Ryoga e Katsumi #57


- Katsumi, tem dois martinis pra mesa três. 
- Tá, já vou levar.
Katsumi disse conforme colocou as taças sobre o balcão e buscou as bebidas, misturando. 
- Hey, você não devia ficar em casa?
- Em casa? 
- É, o bebê...
- Não, estou de sete meses ainda, no próximo eu fico em casa. 
- Ta bom.
Ao preparar as bebidas, enviou para o garçom, e pegou a garrafa para colocar de volta ao lugar, mas cessou o passo e acabou derrubando, sem nem perceber, sentiu uma pontada na barriga, dolorida e uniu as sobrancelhas, desviando o olhar para a cozinha, buscando o outro visualmente.
- ... Ryoga.
Diante do estalo que veio do bar, Ryoga logo se pôs atento e seguiu para o lugar, pronto para chamar a atenção de algum desatento, mas sabia que provavelmente havia sido Katsumi, sentiu sua estranha sensação. 
- O que houve? - Indagou e se aproximou dele, muito mais hábil.
Katsumi levou uma das mãos a própria barriga e uniu as sobrancelhas.
- É o bebê.
- Hum... Ele quer vir? - Ryoga indagou, confuso, embora muito atento.
- Mas são sete meses...
- Está com pressa. - O maior sorriu, animado é claro. - Vamos, vou te levar ao médico. Não fique muito excitado com a dor.
Katsumi sorriu assim como ele e assentiu, olhando o chão em seguida. 
- Eu quebrei a garrafa de Martini...
- Alguém vai limpar isso mais tarde. Quer que eu leve você?
- Não, tudo bem... 
Katsumi disse e segurou a mão dele, seguindo para fora.
Embora não o tivesse tomado no colo, Ryoga pegou pela cintura e sustentou algo do peso, levando consigo até o veículo. Não avisou ninguém, saberiam a razão. Ao seguir com ele, Katsumi se ajeitou no carro e uniu as sobrancelhas, doía muito. Ryoga o acomodou no carro e então o tocou em sua barriga. 
- Calma aí, raposinha. Não seja apressada.
Katsumi sorriu conforme o ouviu e tocou a mão dele. 
- Ele parece tão pequeno...
- Provavelmente será, mas ainda terá a força um vampiro, não há porque se preocupar.
O menor assentiu e suspirou, apertando a calça com a mão livre, era realmente dolorido. - Vamos chegar logo?
- Não não, vai ser rápido. 
Ryoga disse e tomou caminho de volta, seguindo até o médico responsável pelo parto do outro filho, dirigiu rápido. Katsumi fechou os olhos por um pequeno tempo, apertando e não precisou esperar muito até que estivessem lá, mas precisou de ajuda para sair do carro.
- O que? Está ereto e não consegue sair sozinho, hum? 
Ryoga brincou e então saiu do carro, buscando do outro lado. Katsumi estreitou os olhos. 
- Vou de dar uma porrada.
- Ah você vai? Vai mesmo? Estou aqui, pode dar. 
Disse o maior ao que se abaixou para ajuda-lo sair e então encarou seu rosto, perto o suficiente. 
- Ryoga, eu estou com dor, para de ser palhaço... - Katsumi disse a unir as sobrancelhas. - Tinha que ser irmão do Ikuma mesmo.
Katsumi sorriu canteiro mas se aproximou dele e o beijou na testa. Mordiscou a própria língua e partiu para seus lábios, deu um traguinho para ele. 
- Calma.
O menor assentiu e suspirou ao sentir o beijo, lambendo sua língua.
- Ta bem...
Ryoga o pegou pela cintura e levou consigo até o consultório, ou melhor, a residência do rapaz, Katsumi seguiu com ele, silencioso, era uma casa, ao contrário da vez anterior onde era um apartamento, ouviu ele dizer que havia conhecido outro médico recente, mais antigo, mas ao olhar o rosto dele, parecia uma criança. 
