Sagara e Azaiichi #1


- Azaiichi-kun
A menina chamou ao ver o garoto. Na verdade o havia encontrado por lá na casa de shows. Estudavam juntos, mas nunca se falavam, embora na verdade não quisesse admitir, gostava dele, que não parecia muito interessado. Suspirou. Ele estava sentado com seu casaco tipo bolero, era de couro e era até a altura de suas costelas. Embaixo usava uma regata preta. No pescoço usava um colar justo. Tinha que admitir, não era roupa que um homem hétero vestiria, ainda mais a arfar depois de gritar por seu vocalista. Parecia surpreso ao ser chamado, afinal nunca se falavam, mas talvez fosse uma oportunidade de se aproximar dele, pelo menos de sua amizade.
- Hum, sou a Mariko, da sua sala. Não sei se você lembra. Mas enfim, eh... Hum, minha amiga conseguiu um convite pra ir até uma festa particular no hotel dos meninos. Terão pessoas mais próximas dos integrantes e alguns conhecidos de conhecidos... Se você quiser, posso pedir a ela que você venha conosco.
Azaiichi suspirou, estava um pouco cansado, havia enfrentado o show do próprio vocalista favorito, e agora, observava no celular os vídeos que haviam sido gravados da apresentação.
- Droga, não consegui nenhum close legal dele! Mas esse corpo é tão bonito que me deixa sem ar. 
Falou ao amigo, por sorte, não fora pego por ela quando a viu aparecer e curiosamente desviou o olhar, atencioso ao que era dito. 
- Eh? Ta falando sério?! Claro que eu quero ir!
Ela sorriu, contagiando-se com a animosidade do garoto ou quem sabe simplesmente por ter uma resposta. Mordeu o lábio ao sorrir. 
- Então venha, nós vamos numa van que sai logo atrás da deles!
O garoto assentiu e segurou a mão dela, caminhando rapidamente em meio a multidão. 
- Vamos!
Mariko riu ao ser puxada e roçou a mão dele sobre a própria. Freou sua pressa.
- Calma, calma. Não podemos fazer alarde, tem que ir sutilmente. Eh... tudo bem com seu amigo? 
Disse a ele embora continuasse cruzando o caminho pelas pessoas meio perdidas no salão menos cheio, porém nada vazio. Seguia atrás da amiga, responsável por conseguir o convite particular. Após algumas palavras com o segurança, receberam as coordenadas e enfim acharam a van toda escura e nem escondida num estacionamento, já haviam algumas pessoas por lá.
- Tudo bem, ele nem vai sentir minha falta. 
Azaiichi falou num sorrisinho e diminuiu o ritmo, seguindo junto dela e por fim fez silêncio quando já chegavam a van, abrindo um pequeno sorriso nos lábios. 
- Isso é muito legal.
Mariko sorriu para ele e balançou a cabeça, assentindo ao comentário de modo que ainda fosse sutil. Havia ficado feliz em por fim terem se encontrado ali. Entrou e logo o chamou para igualmente se sentar. Alguns dos convidados já haviam se acomodado e quando a van finalmente se completou, ficaram alguns minutos em espera até que outro carro passasse a frente, indicando que os músicos já seguiam para o hotel. 
Azaiichi suspirou e desviou o olhar ao celular, ainda visualizando as fotos e vídeos que havia tirado e estava animado por finalmente poder conhecê-lo, será que poderia chegar perto?
Haviam passado pelo trânsito de Tóquio, mas um pouco mais enfim haviam chegado no endereço. Passavam para o estacionamento subterrâneo ao descer a rampa baixa. Quando pararam, olhou o garoto, queria falar algo com ele mas não tinha assunto, e ele parecia mais interessado em planejar coisas em sua cabeça, olhar o celular e balançar a perna na tentativa falha de chegarem mais rápidos, mas lá estavam agora. Mariko desceu com Hinako, uma amiga, e ele viera logo atrás de si. Os rapazes já haviam seguido, subiam o elevador mas podia vê-los encapuzados, o que os faziam parecer ainda mais suspeitos, mas era seu método. Após a subida deles, iam dispersando o público da van que teria de seguir para o grande quarto de hotel, que era mais na verdade como uma casa quando chegaram lá. A música não era foco, tinha algumas batidas no fundo, mas as vozes acabavam ofuscando. A luz tinha uma tonalidade roxa, luz negra. O cheiro era de gelo seco e álcool. 
