Kazuma e Asahi #70


Um sorrisinho Asahi expunha nos lábios quando saiu do quartel, não estava com ele, mas o carro com seu motorista estava esperando a si do lado de fora. Havia tido aulas de enfermagem a manhã toda, gostava, aprendia mais, se tornava útil para ele. Ao sair, podia ouvir as mulheres conversando na porta, um rádio tocava uma música típica japonesa e após as notícias de como estava a guerra no ocidente. Imaginou que tudo aquilo havia acabado, mas pelas notícias estava pior do que imaginava, ele não havia dito a si, não havia mencionado nada. Uniu as sobrancelhas, se sentia um idiota, cego, mas aparentemente a guerra não estava avançando para o Japão, não ainda. Adentrou o carro, silencioso, o sorriso que tinha havia sumido. Ao chegar, desembarcou do carro e seguiu para dentro da casa generosa do outro. 

- Asahi-san, que bom que chegou. Kazuma está no jardim. 
Assentiu e seguiu pelos corredores bonitos, observava o local e ponderava que a paz que tinha podia ser temporária. Por um momento sentiu o chão quase cair abaixo de si, como se um grande buraco estivesse sugando a si para dentro, se lembrava dos tiros, se lembrava do sangue, do sangue dele, de não saber se o veria vivo mais um dia, e a ideia de que podia ter uma família com ele se dissipava aos poucos. Apoiou-se em uma pilastra, as lágrimas preencheram os olhos e negativou, tentando afastar aquele estranho ataque que fazia o coração bater firme no peito, num momento estava bem, no outro, sem ar e fora quando bateu contra o chão. 
- Asahi-san! Kazuma!
Kazuma levantou-se sob o protesto de voz. Havia deixado brevemente o chá que se derramou na pequena mesa a medida em que ao se levantar rapidamente, acabou esbarrando nela. Seria limpa mais tarde.



Kazuma sentou-se ao lado dele na cama, onde já havia passado algum tempo desde que desacordado. Havia sido examinado, passava bem embora houvesse desmaiado, havia sido avisado de um possível estresse ou noites mal dormidas. Colocou a toalha úmida sob sua nuca, com uma leve essência, talvez lhe desse alguma leveza. Asahi a
briu os olhos, devagar após um tempo desacordado, fitava o teto do quarto, podia sentir um aroma gostoso de essência, ele estava ali consigo. Desviou o olhar a ele, ainda um pouco embargado por estar tanto tempo desacordado. 
- ... Kazuma.
- Padre. - O moreno disse a ele, quando enfim acordado. - Sente alguma coisa? Tontura? Dores?
Asahi uniu as sobrancelhas ao ouvi-lo. 
- Minha cabeça dói... O que aconteceu?
- Você desmaiou. Aparentemente por estresse, mas você está bem. 
Kazuma disse e expôs o dedo entre seus olhos, pedindo por segui-los conforme o moveu. Asahi seguiu o dedo dele conforme pedido e suspirou.
- Me desculpe...
O moreno ignorou o pedido sem fundamento e se voltou para o lado, onde preparou um chá com a louça já prontificada.
- Vem, sente-se.
- Hai... - Asahi sentou-se na cama, acomodando-se e sorriu a ele. - ...
Kazuma o ajudou a se ajustar e desse modo entregou a ele a xícara de chá. Asahi pegou a xícara, sentindo-a aquecer a mão e sorriu novamente, aspirando o aroma do chá. 
- ... Está tudo bem?
- Sim, ele disse que foi só um estresse. Agora me diz você, o que houve?
- ... Estava saindo do quartel e ouvi no rádio que a Alemanha estava em guerra... Eu tenho medo que acabem convocando você de novo.
- E você desmaiou por isso?
- Fiquei nervoso...
- A guerra te afeta, hum?
- ... não quero te perder.
- Você quer ser enfermeiro quando não tem controle dos seus sentimentos?
Asahi uniu as sobrancelhas e desviou o olhar ao chá.
- Como será capaz de auxiliar alguém se não pode fazer isso por si mesmo?
