Masashi e Katsuragi #13


- Papai...
Katsuragi sentiu a mãozinha pequena puxar a própria perna, insistente em chamar a própria atenção e a temperatura quente da criança assustou a si, quem diabos estava incomodando o sono? Abriu os olhos, levantando-se a observá-lo e esfregou os olhos algumas vezes.
- O que é? 
- Acho que devia vir, está uma confusão lá em cima.
- Eu vejo depois. - Virou-se a voltar a dormir, porém ouviu o copo ser atirado na parede e ergueu-se novamente. - Onde está o Masashi?
- Lá em cima.
- Deus... 
Katsuragi levantou-se, quase sonambulo e vestiu o kimono sobre a roupa íntima, fechando-o todo desajeitado com o obi e largou os cabelos presos em coque sobre a cabeça, meio desfiados pelo sono e subiu rapidamente a escada, quase tropeçando algumas vezes, só cessou ao ver que o garoto estava vindo atrás.
- Hey, fique aí.
- Mas...
- Sabe o que vai acontecer se alguma coisa acontecer com você, fique aí embaixo.
- Ta bem.
O maior estreitou os olhos e abriu a porta, sentindo a claridade incomodar as vistas e rosnou quase automaticamente, voltando para dentro a sentir a pele queimar como brasa. Quem diabos havia aberto as cortinas? Cobriu-se com o kimono e saiu novamente, buscando a maldita cortina aberta e cobriu a janela novamente, pasmo com a gritaria do lado de fora.
- Que porra está havendo aqui?! - Falou alto a observar os garotos alvoroçados em volta do rapaz com a garrafa quebrada em mãos, que parecia ameaçar aos outros. - Que merda você está fazendo?
- Esse filho da puta tentou roubar o meu dinheiro!
- Que dinheiro? Que filho da puta? Meu Deus, eu estava dormindo, pedi que mantivessem a ordem nessa merda, quem abriu essa cortina?!
- Não sei. Não importa, porque eu não roubei dinheiro nenhum dele.
- Cadê o Masashi?
 Ao chegar no bordel outra vez, Masashi levava uma cesta de palha feita a mão. Não sabia de quem era mas havia levado consigo para a feira. Comprara pão, frutas e até roubou uma das uvas o qual levou para a boca, do cacho que reservou num cantinho da cesta e que ia provando ao longo do caminho, afinal, tinha feito um favor à cozinheira do bordel, então, aproveitaria a caminhada. Levou mais duas das bolinhas saborosas para a boca, nem terminou de mastigar quando na porta do bordel notava o movimento em demasia. Katsuragi estava desleixado como não costumava aparecer por lá, mas conseguia ter uma aparência despreocupadamente bonita mesmo com tecidos desalinhados ou os cabelos em fios caídos por tudo quanto é canto de seus ombros. 
- Eu? - Disse ao ouvi-lo indagar com a feição emburrada de sono. 
O maior desviou o olhar a ele e suspirou, aliviado, desviando o olhar aos dois garotos em pé que ainda discutiam ignorando a própria presença. Estreitou os olhos a virar-se e bateu na parede num soco que quase a atravessou, e que deixou marcada a mão no local.
- Inferno! Jogue essa maldita garrafa fora. Quanto foi que sumiu?
- Dez mil ienes. 
- E vocês estão brigando por isso? Puta que... Kaito! 
Gritou para o garoto no andar de baixo que logo subiu correndo com o dinheiro em mãos. Pegou as notas, contou a quantia que havia supostamente sumido e jogou em cima do garoto com a garrafa, jogando uma nota a mais em seguida.
- Essa é pra você aquietar esse cu. A próxima vez que der briga enquanto eu estou dormindo, eu mato todo mundo nessa merda. Está difícil achar amas de sangue, seus putos, não me façam fazer isso. E se esse dinheiro não aparecer até hoje a noite, todo mundo vai dormir lá fora. Entendido? Todo mundo menos o Masashi.
Virou-se a observar o garoto e estapeou-o com uma das mãos, porém a força que tinha, obviamente não era a mesma de um humano, e fez o garoto quase atingir a parede.
- Mais alguém tem alguma coisa a dizer? ... Ótimo. Qualquer queixa ou sugestão vocês podem deixar numa caixinha na cozinha. Masashi, desça já.
- Lógico que menos eu, eu sequer estava aqui. 
