Broken Hearts #17


Ao vê-lo se aproximar, Yori uniu as sobrancelhas e segurou-se nele, firmemente, sentindo as nádegas doloridas conforme fora sentado em seu braço. 
- Não! Hideki... Não me machuca...
- Não vou machucar você, se você não me aborrecer.
Disse o maior e ergueu o rosto a fita-lo no nível que o rosto estava. Yori observou-o silencioso, piscava um pouco pesado, dolorido pelas nádegas machucadas.
- ... O que quer que eu faça?
- Nada. Só pare de resmungar. Eu nem sei o que você andou fazendo com a sua bunda, porque não bati nela desse jeito.
- ... Não bateu? Olhe pra elas, você me deu um soco nelas!
- Talvez eu estivesse muito empolgado.
O loiro uniu as sobrancelhas. 
- Talvez estivesse, enquanto me estuprava e filmava.
- Eu não te estuprei, eu disciplinei.
O menor estreitou os olhos, ele era como uma criança birrenta, não admitiria que fez alguma coisa, ele era grosseiro, mas naquele dia estava disposto a dar o que ele queria, sabia que era uma data especial.
- Vamos, o que você quer de mim?
- Nada específico. Só estou convivendo.
O menor arqueou uma das sobrancelhas.
- ... Não quer mais fazer sexo comigo?
- Eu quero, mas não vou fazer.
- Então me deixe ir.
- Você quer ir, é?
- Me mandou sair.
- Mas segurei, tão logo mudei de ideia. Agora você está pedindo, estou perguntando se quer ir.
Yori uniu as sobrancelhas. 
- Não, não quero.
- É mesmo, hum?
- Não quero. 
O loiro disse, tinha os próprios motivos, queria ir até a própria casa buscar algumas coisas, também havia o fato de que a própria cama no quarto de baixo era dura e passava frio, mas não diria a ele.
- Hum. 
Hideki assentiu e o abaixou, pouco, apenas o suficiente para selar seus lábios com certa cortesia, queria trata-lo um pouco melhor, ainda que tivesse certos impulsos. Yori observou-o perto de si e assustou-se sutilmente conforme sentiu o toque de e lábios, não estava preparado para aquilo. Devagar, deslizou os braços ao redor do pescoço dele, abraçando-o e apertou-o firme, o quanto o corpo dolorido podia suportar, ele era a única pessoa viva que gostava de si naquele momento.
- ... Feliz aniversário.
Hideki sentiu seus braços quentes em torno do pescoço, criando seu abraço que parecia para si, frouxo, ainda que para ele fosse firme. Ao observa-lo de volta, assentiu no que dizia. 
- Hum. - Era um agradecimento.
Yori sorriu meio de canto. 
- ... Podemos buscar seu presente?
- Eu não preciso de presentes, sei que você não quer verdadeiramente me agradar. - Sorriu ingracioso. - Não sou tão ingênuo assim.
- Pedi que fosse comigo até minha casa pra buscar algumas coisas, e quero achar um presente por lá.
- Hum. Certo.
O menor sorriu. 
- Pode me arrumar alguma roupa quente? Eu só... Tenho roupas curtas e está nevando lá fora.
Hideki pensou sobre aquilo, sobre roupas de frio que lhe fossem do tamanho. Havia providenciado algumas, já havia pedido por elas na verdade. Ao seguir e deixá-lo na cama, colocando de volta por lá, abriu a porta e chamou pela serviçal, mas claro, algo na frente escondeu sob a mão, ainda que não fossem muito eficiente. 
Yori sorriu a ele conforme fora colocado na cama macia e ao receber a roupa, levantou-se e retirou o pijama, substituindo pela calça e camisa de manga comprida, e também o casaco peludo e grosso. Era agradável.
O maior agradeceu a ela e voltou ao quarto onde passou a se vestir como ele. Calça, camisa e um casaco sem qualquer necessidade de calor de fato, portanto não teria todo o volume que tinha o dele. Ao se virar, Yori viu-o com suas roupas diferentes, e sorriu meio de canto, ele era bonito, não podia negar isso. 
- ... Haiiro vai ficar bem?