- Para, Kazuma. Eu não tenho culpa.
- Sei que não tem culpa, mas não está apto pra estudar sobre isso agora. Você vai precisar fazer alguma terapia, só entanto voltará para a enfermaria.
- ... O QUE? Não!
- Não vou discutir com você.
- Kazuma, eu não posso! E se a guerra vier, como eu irei com você?
- Acha que tem condições de ir pra guerra se desmaia ao pensar nela? Na enfermaria tem homens com parte de seu corpo afetado por uma explosão, o que você faz?
- ... Eu estou aprendendo a cuidar deles.
- Você balança na primeira notícia que tem, não está apto a isso. Você estará na hora que ouvir isso e souber que você é um homem que estará pra resolver problemas e ajudar. Não balançar por medo.
- ... - Asahi estreitou os olhos. - Eu não vou sair. Está querendo me afastar do quartel.
- Você acha que consegue fazer algo por lá se eu não permitir? 
Kazuma indagou e sorriu, irônico.
- Por que está fazendo isso comigo?
- Porque você é fraco. Tem que cuidar da sua mente antes.
Asahi estendeu a xícara a ele novamente.
- Não vai resolver me contrariando, Asahi. Tenho mais de anos no exército, se estou dizendo a você que precisa cuidar da sua mente, é porque precisa. Não acredita em mim?
- E o que quer que eu faça? Fique meses recebendo médicos me visitando pra descobrir que sou traumatizado, te ver indo pra guerra de novo, não poder ir com você e acabar me suicidando?
- Por Deus, Asahi. Te trouxe pra ser um companheiro e não um dependente.
- Dependente? Eu só quero ficar com você, não quero ficar sozinho. Quão difícil é entender isso?
- Parece o que diferente de dependente dizer que irá se suicidar se não for pra guerra comigo? Fiquei no exercito, subi de escala, comando diversos homens sob minhas ordens, sob a minha direção, pra um pirralho que tem coragem de me dizer que vai cometer suicídio depois de anos na igreja tendo estudado sobre isso, vendo pessoas que morreram e dariam tudo para ter a sorte de estar vivo como você, e desconfiar da minha competência. Não sou imortal, mas não é tão fácil acabar comigo. Te pedi pra se ajudar, não pra parecer um penduricalho. O homem que conheci na igreja tinha sabedoria suficiente pra me responder que cuidaria de si mesmo, para estar bem e ser um homem capaz de me ajudar e estar a meu lado, não escorado e nem atrás de mim. Está agindo como uma criança, não te conheci assim e não me apaixonei por uma criança. Não é difícil se cuidar, as pessoas precisam saber a hora de parar e eu sei quando é a minha hora, também sei que você precisa saber da sua.
Asahi ouviu-o em silêncio e sentia raiva por ouvi-lo dizer que era dependente dele. Vivera dois anos longe dele, sabendo que ele não voltaria, poderia ter se matado, mas não o fez. Era triste saber que ele pensava daquele modo sobre si. 
- Não será uma guerra como a dos chineses, será muito maior, será no mundo todo outra vez. Como posso esperar que esteja bem se eles tem bombas e armas terríveis? Devo fazer como uma dona de casa e lavar roupa enquanto você luta na guerra?
Kazuma não o julgava ao todo como um completo dependente, mas seu modo naquele instante era como um. Alegar suicídio para si havia sido um péssimo modo de exemplificar seu ponto de vista, contradize-lo agora uma vez que já havia demonstrado tamanha entrega não adiantaria nada. Ele podia não ter sido, mas estava se tornando dependente não de si, mas dos próprios sentimentos amorosos. 
- Eu disse que você ficaria? Eu disse pra você se cuidar e que assim poderia retomar seu posto.
- Quanto tempo isso vai levar?
- Não tem prazo certo, será o suficiente para que se sinta confiante. E que confie em mim também. Quero que se sinta bem e que se sinta destemido como era quando não havia se envolvido comigo.
Asahi abaixou a cabeça e assentiu. Kazuma afagou seu rosto, tocando levemente sua bochecha. 
