Ritsu e Etsuo #14


Ritsu voltou para cama um pouco depois, levando consigo o chá do irmão, feito pelo pai, era floral embora o tom vermelho não se desse pelas pétalas usadas por ele. Para si um pouco de matte natural, não sem antes ajudar a mãe a entrar no quarto junto do café da manhã que levava para o pai ainda deitado, em uma bandeja. Observou o moreno que ainda dormia, bem largado sobre a própria cama, não entendia como o pai não dizia nada sobre o fato de que ele sempre dormia fora de seu quarto. E desde o que fizeram, não falaram sobre, mas era bem o que pensava toda vez que olhava para o corpo do mais velho. Sentou-se na cama, e se cobriu após deixar de lado a bebida que não se demorou a ter de volta. Abaixou-se, beijando o pescoço do moreno e deu uma mordidinha em sua pele. 
- Etsuo.
Etsuo suspirou e de fato, estava absorto no sono, sonhava longe e com ele, claro, ele era a única coisa que conseguia pensar e sonhar, todo o tempo desde que havia se declarado a ele. Moveu-se devagar, piscando algumas vezes ao sentir a mordida e resmungou, baixinho a desviar o olhar ao irmão, observando-o ali e o cheirinho gostoso de chá o acompanhava.
- ... Ohayou... 
Murmurou, e virou-se devagar, visto que ainda sentia o corpo dolorido.
- Não é bem manhã, mas ohayo. - Disse o menor, baixo e esperou-o se sentar para entregar-lhe o chá. - Aqui, mamãe fez pra você.
Etsuo sentou-se na cama, devagar e observou o chá, assentindo.
- Tem sangue?
- Sim, pela cor eu acho que sim. 
Ritsu disse e deslizou uma das mãos, já desocupada, em seus cabelos escuros, próximo a orelha, onde encaixou a mecha. O moreno sorriu a ele meio de canto, e estava silencioso no dia anterior, nesse também, não sabia como lidar com aquilo tudo, talvez houvesse se tornado um fraco? Não sabia dizer. Suspirou e bebeu um gole do chá, sentindo-se um pouco melhor.
- Quer comer alguma coisa? 
Ritsu indagou ao moreno, e percebia-o desajeitado, provavelmente desconfortável com a situação. Mas havia gostado apesar de tudo, porque havia pensado nisso naquele dia. Será que o beijo íntimo havia sido a ele muito excitante? Pensou e quis sorrir achando graça, porém não fez. Na verdade porém, não o havia visto demonstrar muito interesse naquilo, havia atingido o clímax, mas nada que dissesse evidentemente que havia gostado, provavelmente não era bom fazendo aquilo.
Etsuo bebeu outro gole e outro, e só parou quando finalizou a xícara, no dia anterior não havia tomado sangue, queria sentir-se como o irmão se sentia, saber porque era tão ruim a ponto dele recusar a si um dia após, e de fato, era dolorido mesmo. Esperava que daquele forma, ele não procurasse outro garoto, mas se perguntava silenciosamente se seria somente uma vez ou se teriam próximas.
- Comer? Acho que sim.
- Mamãe fez panqueca doce, você quer? Ele levou pro papai. - Sorriu. - Foi todo cuidadoso com a bandeja maior que ele.
Etsuo sorriu.
- Que bonitinho. Quero sim.

- Você está bem? Parece desanimado.
- Estou sim, um pouco... Mexido.
- Mexido? - Ritsu arqueou a sobrancelha, sem entender o termo.
- É complicado.
- Ainda está com raiva por causa do Shiro?
- Um pouco.
- É só um colega, Etsuo.
- ... Eu sei.
- Então...?

- É complicado. - Riu ao dizer de novo. - ... Você gostou?
- O meu não era igual o seu. O meu é matte.
- Não estou falando do chá.
- Então?
- Do que fizemos... Antes de ontem.
Ritsu fitou o irmão e bem, não teria entendido se não estivesse pensando sobre isso, se não houvesse deixado de falar sobre isso antes. Assentiu com a cabeça. 
- Sim, você não?
- ... Sim. 
Etsuo murmurou e desviou o olhar, num suspiro, estava aliviado por ter falado.
- Gostou? 
O menor disse e embora fosse sutil naturalmente em se expressar, podia se notar alguma surpresa na resposta. 
- Gostei. - O moreno desviou o olhar a ele.
- Então por que parece que não?
- Porque eu tenho vergonha de ter gostado.
- Por quê?
- Porque não é algo que eu costumo fazer.
- Também não era algo que eu pensava em fazer.
- ... - Etsuo desviou o olhar a ele. - Você... Queria ser ativo?
- Bom, é natural que se pense que será... Sou um menino.
- Hum... Desculpe.
- Não estou reclamando, só estou dizendo que não é porque nunca fez, que precisa ter vergonha de gostar. 
Ritsu deixou de lado a xícara com o chá, que diferentemente do irmão, não havia tomado ainda. 
- Gosto de fazer.
- Tudo bem, eu entendo se não gostar. Você me recusa tanto.
- Não recuso você. Gosto de transar com você.
- Mas várias vezes me diz que não quer.
- É porque você quer na escola...
- Claro, você fica de shortinho e com aquele uniforme colado... Como não iria querer? Aliás, você respira demais na escola, isso me faz ficar ereto.
- Eu estava com aquela roupa porque peguei emprestado, não é como se eu quisesse ficar marcando as coisas.
Etsuo riu e assentiu.
- Hum, sei. De qualquer forma, quando quiser... É só... Me pedir.
Ritsu assentiu e sorriu a ele, acariciando novamente seus cabelos negros, notando como seu humor parecia um pouco melhor. Entendera como se falasse de ter sexo com ele, como normalmente faziam, não como se pudesse toma-lo outra vez. O moreno sorriu a ele, meio de canto, esperando que houvesse entendido e deslizou uma das mãos por sua face, puxando-o para si e beijou-o no rosto.

Compartilhe:

DEIXE UM COMENTÁRIO

    Blogger Comment

0 comentários:

Postar um comentário