- Certamente, você volta pra cuidar dele afinal, ah?
- Hai... Deixa ele dormindo aqui no quarto... Ele parece tão quentinho...
- Ele pode ficar. Você está quente agora?
Yori assentiu e sorriu a ele. 
- Estou pronto.
- Certo. Vamos para o carro.
O menor novamente assentiu e com ele seguiu devagar pela casa, era a primeira vez que saía com a autorização dele, e por isso estava amedrontado.
- Esse lugar é um pouco longe de tudo, você deve saber se tentar correr.
Hideki disse e por fim indicou o veículo, onde o guiou enquanto tocava seu ombro. Yori desviou o olhar a ele. 
- Eu não vou correr. 
O loiro disse e adentrou o carro como indicado, já havia tentado aquilo antes e sabia que não iria funcionar, ele sempre conseguia alcançar a si, também não queria, queria realmente ir em casa para buscar as próprias coisas.
- Terá alguém em sua casa? 
Hideki perguntiu e entrou no veículo logo após ele. Dirigiu em rota possível de seguir com um carro. 
- Eu morava sozinho...
- Hum. Você é novo para viver sozinho.
O moreno lembrava-se dele ter mencionado algo sobre sua vida, mas não tinha certeza do que. Yori sorriu meio de canto. 
- Desde que meus pais morreram tem sido assim.
- Não tem outros na sua família?
O loiro desviou o olhar a ele, um pouco desconcertado.
- ... Meus pais eram metidos com alguma coisa errada. E a família deles não gostava da gente...
- Hum, entendo. Humanos são complicados, ah?
- É... Eles são. Eu até hoje não sei o que meu pai fazia, mas sei que boa coisa não podia ser.
- O mal é um ponto de vista.
Yori desviou o olhar a ele. 
- Hum, tem razão.
- Melhor dizer o caminho quando entrarmos na estrada.
- Ah, hai... Desculpe.
- O que? - Indagou, confuso.
- Esqueci que tinha que guia-lo.
- Quer dirigir?
- Ah eu... Não dirijo...
- Aprenderá em breve.
- Vai em ensinar a dirigir?
- Sim, quando se tornar meu parceiro.
Yori desviou o olhar a ele, confuso. 
- Eu já sou seu parceiro.
Hideki fitou-o de soslaio. 
- Não é, vai ser quando eu tornar você um vampiro.
- ... Mas... Eu não quero ser um vampiro.
- E eu não quero que você envelheça e morra.
Yori desviou o olhar a ele. 
- ... Mas eu já ia morrer... Por que eu iria querer viver pra sempre?
- Porque não vai estar mais sozinho.
Silencioso, o loiro observou-o e de fato fazia sentido, agora não se preocupava mais com dinheiro, solidão, escola.
- ... Você... Quantos parceiros você teve?
- Nenhum. - Disse, simplificando.
Yori uniu as sobrancelhas. 
- ... Por que me escolheu?
- Não escolhi.
- Eu sempre te pergunto isso e você nunca me responde... É como se estivesse mentindo pra mim. O que sente quando está comigo? Por que... Por que é tão hostil?
- Eu estou respondendo. Eu não escolhi, não é como se eu tivesse olhado e falado, será ele.
Yori assentiu, desviando o olhar para a janela e naquele momento, pode ver a ponte, onde naquele dia, quase tinha pulado. Arregalou os olhos, mas manteve-se em silêncio.
- Eu vou te explicar, mas você não vai entender, por isso acho dispensável. Vampiros se assemelham aos homens em aparência, mas na questão do comportamento, estamos para alguma espécie animal.  Sanguinários, selvagens, facilmente agressivos. Apetite sexual intenso, especialmente em algumas épocas. Podendo ter vários parceiros sexuais até se ligar a um emocionalmente e por fim, levá-lo por toda a vida. Geralmente esse parceiro é ligado pelo sangue, pelo cheiro, gostando ou não da escolha, não tem como recusar, justamente por ser o sangue, e é por isso que geralmente os parceiros são já vampiros, dificilmente ocorre com humanos, mas no meu caso, você é humano.
O menor desviou o olhar a ele ao ouvir sua explicação até o fim.
- ... Como um Akai Ito?
