Kazuma e Asahi #63


Um suspiro deixou os lábios do loiro conforme se apoiou em frente ao barco, sentia o vento bater nos cabelos, e nunca havia sentido nada semelhante, era muito bom estar ali, era como estar vivo. Depois de tanto tempo, agora podia ver aquele dia nublado, com pouco sol, mas o pouco que tinha, tocava o próprio rosto gentilmente, enquanto ouvia o barulho da água e tentava olhar para baixo e ver algum animal marinho, parecia grande demais, o mar, e com muitos animais que ainda não conhecia, aliás, o mundo inteiro ainda não conhecia.
- Parece estar divertido. 
Kazuma disse a ele ao encontrá-lo, a medida em que seguia para se aproximar do garoto. Tinha na mão um copo com chá, entregou a ele.
O menor virou-se ao ouvi-lo, um sorriso nos lábios e recebeu o copo de chá, experimentando-o. 
- Kazuma, é lindo! Como eu nunca saí da igreja antes?
- Faltaram oportunidades.
Kazuma disse a ele e como o menor seguiu até a beira, observando o mar, vasto.
- Hai, mas é lindo. - Disse num sorriso. - Vamos chegar logo?
- Falta um pouco. Ainda teremos tempo para um almoço e chá de tarde.
Asahi sorriu e assentiu. 
- Estou tão animado! Eu... Não imagino como deve ser, deve ser lindo!
- O que? Quioto? É um lugar muito bonito.
- Você me disse. - Asahi sorriu novamente e suspirou, aproximando-se a lhe selar os lábios. - Como é bom poder fazer isso, sem estar no meu quarto, sem preocupações.
Kazuma fitou ao se aproximar, estava mais animado depois que dormira por algumas horas. Na verdade como ele se sentia bem pela liberdade que tinham ali. Asahi desviou o olhar a ele, e até mesmo tinha lágrimas nos olhos.
- ... Não está feliz?
- Claro que sim. 
O moreno disse e tocou seu rosto, reprimindo qualquer lágrima que quisesse sair. 
- Mas as coisas ainda parecem difíceis de acreditar.
- Eu sei, eu... As vezes não acredito que está aqui.
- Vai ser uma experiência vê-lo em minha casa.
- Vou poder dormir na sua cama?
- Hum, o que acha?
Asahi sorriu. 
- Nossa, eu... - Suspirou e aproximou-se dele, selando-lhe os lábios. - ... Então, vou poder ser seu namorado?
- Hum, então você acha mesmo que vai dormir na minha cama?
Asahi uniu as sobrancelhas.
- ... Não? Ta bem...
Kazuma sorriu, tênue, denunciando a brincadeira.
- Ah... - Riu baixinho. - Está me gozando, não é?
Kazuma estranhou seu modo de falar porém nada disse. 
- O estou provocando.
- Ah... - Sorriu. - Acho que soou estranho.
- Compraremos um quimono bonito pra você.
Azahi sorriu novamente e assentiu. 
- Obrigado... Eu... Não tenho nenhum dinheiro, gostaria de trabalhar em algo.
- Não se preocupe com isso.
- Hai, mas... Não quero que trabalhe sozinho. Sabe eu... Poderia fazer algum trabalho para fora.
- Não pense nisso agora.
Asahi assentiu ao ouvi-lo e abaixou a cabeça.
- Tudo bem...
- Será de ajuda, Padre.
O menor desviou o olhar a ele num sorrisinho. 
- ... Posso limpar a casa pra você.
O maior sorriu. 
- Tenho uma horta. Acho que irá se divertir com os cuidados.
Asahi sorriu, porém em seguida o sorriso sumiu dos lábios.
- ... Ah... A batata salsa... Nunca mais vou poder fazer o purê pra você.
- Hum. - Disse o maior, surpreso por sua boa memória. - Podemos conseguir para plantar
- Ah... Então tudo bem.
- Vamos. Tome o chá e vamos até o restaurante.
Asahi assentiu e bebeu alguns goles do chá. 
- Chá verde?
- Com anis.
- Oishi ne. 
Kazuma sorriu, aspirando o aroma do chá, gostoso, e bebeu os últimos goles no pequeno recipiente.
- O que quer comer? 
O maior indagou e com a mão em seu ombro passou a guia-lo.
- Será que tem massa lá?
- Hum, é provável. Quer provar massa italiana, hum?
- Sim, dizem que... É muito gostoso.
- Então podemos provar.
Asahi sorriu e assentiu, timidamente segurando a mão dele e entrelaçou os dedos aos do outro. Kazuma observou-o no toque, estava sempre por obtê-lo quando tinha chance, não era um hábito comum, mas não o reprimiu.
Ao adentrar o restaurante, já conhecido, o menor fitou as paredes bonitas, bem decoradas e fora indicado a uma mesa junto dele, pela recepcionista. Ao se sentar junto a ele numa das mesas indicadas, Kazuma descartou seu copinho de chá e aceitou o cardápio. 
- Então quer a massa?
O loiro assentiu a observá-lo, um pouco desajeitado ao ver as pessoas passando por si, e principalmente, o garçom que atendia a mesa. 
- Posso sugerir o vinho tinto seco a vocês dois?
- Vamos querer massa, talvez um suave seja melhor. Queremos experimentar o que? - Indagou ao ex-padre.
Asahi desviou o olhar a ele num sorriso e não sabia como deveria se dirigir a ele ou pedir algo a ele.
- ... Ah... Macarrão?
- Espaguete ou talharim? 
Kazuma indagou observando a descrição da massa, das mais finas ou mais espessas.
- ... Talharim?
- Talharim é mais grossa e achatada. Pelo que dizem no cardápio.
