Masashi e Katsuragi #11


Masashi observou seus olhos fechados. Ele dormia feito pedra durante o dia. Embora já houvesse se acostumado, ainda tinha alguns problemas de sono no período, sempre acordava pelo menos uma vez ao dia. E estava sempre silencioso lá fora, exceto pelas cozinheiros ou faxineiras do bordel, mas eram igualmente bem silenciosas. Seus cabelos formaram nós, bagunçados, mas facilmente desfeitos. O rosto amarrotado contra o travesseiro, não parecia menos bonito assim. Parecia tão adulto, e achava aquele detalhe excitante. Transava com um homem mais velho, e não pertencia a ele, ele pertencia a si. Riu entre dentes ao pensar sobre isso, mas ainda baixo. E arteiro, virou-se à almofadinha de agulhas espetadas próximo a sua cama, causando um furinho no dedo e deixou a gotícula de sangue exalar o cheiro, e que para ele, era aguçado. Aproximou-o de seus lábios e sujou-os como a tinta que usava para maquiagem e na menção de acordá-lo, logo escondeu a mão abaixo da coberta e caiu com o rosto no travesseiro, fingiu dormir.
Katsuragi aspirou algumas vezes o ar, como um cachorrinho farejando comida e abriu os olhos rapidamente, observando o local, a ele que dormia e uniu as sobrancelhas, confuso, estava com uma enorme dor de cabeça, e deslizou uma das mãos pela face, tentando amenizar, embora ainda atento, achando estranho o cheiro de sangue que exalava do local, talvez ele houvesse se machucado enquanto dormia, não sabia.
- Masashi? - Falou com ele, cutucando-o.
O menor revirou-se pela cama, fingindo ainda dormir e esfregou a face no travesseiro, escondendo-se entre os cabelos igualmente bagunçados. 
- M-Masashi... Ah... 
O maior murmurou e guiou a mão até a cabeça novamente, piscando algumas vezes, de fato a visão apurada era péssima com a ressaca.
- Droga...
Masashi ergueu suavemente o rosto, fitando-o entre os fios da franja em frente aos olhos. Katsuragi desviou o olhar a ele.
- Ah! Sabia que você estava acordado!
O menor riu baixinho, quase sem som, abafado pelo travesseiro contra o queixo e lábios. O que denunciava o riso era os olhos repuxados e estreitinhos. 
- Pode levantar, já vi que está acordado, bonitinho!
- Levantar? Por quê?
- Porque sim... Nossa como minha cabeça dói. O que aconteceu?
- Você só bebeu demais por estar louco de ciúme de mim. - Disse e sorriu.
- O que? Desde quando?
- Não finja não saber. Bobo.
Katsuragi arqueou uma das sobrancelhas.
- Dessa parte eu lembro.
- Me pediu em casamento... Esqueceu?
- O que?!
- Você é um idiota mesmo...
- Eu sou? O que eu fiz?
- Esqueceu o que me propôs.
- Não, claro que não...
- Então lembra que pediu?
- Lembro...
- O que pediu?
- Você em casamento...
Masashi sorriu a ele, com os dentes e ajeitou-se, abraçando-o. Era realmente fofo, pensou consigo. Katsuragi retribuiu o abraço e uniu as sobrancelhas, apertando-o sutilmente entre os braços.
- Mentiroso. - Masashi riu e beijou seus lábios. - Você nem me pediu em casamento.
- Ah, graças a Deus.
- É. - Riu.
O maior riu baixinho.
- Que dor.
- Hum, então você fica de ressaca?
- Ora, todo mundo fica.
- Ah, não sei, você não é humano.
- Fico, pior que fico.
- E com amnésia conveniente também. - Masashi deslizou a mão em seus cabelos longos.
- Não, sério, eu não me lembro.
- Ah, então ta bem. Eu vou voltar para o quarto, hoje vou me preparar para debutar para os clientes.
- Não, não vai!
- Por que não?
- Porque não, mato você antes.
- Mata mesmo?
- Mato.
- Mentiroso.
- Não sou.
- Possessivo.
- Eu sou.
- Quer um remédio? 
O menor indagou e se voltou ao moreno, tocando-o na testa, acariciando-o. Katsuragi sorriu a ele.
- Está muito carinhoso comigo hoje, aconteceu algo?
- Só achei fofo seu ciúme ontem.
O maior sorriu a ele e beijou-o no rosto.
- Fizemos amor, eu me lembro disso.
- Bem, pelo menos a dor nos quadris te faria lembrar.
Katsuragi sorriu.
- Pra te dizer a verdade, estou é com dor por dentro... Preciso de sangue.
- Dentro?
- Uhum... Lá atrás.
- Hum... E agora?
- Preciso de sangue.
- Hum... Eu preciso chamar o garoto?
- Não o mordo mais.
- Hum... Adotou como filho? - Riu sem altura.
- Sim.
- Hum... Virou mamãe.
- Você é a mamãe. Quer o café?
- Não sou mãe.
- É sim.
- Você é a mãe. Sou seu homem.
- M-Meu?
- Sou, não sou?
- É... Eu... Só estou estranhando esse... Modo de você falar.
- Que modo? - Masashi ajeitou-se na cama, fitando-o.
- Carinhoso e fofo.
- É, talvez eu esteja um pouco exagerado.
- Não pare.
O menor fitou-o sem responder, mas deu-lhe uma piscadela. Katsuragi riu baixinho e chamou o garotinho, que dormia no quarto ao lado e correu para atender o chamado.
- Kaito, traga o café pra gente, por favor.