- Parece que eles começam muito rápido. - Disse ao garoto.
Azaiichi seguiu com ela para fora da van finalmente, sentindo-se aliviado por ter chego logo ao hotel, não aguentava mais se manter naquele carro ponderando coisas que não sabia se poderiam se realizar, bem, há uma hora atrás nunca imaginaria que estaria no mesmo quarto que ele, tentaria não surtar. Num suspiro, viu os rapazes passarem diante de si, e o coração bateu seco no peito, uma batida forte, quis gritar o nome dele, mas manteve-se em silêncio. 
- Hum, parece que sim. 
Disse ao ouvi-la e só então pôde entrar no local, claro que quase atropelado pelas pessoas que entraram primeiro.
- Vamos conseguir algo pra beber? Eu não conto pra ninguém e você também não. Se alguém perguntar somos maiores. 
- Mari, Mari. Falei com o Kei-kun
Disse Hinako, que por um instante já havia se perdido e voltado. Era agitada, e por isso conseguia sempre aquele tipo de convite, além de bonita, era uma modelo de roupas modernas, gyaru.
- Saga-kun vai vir aqui falar com você! 
Disse ela enquanto esmagava a mão de Mariko, que embora estivesse na luz negra, estava vermelha de animosidade.
Azaiichi desviou o olhar a ambas as garotas e ouviu atencioso a garota que falava do guitarrista, sorriu animado em conjunto, embora não tivesse interesse nelas, tinha interesse apenas em um nome, Saga.
- Saga?! Ele vai vir?
- Siiim, vai vir com o Kei-kun! Mas acho que vamos dar uma volta pelos quartos. O Saga-kun, bem, Mari, dê um jeito! 
Disse ela respondendo ao garoto, quase nem dava importância se o conhecia ou não, como dito, era o tipo de pessoa que se enturmava com qualquer um que falasse consigo, desde que não fossem homens velhos e estranhos.
- Hum... Me apresenta pra ele, Mari? 
Azaiichi falou a ela com um sorrisinho, não sabia se ela gostava de si, mas se aproveitaria disso.
- Claro, acho que quando ele vier falará com nós dois.
Ela disse a ele, na verdade não percebendo sua segunda intenção, claro que não, afinal era tão fã quanto a si. Sorriu para ele da mesma forma e Hinako, na verdade já tomava frente. 
- Eu apresento vocês dois! Acho que eles estão vindo. Estão... Estão sim. 
Dizia ela enquanto espreitava o caminho dos músicos, que claro, tentavam ter sutileza ao passear pelo cômodo, evitar conversas demais, passaram por trás de alguns convidados e onde estavam, davam boa vazão para uma conversa e também para algumas bebidas. Hinako é claro, apresentou sua amiga ao guitarrista com que sua proximidade não parecia intimidada, pareciam se conhecer bem. Em seguida podia-se ver Saga, vocalista. O músico tinha seus cabelos pretos e navalhados, desciam por seu rosto de uma forma bem despreocupada, emolduravam seu pescoço com as pontas que descansavam nas clavículas que estavam à mostra em sua camisa preta de gola bem aberta, dava vista de uma tatuagem que subia pelo peito do lado direito. Seu rosto pálido estava meio escondido com uma parte de seu cabelo que parecia ser uma franja, mas não era de fato, os olhos dele pareciam sempre entediados e prontos para alguma grosseria, o cinza deles eram intensificados pela sombra preta já desbotada que os circulava. E, diferente de sua expressão desgostosa, era o sorriso quase sonolento, o que quebrava aquele seu aspecto arrogante completamente. 
- Saga-san, essa é a Mari-chan que o Kei-kun falou. Esse é o Aza-chi. 
Disse ela, tendo esquecido e improvisado o nome do amigo da outra.
Azaiichi observou os dois com a mesma empolgação da outra, queria muito ver o vocalista e quase chegava a estremecer ao pensar em falar com ele. Suspirou quando enfim o viu aparecer entre as pessoas, Deus, ele era mais bonito do que imaginava de perto, estaria mais perto ainda, não conseguia respirar, apenas ouvi-la e olhá-lo.
- ... Azaiichi.
- E aí. 
Foi o que saiu de Mariko em sua manifestação de apresentações. Com isso esticou a mão e então tocou a regata que vestia o amigo de classe dando uma puxadinha sutil, como teria feito com uma amiga.
