Kazuma e Asahi #60


- Nós partiremos amanhã, ainda não busquei um aposento, vou ter seu quarto hum?
Asahi sorriu a ele. 
- Acha que eu o deixaria dormir em outro lugar?
Kazuma sorriu-lhe canteiro a medida que seguia consigo pelo caminho de sua casa. O menor puxou-o pela mão, passando por um caminho longe das pessoas da praça, não queriam que vissem ele consigo ou poderiam falar maldades dele também e não só de si. Passou por três ou quatro ruas até chegar a pequena casinha, modesta que servia de estalagem para alguns viajantes. Adentrou o local junto dele, seguindo para um quartinho pequeno aos fundos, onde só havia um futon e um pequeno móvel, era tudo que cabia no quarto e sobre o móvel, tinha o quepe dele.
O maior entrou no local aparentemente reconstruído de forma recente. Era pequeno mas parecia bem cuidado e aconchegante, tal como seu quarto. 
- Eu não vou caber nesse quarto. - Provocou.
Asahi riu ao ouvi-lo e negativou.
- Sei que é pequeno, mas... É o que eu tenho.
- Você não é muito grande mesmo.
O menor riu baixinho, ajeitando o obi do kimono
- Nunca vi você sem uniforme... Fica bem.
- Já viu sim.
- Já vi?
- Sim, sem roupas é sem uniforme.
- Ah... - Sorriu e mordeu o lábio inferior. - Eu... Guardei pra você. - Falou e pegou o quepe dele, entregando-o.
- Eu dei a você. Quer o terço de volta?
- Iie... - Asahi uniu as sobrancelhas. - Então eu posso ficar?
- Sim, eu tenho outros.
O menor assentiu e sorriu a ele, abraçando o quepe.
- ... Está com fome?
- Bom, estamos aqui de passagem, talvez devesse aproveitar o festival.
- ... Só se você for comigo. 
Asahi falou a ele, segurando sua mão, firmemente em meio a própria. Prestava atenção somente nele, porém desviou-se quando ouviu os passinhos rápidos, era a filha de Akemi. 
- Aya?
- ... Quem é esse moço que está com você?
Kazuma ouviu ruir de passos quase saltados no piso, voltou-se para criança ao ouvir indagar, não respondeu e tornou se voltar ao rapaz, deixando por ele a resposta. O loiro sorriu à pequena, e não era comum fazer aquilo. Abaixou-se e pegou-a no colo. 
- Esse é o Kazuma.
- Kazuma?! Mas... Não disse que ele tinha ido embora?
- Ele tinha...
Kazuma não se intrometeu na conversa, observando o menor junto à morena menor ainda.
- Ah... Você é o moço que o Asahi gosta? 
Asahi sorriu a ela, acariciando seus cabelinhos negros.
- Hum, ele quem deveria responder isso. - Kazuma disse a ela.
- Sim, ele é. - O menor sorriu e por fim a deixou no chão. - Vamos comer, hum?
O maior fez silêncio ainda, não sabia se falava consigo ou a pequenina e sorriu a ela ao vê-la sorrir para si. A pequenina sorriu e ao descer, estendeu a mão ao moreno. 
- Moço, quero que vocês casem e tenham muitos bebês!
Kazuma deu a mão a ela, passando a fazer a caminhada o qual a guiavam.
- Casar e ter bebês, é?
- Sim, muitos! 
Asahi riu baixinho e negativou, seguindo junto dele e da pequena a descer a rua, em direção a feira.
- Por que muitos bebês? 
O moreno indagou sobre que tipo de raciocínio teria um bebê.
- Pra vocês terem uma família beeem grande!
- E por que tão grande? - Tornou indagar à pequenina.
- Porque grande é bom.
- As vezes a família pode ser pequena mas com muito amor, o que acha?
- Hum, se tiver amor então tá bom!
- O que quer comer? - O maior indagou ao ex-padre.
Asahi desviou o olhar ao moreno num sorriso e segurou-o em seu braço.
- Minha mamãe! 
Disse a pequena a soltar a mão do maior e correr.
- Quero takoyaki.
- Tudo bem ela correr assim? - Kazuma disse mas assentiu sobre seu pedido. - Parece bom.
Concordou e seguiu pelas pessoas até as barracas de comida, que exalavam o cheiro temperado dos alimentos. Embora já estivesse há um tempo a frente da guerra, estar especificamente naquela região fazia perceber as mudanças, boas mudanças.
- Hai, estamos numa vila pequena, todos se conhecem. 
Asahi sorriu e por fim escolheu o espetinho, dando o dinheiro a moça e pegou dois. Kazuma agradeceu a ela, também a ele pelo que ganhava. Experimentou uma das bolinhas espetadas. O menor sorriu e desviou o olhar a ele. 
- Oishi?
- Saboroso. - Kazuma disse a ele e voltou comer mais um dos bolinhos - O que mais gosta?