- Não precisava acordá-lo, eu posso fazer isso.
- Tudo bem, ele tratá.
Masashi assentiu e sentou-se na cama, penteando os cabelos com os dedos. O outro sorriu a ele.
- Na cômoda tem uma escova, pequeno.
- Já arrumei. 
O menor disse e mostrou a ele, ajeitando por último a franja, acima dos olhos estreitos pelo sono recente. Katsuragi sorriu novamente e logo viu o pequenininho adentrar o quarto trazendo consigo a bandeja com uma garrafa e uma taça para si e para ele, pão, geleia ou manteiga, morangos, creme e alguns docinhos típicos, claro que dos mais caros, havia pedido que comprassem para ele no dia anterior.
- Hum, hum.
- Ah... Mas quanta coisa. 
Masashi disse, observando a seleção de alimentos sobre a bandeja. E antes que o garoto saísse, lhe deu alguns dos docinhos e viu-o sair com a bochecha cheinha e boca ocupada enquanto comia. Mas serviu-se logo deliberadamente de chá verde com limão. 
- Hum... Saboroso.
- Gostou? Eu escolhi pra você.
- Como você me vê, Katsuragi? 
O menor indagou a ele e descansou o chá sobre a bandeja.
- Como meu menino.
- Um filho? 
Masashi perguntou e fuçou na seleção até escolher algum deles. Optou pelo pão com a manteiga.
- Não, um marido talvez. Eu não dormiria com o meu filho.
- Mas diz que sou seu "menino" soa como se eu fosse um garotinho.
- O que tem? Posso ter um marido mais novo, ora.
- Não sou um menino, sou um homem.
- Hum, quantos anos tem?
- Já te falei minha idade.
- Fala de novo.
- Se esqueceu?
- Eu estou com dor de cabeça.
- Tome remédio. 
Masashi retrucou e mordeu do pão, mastigando-o devagar. Já previa sua resposta a partir da própria. O maior estreitou os olhos.
- Diga!
- Não.
- Tsc. 
Katsuagi pegou a garrafa de vidro e serviu na taça boa quantidade do líquido, bebendo um gole. Masashi mordeu mais um pedaço do pão e abandonou-o então. Mais um gole do chá morno e descansou o recipiente na bandeja outra vez. Observou o morango e comeu uma das frutas, sentindo vontade de saborear algo azedo. 
- Qual é sua fruta favorita? 
O maior murmurou e até a voz parecia mais bonita depois de beber o sangue, os olhos bem vermelhos em coloração e o tom mais corado da pele.
- Gosto de frutas cítricas. 
Disse o menor e fitou, notando sua vitalidade renovada pela bebida.
- Hum, kiwi?
- Gosto. 
Masashi disse e pegou um dos morangos e com creme, ofereceu-o ao vampiro que aceitou e sorriu a ele em seguida.
- Hum...
- Parece que acresceu um gosto pessoal ao desjejum.
- É a minha fruta favorita.
- Morango?
- Uhum.
- Gosto com açúcar. Prefiro abacaxi.
- Hum, abacaxi é gostoso, embora difícil de achar. - Sorriu. - Eu gosto de uma fruta muito mais difícil de achar por aqui.
- Qual?
- Manga, só cultivam em países tropicais, então.
- Que nome feio. 
Masashi limpou o pouco do creme que restou em seus lábios e lambeu o dedo com o resquício. Katsuragi riu baixinho e deslizou a língua pelos lábios dele.
- Você é uma delícia.
- Colocar esse creme em você e chupar.
Katsuragi arqueou uma das sobrancelhas.
- Olha aí, quem está mostrando os dentes.
- Eh?
- Você sendo pervertidinho.
- Você gosta de salientar minhas atitudes?
- Adoro quando é pervertido.
- Pervertido, carinhoso...
- Gosto de tudo.
Masashi bebeu o restante do chá e tirou a refeição, deixando-a de lado. 
-  O que você não gosta?
- Bom, várias coisas, mas em você nada.
- Você é gay ou tem interesse em mulheres? 
O menor indagou numa repentina curiosidade.
- Nunca fiquei com nenhuma mulher.
- Hey, - Sorriu a ele. - Me mostra o que sabe, hum. Fala algo pervertido pra mim.
- Eu não sei nada. - Resmungou.
- Sabe sim.
- Não sei. Me diz você.
- Ah, perguntei primeiro.
- Eu não sei...
- Acabou de me falar uma.
- Mas eu falei o que queria fazer.
- Então me diz, me diz onde quer meter o pau. - Katsuragi sorriu a ele.
Masashi fitou-o de olhos bem abertos e o maior riu baixinho.
- Aonde você quer que eu coloque ele?
- Ah, assim não dá.
- Me diz você. Me ensine.
O maior sorriu a ele.
- Na minha bunda.
- Só colocar?
- Não. Claro que quero que mexa. Mas quero ouvir você dizer.
- Mexer como? Como você gosta?
- Hum, eu gosto forte.
- Gosta de tapas?
- Uhum.
- O que mais?
- Hum... Gosto quando toca meus mamilos, você é bom nisso.
- Hum.. Gosta que os toque? É sensível por aí?
- Uhum... Nas costas também.
- Gosto de costas...
- Gosta?
- Muito.
Katsuragi sorriu.
- Nossa primeira vez foi parcialmente de costas.

- Gosto da sua. - Masashi falou baixinho, pra ele.
- Hum... Bem, precisamos levantar, mas eu quero saber mais sobre isso mais tarde, pense bem no que gosta, e depois me diga.
Masashi sorriu e assentiu a ele.
- Tudo bem...
- Isso, sua lição de casa.

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