- Não vai ficar sozinho, não o trouxe aqui para isso.
O loiro sentiu as lágrimas nos olhos, e embora tentasse não chorar, já o fazia, embora em silêncio.
- Hum? O que foi? - O maior indagou, soou mais brando por vez.
- ... 
Asahi negativou, agarrando o cobertor que tinha sobre si entre os dedos, apertando, firme entre os dedos até ouvir a não estalar.
- Me diz. 
Kazuma disse e tocou sua mão, empurrou os dedos para afrouxar seu aperto no cobertor.
- ... Não posso Kazuma... Não posso ver você sair de novo, não posso... - O menor disse em meio a um soluço pelo choro, e não se lembrava de quando havia chorado daquele modo antes. - Não posso ver você machucado de novo, não posso te ver no chão... Não posso... Por favor... Por favor, eu imploro, não faça isso comigo...
- Eu já disse que não vou a lugar algum, Asahi. E se eu for, sou um homem forte, não?
- ... Não, você pode ser o homem mais forte do mundo, não será tão forte quanto uma bomba. Eu acordo toda noite sonhando que você está morto, eu não quero mais sonhar isso, eu não quero mais... Eu... Eu me sinto horrível...
- Hum, achei que ao trazê-lo, acordaria bem, acordaria com flores do jardim, o cheiro de chá. A convivência das feiras mais agitadas. Achei que esse lugar seria bom pra você. Mas parece que está sendo pior.
Asahi desviou o olhar a ele e negativou, segurando sua mão, firme. 
- ... Não me mande embora...
- Não vou te mandar embora. Mas estou confuso com você.
- ... Eu... Minha cabeça está muito confusa, mesmo dois anos eu ainda sinto como se eu estivesse em guerra. Passei anos vendo você chegar e sair durante o anoitecer, anos esperando, rezando para que chegasse bem, anos vendo você levar um tiro, explodir, se machucar... Isso... Eu... Eu não consigo...
- Hum. Mas estamos bem, você precisa sair desse mundo em guerra. 
Kazuma disse e pela primeira vez desde então, havia começado a se sentir desconfortável. Asahi assentiu, observando a mão junto da dele e por fim deu um pequeno sorriso de canto. 
- Eu vou ficar bem.
- Entendo que as coisas podem estar um pouco confusas em sua cabeça. Que os sonhos sejam desconfortáveis, alguns são para mim também, mas é nesse momento que você precisa olhar as coisas boas ao redor, embora seja difícil, como eu disse antes, a guerra te faz ver com maior facilidade a beleza das coisas, então se tudo lhe parece tão bonito, olhe pra elas e perceba que não está no mesmo lugar, não está na guerra, do contrário essas coisas não estariam aqui com você. Acho que a notícia pode ter te abalado desde a visita dos meus companheiros de trabalho, mas eu já disse a você, não farei nada que eu não quiser. Posso até me aposentar a hora que eu quiser. Fique calmo, a noite pode ser difícil, mas a manhã sempre chega. Descanse, tome o chá. Irei acompanhar você nas consultas se precisar, faremos isso juntos.
Asahi desviou o olhar a ele ao ouvi-lo e apertou a mão dele entre os dedos, guiando aos lábios e beijou. 
- Me desculpe... Eu... Queria estar bem o tempo todo, mas não consigo. Eu tenho muito medo.
- Não precisa estar o tempo todo se sentindo bem. Só precisa não estar o tempo todo se sentindo mal. Você precisa ter uma sensação pra valorizar a outra.
O menor assentiu, desviando o olhar a ele. 
- Deita comigo...
- Hum, acho que você tem que tomar banho. Suininho. - Apertou seu nariz.
- Hum... Não gosta de mim sujinho? - Asahi riu. - Achei que tinha me dado banho enquanto estava desmaiado.
- Hum, banho de toalha só na sua nuca.
O menor riu. 
- Quer vir comigo?
- Vou te deixar ter um banho na banheira.
- Hum... Parece gostoso.
