Ikuma e Taa #57


Taa se moveu na cama, suspirando a observar o quarto e logo a própria barriga, sentindo a leve dor no local e levou uma das mãos a acariciar o abdômen, era comum acontecer aquilo, tanto que logo a dor cessou e suspirou novamente a virar-se de lado, observando a cama vazia, já acostumado a ausência do outro. Sentou-se a observar o gatinho pequeno que miou insistentemente, talvez quisesse comida. Levantou-se e cuidadoso caminhou a cozinha a servir a comida do filhote, sorrindo a ele. Seguiu a pegar uma taça e servir a si com o sangue e bebeu alguns goles do mesmo, observando o liquido a manchar a taça vazia e levou a mão sobre a barriga novamente com a nova dor que sentiu. Subiu devagar as escadas a observar o local, sutilmente, não saía desde que a barriga ficou muito grande. Observou o loiro próximo a si, por sorte e o chamou alto, esperando para que ele descesse as escadas.
Ikuma virou a dose de uísque pura, sentindo o sabor amargoso do álcool. Levantou-se do estofado banco, caminhando pelo cômodo lotado a passar pelas pessoas na boate, que se esfregavam e se atracavam como quisessem fazê-lo no momento e sentia a sensação inquieta do companheiro, fora por isso mesmo que levantou-se dali, e antes mesmo que chegasse a ida da moradia pôde vê-lo em seu canto quase escondido, descera para com ele.
- Algum problema, lagarta? - Indagou e lhe ajeitou os cabelos.
Taa observou o outro a deslizar uma das mãos pela própria barriga.
- Está doendo...
- Hum. - Ikuma assentiu sabido da situação. - Muito?
- Razoavelmente... Taa segurou a mão do outro, apertando-a com certa força a sentir a dor mais forte no abdômen. - Ah...
- E está bem grande. - O menor levou a mão livre sobre sua crescida barriga, acariciando-a. - Parecendo uma patinha choca.
- Ikuma... Não brinque... Está doendo mesmo... Quero ir ao médico..
- Vamos. Pegue só um casaco, se não quer sair com a barriga a mostra.
- Acha que eu devo pegar a bolsa do bebê...? Caso... Caso nasça.
- Fique aqui, eu pego as coisas e já saímos.
Taa assentiu, suspirando.
Ikuma entrou em casa, buscando o casaco comprido já dele, mexeu nas coisas compradas para o bebê e trouxe a bolsa já bem ajeitada por ele e quase chegou a rir em atípica dedicação com a criança bem inesperada. Com a chave do carro no bolso caminhou e deu suporte a caminhada vagarosa do outro, por fim optou sair pelo outro lado da moradia evitando o tumulto de pessoas.
Taa seguiu junto do outro ao local, suspirando e lhe segurava firme o braço, com sutis dores com algum período de tempo, mas ainda assim dolorosas.
- Hum... - Adentrou o carro logo, ajeitando-se e suspirou.
Ikuma entrou no veículo, colocando para trás a bolsa levada e ao companheiro do lado, entregou o casaco.
- Aqui. 
Pegou a direção e após fechar a porta prontamente ligou o carro a dar partida a direção do consultório.
Taa vestiu o casaco que o outro entregou a si, suspirando várias vezes.
- Ai que caralho... - Murmurou, levando uma das mãos a face.
- Logo nós chegamos lá e isso termina.
Taa assentiu e levou uma das mãos a coxa do outro, acariciando-o. A mão livre do menor pousou sobre a alheia.
- Vamos ter uma lagartinha.
O maior sorriu e logo gemeu novamente.
- Algum vampiro já morreu dando a luz? Porque acho que é isso que vai acontecer.... Ah...  Que dor miserável.
- Não, não cortam sua barriga com maçarico.
- E se cortassem?
- Aí você ficaria deformado.
- Ai que horror...
- Relaxa, mamãe.
- Só vou relaxar quando tirarem ela de mim. - Riu.
- Isso soa ambíguo.
- No bom sentido, seu pervertido.
Ikuma estacionou o carro, fronte a moradia do vampiro já conhecido e médico. Antes da saída do rapaz já informou a serviçal daquela grande casa sobre a que se tratava e pôde cumprimentar o homem, que indicou o local correto aos exames.
Taa saiu logo do carro, devagar a seguir o outro e logo trocou as roupas a deitar na maca, era horrível ter que fazer aquilo naquele estado, mas ele exigia que fizesse. Suspirou a esperar o inicio da cirurgia que não duraria muito.
- Ikuma... - Chamou a estender a mão ao outro.
Ikuma observou o início do exame, conversou com o médico que logo indicou que já estava em seus últimos minutos de gestação, e necessária seria sua cirurgia no mesmo dia, na qual dariam entrada prontamente. Após a troca de suas roupas e preparações médicas, acomodou-se com distância a que não atrapalhasse o procedimento, aproximou-se conforme chamado apenas visto que podia fazê-lo, e lhe deu a mão como pediu, acariciando-a com o polegar.
Taa suspirou a desviar o olhar ao marido e o médico já preparava a própria cirurgia com a ajuda de um garoto, que mais parecia um adolescente, erguendo a roupa que usava a altura desejada para preparar a si para retirar o bebê.
- Não vai doer, não se preocupe. 
O maior assentiu, porém contraditório, sentiu a picada da anestesia que causou um gemido dolorido.
- Pense no bebê. - Ikuma disse a ele e lhe deu uma piscadela.
- Hai... Estou pensando. Você quer vê-la também...? 
Taa murmurou, com pouco de medo da resposta do outro e por fim apenas ouviu a indicação do médico de que iniciaria a cirurgia.
- Que pergunta de resposta mais óbvia. 
Disse o menor enquanto permitia-o seguir o indicado pelo velho vampiro. O cheiro do sangue era bem sentido pelo cômodo, o que não demorou a ser forjado por algo qualquer usado pelo homem, afinal, aguçar os sentidos de um vampiro em tal momento seria desfavorável. Fora tão rápido, que nem pôde contar os minutos corretamente. Já havia sido limpo, e agora o procedimento era fechar o que foi aberto. Distante, podia ver a limpeza formulada da recém nascida, um pequeno e de aparência frágil corpo, o que muito contrário a isso, afinal, era uma pequena vampirinha, e agora, tinham realmente um filho juntos, o que chegou a ser engraçado quando pensou, quando o olhou na mesa de cirurgia e sorriu a ele, num regresso a todo um passado que existiu ali, e mesmo suas palavras contrárias ao hoje. Num manto branco e limpo, o cheiro suave de bebê, enrolado ao tecido com minúcia, trouxe o vampiro que seu médico ajudava, e sorria ela como se a criança fosse sua própria, enquanto entregava-a nos braços do outro. Abaixou-se junto a ele, a seu lado igualmente encarava a pequena.
Taa assentiu e esperou até que a cirurgia tivesse terminada, ajudando o médico no que fora pedido. Suspirou e fechou os olhos com certa força a sentir a sutil dor no local onde os pontos eram feitos, queria uma boa taça cheia de sangue, ah como queria. Ouviu o choro da filha, abrindo um pequeno sorriso, discreto e desviou o olhar a ela, sorrindo mais abertamente.
- Me dá ela... - Falou baixo e fraco ao médico que cuidava da menina e logo a viu nos braços com o cobertor, o rostinho e corpinho tão pequenos. - Oi Shizuka.... - Murmurou a erguer a filha e lhe beijou o rosto.
Ikuma sorriu ao vê-lo de tal forma, e somente deslizou minuciosamente o dígito indicador em seu rostinho.
- Ela não vai abrir os olhos? - Uniu as sobrancelhas e desviou o olhar ao doutor.
- Não agora, alguns só abrem os olhos depois de algum tempo.
- Ah... 
O maior ergueu a face, observando o namorado e lhe selou os lábios, que o retribuiu no contato breve.
- Como se sente, mamãe?
- Como se estivesse morto. - Riu. - Brincadeira. Muito feliz.