- Mari, vou com o Kei-kun onde estiver mais calmo, senão vão encontrar ele e você sabe... Você devia ir com o Saga-kun. O Aza-chi pode achar alguma garota. 
Disse ela que estava um pouco agitada como sempre, desse modo saiu logo com o guitarrista, que não saiu sem antes dizer alguma coisa no ouvido do vocalista, acabaram rindo fosse qual fosse o assunto e assim a modelo seguiu sem vergonha junto do outro rapaz.
Azaiichi desviou o olhar à garota e por um momento, chateado observou o vocalista, imaginou que ele fosse hétero de fato, na verdade, sabia que não tinha chance com ele, mas ao menos queria conversar, trocar algumas palavras, conhecê-lo, sei lá.
- ... Hum... Você vai me deixar sozinho? - Falou à amiga.
- Eh... 
Ela disse confusa, na verdade pensava se havia sido uma boa ideia levá-lo ou encontrar o vocalista daquele modo. Não por ele, mas porque não queria dispersar o músico, gostava dele tanto quanto Azaiichi, e provavelmente se estivesse enrolada demais, ele acabaria indo embora. Negativou ao colega.
- Só espere um pouco. 
Após a saída do guitarrista, um incentivo para Saga seguir adiante com a garota, obviamente ele não queria que desapontasse sua modelo, era amiga dela afinal, mas não dava a mínima, se transaria com ela, é porque queria e não por um pedido. Ao pegar a cerveja, ergueu-a para a boca e deu um trago antes de então se manifestar para ela, que falava com seu amigo. 
- Então, Mariko, espero que não se importe com o gosto de cerveja. Você não quer ficar aqui, quer?
 Disse em seguida e a essa altura já havia se aproximado dela, fosse para ser capaz de falar ou o que viesse a seguir.
Azaiichi suspirou ao ouvi-lo, e por um momento sentiu uma pequena pontada de desgosto, negativou a ela e a ele, não queria ficar ali para ouvir aquilo. 
- ... Vou ficar por aí, Mariko.
Mariko levou a mão até a regata do garoto, segurando-o como havia feito antes. Era afobado afinal e não entendia porque estava querendo sair se a pouco não queria ficar sozinho. É, ele era gay, pôde deduzir ao ver seu rosto um tanto emburrado ou sabe-se lá que feição era aquela. Quando se deu conta, já podia sentir o gosto de cerveja na boca do vocalista e com isso não só a cerveja, também seus piercings na língua, tinha dois, pode contar o número de bolinhas metálicas que sentiu. Levou um tempo ali, e sabia que não iam ficar só beijando, era uma festa particular, de roqueiros, com álcool e para adultos, ainda que fossem jovens ali. O vocalista parecia ir devagar, mas era firme o suficiente para entender que estava disposto a sair de lá e levar a si a qualquer momento. Com o movimento dele, sabia que estava se excitando. 
- Saga-kun...
Ela disse a ele, mordeu seu lábio e fitou novamente o amigo ao lado, mesmo no escuro podia ver que estava vermelho, não parecia com vergonha. Ao se aproximar dele no entanto, já aproveitar para si ambos e também ajuda-lo com isso. Segurou seus cabelinhos cinzentos na raiz bem aparada, depois de beijar o vocalista, se aproximou do colega de classe, esperava não ter que dizer nada, beijou o rapaz, pôde ver em seu rosto que não tinha exatamente uma expressão sobre aquilo, o vocalista no entanto não parecia se importar, na verdade parecia entender aquilo como uma ideia. Quando após algum tempo, liberou os lábios do menino com que se aproveitou, voltou para o vocalista, lambiscou seus lábios de uma forma muito mais lasciva do que teria coragem, não era daquele jeito, mas sabia fingir que sim, era na verdade uma garota que estaria mais do que feliz em olha-los. Após novamente se separar de Saga, segurou seus cabelos negros e levemente longos, tal qual o garoto de cabelos curtos, indicou a ele o que ia fazer, e incentivou o músico e ele a se beijarem como se aquele gesto fosse algo para os três. Saga tinha aquela sua habitual expressão impassível, era como quem havia dado de ombros ao que estava pedindo, estava excitado para se importar com sexo a três e foi desse modo que cedeu ao amigo, um beijo de seu vocalista.
