Izumi e Tsubaki #8


Izumi segurou firmemente a mão do pequeno, que puxava a si, animado com o caminho que faziam a pé, era evidente que a vida havia melhorado quase absurdamente, até as roupas agora eram mais detalhadas, as do pequeno, que nunca pôde comprar, eram quentes e agora ele tinha um saquinho de pipoca em uma das mãos, que havia comprado próximo do local, coisa que meses atrás, nem poderia dar a ele.
- Calma Hasu... Já vamos chegar.

- Vamos encontrar o Tsubaki lá?
- Vamos sim. Ta vendo ali? - Apontou. - É nossa casa nova.
- Eh?! Mas grande desse jeito?! Eu vou ter um quarto só pra mim, mamãe?
- Vai sim!
Tsubaki havia combinado de encontrar o rapaz em seu dia de folga, o plano inicial vazia parte de uma simples caminhada na feira, mas que agora mudava a rota. Após tomar o veículo seguiu rumo ao endereço indicado e não se demorou pelo trânsito para que chegasse lá, não muito distante da cafeteria, uma boa região. Ao chegar, não havia visto o rapaz, no entanto, deixou o carro e por ele se encostou enquanto fitava os arredores, esperando-o chegar. - Olha lá o "Tubaki"!
- Hasu!
Izumi falou alto, vendo o filho correr em direção ao outro ali parado e só cessou os passos mais rápidos quando o viu abraçar o maior em suas pernas.

- Oi!
Tsubaki ouviu-o chamar e virou-se a direção quando já era tarde, sentia o abraço firme na perna. E voltou-se para baixo, observando aquela coisa pequenina.
- Oi, tudo bem? - Disse ao sorrir inevitavelmente e puxou-o para o colo.

- Claro que eu tô bem, mamãe falou pra você? Eu vou ter uma cama só minha!
- Hasu...
O loiro falou a alcançá-los e sorriu ao maior, meio de canto, de fato ainda estava envergonhado pelo último encontro que tiveram em sua sala.

- Ora, não gostava de dormir com o seu papai?
O moreno indagou e nunca sabia exatamente como se referir ao rapaz, se era pai, se era mãe. Talvez pãe. Izumi s
orriu meio de canto a observar o pequenininho.
- Eu gosto de privacidade.
- Você nem sabe o que essa palavra significa, Hasu.
- Ah é? E pra que você precisa de privacidade?
Tsubaki indagou e por fim cumprimentou seu pai com uma piscadela breve.

- ... Pra... Pra... Pra ficar na privaci...dade ué.
- E pra quê? - Insistiu, provocando o pequenino.
- Ora essa. Porque sim.
Izumi riu e negativou, acariciando os cabelos do filho.
- Nós vamos comer takoyaki mamãe?
- Hai, se você quiser vamos sim.
- Ah, mas eu quero saber, quero saber o que faz pra eu fazer igual. - Disse o moreno a ele e notou a pergunta na tentativa de desviar o assunto. - Você gosta de polvo, hum?
- Eu fico sozinho, ué. Gosto sim, muito!
- Se gosta de ficar sozinho por que não queria sua mãe, pai, trabalhando, hum? Por que veio aqui, podia ter ficado sozinho então.
- Não... Não queria me ver?
- Claro que eu queria, pãozinho com queijo.
Izumi sorriu ao pequeno e o viu sorrir de mesmo modo, abraçando o outro.
- Você me deu cupcake. Obrigado!
Tsubaki sentiu o abraço apertado no pescoço, e com a face o contato da sua bochecha macia.
- O cupcake que você desenhou. Estava gostoso?

- Estava uma delícia! Mamãe comeu um pedacinho também.
- Hum, se continuar bonzinho eu logo te mando algum outro docinho. Aliás, se for bonzinho eu te dou um bolo no seu aniversário, quando será?

- Um bolo inteiro? Só meu?! Mamãe, você ouviu?!
Izumi riu baixinho.
- Hai, claro que ouvi!

- É no mês que vem. Faço dia vinte!
- Só seu, mas aí tem que dividir com a sua mamãe.
- Eu dou um pedacinho pra ele.
- Só um pedacinho é?

- Não, tem que comer juntos. - Disse o moreno.
- Ta bom.
- Vamos ver a casa? - Izumi riu.- Vamos! - O pequeno gritou.
- Hum, vamos ver sua casinha nova? - Perguntou o moreno.

- Vamos lá.
Tsubaki disse dessa vez a seu pai, esperando o caminho ser guiado por ele. Não entendia bem porque queria mostrar aquilo a si, porém imaginava que queria alguém com quem compartilhar, ou quem sabe provar que estava se estabelecendo para seu chefe. Ou talvez simplesmente sair com o homem o qual quis beijar noutro dia, durante seu horário de serviço. Ao pensar sobre isso teve de suspirar.

