Atsushi e Kaoru #41


- Atsushi? 
Kaoru disse esfregando os olhos, meio confuso, sentia uma sensação estranha, e dormia lado a ele, então fora obrigado a acorda-lo, era quase como um desespero. 
- Você se lembra do sorvete com pepino que falei pra você dias atrás? Então...
- Hum? 
Atsushi murmurou, sonolento ao ser chamado. Virou-se para ele e sorriu, imaginava que seria um dos desejos e esperou por ouvir. Riu, entre dentes, meio adormecido. Kaoru riu igualmente e negativou. 
- Sério... Eu quero sorvete. E o pepino maldito.
- Hum.. Pode ser qualquer sorvete? 
O vocalista murmurou mas se sentou logo. Tinha olhos pequenos de sono e tocou os cabelos, jogando-os para trás.
- Não, deixa, eu vou... Na cozinha, não quero te fazer levantar essa hora.
- Você quer algum sabor específico de sorvete?
Kaoru sorriu a ele. 
- Chocolate.
- Hum, chocolate nós temos. Temos de matcha também. Qual você quer?
- Nossa... Você estocou né? - Kaoru riu.
- Tenho de morango e creme também, mas porque eles estão com o de chocolate. - Atsushi sorriu. - O de matcha tem chocolate branco.
- Traz o de matcha então...
- Com... Pepino?
- ... É.
- Tá bem. 
Atsushi disse e se levantou. Passou pelos gatos que dormiam espalhados no tapete e os afagou, mas seguiu para a cozinha onde daria aquela sua experiência. Kaoru suspirou num pequeno sorriso, gostava de saber que ele se importava consigo para levantar três da manhã, e o acordou justamente porque sabia que ele estava animado para isso, era um pai de primeira viagem de todo modo.
Atsushi pegou o sorvete e após lavar as mãos e mesmo o vegetal que por sorte, havia na geladeira. Agradeceu mentalmente à serviçal, fatiou o pepino suficiente para ele comer junto ou deixar de lado. Até torceu a cara para si mesmo ao pensar no sabor e logo entregou a ele o pote de sorvete. Aproveitou para ligar a televisão e deixar algo passar enquanto isso. Kaoru riu baixinho ao aceitar o sorvete e também o prato estranho com pepino, odiava pepino, mas parecia uma delícia naquele momento. Pegou uma das fatias e levou rapidamente para a boca. O vocalista o observou de soslaio e sorriu, esperando pela experiência dele. Após levar o pepino aos lábios, o guitarrista levou uma colherada do sorvete e sorriu, mas o sorriso murchou aos poucos.
- Meu deus que coisa horrível.
O riso iniciou entre os dentes de Atsushi, mas se percebeu logo gargalhando.
- Pra que dar umas porcarias de desejo assim?
O maior riu, agora mais baixo. 
- E ainda quer?
- Não, quero só o sorvete. - Riu.
- Ah, matou o desejo, hum?
- Matei, bem matado mesmo.
- Nosso bebê não vai nascer com cara de pepino?
- Que cena horrível.
Atsushi riu novamente, negativando consigo mesmo.