Azaiichi observou os dois com seu beijo, deveras inesperado, e claro, havia se irritado profundamente, nunca esperou ver o outro com outra pessoa, ainda mais uma mulher, quer dizer, gostava dele, sempre gostou e ela sabia, tanto que achou-a uma filha da puta trazer a si ali somente para esfregar aquilo na própria cara, queria ir embora, e realmente iria, se não a houvesse visto separar os lábios dos dele. A fitou, confuso e arregalou os olhos quando sentiu o beijo dela, não era hétero, disso tinha certeza, por isso ao invés de fechar os olhos, arqueou uma das sobrancelhas e não retribuiu aquele estranho beijo esquisito, apenas manteve-se a sentir sua língua tentando receber uma resposta da própria. Logo após, ainda confuso a fitou se afastar, e não estava realmente entendendo mais nada, tanto que apenas esperou pelos movimentos de alguém calado, por fim, a viu empurrá-lo contra si e arregalou os olhos quando finalmente sentiu os lábios dele colados aos próprios. Estava realmente o beijando? Realmente beijava aqueles lábios que cantavam tantas músicas que gostava? Sentia gosto de cerveja, não era o gosto que imaginava dele, mas era bom, seus lábios eram bons, tinha dois piercings na língua, constou assim como ela. Uma das mãos, devagar, guiou sobre a face dele, segurando-o enquanto trocava aquele beijo com ele e não estava muito certo se ele realmente queria fazer aquilo, mas a si queria, e até insinuou os quadris contra os dele em resposta, acidentalmente, claro. 
Após um trago de cerveja, uma conversa incerta e delongas que não tinha muito interesse, Saga pegou-a pelo pescoço, se aproximou e beijou. Não tinha muitas observações a fazer, não sentia sabores de nada, apenas da cerveja na própria boca. Tinha a boca macia e sentia-a trêmula, gostava daquele detalhe. Não era apressado, podia levar o beijo por um tempo antes de leva-la para um quarto, mas não faria muito além por ali, ainda estava na festa, mesmo que o ambiente estivesse escuro e fechado. Já a havia empurrado para a parede e apertado seu corpo pequeno. Sob um gemido que soou com o próprio nome, viu-a se voltar ao garoto a seu lado, não deu atenção aquele detalhe, enquanto ela o beijava, aproveitou de uns tragos de cerveja, longos e com a tequila misturada, não era difícil se tornar facilmente sexual. Quando enfim a morena deixou da boca de seu segundo parceiro sexual, voltou a beija-lo, num beijo que foi na verdade muito mais rápido que o primeiro. Com suas unhas finas na nuca, fitou-a sob um olhar indagativo, porém parecia lasciva, imaginava que queria um jogo à três. Não se importou com o garoto, não pestanejou em dar a ele o mesmo que a ela, um beijo de cerveja com tequila. Mas diferente dela, ele parecia mais interessado em finalmentes do que em movimentos ambíguos e sensuais. Ela ia devagar e com leveza, já ele, parecia se jogar na própria boca, assim como sua pelve, mas não foi um detalhe que buscou a atenção do álcool. 
- Calma, garoto. 
A voz soou como seu timbre grave e rouco, um pouco mais leve pela bebida e soprado em seus lábios que estavam por perto. 
Azaiichi desviou o olhar a ele conforme o vira se afastar de si e abriu um pequeno sorriso. 
- Não gosta de garotos, não é? 
Murmurou contra os lábios dele, estava barulhento, sabia que somente ele iria ouvir a si naquele momento.
- Uh. 
A resposta soou da boca de Saga mais como um sopro nasal e um sorriso que desdenhava a pergunta. Ao se afastar daquele garoto que mal podia ver de fato, imaginava se não era um daqueles carinhas tentando alguma reportagem pra faculdade. Da cerveja voltou a beber, adoraria ter alguns pedaços de limão, iria atrás de alguns. Dispensou a garota, também seu acompanhante, eles que transassem consigo mesmos se quisessem, desse modo voltou pelo caminho que havia seguido.
Azaiichi uniu as sobrancelhas ao vê-lo se afastar e desviou o olhar a ela, já imaginava de fato sua resposta, não devia mesmo gostar. Assentiu e abaixou a cabeça, deixando-a sozinha de mesmo modo e seguiu a procurar algo forte que pudesse beber.
