele, em seu peito e fechou os olhos. Saga abaixou a cabeça o suficiente para dar um beijo no topo de sua.
- Depois eu fico peladão pra você ver e ficar feliz. - Brincou, tentando descontrair.
Azaiichi sorriu meio de canto conforme o ouviu e riu baixinho, assentindo.
- Tá bem...
- Me desculpe, garoto, eu nunca soube aconselhar alguém. Eu também não me dou bem com os meus pais, mas não me importo com isso e bem, a única coisa que eu sei pra me sentir bem é usar drogas e transar.
- Iie, não vamos mais falar de drogas. E também, isso não é importante pra mim, eu estou bem. Vamos só comer o lamen. - Sorriu.
- Mas de todo modo, mesmo não sabendo bem o que dizer, estou aqui pra deitar com você e fazer um lamen se quiser. - Saga sorriu, canteiro. - Transar também.
Ao ouvi-lo, Azaiichi sorriu e deixou o lamen de lado por um segundo, abraçando-o agora. Talvez ele não fizesse alguma noção de como era ouvir dele que ele estava ali para si, ele era só o homem que mais admirava e amava na vida, e já estar há um mês sem ouvir que era um pirralho, era um avanço. Embora para ele parecesse um pirralho ainda, havia cuidado de si mesmo desde os doze anos, talvez fosse sempre ser daquele jeito meio infantil, mas dava o próprio melhor.
- Obrigado...
Saga deixou o almoço preguiçoso de lado e o retribuiu em seu abraço. Não conhecia muito além das coisas que dizia a ele, era problemático demais e sabia disso, não ousava dizer a alguém o que fazer para se sentir melhor, porque no fim não sabia sequer o que fazer consigo mesmo. Mas sabia que a presença daquela criança era algo bom, então podia imaginar que fazer o mesmo para ele, poderia ser de alguma ajuda.
- Vem, vamos... Vamos comer seu macarrão, parece uma delícia.
Azaiichi disse num pequeno sorriso e ergueu o rosto a selar os lábios dele.
- Parece um macarrão instantâneo. - Saga sorriu canteiro e retribuiu seu beijo. - Sinto muito não saber como confortar você, Azaiichi.
O menor riu baixinho ao ouvi-lo e negativou.
- Eu gosto de macarrão instantâneo. - Disse e tocou-o no rosto. - Não tem problema, você estar comigo é mais importante.
- Você quer comer aqui ou quer ir descansar?
O moreno indagou e tocou sua mão antes no rosto, afagou breve seu dorso com o dedo polegar. O loiro sorriu a ele, ele estava amável naquele dia, era quase um sonho.
- Vamos sentar aqui, eu gosto desse clima meio escuro de chuva. - Riu.
- É, também gosto.
Saga disse e sorriu canteiro, se sentou, acomodado aonde o outro também estava. Feito isso, acabou se levantando para servir a bebida para os dois e então retomou o almoço. Azaiichi sorriu, bebendo alguns goles do suco.
- Eu trouxe cigarro, sei que... Você precisa dele, então...
- Obrigado.
Saga sorriu canteiro enquanto seguiam formulando o almoço. Não era suficiente com certeza, o cigarro nunca teria a mesma intensidade, mas certamente precisava dele.
- Comprei dois de cravo. - Azaiichi sorriu e bebeu um pouco do caldo do macarrão. - Hum, qual é a sua confiança salgada favorita? É algum pãozinho?
- Hum, eu gosto de sushi. Meio tradicional, ah? E a sua?
- Hum, mas sushi é muito bom mesmo. Ah, eu gosto de macarrão ao molho funghi. - Azaiichi riu.
- Bem específico. Bom, vamos ver se em algum momento encontramos algum restaurante bom para isso.
- Eu gosto de comida italiana. - O menor riu.
- É, eu gosto também. Como pouco, mas gosto.
- Hum, então podemos ir num restaurante qualquer dia.
- Sim, foi o que eu disse, procurar um bom lugar pra você comer seu macarrão com funghi.
Azaiichi assentiu e finalizou o almoço.
- Ah! Eu trouxe chocolate também! Pode ser a sobremesa.
- Hum, eu tenho alguns bolinhos mágicos, quer provar? - Saga sorriu, canteiro.
Azaiichi desviou o olhar a ele, incrédulo.
- Saga!
- O que? É só maconha, Azaiichi. Não é nada de mais...
- Você está fazendo desintoxicação, não pode comer essas coisas...
- Eu já fiz a desintoxicação. É diferente do vício. E não é nada forte.
O menor uniu as sobrancelhas.
- ...Promete?
- Sim...
- Hum... Eu experimento.
Saga sorriu, risonho.
- Certo, depois do nosso almoço saudável.
- Hum, tá bem. Disse num pequeno riso e bebeu pouco mais do suco. Eu já acabei!
- Isso é vontade de provar o bolo?
Saga riu enquanto terminava a própria refeição.
- Eh? Não, eu já terminei faz tempo, por isso falei do chocolate, ora.
- Certo, então vamos te deixar provar uns bolinhos.