Masashi retrucou, esperando respondê-lo e não somente calá-lo após o tapa que ganhou do moreno. Seguiu até a cozinha com a cesta de frutas e os pães. Deixou-os ali e caminhou aos aposentos do dono do bordel conforme sua ordem. E levou consigo o cacho de uvas os quais já tinha alguns galhinhos carecidos da fruta. 
Katsuragi sentou-se na cama e massageou as têmporas, pegando um dos cigarros sobre a cômoda e colocou-o na piteira, acendendo-o a tragá-lo uma vez, deixou-o de lado e retirou a roupa intima, deixando-a no chão a permanecer apenas com o kimono. Observou o garoto que voltava e escondeu-a para que ele não visse, ficava desconfortável com roupas justas, preferia ficar mais livre.
- Kaito, vá para o seu quarto, por favor.
- Mas faz tempo que não vejo o Masashi.
- O que conversamos, hum? Vamos namorar, vai.
- Por que eu não posso namorar também?
- Quando for mais velho, vai pro seu quarto.
Diante da indagação do garoto,Masashi afagou seus cabelos, ajeitando a mecha atrás de sua orelha. 
- Você quer namorar? Você sabe como é?
O maior arqueou uma das sobrancelhas a observá-los.
- Não acho que seja... Bom... Explicar pra ele. 
- Sei, você coloca o pênis nele e aí nascem bebês.
Katsuragi arregalou os olhos e observou o outro.
- É quase isso.
- Nem sempre nascem os bebês. E você quer colocar o seu em alguém, é isso? - Masashi riu, divertindo-se.
- Eu não! O meu é pequenininho, ó. - Puxou a calça. 
- Kaito!
- Ah, realmente, ainda é pequenino. Mas vai crescer.
- Chega, vai pro seu quarto, vai. 
- Você namora comigo quando eu crescer, Masashi?
- Vou pensar nisso. - Disse e fitou o moreno, que fumava na cama. 
Katsuragi estreitou os olhos e tragou o cigarro.
- Se não for eu vou enfiar o "pênis" na sua orelha, garoto!
- Ai... - Kaito correu em direção as escadas e subiu ao quarto.
Masashi sorriu ao vê-lo correr dali e caminhou até o dono do bordel, sentado-se com ele em sua cama.  Katsuragi sorriu a ele igualmente e estendeu o cigarro, oferecendo a ele. O menor negou ao oferecido, mas sentia o cheiro fresco e mentolado de seu cigarro.
- Porque tinha saído hoje cedo?
- Comprei algumas coisas pra cozinheira. Aproveitei pra dar uma volta pela feira.
- Feira? - Sorriu. - Comida? Como estava o céu hoje?
- Frutas e pão. O céu estava nublado, ainda que estivesse bastante claro. Há algum tempo eu não ia lá fora durante o dia.
- O que mais? Tinha sol?
- Sim, mas estava atrás das nuvens.
- Ah... - Sorriu. - Entendi.
- Queria ir lá?
- Eu não posso.
- Eu sei que não. Você pode voltar a dormir, já resolveram o problema lá de cima.
- Não, já vai anoitecer e quero ficar com você um pouco. Será que a feirinha ainda estará lá?
- Costumam estar até as onze da noite.
- Então vamos! Vamos comprar algo pra comer.
- Sim, podemos ir. Tem gyoza no vapor com gengibre.
- Hum... Oishi. Quero te levar num lugar depois.
- Aonde?
- Você vai ver.
- Me conta.
- Surpresa.
- Ora... Ta bem.
Katsuragi sorriu e levantou-se, buscando no armário uma das caixas contendo o kimono.
- Venha, vou te arrumar pra sairmos hoje.
- Não precisa me arrumar, eu faço isso.
- Eu quero.
- Iie. Eu faço.
- Ta bem...
- Por que quer me arrumar?
- Porque quero, você é lindo, deve ser bom arrumar um rosto bonito.
- Vamos a um encontro?
- É, pode-se chamar de encontro.
- Pode ou é?
- É um encontro.
- Então eu tenho que me arrumar pra te encontrar e não ser arrumado por você.
- Ah, é um encontro diferente, vem. Não vai recusar esse kimono, vai? Custa mais do que eu paguei em metade desses moleques.
- Tudo bem. Me arrume.