Ela olhou o garoto em confusão, se perguntava o que havia dito ao músico, mas havia estragado tanto para si quanto a ele, jurava que poderiam ter sexo os três, ainda que para si seria suficiente vê-los. Um resmungo saiu de sua boca a medida em que frustrada, tivera que ir para qualquer lado como ele, buscar uma bebida e também procurá-lo. Em certo horário, as pessoas já eram obrigadas a se dispersar e ir embora, era um hotel, ruídos além das três da manhã não seriam convenientes. Quando ela saiu, tentou procurar o amigo, já Hinako, sequer tentou, estava certamente na cama com o guitarrista. Os músicos já haviam se retirado há algum tempo, provavelmente acompanhados ou vencidos pela bebida e o cansaço, falaria com ele na escola, pensou ao tomar o táxi. 
A verdade é que Azaiichi havia bebido talvez um pouco demais, estava meio tonto, não tanto para estar enjoado, mas o suficiente para tomar coragem, e irritado, havia tomado lugar dentro de um dos quartos igualmente, mas não para transar, estava na sacada, observando o céu, e fumava de modo descontraído um cigarro. Suspirou conforme observou a noite, se sentia um idiota, por ter chego tão perto dele e ter sido tão frustrado, bem, se ele não gostava de si, dane-se. Aos poucos, ouviu a música de dissipar, as pessoas pareciam ter ido embora, e não poderia ficar sozinho para voltar pra casa, talvez pudesse pegar o táxi com ela. Saiu do quarto, um pouco perdido e já não encontrara mais ninguém ali, somente um rapaz de cabelos negros, de costas, pegando uma das cervejas sobre a mesa. 
- Onde foi todo mundo?
Quando finalmente o quarto estava livre, Saga agradeceu para si mesmo pelo silêncio e as cervejas que restavam no bar. Abriu a garrafa ao girar a tampa de alumínio e tragou da cerveja que deu um alívio na sede insaciável, afinal, já havia tomado pelo menos seis daquelas, embora aéreo, não se sentia ao todo embriagado. Ao ouvir a voz, virou-se para a direção de onde viera, fitou ali um garoto que de uma coisa tinha certeza, não fazia parte da banda.
- Já foram embora. 
Novamente tinha a voz a soar levemente afetada, ainda que continuasse com o timbre habitual. 
Azaiichi uniu as sobrancelhas ao vê-lo se virar, notando só então que era ele, exatamente o vocalista que tanto gostava. Por um momento o observou silencioso, boquiaberto e aquele aperto no peito novamente se fez presente. Havia sido rejeitado e continuava sendo um trouxa.
- ... S-Saga-san...
- A ovelha se perdeu do rebanho? 
Saga indagou. Na verdade estava meio aéreo mesmo, tanto que não deu importância ao garoto que não havia partido dali.
- Ah... - O garoto murmurou, e havia notado que ele estava bêbado, talvez mais do que a si, que havia bebido apenas três cervejas e um drink que não fazia ideia do que era. - Hum... Saga-san, porque não se senta? Ou vai acabar se machucando.
- Ficar em pé não me machuca. 
Disse o moreno a ele, não entendendo bem o que ele queria dizer. Na verdade também não se lembrava dele, ainda mais pelas doses de álcool no sangue somado ao escuro da festa hora antes.
- Eu sei, mas está tonto, não está? 
Azaiichi falou a ele com um pequeno sorriso nos lábios e empurrou-o suavemente em direção ao sofá, fazendo-o se sentar e sentou-se sobre o colo dele, observando-o de perto.
- Na verdade não. 
Disse o maior, não se sentia tonto, ou ao menos não tinha ciência disso de fato. Mas se sentou e com a queda, respingou um pouco da cerveja nos dedos, quais levou para a boca e sorveu os gotejos. Para ele olhou por todo o movimento, do alto até se sentar então no próprio colo. 
- O que foi, garoto?
- Você não gosta de garotos? Eu esperei tanto tempo pra poder falar com você, chegar perto de você, e preferiu beijar a minha amiga? 
Azaiichi falou a ele, um pouco irritado e aproximou-se de seu pescoço, distribuindo alguns pequenos beijos, mordendo a pele ao puxá-la entre os dentes, e sentia aquele perfume gostoso dele, que sempre sonhou em sentir, era melhor ainda.
- Beijar sua amiga? 