Dito, Saga levou a louça até a pia, lavou rapidamente as peças, sem deixar de dar atenção é claro mas tão logo deu fim a atividade e buscou os doces armazenados. Um dos bolos pegou e levou até ele, estendendo a sua frente. Azaiichi o observou enquanto lavava a louça, era algo que nunca havia visto ele fazendo, ele tinha empregados e ainda assim lavava o que usava. Sorriu meio de canto conforme viu o bolinho e aceitou, o fitando antes de pensar em provar.
- E se eu morrer?
- Não vai, nem eu morri fazendo coisas piores. - Saga sorriu, canteiro.
Azaiichi assentiu e mordeu um pedaço do bolinho, fez uma pequena careta, mas mastigou.
- Hum...
- Hum, tem gosto de chocolate mas um pouco de grama também, não seja fresco. - Riu.
- Eu pareço uma vaca comendo grama. - O menor riu.
- Ah, você não gostou mesmo?
Azaiichi riu.
- Gostei sim, não é tão ruim...
- Daqui a pouco você vai gostar mais. - Saga sorriu. - Quer beber alguma coisa? Chá, chocolate quente?
- Hum, não...
Azaiichi murmurou e mordeu mais um pedaço do bolinho, entregando a ele.
- Quer saquê?
- Quero.
- Hum, só um pouco, ah?
Saga indagou e foi até o bar pequeno na sala de jantar aonde nunca recebia qualquer visita. Trouxe a garrafa de saquê e levou até a cozinha, aqueceria a bebida, no meio tempo ia mordiscando o doce.
O menor riu baixinho.
- Ah, tudo bem eu beber saquê.
- É, numa quantidade moderada.
Saga sorriu canteiro enquanto preparava os copos para servir a bebida. Feito, serviu a dose quente para ele, mas voltou dar atenção ao bolo. Azaiichi aceitou o saquê e bebeu de uma vez a pequena dose do copinho, mas olhou a ele enquanto mordida o bolo e uniu as sobrancelhas.
- Não vai dividir não?
- Vou.
Saga riu, disse, abafado pelo bolinho que mordia, propositalmente. No fim entregou de volta para ele, quer dizer, fez menção mas não deu, provocou um pouco mas devolveu. Um pouco de álcool e aquela erva que não era realmente saborosa e podia ficar um pouco mais animado. Azaiichi estreitou os olhos e aceitou o bolinho, mordendo alguns pedaços, e permaneceu em silêncio alguns segundos, olhando pra ele, e riu, sem motivo algum, não conseguia parar. O maior sorriu, achando graça de sua graça, sabia a razão, mas diferente dele não ficava risonho, exceto por sua expressão engraçada. O menor abaixou a cabeça por um momento, guiando uma das mãos sobre a boca e tentava parar de rir, mas não conseguia.
- Saga... Eu vou morrer...
- Sh, o que é engraçado? - Saga indagou e sorria em contágio. - Você é muito iniciante. - Riu.
Azaiichi negativou e tentou parar de rir, mordendo o lábio inferior e desviou o olhar a ele, mas voltou a rir em seguida. Saga riu e negativou enquanto terminava a dose de saquê, guardou o restante, pelo jeito não precisariam de muito mais que isso.
- Hum, eu queira mais. - Azaiichi disse a unir as sobrancelhas. - Isso é bizarro
- Já está brisando com um bolinho, imagine se beber mais.
- Eu não estou brisando.
- Ta rindo de que então?
- Sei lá!
- Então, seu pirralho! Quer mais bolinho, quer?
- Quero, dá mais um pedacinho.
- Acabou.
Disse Sagara enfiando o restante do bolo na boca. Azaiichi uniu as sobrancelhas.
- Fofe fer mais?
O moreno indagou com a boca ocupada pelo restante do bolo, propositalmente. O loiro riu sem conseguir conter novamente e uniu as sobrancelhas, segurando-se na mesa.
- Falma, Afaicchi.
Saga disse e buscou mais um dos bolos pra ele, entregando. Azaiichi riu e aceitou o bolinho, tentou comer, mas não conseguia parar de rir.
- Vai acabar com falta de ar, pirralho.
- Eu vou mesmo. - Azaiichi disse conforme parava a risada.
Saga sorriu canteiro e se aproximou dele, selou seus lábios, da forma que deu, diante de seu riso constante. Azaiichi retribuiu o selo e puxou-o para si, erguendo-se e abraçou-o ao redor do pescoço.
- Oi.
Saga levou os braços em sua cintura, abraçando-o como ele a si e ergueu, tirando seus pés do chão.
- Parou de rir.
Azaiichi sorriu a ele.
- É que estamos pertinho, gosto de olhar pra você.
- Ah, se ficar perto você não ri?
- Não.
Saga riu baixinho, ainda que houvesse dito que não riria.
- Se você me chupar acho que não ri.
- Ah, seu oportunista.
- Você gosta, eu gosto.
Azaiichi riu.
- Tá bem, senta e abaixa a calça.
- Não aqui, vamos pro quarto ou pra sala. Aonde você prefere?
- Hum, não posso te chupar na cozinha? Tem uma regra? - O menor riu. - Na sala.
* A música descrita se chama Kagerou, do Sadie.
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