Yuuki e Kazuto #62


Kazuto acordou num susto, tudo porque uma mão havia acertado seu ombro, sem força, numa batida única, mas para quem dorme, suficiente para assustar.
- Eh?
- Estou saindo, vem junto ou vai ficar?
- ... Quem vai cuidar do Suzuya?
- Kasumi. Você tem dez minutos.
- Mas onde vamos...?
- Jantar.
- Jantar... Tipo um encontro?
Yuuki arqueou uma das sobrancelhas a observar o garoto e assentiu, sem muito dizer. O menor sorriu e num pulo estava fora da cama, caminhando em direção ao banheiro onde tomou banho em um segundo, era incomum que ele chamasse a si para sair, ainda mais para jantar, parecia algo inédito de se fazer com ele. Ao voltar ao quarto, arrumou os cabelos e buscou roupas na gaveta, que por sinal, já era só própria. Vestiu-se e ajeitou os cabelos loirinhos com as poucas mechas coloridas num azul e rosa clarinho.
- Pronto!

- Hum, demorou bastante.
- ... Só sete minutos.
- É bastante.
O menor uniu as sobrancelhas e caminhou para fora junto dele, assistindo-o enquanto pegava as chaves do carro, o que levou a si a entender que o restaurante também não era tão próximo. No veículo, o menor colocou o cinto se segurança e sorria feito uma criança no natal.
- O que foi?
- Hum? Nada, só... Animado pra sair.
- Animado? Nunca vi alguém assim quando acaba de acordar.
- É que eu quero muito ir a um encontro com você.
- Hum... É só um jantar, não crie expectativas tão altas.
- Não criei. - Kazuto sorriu.
Ao chegar, Yuuki destravou a porta e saiu do carro, esperando o garoto do lado de fora. Kazuto esperou por um minuto inteiro para saber se ele abriria a porta do carro para si, mas era evidente que não faria aquilo, na verdade, não entendia nem porque ele havia chamado a si para jantar, quer dizer, ele podia sair sozinho se quisesse comer. O restaurante era escondido numa pequena rua, a placa era apagada, mas indicava algum R como letra inicial, nunca havia estado ali, e teve medo na verdade, de entrar no local, mas guiado por ele, sabia que estaria pelo menos seguro.
- É o restaurante de um conhecido, não se preocupe.
- Ah... Mas servem comida humana?
Ao entrar, Yuuki nem precisou responder, o cheiro da carne humana era evidente para Kazuto, assim como o cheiro de sangue, ali dentro serviam comida para vampiros, não para simples humanos, a menos que fosse um canibal, ou que quisesse virar o jantar da noite ao passar pela porta.
- Nossa...
- Escolha a mesa.
- Eu... Podemos sentar no fundo? Não gosto muito de ficar no meio.

Yuuki arqueou uma das sobrancelhas a observar o garoto e assentiu, também escolheria o fundo se acabasse ficando para si. Assim como a porta, ele se sentou em sua própria cadeira e não se importou em puxar a do menor.
- O que é bom pra comer aqui?
- Tudo. Mas o melhor é o coração.
- Não... Acho que eu conseguiria comer isso por hora.

- Hum, frescura.
- Bem, acho que esse prato parece bonito na foto.

O menor sorriu a outro a frente a indicar ao garçom o que iria comer e o viu preencher a taça para si com o vinho e o sangue. Yuuki formulou igualmente o pedido, deixando o servente se retirar dali após o servir das taças acima da mesa, o qual prontamente levou fronte aos lábios a provar a bebida.
- Acho que um pouco de vinho não faz mal, não é? - O menor falou baixo.
- Você é morto, o bebê é morto, bêbado ele não vai nascer.
Kazuto uniu as sobrancelhas e assentiu, pegando a taça a beber alguns goles da bebida.
- Ainda assim, terá que visitar o médico.
- Tudo bem. Você vai comigo?
Yuuki afirmou num maneio da cabeça, a mais um gole de vinho, o menor sorriu.
- Quando vamos poder saber que sexo tem?
- Isso já é como uma gravidez normal.
- Ah, então vai demorar...
- Depende do tempo que está agora.
- Acho que uns dois meses.
- No próximo mês, caso esteja correto.
- Hai. - Sorriu.
- No entanto sua barriga não parece muito grande.
- Eu não sou muito grande.
- Mas você ficou uma bola com Suzuya.
- Mas... Ainda é cedo. E pare de me chamar de bola.
- Ovo então.
- Também não.
- Codorna.
- Não!
- Hum... Pato.
- Yuuki!
- Sim?
- É nosso encontro, quer parar de me chamar de qualquer coisa oval ou circular ou seja lá o que for?
- Hum... Não quero.
- Por mim.
Yuuki o observou e logo voltou-se ao jantar servido, dada em seguida a retirada do serviçal que se pôs alguns metros distante, suficiente a ser chamado outra vez. O menor desviou o olhar a refeição posta em frente a si e a enorme quantidade de sangue, ponderou por alguns instantes se era seguro comer, por ser um humano antes. O maior buscou o talher à mesa, degustando o início da refeição.
- Se eu fosse humano isso me daria um nojo... 
Kazuto murmurou e riu, buscando o pequeno pedaço de carne com o talher e levou aos lábios.
- Obviamente. Mas você não é, e ainda está carregando um alguém dentro de você.
- Como quer chamá-lo? - O menor sorriu.
- Não sei. Não sabe se é menino outra vez.
- Mas não tem algo em mente?
- Não realmente. Eu na verdade, nunca ponderei que teria filhos para escolher nomes.
O menor o observou por alguns instantes e desviou o olhar ao prato.
- Espero que seja uma menina.
- Por quê?
- Porque aí seria um casal com o Suzuya.
- E você quer ter um casal de filhos?
- N-Não dessa forma...
Yuuki riu num sopro nasal e o menor sorriu meio de canto.
- Gosto de Alice.
- Hum... Ocidental?
- Arisu?
- É bonito. Mas por quê?
- Ah... País das maravilhas?
Yuuki desviou o olhar ao menor, e tinha a expressão meio indagativa.
- O que?
- Moleque, quão gay você consegue ser ainda?
Kazuto riu e negativou, pegando a taça de vinho em meio aos dedos e o maior pegou a dele igualmente, batendo suavemente contra a taça do menor.

- Parabéns...
Por um momento, o menor fitou o rosto dele, sem saber o que dizer, se retribuía alguma fala ou apenas se mantinha em silêncio. Naquele instante ele entendeu que aquilo na verdade não era só um jantar qualquer, não era como se Yuuki só estivesse com fome, ele estava buscando comemorar, ou se redimir sobre sua postura no dia anterior e aquilo era com certeza um enorme progresso. Kazuto sorriu, suave e assentiu, guiando a taça aos lábios a beber alguns goles do vinho.
- ... Obrigado, Yuuki... 
Nós vamos chegar em casa e transar de novo?
- Como eu vou saber?
- É isso que fazem nos encontros.
- Você parece uma criança num parque de diversões.
- Mas é isso que os casais fazem...
- E você quer igual?
- Claro.
- Então não está é só o que os casais fazem.
- Mas não podemos fazer igual?
- Não disse que não faríamos.

O menor sorriu.

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