- Olá, meu nome é Masashi, será um prazer atender vocês hoje.
- Masashi, entrego em suas mãos, mas traga de volta.
O rapaz riu e negativou, quanto a Katsumi, estreitou os olhos novamente. 
- Você não vai ficar para ver o parto? 
Disse ele a colocar as luvas.
- Vai sim.
- Não, não vou assistir. - Ryoga disse, mas claro que estava brincando.
- Vai sim, eu te amarro dentro da sala
O maior riu, sorriu na verdade e deixou de enrolação, sabia o quanto aquilo, quer dizer, imaginava o quanto poderia doer. Seguiu com ele e o médico até o aposento aonde seria feito o procedimento. Ao entrar, Katsumi se deitou como indicado, tinha que trocar de roupas, mas estava tão dolorido que precisou da ajuda dele novamente. Tentava se manter calmo, mas era difícil devido a sensação dolorida.
- Bem, eu vou te dar a anestesia e vamos começar, tudo bem?
Ryoga ajudou o moreno, substituindo suas roupas daquela forma breve que seria, os partos eram sempre rápidos, uma proeza vampírica. Katsumi assentiu, não gostava da anestesia, mas era melhor do que sofrer. Suspirou e fechou os olhos, sentindo a agulhada dolorida
- Vamos tirar esse pequeno daí.
- É uma menina. - Katsumi sorriu meio de canto.
- Então essa pequena.
- Nossa primeira menina.
O menor sorriu conforme ouviu o outro e segurou a mão dele, apertando sutilmente. 
- Vai ser rápido, posso começar?
- Sim... Por favor.
Katsumi disse e fechou os olhos, se alguma forma não gosta a muito de passar por aquilo, sempre se lembrava da gravidez do primeiro filho, que passou sozinho, e fora tão agoniante que não queria repetir. Agarrou-se na cama, sentindo o bisturi correndo pela pele, não sentia dor, era mais um incômodo.
- ... Isso é muito estranho.
- Até parece que já não sabe como é isso, hum? 
Ryoga falou baixo ao que se aproximou dele e proferiu contra sua testa aonde encostou os lábios. Katsumi sorriu conforme sentiu o pequeno toque, ele era adorável. Suspirou e permaneceu em silêncio, não queria sentir, mas a pressão era forte, principalmente enquanto ele puxava o bebê. O cheiro se espalhou na sala a medida que seu ventre ia sendo aberto, sedendo passagem a nova integrante da casa. 
- Pronto, pronto.
Katsumi suspirou e desviou o olhar a ele, tentando ver a pequena em seus braços, mas ele ainda limpava ela, não ouviu seu choro fraco, estranhou.
- Doutor?
- Esta tudo bem com ela, ela só é preguiçosa como você mesmo sabe, ela ainda é muito pequena, se fosse humana teria que ficar internada por uns dias.
Ryoga olhou para ela assim como ele, vendo seu corpo pequeno demais, a ser limpo. 
- Parece um bichinho.
Katsumi riu e uniu as sobrancelhas. 
- Eu quero ver ela...
- Pronto, já limpei a pequena. 
Disse Masashi a entregá-la para si enrolada num pequeno cobertor. Katsumi olhou para ela e teve que sorrir, quase cabia na própria mão. 
- Nossa... Ela é muito pequena. 
- É sim, ela é como um bebê humano, mas tem bem menos chances de ter complicações, só tentem segurar ela um tempo em contato com a pele do peito, pra ela sentir a temperatura, o cheiro. Vou só fazer a higiene com o sangue, já deve fechar logo, vou pedir ao meu parceiro que traga sangue pra você.
- Muito obrigado, Masashi. - Ryoga disse e se abaixou junto ao moreno, observando a pequenina, acomodada com ele. - Se parece com os meninos.
Katsumi sorriu conforme o ouviu e assentiu, podia sentir a estranha sensação da pele se contraindo com o sangue aplicado nela. 