Izumi assentiu e seguiu junto dele para dentro da casa. Mostrou os cômodos, a cozinha, a sala, já decoradas, claro, a casa era alugada e logo subiu ao quarto, sabendo que o menorzinho iria reagir de forma histérica.
- Ali, é o seu quarto, Hasu.

O moreno seguiu com eles, pelos cômodos já decorados, era delicado e bem organizado, combinava com ele.
- Não vale gritar no ouvido, tudo bem?
Disse, notando a empolgação do pequenino diante do anúncio. 

- Vamos, vamos, vamos!
Izumi riu baixinho e havia decorado o quarto dele, claro que dentro do possível e tudo tinha aquele clima marinho, azulzinho que ele gostava.
- Ah meu Deus! Ah! É o mar?
- É sim. - Sorriu.
- Hum, vai ser marinheiro? - Tsubaki indagou, fazendo-se de surpreso com seu quarto.
- Claro que não! Mamãe me deixa ser uma sereia!
- Ah... É um tritão.
- Tri o que?
- Tritão, é a versão menino da sereia.
- Ah... Então eu quero ser um tristão mamãe!
Izumi riu e assentiu, acariciando os cabelos loirinhos do pequeno.
- Essa foto é do mar mesmo?!
- É sim...
O loiro murmurou, e não queria dizer ao outro que nunca havia levado o pequeno a praia, mesmo morando numa ilha. Tsubaki s
orriu, observando a conversa dos dois e a empolgação do pequenino com seu quarto.
- Faltam só algumas conchinhas de verdade, hum?

- Hai! Podemos mamãe? Podemos ir a praia? Por favor... Quero ver peixinhos e pisar na areia.
- H-Hai...
- Na praia é difícil de ver os peixinhos. É mais fácil ver nos lagos.
- É? Tem sereias lá?
Izumi desviou o olhar a ele, um olhar suplicante, de que não dissesse a verdade ao pequeno e uniu as sobrancelhas.
- As sereias ficam nos aquários ou no alto mar. - Disse mesmo sem perceber o olhar de seu pai, que após dize-lo, pareceu aliviado. - Então fica difícil de ver as sereias no mar. Mas no aquários é mais fácil.
- Então vamos ao aquário!
- Ah... Mas...
- No dia do aniversário nós vamos.

- Vamos ver uma sereia de verdade?!
- Vamos ver.
Izumi observou-o, quase incrédulo e uniu as sobrancelhas.
- Que foi mamãe?
- Nada...
- Mamãe tem medo de sereias, eu acho.
- H-Hai...
- Não precisa ter medo!
- Vamos ver se não precisa, hum?
- Elas são boazinhas.
- Não sabe, nunca as viu. - Disse o moreno.
- Sei sim, sonhei com elas. - Respondeu o pequeno.
- Ah, então tá bom. Mas me diga, quando vão entrar pra morar? Hoje mesmo? - Disse Tsubaki.
- Hai. Essa será nossa primeira noite. - Izumi sorriu. - Graças a você.
- Graças a mim não, graças a seus serviços.
- Mas nada disso seria possível sem você.
Tsubaki fitou-o por um instante, mas sorriu silencioso.
- Posso te mostrar o meu quarto? 
- Mamãe, tem brinquedos! Olha! Deixa eu descer, deixa!
- Claro, desça, desça.
Disse o moreno após uma ligeira afastada, evitando soar muito estridente aos ouvidos. 
O pequeno sorriu e correu em direção aos brinquedos, os quais mexeu e parecia extremamente animado, afinal nunca havia pego nenhum brinquedo tão grande em mãos. Izumi sorriu a ele e logo estendeu a mão ao outro. Tsubaki observou sua mão estendida e no entanto erguera a própria, indicando a ele a passagem à saída do quarto enfeitado de seu filho. O loiro seguiu com ele para o outro quarto e ao entrar, expôs a própria cama, de casal, embora simples e alguns poucos móveis em madeira escura.
- Hum, bastante prático, não?
Tsubaki indagou, observando a breve decoração dele. De bom gosto, embora não fosse detalhada, sabia que provavelmente havia economizado no seu a fim de prover algo melhor a seu filho. 

- Hai... Eu... Quis deixar o dinheiro pra investir no do Hasu.
O moreno sorriu, não disse nada, havia pensado naquilo mesmo antes de ter falado.
- Com o tempo você pode melhorar sua decoração.

Izumi assentiu e sorriu.
- Gosto de coisas simples...

