Masashi e Katsuragi #33


Ao se levantar, Katsuragi vestiu um kimono sobre o corpo nu, havia dormido sem roupas, era vampiro, com o calor que fazia não tinha jeito. Por sorte, o dia havia amanhecido nublado e estava ainda a tarde, no finzinho, com uma chuva bem fina. Deslizou uma das mãos pela própria barriga em frente ao espelho, observando-a ainda pequena demais e começava a se perguntar se realmente estaria grávido. Ao subir, recebeu o pequeno prato de bolinhos de arroz do pequeno e sorriu a ele. 
- Obrigado. Onde esta o Masashi? 
- Na escola, eu acho. 
- Escola? Ah, de medicina. 
- Sim. O Ryu disse que você tem que comer. 
- Ryu? Quem é Ryu? Ele é o cozinheiro. 
- É, mas Masashi mandou ele fazer bastante coisa gostosa pra você. Ele fez onigiri, sushi.
- E cadê tudo isso? 
- Ah... 
- Comeu né? Espertinho. 
- Olha lá o Masashi-san!
Ao pisar na entrada de casa, Masashi avistou alguns metros o moreno que mesmo em seu desleixo conseguia ser tão bonito. Sorriu de onde estava, percebendo a calorosa recepção, embora não dissesse nada, via-o animado com a volta. 
- Nani? - Indagou sobre seu sorriso.
Katsuragi sorriu a ele, puxando-o para si e lhe selando os lábios. 
- Como eu pude ter tanta sorte de conseguir você? Mesmo sendo tão ruim, eu arrumei um anjinho.
- Ara... O que há? 
Masashi disse desentendido da declaração repentina, ainda que não fosse de fato algo tão incomum.
- Nada, estou apreciando meu marido. 
Katsuragi sorriu e entregou um dos bolinhos de arroz a ele. 
-Venha... Vamos entrar. Como foi a aula?
- Hum... - Masashi murmurou e aceitou o bolinho, parecia apetitoso. Mordiscou e sentiu o gosto dos cogumelos recheando o onigiri. - Foi produtiva. 
Disse e sorriu a ele, sem dar detalhes, sabia que não era de seu interesse. Acariciou suas costas, bem na lombar a medida em que adentrou o bordel.
- Ah... Obrigado. - Katsuragi disse devido a carícia e sorriu a ele. - Jun, mande prepararem o jantar, vamos comer na mesa hoje. 
- Eh? 
- É, você ouviu. Vai pedacinho de carne, vai. 
Katsuragi sorriu a ele e beijou o namorado no rosto, distraído do que fazia.
- Desculpe, eu ia me arrumar, mas nem tive tempo de me banhar.
- Como se você não estivesse sempre bonito. - Masashi disse num revirar de olhos, desdenhando seu comentário. - Está animado hoje.
- Ah um pouco. Estou de bem com a vida e feliz com o que eu tenho. 
- Katsuragi-san! Tem um menino, um menino desmaiado.
- Um menino desmaiado? Como assim?
- Ele estava aqui na frente... É do meu tamanho.
- Me mostre. 
Katsuragi seguiu o caminho junto do pequeno ate o pequeno garotinho desacordado e trouxe o outro consigo, observando-o. 
- É humano? Ótimo, temos comida para o jantar.
- Iie! Não seja cruel!
- Deveriam levar a um médico e não um bordel. 
Masashi retrucou e embora estivesse a estudar sobre medicina, preferia por hora não fazê-lo, no entanto, verificou-o em procedimentos padrões. Até olhou de soslaio ao companheiro que sorriu denunciando sua brincadeira. 
- Está desnutrido.
- Desnutrido? Metade do Japão está. 
- Katsu vamos cuidar dele...
- Não, Jun, já temos muitas bocas pra alimentar.
- Vamos deixar ele morrer? 
- Tsc... O que acha Masashi?
- Talvez um pouco de leite. Algum pedaço de carne já seja suficiente.
- Tragam um pedaço de carne pra ele. 
- Sim senhor. 
- De onde ele veio, Jun? 
- Eu não sei, estava vindo pela estrada de terra. 
- Hum... Foram na China buscar a carne?!
- Aqui, senhor. 
Pegou o pequeno pedaço no prato e entregou ao outro assim como a água. 
- Masashi. Acho melhor a água primeiro não?
- Primeiro um pouco de leite, Katsu. - Masashi disse, mas agradeceu pela carne.
- Hum. Toma. 
Katsuragi murmurou entregando o copo, enquanto observava o garoto deitado.
- Ele tinha febre? 
Masashi indagou ao cortesão ao lado, até então tomando conta do menino. Com cuidado se sentou em seu leito e passou o braço sob sua nuca, envolvendo seu ombro em algo que parecia um abraço, suficiente para ergue-lo como se desse algum colo e pudesse dar o leite sem que se afogasse. Ao aceitar o copo, separou os lábios do menino com os dedos e dosou um quantidade pequena, talvez para despertar sua atenção.
- Não senhor, estava quente, mas devido ao calor.
Katsuragi observou-o, notando todo o seu cuidado para com o pequeno nos braços e com pequenos segundos, ele tossia, acordando do sono, e bebendo ainda do leite como se precisasse tanto daqueles pequenos goles. 
- Você vai ser um ótimo medico, Masashi.
Masashi talvez tivesse um leve enrubescer no rosto ao ouvir seu elogio, o que não era muito comum para um vampiro, mas era novo como um. Claro que embora parecesse tímido com o elogio, o sorriso não era tão dócil assim.
- Está puxando o saco. 
Disse a ele e deu atenção ao menor conforme tomava consciência suficiente para buscar mais do leite. Verteu em sua boca e deixou beber até o fim do conteúdo no copo.
- Não seja bobo, eu não puxo sacos. Esta melhor garoto? 
