Broken Hearts #24


Naquele dia, após desacordar Yori, havia permanecido algumas horas até que o dia começasse a saudar a própria presença; havia tido esperanças de que ele fosse rápido em acordar, nunca havia transformado alguém, portanto, esperava ter sorte e não perde-lo pela própria ânsia, pela própria gana em tomar aquela criança para si mesmo, não apenas com seu corpo, o qual sabia, podia facilmente ter e violar, nas numa altura do campeonato, por mais rápido que parecesse para o pequeno humano agora desfalecido nos próprios braços, o desenvolvimento dos sentimentos eram ágeis demais para desejar ter mais que sua parte física, queria também ter seus pensamentos, seus sentimentos, embora não fosse alguém acostumado a cativar e conhecer as pessoas. Havia crescido daquela forma, tinha tudo o que precisava quando queria, porque viera de uma boa família, porém, financeiramente, então, falar sobre afabilidade e sentimentos não era uma coisa muito fácil de entender, era uma coisa que pouco conhecia, talvez por Ophelia, talvez pelos que trabalhavam consigo, mas não era um sentimento como aquele. Se queria sentir aquilo? Talvez não, talvez preferisse a facilidade de não querer coisa alguma, pessoa alguma, mas agora estava ali, enganando a si mesmo enquanto pedia silenciosamente para que ele fosse forte como pensava que era, que acordasse e que voltasse para si, naquele mesmo lugar, por isso, por todos os dias em que aguardaria sua volta, o levaria alí. Quando chegou em casa no mesmo dia, Ophelia não fazia perguntar, mas podia ver seus lábios trêmulos como quem queria dizer qualquer coisa, em silêncio ela apenas tratou de arrumar tudo o que achava necessário para dar conforto à transição de Yori. Entendia que em algum momento o garoto havia se tornando alguém importante para ela também, não como era para si, talvez, importante como era para ela, um familiar, um irmão. Após acomoda-lo, religiosamente lhe dava banhos e trocava suas vestes, ele transpirou em algum momento, em outros, era apenas como um pequeno cubo de gelo seco. Por horas percebia que o olhava dormir, e era estranho estar ali sem ver qualquer movimento de seus olhos visando acordar, ou estar no silêncio mesmo da falta de seus resmungos de dor, era estranho estar na casa como ela sempre foi, porque desde que o levara ali, deixou de ser o lugar onde cresceu, talvez o garoto fosse um pequeno ponto de luz, para ele prestes a apagar, mas para si, naquele lugar, mesmo a palidez de sua pequena chama era calorosa o suficiente. Sentiu saudades de sua voz, por três dias, que mais pareceram meses. Percebeu em si um toque de sentimentos desconhecidos, ou talvez conhecidos mas não percebidos, saudade, amor, consideração, por mínima que fosse. Aproveitou naquele meio tempo para descobrir detalhes de seu rosto miúdo que nunca havia visto, como uma delicada pinta próxima ao queixo, ou como o mesmo sem vida, seu semblante parecia manhoso como o de uma criança esperando por um doce e foi assim que quase deixou escapar uma risada breve, enquanto se sentava à beira da cama e colocava seus braços nas mangas da camisa longa, se preparando para leva-lo, novamente até onde o havia encontrado e sabia que no fundo, aquilo talvez fosse até romântico, embora quisesse apenas o significado de reencontra-lo e assim, dar a ele tudo o que deveria ter feito para sentir que precisava viver, que não estava sozinho e que haveriam opções, porque aquelas foram algumas das sensações que o garoto ensinou a si sem querer. Esticou a mão, tocou e emoldurou seu rosto com o toque dos dedos, tocou seus cabelos curtos e loiros, deslizou para a nuca e então o puxou para o colo, colocando seu pequeno corpo junto ao próprio, levando-o por toda a silenciosa caminhada até a ponte há alguns minutos de casa, mas não se sentiu sozinho, era assim que sabia que ele estava voltando. 

- Uh... Preguiçoso.

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1 comentários:

  1. Sinceramente, eu sempre acreditei que o Hide-chan sentia algo dentro de si quanto ao Yori, porém, nunca admitia de fato para si. Sempre se questionando, ou talvez, tendo medo de dizer que o amava de verdade.
    Este momento vejo como decisivo para que ele tivesse consciência disso para finalmente admitir seus sentimentos por esse pequeno humano cu doce <3

    Realmente um capítulo maravilhoso Kaya! Obrigada mesmo por tê-lo escrito <3

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