- Eu também gosto. Deixa o aspecto limpo.
- Que bom que... Que gosta.
Tsubaki sorriu a ele, percebendo consigo o clima estranho. Incrivelmente não detinha muitos assuntos com ele quando estavam sozinhos, e tinha impressão de que o tempo todo ele esperava por algo, um beijo talvez, mas não sabia lidar com aquilo.
Izumi pigarreou, de fato, esperava algo mais dele, algo que nem a si sabia explicar, e vendo-o ali, tinha vontade de tocá-lo, de senti-lo, mas não o fez, somente arrumou uma das mechas de seu cabelo.
- Está elegante hoje... Como sempre.

- Elegante? - O moreno riu, achando graça do termo, imaginava que era nada mais que uma forma engraçada de se expressar diante do constrangimento na situação. - Você é mesmo direto, ainda indiretamente. Ainda com a sua forma tímida. Nunca parou para analisar que sou seu chefe?
- ... Direto? Em apenas elogiar você?
- Não é somente pelo elogio. Mas pela forma como age também. Como eu disse, direto de forma indireta. Mesmo tão menino.
Disse o moreno e por fim deu-lhe um sorriso meio de lado.

- ... Você... Fala do beijo? - Izumi murmurou e desviou o olhar a ele. - Me desculpe, eu não quis...
- Não quis o que?

- Não quis... Fazer algo que não quisesse, eu...
- Não estamos brigando, não tem porque ser tão receoso.
Izumi desviou o olhar a ele, e por um momento sentiu um pequeno arrepio pelo corpo. Estava acostumado a ser sempre rejeitado como qualquer porcaria, jogado fora pelas pessoas, por isso sempre tinha medo de se aproximar de alguém, tinha medo que ele também não quisesse a si.
- ... H-Hai... Desculpe...
Disse o menor e se virou em direção a porta e voltaria ao quarto do filho.
Tsubaki sorriu de canto, mais para si mesmo, ao vê-lo passar quase numa marcha, sentindo-se culpado como sempre fazia. E no momento de descontração com que falava com ele, após passar o tocou no fim de sua coluna, sentindo o osso dorsal num toque breve. O menor sobressaltou-se suavemente com o toque, desviando o olhar a ele e uniu as sobrancelhas.
O riso soou entre os dentes do maior ao vê-lo no sobressalto, subiu rapidamente com os dedos até sua nuca e por fim segurou por trás de seu pescoço, abaixando-se, o qual lhe deu um breve selo, como se fosse um simples beijo na bochecha. No fim dava-lhe o toque simplesmente porque ele parecia uma criança que pedia por isso, então de certa forma não conseguia associar aquilo com alguma malícia. 
Izumi ergueu a face a observá-lo, e fora bem quando recebeu o toque sobre os lábios, sutil, mas prazeroso e sorriu a ele, deslizando uma das mãos lentamente pelo braço dele, até segurar sua mão, onde entrelaçou os dedos e só então notou os olhinhos atrás da porta, apoiado ali, um corpinho a observar a ambos.
- Continuem...
Tsubaki voltou o olhar ao pequenino ao ouvi-lo, sentindo o toque bastante carinhoso de seu pai pelo braço. Imaginava que receberia seu olhar de surpresa ou mesmo uma inexpressão, mas ele era rápido. Já estava com sorriso e entrelace dos dedos, e embora não fosse tão conservador, achava aquele toque parecia coisa de casal.
- Ah, continuem, é?
Disse ao pequenino o qual alcançou brevemente, afagando seus cabelos louros, como os de seu pai. Izumi s
orriu meio de canto, sentindo as bochechas corarem e observou-o a bagunçar os cabelos do pequeno, negativando.
- Falei que você ia ser o meu papai!
- H-Hasui!
- Ah, mas isso não significa que sou seu papai, onde ouviu isso?
Disse o maior, embora não quisesse desapontar o pequeno, queria provoca-lo.

- Em lugar nenhum. Eu só sei.
- Eu sou amigo da sua mamãe.
- Amigo nada, você beijou a mamãe na boca.

- E-Ele é só meu amigo, filho...
O pequenininho fechou a cara, e os olhinhos lacrimejaram, cruzando os bracinhos em frente ao peito.
- Se eu te der um beijinho não vou ser seu amigo mais, ah?
Disse o moreno e apertou a ponta de seu nariz, notando a birra do pequenino, magoado. 

Izumi uniu as sobrancelhas a observá-lo e notou o início de seu choro, que era silencioso ao contrário de crianças de sua idade. Abaixou-se, observando-o com lágrimas no rostinho e negativou.
- Não chore, meu amor.

- Hey, por que está chorando, peixinho?
Tsubaki indagou ao pequeno, consolado por sua mãe, sem entender a insistência do pequenino, que mal sabia sobre relacionamentos. 

