Broken Hearts #20


- Bom dia Ophelia. 
Yori disse a se espreguiçar e seguiu para a cozinha, onde viu a mesa posta como de praxe. Naquele dia, não o havia visto na cama, o que para si foi estranho, ainda assim, por achar que ele estaria pela casa, seguiu com a camisa dele, que usava como pijama. 
- Onde está o Hideki? 
- Bom dia, Yori-chan. O senhor foi resolver alguns problemas, voltará em breve.
- Resolver problemas? Ah, tudo bem. Bom dia Haiiro! Disse a pegar o gatinho que já estava mais grandinho nos braços e acariciou a cabecinha pequena dele.
- Parece de bom humor, Yori. Aconteceu alguma coisa? 
- Ah... Não realmente. - O pequeno sorriu. - Estou dormindo confortável no quarto dele e bem, posso transitar pela casa, assim me sinto melhor. 
- Hum, deveria ser horrível ficar preso lá embaixo.
Ao ouvi-la, o sorriso se perdeu aos poucos dos lábios do menor e assentiu. 
- Ah, não se chateie, Yori-chan, já passou.
- É, e ele é um psicopata. 
- Vampiros são assim. Eles não entendem que humanos são diferentes e precisam de carinho, hum? Hideki aprendeu que tudo se resolve no tapa.
- Hum... Não sei se vou conseguir mudar isso. 
Yori disse, e silencioso iniciou o café da manhã, comeu apenas duas torradas e bebeu um pouco de suco de laranja, tinha a casa para si naquele dia, então iria explorar, talvez cuidar do jardim, as plantinhas que havia plantado estavam um pouco estranhas, isso porque ele não tinha realmente um jardineiro para aquilo, o rapaz só cuidava da grama e flores ao redor da casa, mas aquele espaço era próprio. 
- Só não desça as escadas, tudo bem? Hideki disse que você só tem permissão de ficar aqui em cima.
Yori assentiu, porém, era estranho que não pudesse descer, por qual motivo? Havia ficado trancado lá por dias. Talvez ele quisesse proteger a si das memórias, era um tolo, não tinha problema com isso. Observou toda a sala, os pequenos detalhes em mogno que ele gostava, era lindo, o lugar era lindo, e pela janela podia ver o exterior da casa, e as pequenas gotas de chuva que escorreram pelo vidro. Estava feliz, de uma maneira estranha e inesperada, todo aquele ambiente dava a si maior calma e tranquilidade. O gatinho roçou sua cauda peluda em si e sorriu para ele, mas observou que na cozinha sua água e comida estavam cheias, Ophelia sempre cuidava dele quando não estava ou enquanto dormia, não tinha de fato muito com o que se preocupar. 
Conforme viu Ophelia seguir para a cozinha, Yori espreitou a escada dois cômodos depois, era uma casa grande, mas naquele dia só havia a si e ela, talvez Hideki tivesse achado melhor dispensar os demais empregados para que tivesse mais conforto, se sentia mais tranquilo somente com Ophelia do que com outras pessoas em conjunto. Devagar, seguiu para descer as escadas, e só então pôde ver o corredor já conhecido. De fato sentiu um arrepio na espinha, se lembrava de quando via os pés dele por baixo da porta e sabia que ele iria machucar a si quando entrasse no quarto, mas agora, podia ver nitidamente quem ele era, ele não era nada mais, nada menos do que alguém que precisava de amor, como a si, ou talvez fosse assim que pensava.
Os dedos delinearam a maçaneta do quarto, se lembrava da caminha pequena e desconfortável, do quarto sem janelas, escuro e das manchas de sangue que havia deixado na parede, até a televisão antiga que havia ganhado. Será que tudo estaria no mesmo lugar ainda? Ao abrir a porta, buscou fitar a cama, mas dentro só havia uma cadeira, e o que causou o próprio espanto é que não estava vazia. A voz morreu na garganta, sentiu um aperto imenso no peito, uma sensação de desespero invadir a si, mas tudo que conseguiu fora ficar parado, encarando a imagem que tinha em frente a si. Ali sentado, havia um garoto, era um pouco maior do que a si, tinha cabelos curtos, aparados na nuca, grisalhos embora ele não fosse um homem mais velho, estava vendado, mas tinha os lábios sujos de sangue, o que ela estranho, e parecia seco como se estivesse daquela forma há uns dias.
- ... Q-quem é você?
- Hum... Sinto cheiro de oferenda. 