Disse a observa-lo beber o leite como uma criança faminta e arqueou uma das sobrancelhas. 
- Eh? Estou sim tio.
- Tio? Que modos são esses?
- Tia então?
Katsuragi estreitou os olhos. 
- Como você se chama pirralho?
- Joutaro. 
- E esta sozinho?
- Não, eu estava... Estava com um homem. Onde ele esta?
- Que homem? 
- Um alto, com a espada na cintura. 
- Ei garoto, não tem ninguém assim aqui, se acalme.
- Eu vou sair para procurar ele!
- Não, esta escuro, algum animal vai devorar você. Passe a noite aqui.
- Mas eu... Não posso esperar, ou ele estará muito longe.
- Garoto, você desmaiou na rua e está assim há algum tempo, acha que vai alcançá-lo ainda hoje? E tem mais, por que ele te deixaria pra trás se ele se importasse com você?
- Ora, porque... Ele deve ter tido problemas...
- Fique por aqui, coma, não só a carne, os meninos farão uma sopa pra você. Jun, leve-o para o seu quarto, dormirão juntos.
- Não pode ordenar a ele o que fazer, Katsuragi. Precisa ver se é isso o que ele quer.
Masashi retrucou ao companheiro mandão, e embora o retrucasse, no fim sorriu afável para ele. Logo se voltou novamente ao garoto. 
- O homem com você, era algum parente?
Katsuragi arqueou uma das sobrancelhas ao companheiro, era mandão assim mesmo, mas porque queria o bem do garoto de alguma forma.
- Iie, eu não tenho mãe ou pai, ele era meu mestre.
- Mestre, ora essa. - Katsuragi resmungou.
- Joutaro? - Masashi disse, indagativo. - Seu mestre provavelmente não quis ter carga durante a viagem, o deixou para trás, então se supõe que não é alguém o qual deva ir atrás. Coma a carne e como Katsuragi disse, você pode ficar se quiser. Esse lugar é dele.
- Oh, agora me ouviu? - Katsuragi falou ao menor e sorriu de canto.
- Ele se importa comigo sim! Eu só preciso achar ele...
- Certo, descanse garoto, você não vai sair por aí a noite, amanhã você pode procurá-lo.
- ... Hai.
- Você se importa com seu mestre? - Masashi retrucou.
- Sim...
- E deixaria ele para trás, desmaiado no chão de um vilarejo que ele não conhece?
- É por isso que eu digo! Devem ter machucado ele ou feito alguma coisa, ele... Ele deve estar com problemas por isso me deixou assim.
- Não adianta, Masashi o garoto é cabeça dura.
- Então normalmente demonstra atenção a você?
- ... Talvez. Quer dizer, ele não quis me levar com ele no início, mas acho que deve gostar de mim um pouquinho agora.
- Hum, então você mesmo sabe que o que disse antes não é a verdade, mas o que você gostaria que fosse. De todo modo, poderá ir atrás dele assim que comer e tiver forças pra levantar.
- Eu irei... Não deixarei ele ir sozinho, aquele teimoso!
Katsuragi sorriu, observando o garoto irritado, como um adulto preocupado com uma criança.
- Parece eu quando pequeno.
- O teimoso parece ser você, não ele, ele seguiu um caminho sem problemas, você vai atrás de alguém que não quer que você vá desde o início. 
Masashi disse, palavras firmes, mas sorriu no fim.
- Eh... Pare de mentir pra mim, tio! Ele gosta de mim sim!
- Mas que mania de chamar os outros de tio, moleque.
- É uma mania realmente feia... - Masashi disse baixo, teve de concordar.
- Vocês são mais velhos ué, e eu falo como quiser!
- É, Masashi, devíamos tê-lo deixado morrer.
- Somos mais velhos, mas não somos seus tios, afinal, você não tem tios. De todo modo, se somos mais velhos você deve ter respeito, seu mestre deveria ter ensinado isso a você, rapazinho malcriado. Deveria ter cuidado como fala com alguém que está cuidando da sua saúde.- Meu mestre me ensina sim! Ele é muito bom comigo, pro seu governo.
- Chega, Jun, leve ele pro quarto antes que eu espanque ele com um pedaço de pau.
- Então ele não deve ser muito educado, afinal, está deixando um péssimo legado. Se ele é bom, não deveria denegrir o nome dele com sua malcriação. 
Masashi disse, normalmente não era áspero com crianças, mas era um garotinho desagradável. Katsuragi desviou o olhar ao outro, arqueando uma das sobrancelhas.
- Hey, não fale mal do meu mestre!
- Não estou falando mal dele, estou falando de você sujando o nome dele, visto que ele é assim tão bom. Enfim, - Masashi disse e tocou seu cabelo, percebendo que discutia com uma criança. - Coma um pedacinho de carne e descanse, poderá achar seu mestre amanhã, depois de descansar.
Katsuragi desviou o olhar novamente, visto que o outro já havia voltado a seu estado normal e negativou.
- Hum, por um momento achei que havia ficado igual a mim.
Masashi estreitou os olhos.
- Senhor, eu conheço o garoto. - Disse Ryu, seguindo em direção à porta.
- Hum, quem é ele?
- Ele é discípulo de um samurai famoso aí no país, se chama Musashi. 

- Mas se é tão famoso como larga seus discípulos para trás? E o garoto ainda está quase anêmico.
- Eu não estou anêmico, tio, eu só não como muito.
- Moleque, se me chamar de tio de novo, eu juro que eu...
- Vou levar ele pro quarto! - Disse Jun, rapidamente. 

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