- Alguns chamam assim.
- Então... É como se eu tivesse nascido pra você? Como um pinguim? - Sorriu. - Uma vez eu li que os pinguins só tem um parceiro a vida toda.
- Não exatamente, porque se tivesse nascido pra mim, seria meu de qualquer forma, mas, pode ser que esse parceiro escolha outra pessoa, então resta ao vampiro se conformar com a vida sozinho ou ver pela primeira vez um nascer ou por do sol, tudo depende do quão dependente ele se torna, do que ele ama.
- ... Então, depois de sentir o meu cheiro naquela ponte... Se eu tivesse pulado, você nunca mais teria alguém?
- Hum. - Hideki assentiu num murmuro. - A menos que eu não tivesse visto você ou sentindo você de alguma forma.
O menor uniu as sobrancelhas e agarrou-se a perna dele, despercebido do feito, agoniado por imaginar que ele poderia viver para sempre como se sentia, que ele poderia ter se matando também. O maior desviou o olhar para sua mão, de soslaio, não disse mais nada, sabia que ele estava sentindo algum tipo de compaixão.
- ... É só... Só seguir reto e virar a esquerda no semáforo. 
Yori disse a retirar a mão do local conforme havia se dado conta. Hideki assentiu e por fim seguiu o caminho indicado por ele. 
- Quando você for um vampiro, vai saber porque toco você com tanta força.
Ao ouvi-lo, o menor sentiu um pequeno arrepio percorrer a coluna, não entendeu o porque, mas preferiu não falar nada. 
- ... Vai doer?
- Um pouco, mas é rápido.
- É naquele prédio cinza.
- Apartamento?
- Sim... - Yori disse pouco tímido. - Nós costumávamos ter dinheiro, mas tudo sumiu depois de um tempo.
- Não é sobre isso, é porque num apartamento, não precisava realmente de uma ponte.
- Eu não queria me matar em casa. Queria que as pessoas não achassem meu corpo, não que uma criança saísse de manhã e visse alguém estirado.
Hideki sorriu, achando graça no fim do comentário.
- ... O que?
- Soa engraçado.
- Se não fosse trágico. - Riu.
Hideki parou o carro, estacionando em frente ao prédio, não seguiu para o estacionamento, queria ser rápido por ali. Ao chegar, Yori soltou o cinto de segurança e seguiu para fora junto dele, olhou o apartamento, por sorte tinha uma chave em baixo do capacho da entrada, ou não teria como entrar. Ao passar pela recepção, não havia ninguém para recepcionar a si, só um espaço vazio com a caixa de correspondência dos outros moradores, e assim pediu o elevador para subir ao sétimo andar.
O maior desembarcou do veículo, seguindo logo após ele para dentro do prédio, não tinha muito o que fazer, nem observações, não tinha interesse naquele lugar, estava indo feito uma sombra e só isso. Ao entrar no elevador, Yori observou-o pelo espelho, curioso e arqueou uma das sobrancelhas.
- ... Achei que vocês não refletiam no espelho...
O moreno o fitou, embora tivesse uma verdadeira apatia estampada na cara, era mais como uma pergunta do tipo "sério?" 
- E você já não viu isso no espelho do meu quarto? Não sou personagem de filme.
- Não... Tinha reparado. 
O menor disse a observa-lo e negativou, não o estava comparando a nada. Ao sair do elevador, buscou a última porta do corredor e embaixo do tapete pegou a chave que usou para a abrir a porta. O apartamento cheirava a pó, fazia muito tempo que não o abria, e não havia nem sinal de nada ali dentro. As plantas estavam mortas, não tinha animais de estimação, o apartamento todo na verdade, parecia morto. Um suspiro deixou os lábios e seguiu para dentro em direção ao quarto, haviam dois quartos ali, um deles, permanecera com a porta fechada enquanto o outro, próprio, abriu e buscou o ursinho de pelúcia marrom clarinho sobre a cama.