- Eu quero que você seja meu papai!
- Ta bom, sou seu papai então.
- Eh? - Disse o pequeno em coro com seu pai.
- Sim, vou ser seu papai.
Disse o maior e fitou o rapaz de soslaio, não entendendo o espanto, afinal, para si parecia óbvio que tentava tranquilizar o pequenino.

- Vai mesmo?
- Vou sim.
O pequeno sorriu e esticou os bracinhos em direção ao outro, pedindo colo. Tsubaki sorriu e por fim soltou a seu pai, que até então acabara deixando as mãos juntas. Pegou-o no colo, como pedira e de alguma forma, havia achado o feito tão gracioso. Os bracinhos do pequeno foram ao redor do pescoço do outro e repousou a cabeça sobre o ombro dele, com um pequeno sorriso nos lábios. Quanto a si, o observava com o pequeno, e claro, se sentia excluído, mas nada disse.
Tsubaki sorriu como ele, por fim rira, achava graça como era fácil deixa-lo feliz. Percebera no entanto o olhar de seu pai, que quase parecia outra criança, sentindo-se excluída. Deu-lhe uma piscadela e puxou-o para perto, dando-lhe o outro ombro.
- Pronto, não tenha ciúme.

Izumi riu baixinho e abraçou-o de mesmo modo, embora fosse o próprio chefe, era também amigo, por isso aceitou o abraço.
- Somos uma família igual aquele comercial de mantega.
Izumi riu.
- Manteiga é?

- De margarina, é sempre margarina que tem uns comerciais assim. - Tsubaki riu.
- Realmente. - Riu.
- A feirinha vai começar, podemos ir?
- Claro, estou com fome. Podemos comer algo quentinho que está frio, hum?
- Claro. Pode me dar licença um segundo Hasui, com... O seu papai.
- Hai... Vou fazer pipi.
- Ta bom. - Izumi sorriu e viu o pequeno correr para fora.
- Ah, vai lá. Limpa a mãozinha depois.
Tsubaki disse após deixar o pequenino seguir pela busca do banheiro. Izumi d
esviou o olhar ao outro, meio de canto e constrangido e por fim abriu um pequeno sorriso.
- Eu... Obrigado por cuidar do Hasu.

- Não cuido, cuidar é o que você faz. - Disse o moreno e deu-lhe um afago nos cabelos.
- Eu... Por favor não pense que minhas intenções são ruins, eu só... Só acho o senhor muito atraente...
Tsubaki riu, achando graça em seu modo tímido.
- Não estou pensando em nada. Embora eu ache estranho ser paquerado... Por um funcionário meu.

- Desculpe... - Riu baixinho. - Sei que.. Sou só um garoto, e homem... Mas... Talvez você tenha uma impressão errada sobre mim, tendo vinte anos e um filho.
- Não tenho uma impressão errada. Imagino que tenha namorado, ido para cama com ele e engravidado.
- F-Foi quase isso... - Izumi murmurou e sorriu, meio de canto.
- Por que quase?
- Eu não queria fazer... - Murmurou.
- Hum, não era seu namorado?
- Ele era. - Sorriu meio sem graça.
- Entendo. É complicado. - Disse, sem saber o que dizer.
- Tudo bem... Já foi.
- Pelo menos deixou algo incrível pra você.

Izumi sorriu meio de canto.
- Parece que... A vida sempre esteve contra mim até agora não? Mas... Parece estar dando tudo certo porque eu tenho um anjo nela agora.

- Vida? Sua vida está começando. Provavelmente parece muito mais pelo fato de ter enfrentado dificuldades, mas é novo. Veja pelo lado bom, quando ele estiver na idade de passear, sair, você ainda terá idade de ir com ele.
- É, isso é bom. - Sorriu.
- Vamos até a feira, hum? Vamos comer alguma coisa. Depois falamos sobre as sereias dele.
- Ta bem. Vamos. - Riu.
- E sobre os cuidados com ele, quem está tomando conta durante o serviço?
- A família de um amigo da fábrica.
- Não tentou encontrar alguém que possa fazer isso?
- Ah hai, eu vou... Contratar uma babá enquanto ele não pode entrar numa escolinha.
- Mas imagino que estar entre pessoas que conheça seja melhor, ainda assim, depois da mudança...
- Hai, nós vamos nos ajeitar aos poucos.
- Sabe que se precisar deixar ele no escritório, você pode.
- Hai, mas... Ele é pequeno, corre, faz bagunça...
- Ele não é bagunceiro. Nada que um chocolate quente ou chá e um docinho não façam.
Izumi riu baixinho e assentiu.
- Falando nisso, cadê ele?

- Deve estar no banheiro, ou procurando ele.
O loiro riu baixinho e seguiu em direção à saída, porém antes de sair, virou-se rapidamente e lhe selou os lábios, um beijo roubado e tímido, afastou-se dele.

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