- Sabia que o kimono ia te fazer mudar de ideia. - Katsuragi riu e retirou-o da caixa, mostrando a ele a vestimenta preta com alguns desenhos de flores vermelhas. - Ah, combina perfeitamente com você.
- Não mudei de ideia pelo quimono. 
Masashi resmungou e levantou-se da cama, observou o quimono, era realmente bonito.
- Vai, tira o seu, que eu vou adorar te ver pelado.
O menor atendeu ao pedido e retirou a peça que usava. Fácil de se despir, era um quimono casual, portanto sem excesso de peças, logo estava somente com a roupa íntima. Katsuragi mordeu o lábio inferior ao vê-lo se despir e suspirou, contendo-se para não ter uma ereção abaixo do kimono, e sem roupas intimas, seria engraçado.
- Deus, que delícia.
Masashi sentiu a pele arrepiada, fosse pela troca de temperatura pela falta de tecido ou por estar semi nu em sua frente. 
- Vai me vestir?
- Eu vou é sentar em cima de você daqui a pouco, puta que pariu, como você é gostoso.
O maior falou e sorriu a ele, piscando ao outro e pegou o kimono, contra a própria vontade e colocou-o ao redor do corpo dele.
- Ficou excitado?
Masashi indagou e sorriu canteiro, fitando-o de olhos baixos mas permitiu que vestisse o quimono em si. 
- Óbvio. Você, nossa... Nunca vou deixar ninguém mais te tocar. Você é meu. 
- Falou a ele e prendeu o kimono com o obi num laço simples. - Está lindo. - Aproximou-se e selou-lhe os lábios.
- Sou seu, é? 
O menor indagou novamente no mesmo sorriso suave. Enquanto sentia-o próximo conforme vestia a roupa e seu cheiro de banho tomado, com perfume essencial, era doce e ainda amadeirado, indefinido. 
- Seu perfume é gostoso. - Disse após o selo que ganhou nos lábios.
- Só meu. - Katsuragi sorriu a ele e roçou o rosto ao seu. - Você gosta? Vou usar mais vezes. 
Virou-se a adentrar o armário novamente e escolheu um kimono para si, o próprio era vermelho. Retirou o kimono que usava, deixando-o sobre a cama e fez questão de fazer alguma hora em frente a ele, deixando-o ver o próprio corpo.
- Você fica sem roupa íntima? 
Masashi disse ao vê-lo se despir e não ter abaixo do quimono um tecido que escondesse sua intimidade. Tinha a pele bonita, as nádegas firmes assim como as coxas e seu tamanho, na frente, era generoso sem exagero. Observou-o é claro, mas não tão evidentemente.
- Não gosto de nada me apertando, mas se te incomoda, eu posso vestir. 
Katsuragi falou a ele e sorriu, virando-se a observá-lo e vestiu o kimono, fechando-o na frente igualmente com o obi.
- Vai andar pela feira sem roupa íntima?
- Hum, é ciumento?
- Não é só que vai ficar balançando e pode aparecer algo quando se sentar.
- Balançando é?
- Sim. Você tem algo que balança.
- Quer ver balançando?
- Não... Já balança enquanto você veste o quimono.
- Posso balançar ele em cima de você. - O maior piscou a ele.
- Acho que dessa forma é melhor.
Katsuragi sorriu e mordeu o lábio inferior, pegando o leque sobre o móvel e prendeu-o ao obi junto a bolsa de dinheiro e antes de sair, colocou a roupa intima.
- Vamos.
- Não vai arrumar o cabelo? 
Masashi indagou ao vê-lo descabelado e sorriu, seguindo até ele e parou defronte. Soltou seus longos cabelos negros e aos poucos, ajeitou em um penteado sem fios sobrando em excesso. O maior riu baixinho e negativou.
- Esqueci, desculpe. 
Murmurou e sorriu a ele, deixando-o arrumar os cabelos e selou-lhe os lábios a tê-lo ainda pertinho. Sentou-se em frente a penteadeira e pegou a maquiagem sobre o local, pintando a face de um tom natural e os olhos com a fina linha negra, logo após, pintou os lábios de vermelho.
- Ora, pra quem ia descabelado agora faz até pintura no rosto. 
Masashi sorriu e esperou-o atrás de si, sentado fronte a penteadeira, terminando sua maquiagem. O maior sorriu ao ouvi-lo e levantou-se, observando-o e igualmente pintou os olhos dele, o outro fechou os olhos e permitiu que fizesse a pintura sutil. 