- Cara, a gente devia mesmo fazer uma turnê legal tipo uns seis meses, agora que o Shin está melhor. - Disse Die.
- Ah... É difícil Die, sabe que temos o Kyohei. - Respondeu o baterista.
- É que a gente quase nem viaja mais.
- Acho que... Por hora não dá pra viajar de todo modo. 
Kaoru desviou o olhar ao vocalista sentado ao canto, não parecia querer participar da conversa, olhando seu computador no colo. 
- Hum, você está chato, tomando cerveja sem álcool. - Disse Die.
Kaoru sorriu meio de canto. 
- Deixa minha cerveja. 
- Para de implicar com ele, Die. 
- Estou enchendo o saco, daqui a pouco vai dizer que também está grávido. 
Kaoru sorriu meio de canto, negativando, porém recebeu um sorrisinho do baterista. 
- Ah não... Sério? 
- Sério o que? 
- Sério que você está grávido...? 
- ... Shin, seja mais discreto. 
- Desculpe, eu estou tão animado. - Respondeu o baterista.
- Ah não... Como assim? Você... Não vai mais sair comigo agora? - Disse Die.
- Quem disse? É um filho, não uma corda. 
- Porra, eu sou o único irresponsável dessa banda? 
- Você e o Toshiya namorando o filho de dezessete anos do Kyo, aliás, cadê o Toshiya?
Kaoru ergueu o olhar por cima da tela do computador, não participava da conversa, mas sabia exatamente o que falavam, percebia indiretamente. Ao ouvir falar do baixista, de algum modo agradeceu por ele não estar ali. 
- Não fiquem falando disso na frente do Toshiya.
Die desviou o olhar ao vocalista ao canto. 
- Ué, por que? O Toshiya quer um também? Aí sim, só eu vou ser o vadio. 
- Você sempre foi. - Respondeu Shinya.
- É, e se ele quiser, será problemático com Hitomi. Arrume alguém e se case, Die. - Disse Kyo.
- Ah, eu não vou casar. Eu vou ser solteiro pra sempre. 
Shinya arqueou uma das sobrancelhas e riu baixinho. 
- Tá rindo do que, palhaço? - Die sutilmente empurrou o amigo.
- Queria casar com o Kaoru?
- Eu hein! Eu não gosto de homem. 
Kaoru arqueou uma das sobrancelhas. 
- Die gosta de fingir que é macho, sabe disso, Kyo.
- E ele não seria macho se gostasse de um homem? 
Kyo indagou e de leve arqueou a sobrancelha rala. Kaoru desviou o olhar a ele num pequeno sorriso. 
- Eu quis dizer o pegador, você entendeu. Não é como se não fossemos machos. - Riu.
- Eu não sei você, mas sou muito homem. 
Disse o vocalista e embora falasse sério, estava certamente brincando com o amigo. Kaoru sorriu ao ouvi-lo, sabia que ele estava brincando e negativou. 
- Bem... Eu já fui, hoje em dia não sei mais. 
Die pigarreou. 
- Quantos meses?
- Quantos meses o que? - Respondeu Kaoru.
- O bebê.
- Ah, três e meio. 
- Por isso você está barrigudo. É menina?
- Menino.
- Ai, é um menino? - Shinya sorriu. - Que gracinha, vocês já escolheram o nome?
- Ah... Eu não sei. Acho que vou escolher algo que pareça com Atsushi, eu gosto do nome dele.
- Porra, mas vocês já estão juntos há quanto tempo? Parece dois dias. - Die disse.
- Faz quase dois anos, Die.
- E há dois anos o Die vem lamentando. - Kyo disse, dispensava as partes mais amorosas.
- Eu não quero nada com o Kaoru, não, Deus me livre. - Respondeu Die.
- Hum, talvez se o Kaoru ainda usasse cinta-liga. - Disse o baterista.
Kaoru desviou o olhar ao baterista e quase podia jurar que havia ficado vermelho, riu em seguida. 
- Imagine eu com quarenta anos de cinta-liga. 
- Acho que tudo depende do estilo, o Shin não ia ficar feio de cinta-liga.
- ... - Shinya arqueou uma das sobrancelhas.
- Não que eu esteja te imaginando de cinta-liga!
- Não ligo, Die, sei que Shinya sempre foi a forma sutil de você demonstrar interesse em homens. - Disse Kyo.
- O que? Eu achava que ele era uma mulher!
- Ah... Parem de falar de mim assim. - Shinya disse a sentir a face corar.
- É evidente que ele é um homem, Die. Kaoru?
- Oi? Ah, é óbvio, o Die só é meio viado e não quer admitir.
- Qual é, agora vocês que fazem bullying comigo?
Kaoru riu e negativou, porém cessou a fala conforme viu o mais alto adentrar a sala, usava uma camisa larga, uma calça apertada e os cabelos curtos agora estavam desarrumados, tinha os olhos pouco vermelhos, mas não quis entrar em detalhes. 
- Desculpem o atraso. 
Kaoru desviou o olhar aos outros, e estava evidente que ninguém queria realmente perguntar o que havia acontecido, até Die havia se calado, então, levantou-se. 
- Bem, vamos começar logo e terminamos logo.
- Estava fumando, Toshiya? 
Kyo indagou, referindo-se a feição que tinha, não falava sobre cigarro. Kaoru cessou conforme ouviu o vocalista perguntar e até Shinya havia ficado aflito pela pergunta, havia desviado o olhar. Toshiya desviou o olhar ao amigo e abriu um pequeno sorriso de canto, tentando ignorar a tensão dos outros. 
- Se eu tocar errado, você vai saber.
- Tem a ver com o Hitomi? - Perguntou Kyo.
Toshiya negativou, e na verdade, tinha, mas não diria. 
- Podemos?
- Hum, seremos breves hoje.
- Pago um café pra vocês depois. - Disse Toshiya.
Kaoru deu sutis batidas no ombro do amigo, não precisava saber o que havia acontecido. Seguiu então para o ensaio, que realmente havia sido breve, eram só três músicas, o restante já haviam resolvido em outro dia. 
- Bem, eu vou deixar o café pra outro dia, tenho que encontrar o Atsushi. Até depois.

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