- Ah, pode ser então, acho que grossa... É bom. - O menor disse e pigarreou.
- Então talharim. Molho branco ou vermelho?
-  ... Tem tantas opções assim?
- Não tenha vergonha, somos japoneses.
- O vermelho, eu acho.
- Tudo bem. 
Kazuma formulou o pedido ao rapaz, algum tempo à espera, paciente por sinal. Serviu o vinho rapidamente no entanto, preenchendo as taças. Asahi sorriu ao garçom e ao outro, e por fim o viu se retirar, num sorrisinho discreto, voltou-se ao maior. 
- Não estou acostumado com isso... Me sinto como se eu ainda usasse a batina e fosse alvo de chacota.
- Como eu disse, não somos italianos. Não precisa ter vergonha, esse garoto provavelmente só provou algum tipo de massa por trabalhar aqui, deve ser inexperiente também.
Asahi assentiu e abaixou a cabeça, observando as mãos e parte do pulso a guerra e a falta dele haviam acabado consigo de alguma forma. Puxou a manga da camisa.
- O que há? - Indagou curioso sobre seu modo de agir.
- Eh? Nada. 
O menor sorriu e desviou o olhar a taça de vinho. Desde que haviam entrado no barco, não havia feito amor com ele, ele não havia visto a si sem roupas, não tinha como saber sobre os braços machucados.
- Experimente o vinho.
- Hai. - Sorriu a ele e experimentou a bebida. - ... Esse é gostoso.
- Só não é melhor que a bebida quente que fazíamos no alojamento, hum?
- Acho que nada é melhor. - Asahi sorriu.
- Faremos quando estiver em casa. 
Disse o moreno e agradeceu ao rapaz, dispondo os pratos à mesa conforme o pedido. Podia sentir o odor do molho ao sugo, parecia bem concentrado. Tragou do vinho e se voltou ao menor. 
- Parece bom.
Asahi observou os pratos, o qual aspirou o aroma gostoso do molho e assentiu ao outro. 
- Parece uma delícia.
- Prove e me diz. - Incentivou.
O loiro assentiu e num suspiro empolgado provou a comida. Sorriu a ele em seguida. 
- É uma delícia mesmo!
- É? 
O maior indagou em retruque ao vê-lo grunhir, falando baixo na verdade com sua boca brevemente ocupada até inferir a massa. Provou logo após ele.
- Uhum. - Asahi disse num sorrisinho após ter engolido a massa. - Gostou?
- Hum hum. 
Kazuma murmurou, afirmando sobre sua pergunta, com a boca ocupada.
- Você... Fica muito bem sem a farda... - Sorriu. 
- Por que tão repentino? 
O maior indagou após ingerir a comida. Tragar o vinho que dava ajuda para engolir.
- Não sei, só... Estava reparando.
- Quase não é diferente da farda, é uma camisa de todo modo. Mas obrigado pelo elogio.
- É, mas... Não sei, fica bem. - Sorriu.
- Você também está bem sem a batina.
- Estou? Ah... Obrigado.
- Parece mais como um rapaz quando se veste assim.
- Ah... Isso é bom?
- Sim, quero dizer que parece mais jovem.
- Ah, você parece jovem de qualquer jeito. - Riu. - Não... Consigo acreditar que tenha quase quarenta anos.
Kazuma sorriu-lhe quase com os dentes, vendo graça no comentário.
- Que foi?
- Nandemo. É engraçado o modo como soa sua fala.
- Ah... Porque você tem quase quarenta anos?
- Iie, sua forma de falar. Parece muito estupefato.
- Ah. - Asahi riu. - É porque você... É tão bonito... E é tão... Bom na cama...
- Ah, tem medo do meu desempenho por ser velho? - Kazuma indagou e voltou a comer.
- Não ora, seu desempenho é muito bom...
- Não tenho sessenta anos ainda. Talvez com sessenta, sessenta e cinco eu me preocupe.
- Sessenta... E cinco? - Asahi riu baixinho e mordeu o lábio inferior.
- E a mordidinha no lábio é de quem gosta da ideia?
- Talvez... - Sorriu meio de canto. - Isso me deixa meio... Estranho.
- Isso o que? Você vai ter quase cinquenta.
- Não, é que eu começo a imaginar você sem as roupas e... - Deu um sorrisinho.
- Hum, que padre lascivo.
- N-não... Não sou...
- Coma, Padre. 
Kazuma disse e fitou o garoto que provavelmente havia escutado a conversa. Asahi assentiu e desviou sutilmente o olhar ao garçom, sentindo a face se corar e voltou a comer.
- Gostoso, hum? 
O maior indagou e tomou mais do vinho. Sorriu ao menor, já rubro. Asahi desviou o olhar a ele, e a face se corou ainda mais conforme o ouviu, claro que não levou a palavra no melhor sentido.
- Ora, Padre. Talvez esteja muito ansioso para ir para o quarto.
- Talvez um pouco... 
Asahi riu baixinho e bebeu pouco mais do vinho.
- Terminando de comer terá algum tempo antes de chegarmos.
O menor sorriu, ansioso e assentiu, levando pouco mais do macarrão aos lábios.
- Mas... Talvez possamos estrear nossa nova cama...
- Estrear a nova cama? Hum.  - Kazuma indagou e ocupou a boca a comer.
Asahi sorriu a ele, meio tímido e abaixou a cabeça.
- Termine seu almoço, hum?
- Hai. - O menor sorriu meio de canto e voltou a comer do macarrão.

Compartilhe:

DEIXE UM COMENTÁRIO

    Blogger Comment

0 comentários:

Postar um comentário