Katsuragi beijou-o na testa e sorriu a ele ao fim da pintura, pintando os lábios do outro igualmente, lindos como gostava.
- Lindo.
O menor sorriu ao fim da decoração, agora com os lábios denotados. 
- Vamos? Agora que está a coisa mais linda desse mundo.
- E não estava antes?
- Você é a coisa mais linda desse mundo. - Riu.
- Usotsuki.
- Verdade. - Katsuragi riu baixinho e abaixou-se a abraçá-lo. - Vamos, minha coisa linda.
- Exagerado. 
Masashi disse a caminhou consigo a deixar seu quarto, observando o fim do dia. Katsuragi saiu do local junto dele, ignorando os garotos ainda meio alvoroçados e segurou a mão do outro, seguindo pela rua a apreciar a noite gostosa, nem fria nem quente.
- Escureceu rápido hoje. 
O menor disse, caminhando consigo, e fitou-o, parecendo desapressado.
- É porque eu queria sair. - Katsuragi falou a ele, sério e riu baixinho logo após.
- Não costuma sair muito.
- Não. Sou vampiro, as pessoas não gostam de ver olhos vermelhos.
- Elas não podem ver tão claramente.
- Vamos comer alguma coisa? Cadê o gyoza que você falou?
- Logo após as flores. 
Masashi indicou após a barraca com amostra farta de flores.
- Flores? - Sorriu. - Eu adoro flores.
- Você é inesperadamente delicado, Katsuragi.
- Só porque eu gosto de flores? 
O maior falou a pegar um dos lírios ali expostos e aspirou o aroma dele.
- Não só por isso.
O maior sorriu e entregou o lírio a ele, deixando a moeda na mão da senhora que cuidava da barraca. Masashi aceitou a flor, e caminhando consigo prosseguiu ao passeio, sentindo o cheiro adocicado da flor. Mas logo cessou o andar e em frente a ele, ajeitou a flor em seus cabelos, como achou melhor. Katsuragi sorriu a ele e aproximou-se, selando seus lábios novamente e logo parou em frente a barraquinha, sentando-se em um dos bancos.
- Parece de bom humor hoje. 
Disse o menor e sentou-se a seu lado.Sentiu o vapor da barraquinha aonde aprontavam a comida. O cheiro de carne com gengibre abriu o apetite. O maior assentiu e chamou um dos atendentes.
- Por favor, traga uma porção do gyoza.
- Por quê?
Masashi fitou-o a retrucá-lo enquanto aguardava consigo pelo pedido recém formulado.
- Não sei, só acordei de bom humor.
- Acordou de bom humor mesmo com discussão no bordel?
- É só olhar pra você que esqueço de tudo, meu anjo.
O menor negativou com um sorriso curto. 
- Parece um cliente do bordel falando assim.
- A diferença é que eu falo a verdade. Já saiu com algum cliente pra saber?
- Não, mas ouço conversas de xavecadores.
- Hum, sei.
- Não saí com clientes.
Katsuragi assentiu e logo aceitou a porção sobre a mesa, sorrindo ao homem que a havia servido.
- Obrigado. 
Pegou o par de hashis e ao mergulhar a comida no shoyu, levou a boca em seguida.
- Hum... Oishi.
Sem pegar o par dos hashis dispostos para si, Masashi abriu a boca, esperando a metade restante da dele. Katsuragi observou-o e sorriu, achando engraçado o fato dele esperar o restante da comida e guiou aos lábios dele. O menor aceitou sua  metade restante, e suspirou em agrado a comida. 
- Oishi.
O maior sorriu e selou-lhe os lábios logo após, roçando o nariz ao dele.
- Que isso? - Disse o menor ao sentir a roçadinha no nariz, estranhando o toque.
- Beijinho de esquimó.
- Isso é um beijo?
- É sim.
- Não se parece com um. - Masashi sorriu e pegou os próprios hashis, servindo-se.
Katsuragi riu baixinho, pegando mais um dos "bolinhos". O menor observou-o a comer, embora não estivesse risonho, achava graça do bom humor do vampiro.
- Muito bom, Deus, pena que isso não satisfaça mais minha sede.
- Posso satisfazê-la essa noite.
- Não fale assim se não vamos pra casa agora.
- Aproveite enquanto me sinto com vontade de te dar isso.
- Quer ir agora?