Saga indagou, não se lembrava dele, não lembrava de sua amiga, havia dado maior atenção aos cigarros e bebida, até um pouco de guitarra, não era sempre festivo e aquele era um daqueles dias. Ao erguer o olhar e tragar da cerveja, observou o teto enquanto sentia os beijos do garoto, algumas mordidas. Com a mão desocupada buscou um cigarro, tentando tatear o bolso. No entanto quando enfim ele parou, voltou o olhar afiado, embora pouco aberto, para seu rosto, teve uma breve lembrança dele, mas não tinha certeza.
- Eu posso fazer você se sentir bem mesmo sendo um garoto, sabia? 
O menor falou a ele num sorriso e mordeu seu lábios inferior, claro que não falava algo com propriedade realmente, nunca havia feito sexo, tinha pouca idade, e ele era bem mais velho do que a si, mas não podia perder aquele momento.
- Você é tão bonito... Canta uma música pra mim.
- Uh, você é algum tipo de jornalista? 
Saga indagou, buscando descobrir sobre ele. Porém saberia que não, por sua feição jovem demais para um universitário, mas estava bêbado. 
- Eu não ligo se você tem pau, garoto.
- Iie, sou seu fã. Aliás, eu sou seu maior fã. - Azaiichi falou com um sorriso e selou-lhe os lábios novamente. - Você é muito mais bonito pessoalmente... 
Disse a tocar o tórax dele mesmo sobre sua camisa e roçou-se devagar em seu colo, deixando-o sentir as nádegas.
Saga sorriu, evidentemente um sorriso alterado. Já havia escutado antes algo como aquilo, era comum aquele tipo de xaveco. Tinha "grandes fãs". Voltou o olhar para suas mãos, passeando no peito e seus quadris em movimento, esfregando-se no próprio colo. Nada lhe disse, continuou atencioso a bebida, embora não tentasse conter a ereção que ele provavelmente faria ter. 
- Não quer transar comigo? - Azaiichi murmurou contra os lábios dele. - Eu faço tudo que você quiser, Saga-san. Só quero ser seu. 
Murmurou e por um momento abaixou-se para sentir o aroma de seus cabelos, pareciam macios e eram, constou quando os tocou, adentrou sua camisa, desabotoando-a e as mãos tocaram sua pele finalmente, acariciando-o, arranhando.
Saga o estava entendendo porém não estava dando demasiada atenção às perguntas. Ele não precisava de tanto, se queria transar, só de esfregar sua bunda no baixo ventre, dava a ele a ereção que formava sob o jeans escuro. A pele em resposta, estava eriçando por suas unhas por onde elas passavam. 
- Você é maior, hum?
O menor desviou o olhar a ele e assentiu, claro que era mentira e se ele estivesse são talvez teria entendido. Abaixou-se, ajoelhando-se entre as pernas dele e puxou sua calça, abrindo-a.
Saga assentiu, sem veemência porém, mas não estava disposto a continuar perguntando ou pedir sua identidade, não era uma segurança afinal. Ao vê-lo se levantar, caminhou ao meio das próprias pernas, tendo espaço, ainda que o estofado fosse um impasse para seus joelhos. Após mais um trago na bebida, finalizou a garrafa de cerveja e tequila, deixou-a num moveu qualquer onde a camareira pegaria no dia seguinte, se levantou e ainda que estivesse zonzo, conseguia pegar o rapaz, suficiente para leva-lo para um dos quartos.
Azaiichi observou seus movimentos, arqueando uma das sobrancelhas em sua naturalidade e por fim arregalou os olhos ao senti-lo pegar a si no colo, mas agarrou-se a ele, seguindo ao quarto.
O maior não foi muito rápido nos passos, não queria terminar jogando aquele garoto que mais parecia um brinquedo daqueles de criança que se agarram à roupa. Ao abrir a porta do quarto, deu vazão ao cômodo, tinha o lençol amarrotado e algumas garrafas de cerveja, indicando que já havia passado um tempo ali, era também o único cômodo que a bagunça não se estendia além dos lençóis. Após entrar, jogou o garoto sobre a cama e fechou a porta do quarto. Fitava-o com olhos pouco abertos, ainda que fossem naturalmente estreitos, a expressão normalmente em tédio, parecia mais sonolenta naquele momento, mas diferente disso, estava bem acordado e denunciava com a boxer marcada pela ereção. Após isso, caminhou até o criado mudo de onde pegou um cigarro. Acendeu e tragou e só então resolveu terminar de desacasalar os botões da camisa, revelando o tórax tão pálido quanto o rosto, mas com ele a tatuagem que descia desde o peito, passando pela costela e morria aos poucos na pelve.

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