- Eu gosto de comer. Não podia fazer isso quando era padre, mas... Eu como de tudo.
- É por isso que estou perguntando o que gosta. No período de guerra também se limitava o que podíamos lhes dar.
- Hai... Eu gosto de massa, macarrão de arroz e missô.
Kazuma assentiu, concordando.
- Gosto de peixe branco.
- Peixe branco? - Asahi inclinou a cabeça para o lado. - Bem, acho que não conheço muita coisa além dos muros da igreja... Vivi minha vida toda lá.
- São bem saborosos. O deixo provar em breve se quiser.
O menor assentiu e retirou algumas pequenas moedas do bolso, entregando na mão de outra moça da barraquinha ao lado. 
- Ah, acho que isso dá, quero macarrão por favor, pra dois, pra levar. - Falou para a moça, com um sorriso e pacientemente aguardou junto do outro. - Quer algum doce?
Kazuma negou à pergunta. Também não queria discutir sobre o pagamento da refeição, se estava tomando frente o deixava fazer ainda que desconfortavelmente. Asahi desviou o olhar a ele, e até si mesmo estava estranhando o modo como agia ao lado dele, ainda era estranho, estar fora da igreja, estar fora da guerra, não ser mais um padre, estar com ele, tudo.
- ... Para onde vamos?
- Eu quem pergunto. - Disse o maior num sorriso lateral.
- Não... Para onde vamos viajar?
- Kyoto. É distante, bem distante.
- Ah... - Asahi uniu as sobrancelhas, amedrontado pelo que viria. - ... É bonito lá?
- Sim, é incrivelmente bonito. Acredito que o lugar mais bonito do Japão, para mim.
- Então... Acho que eu vou gostar, não? - Sorriu.
- Senhor, sua comida. 
- Ah... - Asahi assentiu, recebendo os recipientes com o macarrão e agradeceu numa reverência. - Venha, vamos sentar num lugar que eu gosto.
- Também estarei lá.
Kazuma sorriu, canteiro e após seu aceite do pacote, pegou de sua mão, levando por ele. Com ele, Asahi seguiu o caminho, passando pelas pessoas até se afastar novamente da cidade. 
- Não se preocupe, a caminhada não é longa. 
Disse a ele e seguiu por entre as árvores, subindo novamente o caminho que ele havia feito de carro para descer até a vila. Passou por algumas árvores grandes, folhas, retirando-as do caminho e por fim, chegou ao local. Um imenso jardim, onde haviam crescido várias flores e grama verde, nascia agora na primavera. 
- Gosto de vir aqui e passar algum tempo... Acho que não vai se lembrar, mas aqui era onde ficava sua base...
- Como não lembraria se passei alguns anos por aqui, hum? Parece muito melhor que antes. - Disse o maior a contemplar a nova aparência do lugar.
- Hai... É que a área foi coberta por algumas plantas. - Sorriu. - ... Passei um bom tempo sentado aqui.
- Não vai precisava passar tempo aqui.
Asahi negativou, sorrindo a ele, meio de canto. 
- Vamos sentar e comer? Perto das árvores?
- Hum. 
Kazuma assentiu à pergunta, seguindo com o rapaz. Talvez após um ano a interação entre ambos não fosse de fato a mesma, até que voltassem aos costumes. Asahi sorriu e com ele seguiu até uma das árvores ali. Sentando-se a repousar as costas contra ela. O maior fitou-o​ enquanto se ajeitava e somente então se sentou da mesma forma. Porém sem se encostar, acomodou-se a sua frente. 
- Animado com a viagem?
O loiro observou-o sentado em frente a si e deu um sorriso a ele, assentindo. 
- Eu quero ir com você.
- Mas eu digo pela viagem. Vamos levar um tempo até chegar, tão logo terá paisagens para ver.
- Claro que se estou... Vamos de carro ou de navio?
- Navio.
- Eu nunca entrei num navio...
- Você vai gostar. - Kazuma sorriu e pegou suas sacolas, entregando a ele seu macarrão. - Aqui.
Asahi assentiu e aceitou a sacola, observando o macarrão conforme abriu o pequeno recipiente.
- ... Pra dizer a verdade, Kazuma... Eu nunca fui a praia.
- Você vai conhecer o porto, tão bonito quanto a praia.
O loiro desviou o olhar a ele e sorriu, assentindo.
Estando por perto também podemos ir até a praia.
- Podemos?!
- Sim, por que não? 
Kazuma disse sem de fato pedir resposta. Por fim abriu a embalagem com o macarrão e passou a comer. Asahi sorriu e assentiu, usando o hashi para pegar pouco do macarrão ainda quente. Por um tempo, o maior permaneceu em silêncio com ele, formando a refeição, queria entender porque a situação ainda parecia surreal. O menor deu um pequeno sorriso a ele, meio de canto e igualmente, ainda se sentia estranho, como se ele não estivesse realmente ali, talvez estivesse sonhando.

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