O rapaz dizia de onde estava, sentado e impossibilitado como estava das brincadeiras, embora pudesse se soltar das cordas entrelaçadas aos pés e braços, sendo mantido na posição. Yori uniu as sobrancelhas, não entendia o que ele estava falando ou quem era, mas ele não parecia um humano, só poderia confirmar se retirasse sua venda, e assim o fez. 
- ... Você não é humano.
O outro arqueou a sobrancelha diante de seu movimento rápido, desfazendo da venda dos olhos e piscou algumas vezes para se adaptar à iluminação. 
- Você não devia tirar minha venda, só o Hideki devia fazer isso. - Dizia e já estava desajeitado, colocaria culpa no garoto, soltou as mãos e também as pernas, as quais cruzou, sentado como estava. - Você acha?
Yori arqueou uma das sobrancelhas ao ouvi-lo. 
- Hideki? Por que ele manteria um vampiro preso aqui embaixo? Vampiros se alimentam de outros vampiros?
- Hum, mas é claro, meu anjo. Mas esse não é meu caso, se nós trocarmos nossos sangues teremos emoções conjuntas. Você é mesmo tão puro, é a primeira coisa que vem à sua cabeça?
Yori uniu as sobrancelhas ao ouvi-lo. 
- ... Está dizendo que ele está mantendo você assim pra transar? Ele não faria isso!
- Ah, não? - O rapaz sorriu, canteiro.
O menor fechou a expressão ao ouvi-lo, não era possível que ele estivesse fazendo aquilo. Queria ter a si como parceiro, mas tinha outro vampiro preso no porão, nada fazia sentido. 
- Mentiroso! Prove!
- Você quer tirar as minhas roupas? Talvez não seja tão puro assim. - Ele riu, entre os dentes. - Meu anjo, nós praticamos coisas que você não entende.
Yori negativou conforme o ouviu, estava irritado, queria sair dali correndo e de relance podia ver o quarto, tinha sangue no chão, tinha cordas, e acessórios que não conseguia compreender exatamente, preferiu não pensar demais, não era culpa dele realmente, ele não sabia sobre si. 
- ... 
Ao ouvi-lo, sentiu como um soco na boca do estômago, estava confiando nele, estava até mesmo gostando dele, estava se apaixonando por ele. Como conseguiu confiar num vampiro? Empurrou a porta e seguiu para cima novamente. O sorrisinho nos lábios do vampiro era a despedida dele, não disse nada. Não simpatizava exatamente com humanos, era o tipo Hideki, por isso gostava de atendê-lo, aquele tipo mimado de vampiro nascido e era por isso que o estava provocando.
Ao subir as escadas, o menor adentrou o quarto, estava furioso, e o pior, não sabia o que fazer. Por um momento permaneceu apenas dentro do cômodo silencioso e depois entrou no banheiro e fechou a porta, gritou e bateu na parede como se pudesse de alguma forma ser o rosto dele, onde queria bater e já estava chorando. Esperava somente que a serviçal não quisesse entrar no local, não teria como lidar com ela naquele momento. Sentou-se no chão e abraçou as pernas, era o que podia fazer, era o espaço seguro que tinha naquele momento e de olhos fechados tentava entender o que estava acontecendo, não acreditava, não tinha como acreditar que ele estivesse traindo a si daquela forma. Talvez fosse somente um humano tolo mesmo, e nunca pudesse dar a ele o que um vampiro poderia dar. Ponderou por um momento que no fim, deveria mesmo morrer, estava na ponte, e mesmo quem salvou a si, preferiu trocar por outra pessoa. Quão inútil poderia ser? Mesmo com o rosto molhado, tinha o vislumbre da banheira. Talvez, se a enchesse de água... 

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4 comentários:

  1. Pera..não ele não fez isso! Tá na cara Yori!!! Ele não fez isso! Aquele boçal lá mentiu para tu! Não faça burrada carai !!!

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  2. Vish Maria, volta aquii Yori,faz isso não muleke ;-; e contraditório por pensar que não pode acreditar em vampiros e acreditar nessa peste que apareceu u.u espero que o Hideki volte logo é tire essas caraminholas da cabeça do nosso Yori ♡

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    1. Mas e se estiver traindo mesmo hein? Como vamos saber? E agora?

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