- Iie, você queria passear por aqui.
- Onde vou levá-lo podemos fazer.
- Diz onde vamos.
- Vamos logo após terminar a comida.
- Hum. - O menor assentiu e pegou mais um dos bolinhos a vapor.
Katsuragi pegou o último, apressado após ouvi-lo e sorriu a ele, piscando.
- Quer mais?
- Estou satisfeito. Mas com certeza vou sentir vontade disso mais tarde.
O maior chamou o rapaz e pediu a ele que fizesse mais duas porções do bolinho, para levar e entregou a ele o valor certo, mais a gorjeta, levantando-se junto do garoto, tentando ignorar os olhares suspeitos de alguns rapazes próximos.
- Ignore, são idiotas.
- Ignorar o que? 
Masashi indagou, não realmente a par do que ocorria, afinal, não costumava dar atenção demasiada a desconhecidos, a menos que fosse do próprio interesse.
- Provavelmente estão com inveja do beijo.
- Disseram algo?
- Não, mas estão encarando feio.
- Conservadores. Mas certamente frequentariam o bordel.
- Vou perguntar se também querem um beijo.
- Não vai me fazer ciúme.
- Não vou é?
- Não. Vamos logo.
Katsuragi sorriu.
- Bom, então vou até lá beijá-los.
- Não seja infantil. - Resmungou.
O maior riu baixinho.
- Ta bem, vamos.
Masashi levantou-se, esperando pela indicação do mais velho ao local onde seria levado. O maior sorriu a ele e segurou sua mão, guiando-o consigo pelo caminho, passando por uma pequena estrada, antes uma estrada, agora parte da floresta.
- Não é longe, não se preocupe. 
Disse a ele e manteve-se a caminhar com ele, e morreria de susto, se não fosse um vampiro. O menor caminhou consigo, observando o caminho que embora bonito, escuro demais pelo horário. 
- Aqui é um lugar bonito, mas um pouco fechado. Vai me matar aqui? - Brincou.
- Vou, depois moer seus ossos e por no pão. 
Katsuragi riu e após um pequeno tempo chegou ao local, onde uma pequena estrada de pedras levava até a ponte de madeira sobre o lago, e do outro lado, uma casa antiga, mas que não deixava de ter seu charme, mas estava em ruínas, parte do teto havia desmoronado, embora boa parte dela ainda se mantivesse de pé.
- Aqui era o primeiro bordel.
- Ao menos coloque em um pão gostoso.  - Masashi disse e continuou o curto caminho até que alcançasse o lugar. Era bonito, mesmo desgastado pelo tempo. - Ah, eu achei que fosse me levar a sua casa.
- Essa era minha casa. Foi a primeira que eu tive, antes do bordel, ela era minha.
- Grande assim?
- Herança de família...
- Hum, e me trouxe aqui por que?
- Queria que conhecesse o lugar. É o meu lugar favorito.
- Por quê?
- Porque eu praticamente nasci aqui.
- Nós vamos ficar aqui hoje?
- Uhum, eu arrumei o meu antigo quarto.
- Então vamos.
Katsuragi assentiu e seguiu com ele pelo local, um pouco destruído pelo tempo e empurrou a porta a adentrá-la, mostrando o lugar a ele, praticamente todo coberto de folhas e flores que cresceram no interior da casa. Subiu as escadas, meio quebradas e segurou-o para que não caísse sem querer e por fim adentrou o último quarto, arrumado, ao contrário dos outros, as paredes, não eram mais as mesmas, mas estava apresentável. Guiou-o até a cama e sentou-se a seu lado.
Masashi cuidadosamente passeou pela casa em ruínas e subiu até o cômodo desejado por ele. Entrou, observando seu quarto e sentou-se ao lado dele na cama. 
- Devia ter cuidado melhor do lugar, para mantê-lo, se gosta tanto dele.
O maior sorriu de canto e assentiu, observando as paredes destruídas.
- Concordo. Mas foi difícil recuperar depois do incêndio.
- Deve conseguir arrumar.