- Parece com você.
- Hum, ainda vamos descobrir isso. - Ryoga sorriu. - Mas não tenho pressa
- Hum, pra mim ela já parece.
- Bem vinda, princesa. Já está tudo preparado pra você.
Katsumi sorriu e tocou o rostinho dela, desviando o olhar ao doutor em seguida. 
- Está tudo pronto pra vocês irem já, apenas tome o sangue, vai se sentir melhor.
O menor assentiu, aceitando o copo e bebeu de uma vez, sentia sede e estava fraco, então precisava. 
- Tentem manter ela perto de você, o mais perto possível com contato de pele até os nove meses, tudo bem?
- Obrigado, doutor.
- Hum, acredito que essa vampirinha vai sentir o cheiro de longe. Obrigado novamente, Masashi.
Katsumi sorriu e após se trocar, se levantou devagar, ainda estava dolorido, mas iria melhorar aos poucos. O gemido deixou os lábios quando tentou andar, teve que ter a ajuda dele até chegar ao carro, e quando chegou, segurou a filha enrolada nós cobertores.
- Hum, acho que o sangue foi insuficiente. 
Ryoga disse após ajudá-lo se acomodar no assento de passageiro com a pequenina em seus braços. Antes de seguir ao outro lado no entanto, tocou o rostinho miúdo dela. Katsumi sorriu conforme o viu tocar o rosto dela e ergueu o rosto, selou os lábios dele. 
- Acha que os meninos vão se animar?
- Hum, eu não sei. Acho que o Erin vai ser como com Natsumi, mas o Natsumi eu não sei dizer. O que acha?
- Hum, ele não é tão grande pra ficar ciumento realmente, mas não sei.
- É justamente por isso, por ser pequeno. Mas vai ficar tudo bem.  Bem, vamos lá. 
Ryoga disse e então se encaminhou para o lado de motorista, tomando posse do volante, o outro assentiu e se ajeitou no carro, ajeitando a pequena nos braços e ela não chorava, só fazia pequenos sons sutis.
- Se parece com o Erin, sempre muito baixo.
Katsumi assentiu. 
- Eles são calmos... Contrário da gente. - Riu.
- Ah, eu sou calmo.
- Não na cama.
- Bem, mas nossos filhos ainda não têm atividades na cama.
Katsumi riu.
- Você entendeu.
- Entendi nada.
- Hum, você não é nada calmo.
- Claro que sou. Eu posso ser firme, diferente de não ser calmo.
- Hum, então é firme. - Katsumi disse num pequeno sorriso e beijou o rosto pequeno dela, era tão pequeno que cabia na mão. - Ela é tão fofa...
- É, nossa princesa. Espero que ela não se importe de crescer ao redor de tantos homens.
Katsumi riu. 
- Bem, se isso for um problema, podemos ter outra princesa pra fazer companhia pra ela. - Disse e sorriu, esperando que ele notasse.
Ryoga sorriu ao fita-lo, um pouco surpreso pela proposta.
- Eu acho ótimo.
O menor desviou o olhar a ele e encostou a cabeça no banco, fitando-o meio de lado, esperou que ele parasse num farol e selou os lábios dele.
- Vamos ver se conseguimos outra mocinha. 
Ryoga disse junto de seus lábios e o beijo que retribuiu. Katsumi assentiu e roçou o nariz ao dele, mas cessou ao ouvir a filha soluçar. 
- Opa, tudo bem, tudo bem, estamos chegando.



- Ah, oi pequena!
Katsumi sorriu conforme o ouviu, via seus cabelos negros e compridos na altura dos quadris, segurava a pequena com um cuidado que só quem já havia criado outros filhos antes poderia ter. O bercinho branco rendado, suas cobertas da mesma cor, e o véu que cobria ele, tudo parecia tão calmo, e provavelmente era porque havia acabado de acordar, ainda estava sonolento. 
- Yoruichi-san...?