Ikuma esperou até que o outro terminasse de ingerir seu sangue, repondo o que fora perdido durante o procedimento cirurgia e que fora cedido pelo médico. Já com suas roupas tão minúscula, segurava a filha por si mesmo, aguardando-o. Taa levantou-se logo com as próprias roupas, seguindo em direção a saída e segurou-se no outro, como pode a ter cuidado com a filha nos braços dele.
- Vamos...
Ikuma pegou a bolsa da pequena que levou a um dos braços, ainda a segurava vestida e trajada com o mesmo manto e seguiu o caminho ao carro. Taa adentrou o carro logo a segurar a filha e acariciou-lhe a face, sorrindo a ela.
- Não vou aguentar muito tempo...
- Não vai aguentar o que? 
O menor ligou o veículo após adentrá-lo e seguiu a direção traçada horas antes.
- Minha vista esta pesando... - Murmurou.
- Devia ter sido paciente e tomado sangue suficiente. 
Ikuma não demorou a que chegasse em casa, estacionou o veículo e tomou a filha nos braços, junto a bolsa igualmente e seguiu a moradia, novamente a dar suporte a vagarosa caminhada do outro. Taa seguiu junto do outro para dentro de casa e logo adentrou o quarto, abrindo um enorme sorriso.
- Eu fico mais a vontade aqui... Deixa eu colocar ela no berço.
- Pode deixar que eu faço isso. Você pode tomar algo e descansar.
O maior assentiu a lhe selar os lábios e abaixou a beijar a filha, seguindo devagar o caminho e ajoelhou-se, fraco a encostar-se na parede.
- Ikuma! 
Chamou alto o outro, mas não alto o suficiente a acordar a filha, já quase na cozinha e suspirou a esperar o outro.
Ikuma levou a pequena ao novo quarto, descansando-a quietinha no berço. Já havia se alimentado, provavelmente apenas no dia seguinte precisaria de mais. Apagou a luz, deixando apenas uma luminária distante dando vista do berço sem incomodar. Diante da voz alheia, voltou-se ao cômodo onde o outro e a observá-lo no canto, abaixou-se consigo.
- O que há?
Taa segurou-se no outro apenas para que tivesse ajuda a se levantar.
- Me leva pra cama... Eu quero descansar...
O menor o observou e o ajudou a se levantar, o tomando no colo de volta a seu pouco peso e o levou ao quarto, o repousando na cama. Não demorou ao caminho que levou até a sala e buscou um tanto de bebida a ele, levando até a cama. Taa observou o outro a sair do quarto e logo voltar com o sangue, aceitou a golar algumas vezes a bebida e logo entregou a taça vazia.
- Ikuma... A babá eletrônica está ligada?
- Não precisa de babá eletrônica. Vamos ouvir ela chorar, e ela é um vampiro.
- Hai... Deita comigo... Eu preciso dormir...
- Durma. Eu vou tomar banho ainda. Descanse. - O beijou na testa.
Taa uniu as sobrancelhas e assentiu.
- Estava na boate um pouco antes, nem eu aguento o cheiro de perfume na roupa, vai te fazer passar mal.
- Tudo bem. - Taa sorriu a ele e ajeitou-se na cama a fechar os olhos.
- Descanse bem.
- Amo você... - Murmurou.
- Também o amo.
O maior sorriu, abraçando o travesseiro do outro.

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