Kyo e Shinya #44


Shinya abriu os olhos, devagar ao ouvir barulho dentro do quarto e observou o outro ao lado de si, já com a filha arrumadinha e quentinha em seus cobertores. Sorriu fraquinho e esfregou os olhos.
- Bom dia...
- Bom dia, bela adormecida. 
Kyo disse, soando rouco. Havia acordado a pouco também, no entanto havia ressonado a noite toda e acomodou a pequenina, acordada, mas de olhos fechados, no cobertor felpudo, macio e branco.
- Está com fome?
- Um pouco...
- O que quer comer?
- Yakissoba. - Shinya riu baixinho.
- A essa hora? O bebê já nasceu.
- Eu sei... 
- Quer mesmo yakissoba?
- Pode ser outra coisa..
- Não quer o yakissoba?
- Quero, mas deve ser difícil arranjar essa hora, não quero dar problema pra você.
- Existem restaurantes chineses abertos a essa hora.
Shinya riu baixinho.
- Desculpe.
- Viu quem está aqui?
- Nosso bebezinho... - Sorriu. - Você deu a mamadeira pra ela?
- As enfermeiras já trouxeram ela alimentada.
- Ah...
- É, ela tomou com outra pessoa. Estranho. Mas está bem animadinha aparentemente.
Shinya riu baixinho.
- Está segurando sua mão.
- Grudou feito aqueles brinquedinhos de por na roupa.
- E a mãozinha dela é tão pequenininha.
- Assim como todo o restante.
- Puxou o pai. - Shinya riu baixinho. - Brincadeira, não me bate.
- Nem tudo é pequeno nesse pai. - Disse, de olhos estreitos.
- Hum. Quero você na cama com aquela roupa de médico. 
- Qualé do fetiche com a roupa de médico, hum?
- Ah, é que você ficou tão lindo.
- Sei.
O maior riu.
- Não vai lembrar do parto se me vir com uma roupa dessas?
- Não. 
- Espero que não mesmo... Em poucos dias, vamos poder levar ela pra casa, e vamos poder voltar a fazer tudo normalmente.
- Por hora, eu me contento em ver ela no seu colo, é uma visão tão boa. 
O baterista sorriu, deslizando uma das mãos pela coxa do namorado. Kyo sorriu em retribuição, um pequeno sorriso sem expor os dentes.



Shinya adentrou o quarto da pequena e levava consigo o cobertorzinho dela, com ela enrolada nele. Colocou-a no berço macio e confortável, cobrindo-a com mais um dos cobertores já que do lado de fora nevava, havia levado a filha para casa algum tempo depois, e gostava de poder estar ali no quartinho dela, ponderando como seria daquele dia em diante.
- Corujinha, já deu a mamadeira dela?
- Dei sim. 
- Por isso está quietinha assim.
- Está com soninho.
Kyo sorriu a ele e a ela. 
- O que quer agora? Cama ou café?
- Eu queria você e a cama, mas não posso e seria maldade, você está cansado. Eu faço café pra você já que tirei o seu de manhã.
- Não é necessário, estou bem.
- Eu faço sim.
- Eu farei o seu.
- Ta bem... Hoje não posso fazer o seu.
- Isso. Hoje fica tranquilo, ainda precisa se recuperar.
Shinya sorriu e assentiu. No quarto, observou a cama dele, havia sido perfeitamente alinhada pela serviçal, já que o namorado não teria tempo para fazer aquilo. Era engraçado pensar naquilo, estar em casa depois daqueles dias. O hospital era sempre tão frio, tão branco, limpo demais, já estivera lá em outras situações, até mesmo por causa dele quando não estivera em bons momentos, e por isso, não era um lugar que gostava de estar, ou de voltar. Ao se deitar, sentiu a maciez do colchão abaixo de si e teve de suspirar, a roupa já era leve, não era autorizado a usar nada realmente apertado no hospital e por isso pôde se cobrir e descansar, sabendo que tinha ele e ela em casa, e que ela dormia tranquila em sua cama. 
- Pronto, chá verde com gengibre.
- Hum... Você sabe o que eu gosto.
Kyo sorriu e ajeitou-se ao lado dele na cama, cobrindo-se, e suspirou assim como ele.
- Nossa...
- É bom não é? - Shinya riu.
- Não aguentava mais dormir naquela cadeira, minhas costas estavam se tornando um S.
O baterista riu novamente.
- Obrigado por ter ficado comigo, Kyo.
- Como não ficaria? ... Quer dizer, você, nossa filha, eu precisava cuidar de vocês.
Shinya sorriu, deixando o chá aquecer as mãos. 
- Me sinto tão feliz agora em casa, sem nenhum problema... É como uma calmaria depois da tempestade, quase como se pudesse respirar um ar novo.
Kyo desviou o olhar a ele e sorriu meio de canto, imaginava que ele estivesse falando de outras coisas e não só do nascimento da filha.
- Sim... Agora será diferente provavelmente, mas não menos agradável.
- Bem... Por hora eu posso pelo menos aproveitar nossa cama macia, antes que ela comece a chorar por cólica.
Kyo deu um risinho.
- Eu irei.
- Não precisa, você já ficou noites demais sem dormir.
- Não se preocupe, eu irei mesmo, gosto de ficar com ela. Quer dizer... Gosto de olhar pra ela.
Shinya desviou o olhar a ele e num sorriso, deu um pequeno beijo no rosto dele.
- Tudo bem, você pode ir, mas agora, descanse um pouco.

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