- Olá Katsumi, vim dar as boas vindas a minha neta. Ryoga disse que você precisaria de ajuda por uns dias.
- Ah, eu estou bem... - Disse num pequeno sorriso fraco.
- Eu sei que não, querido, sei como o corpo mesmo sendo vampírico se sente cansado com isso nos primeiros dias. Criamos uma nova ligação com um ser que depende de nós, e é uma cirurgia muito complexa pra nos recuperarmos só com alguns copos de sangue. Eu vou ajudar a cuidar dela, não se preocupe, ela é adorável.
- Ryoga está em casa?
- Sim, conversando com o pai, já deve estar voltando.
- Cadê o morceguinho do vovô? 
Disse Yasuhiro que seguiu depressa até o moreno com o bebê em seus braços. Sorriu, talvez tivesse o mesmo gosto por cozinha e também pela paternidade. 
- Katsumi, trouxe pra você. 
Ryoga disse ao entregar a ele uma garrafa de bebida. Sangue e uma pitada de vinho. Katsumi sorriu e aceitou a garrafa, abrindo e bebeu um gole da bebida.
- Hum... Isso é bom. - Disse num pequeno sorriso.- Beba tudo. - Ryoga disse e tocou o topo de sua cabeça.
- Ela não é adorável? Olha o tamanho dela, quase cabe na mão.
- Puxou você, amorzinho. - Disse Yasuhiro.
Katsumi assentiu e bebeu mais alguns goles do sangue. 
- Hum...
- Ah é? Você vai ver só o baixinho.
- Eu quis dizer linda que nem a vovó. Você que entendeu baixinho.
- Seu mentiroso. - Disse Yoruichi a discutir com o outro logo ao lado.
- Você quer levantar? Comer algo? - Disse Ryoga.
- Hum, não vou levantar agora, só mais um pouquinho... Minhas costas doem...
- Hum, quer que eu estale cada um dos seus ossinhos?
- Não, obrigado. 
- Você tem é que cuidar do seu homem, Ryoga. Dar beijinho, café na cama. - Disse Yasuhiro.
- Mas isso é cuidar. Estalar os ossos alivia a tensão.
- Ah, é cuidar, é?
- E não é? Não gosta de sentir o relaxamento nos ossos?
- Não. Talvez tenha gostado uma ou duas vezes quando seu pai me fez quebrar uma costela num momento não muito oportuno. - Disse Yoruichi.
Katsumi uniu as sobrancelhas e riu baixo em seguida. 
- Podem me dar ela aqui?
- Hum, estou falando de massagem, mãe. 
Ryoga disse, com arqueio na sobrancelha, de fato não estava falando naquele contexto. Mas riu no entanto. 
- Mas isso é massagem, só num lugar diferente. 
Yoruichi disse e entregou a pequena nós braços do rapaz, ao olhar pra ele, não conseguia ver uma mãe, era tão masculino, mas era adorável o jeito como segurava sua filha.
- Eu não preciso saber dessas informações. 
Dito, Ryoga se sentou com ele e fitou a filha, acariciando sua bochecha macia. 
- Uh, acho melhor irmos pra cozinha, Yasu. 
Katsumi sorriu meio de canto conforme viu os dois saírem e desviou o olhar a ele, segurando sua mão a beijar seu dorso.
- Obrigado Ryoga...
- Hum? Pelo que?
- Por me dar uma família. Eu nunca tive uma.
- Você teve sim, e teve o Haruki.
- Mas agora ele faz parte da nossa família, que é aqui agora. Você me deu tudo isso, e deu um lar pra ele também, obrigado.
Ryoga negativou e tocou o rosto dele, acariciando sua bochecha.
- Não diga isso, não é favor nenhum. Eu vou me despedir dos meus pais e volto pra deitar com você.
Assentiu e sorriu a ele, segurando a pequena contra o peito, acenou brevemente e fechou os olhos, só uns segundinhos... E caiu no sono.

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