Hideki entrou logo após ele, se para ele o cheiro de pó parecia evidente, mal sabia o quão intenso pareceria para si, ainda que visualmente o pó fosse apenas uma fina névoa pelo ar e pelos móveis. Seguiu pelo apartamento, não ousaria entrar na cozinha, não queria lidar com alimento humano dias sem consumo. Observou num móvel um quadro do que devia ser sua mãe ou pai, se parecia com ele.
Ao voltar-se para ele, Yori sorriu ao vê-lo pegar um quadro sobre o móvel. 
- ... Esse é o meu quarto. - Disse, indicando. - Ou era... Eu... Quero saber se você quer alguma coisa minha... De presente.
- Você mesmo. 
O moreno retrucou e voltou o quadro sobre o móvel onde havia saído.
- ... Mas hoje é seu aniversário, e bem... Você já me tem.
- Não, eu tomo você, não tenho.
Yori sorriu.
- ... Hum...
Disse e seguiu pelo quarto a observar as próprias coisas, até achar dentro da gaveta um pequeno colar, era de prata e tinha uma pequena pedra azul, não era feminino de fato, já que o usava antes, na verdade, era a única coisa ali que gostava, ficaria bem nele. Ao seguir para ele, entregou a corrente em sua mão fria. 
- Feliz aniversário.
Hideki o observou partindo, voltou mais rapidamente o quanto seus passos poderiam ser. Aceitou o colar, parecia uma gota d'água, embora muito mais intensa do que seria ela. Não era muito adepto aos adereços como aquele, mas colocou no pescoço de todo modo.
- Espero que não ache que a prata tem algum efeito. - Disse, mas finalizou. - Obrigado.
Yori sorriu de canto e negativou ao ouvi-lo, não havia pensado sobre aquilo, mas era engraçado. 
- ... Eu tinha esquecido desse detalhe.
- Alho também não.
- Eu sei, eu... Já tentei isso. - Yori disse num pequeno sorriso e deslizou uma das mãos pelo ombro dele até o peito, abaixo de onde o colar estava em seu pescoço. - Ficou bonito em você.
Hideki o observou diretamente, em frente a si, tendo olhos baixos para alcançar seu rosto na diferença de altura que tinham, sem que abaixasse a cabeça para isso. O loiro sorriu, um sorrisinho curto, estava tentando ser agradável, mas o sorriso sumiu aos poucos conforme notou a expressão séria dele.
- ... Bem... Podemos ir embora.
O maior percebia seu esforço, aquilo incomodava a si de algum modo, não queria esforço, mas sabia que era difícil de lidar. Ergueu a mão e segurou seus cabelos curtos na nuca, abaixou-se conforme puxou levemente seu pescoço, fazendo erguer o pescoço, era estranho querer alguém. Abaixou-se e o beijou.

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4 comentários:

  1. Mas que capítulo mais amorzinho *-* adorei, Hideki sabendo se controlar haha Yori sendo o amor de sempre dando preaentinho pro Hideki ♡ Será que o Hideki vai conseguir resistir tanto aos seus encantos? Continua... Haha

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    1. Muita coisa ainda vai acontecer é o Hideki vai ter que entender o York também, que ele precisa de um tempo pra se adaptar as ideias. Obrigada por ler Jéssica, e me desculpe pela demora pra responder. <33

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  2. É incrivel como esses dois se parecem com água e óleo de tão diferentes que são, porém essa diferença se completa quando estão juntos. Acho lindo esses momentos em que eles ficam assim sem brigarem, só mostra ainda mais o quanto um foi feito para o outro <3

    Obrigada por mais esse cap!!! <3

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    1. Eles são o meu amorzinho também, eles e o Kazuma e Asahi, adoro o modo como o Hideki e tão impassível e quer tudo do jeito dele. Tá na hora de domar esse vampiro. UAHSUAHS <3

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