- Eu arrumaria, mas não posso voltar pra cá, então. - Suspirou. - Depois que o Fei foi embora, o garoto que eu disse que eu gostei, vivi um tempo aqui com os outros garotos, só que eu tive uma pequena recaída e acabei bebendo demais toda noite, eu destruí o lugar, não me orgulho disso. Uma noite eu saí de casa pra um bar que era aqui perto, e acordei com belas mordidas no meu pescoço e uma dor horrível pelo corpo, deve imaginar no que eu me meti. Voltei pra casa e tentei ficar com os garotos fingindo que nada tinha acontecido, mas eu tinha fome, e não sabia conter... Alguns sumiram, outros ficaram com raiva e eles e algumas pessoas da cidade atearam fogo da casa dizendo que eu era um demônio. Achei que só os católicos fossem loucos dessa forma, mas pelo jeito, os japoneses tem mais medo de demônios do que os outros. Eu tive que sair daqui, antes de queimar até a morte e salvei poucas coisas comigo... A estrada fechou, ninguém mais vem aqui, esse lugar fazia parte da cidade e agora... Bem, não é nada. A questão é que eu só vou poder voltar pra cá daqui há uns dez anos, quando a poeira tiver baixado e eu puder reconstruir. Mas pra dizer a verdade... Não sinto muita vontade de voltar pra cá, as histórias que isso aqui tem pra contar não me agradam muito. Por enquanto é um lugar só meu, e agora seu também.
Masashi assentiu enquanto ouvia sua história. Tentou na cabeça imaginar como seria ele naquela época, como um humano. Ou se era mais novo, ou como era o namorado que o havia enlouquecido de tal forma. Encarou o local, mesmo que o quarto ainda tivesse sido preservado, só esperava que não caísse andar abaixo. 
- Como o lugar é seu favorito e ainda assim não gosta das lembranças? Você é tão confuso.
- Bom, eu cresci aqui, a casa era dos meus pais, então é meio uma herança, mas foi aqui que ocorreram muitas coisas ruins também, então.
- Como era o Fei?
- Hum? Ah, não se importe com ele, não gostava realmente tanto dele assim.
- Me fala como era.
- Tinha cabelo loiro e bem comprido, e olhos cinzas.
- O que você gostava nele?
Katsuragi sorriu a observá-lo.
- Eu era jovem na época, digo, mais jovem. Gostava de um rapaz pervertido. O Fei tinha largado uma família rica pra virar prostituto, então ele fazia porque gostava.
- Ah, gostava porque ele era pervertido? - Indagou, confuso.
- Não, ele era muito bonito, e educado, diferente dos outros garotos, sabia fazer um monte de coisas.
- Você sempre se contradiz. - Sorriu.
- É, eu sou complicado. - Riu.
- Primeiro disse que era jovem e gostava por ele ser pervertido e depois diz que não e é porque ele era bonito e diferente dos garotos.
- É por todos esses motivos. - Riu. - Eu era jovem, queria um garoto como ele, que fosse muito bem educado e ao mesmo tempo um pervertido na cama. Mas eu sabia que eu não merecia ele. Sempre fui uma cobra.
- Entendi. Ele parecia mesmo muito bom.
- Se fosse não teria sido um cretino e fugido.
- Ele só não sentia o mesmo que você.
Katsuragi sorriu e assentiu a ele.
- Faz mais de dez anos, esqueça.
Masashi assentiu a ele. 
- Você não vai me morder?
- Vou sim, mas primeiro vamos mudar de assunto. 
O maior falou a ele e sorriu, empurrando-o contra a cama e deitou-se sobre ele, beijando-o no rosto e nos lábios em seguida.
- Prometa que não vai se importar com isso, eu já não me importo mais.
Masashi sentiu o colchão sobre as costas num gesto rápido, tal como seu peso acima de si. Podia ser forte o bastante, mas com certeza não mais que ele, já que não era mais um simples humano como era a si. Retribuiu-o com o selo nos lábios, após o beijo no rosto e somente assentiu com um maneio da cabeça.
- E me prometa que você não vai embora. - Murmurou a ele.
- Se isso não importa a você, não precisa me pedir pra prometer isso, por um trauma do passado.
- Mas não quero ter medo de perder você.
- Está associando ao que passou.
Katsuragi assentiu e selou-lhe os lábios novamente.
- Vire o pescoço.
- Você não tem que me pedir, você consegue fazer isso sozinho.
- Você é meu amante, não meu escravo.
- Acho melhor que faça e só.
O maior arqueou uma das sobrancelhas.
- O que foi?
- Acho melhor que pegue, ao invés de me fazer pensar na hora que seus dentes vão entrar. Faça de repente.
- Entendi. Tire minha roupa.

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