- Hum, uhum. Vou pedir ao Touma que o prepare. E mais um chá, esse está frio.
- Hum... Ta bem. - Asahi sorriu.
Kazuma fez menção de se levantar, sentou-se novamente porém e se virou para olha-lo. 
- Não precisa estar feliz o tempo inteiro. Só não finja que está bem e me faça descobrir depois que estava fingindo. Não gosto de mentiras.
Asahi uniu as sobrancelhas. 
- Não estou fingindo nada. Só queria parar de ter tanto medo.
- Tudo bem. 
Kazuma afagou seu cabelo e novamente se levantou, seguiu até o serviçal e pediu a ele para o preparo do banho. Formulou enquanto isso o preparo do chá. Asahi suspirou e desviou o olhar ao cobertor que tinha sobre o corpo, tudo parecia bem, preferia pensar assim, estava tudo bem.
- Asahi-kun. Se sente melhor? 
Indagou o rapaz que passava para preparar a seu banho. Asahi desviou o olhar a ele e abriu um pequeno sorriso, assentindo. 
- Obrigado, Touma...
- Vai ficar tudo bem. Senhor Kazuma pediu que fizesse seu banho. Vamos colocar o que? Flores? Ervas?
Asahi sorriu e desviou o olhar a porta, o outro ainda não havia voltado. 
- Gosto dos dois, você... Pode colocar os dois?
- Claro que sim. E uma água bem quentinha. - O garoto voltou-se para a porta onde ele olhava - Está fazendo seu chá.
Asahi assentiu novamente. 
- ... Obrigado.Pouco depois a água e os preparos do banho haviam terminado. O garoto saiu com as mangas do quimono bem dobradas e tinha o cheiro da essência e folhagens do banho. 
- Esta pronto, Asahi-kun. Pode vir. Precisa de ajuda para se levantar?
Asahi negativou e Levantou-se, sentindo o cheiro agradável do banho e agradeceu ao outro numa reverência. 
- Obrigado.
Kazuma cruzou o caminho com o rapaz ao entrar no quarto e ele assim sair. Agradeceu ao pedido e então seguiu até o banheiro onde o menor já se ajeitava a prover do banho. 
- Jasmim é bom pra você?
Asahi adentrou o banheiro, sentindo o cheiro gostoso das ervas e das flores e retirou o casaco que usava, assim como o restante das roupas, virando-se a observa-lo conforme ouviu sua voz. 
- Hai....
- Entre na água, peladinho. - Kazuma disse e deixou o chá ao lado, ajudou a entrar na água e então voltou a atenção a bebida que entregou a ele. - Beba, tente relaxar, talvez alivie sua cabeça.
Asahi adentrou a água com a ajuda dele e deu a ele um pequeno sorriso, acomodando-se na banheira a receber o chá. 
- Obrigado.
O maior sentou-se na beirada da banheira, observando o rapaz. Estava ainda um pouco incomodado com a situação, mas não o estava culpando. Talvez alguns anos no exército haviam feito ter a ideia de que tudo era como ordenado que fosse, não ter o controle de algo, parecia desagradável. Asahi experimentou o chá, desviando o olhar a ele e sorriu meio de canto. 
- Kazuma... Posso te perguntar uma coisa?
- Hum? 
O moreno indagou em resposta. Nesse meio tempo aproveitou e pegou uma cigarrilha com cravo, acendeu e levou até a boca. Era a primeira vez que o fazia perto dele.
- Por que você foi me buscar se você poderia ficar com qualquer mulher por aqui?
- Acho que já falamos sobre isso. A resposta é bem óbvia também, não?
- Eu sei, mas não paro de me perguntar porque... Eu sou só um garoto.
- É um homem, não faça eu me sentir mais velho. 
Kazuma disse e sorriu a ele, sob o véu de fumaça que soltou entre os lábios. Asahi riu e assentiu. 
- ... Posso fumar?
- Você quer, hum?
- Hai.
Kazuma estendeu a ele, entregando a cigarrilha. 
- Cravo.
Asahi observou a cigarrilha, um pouco confuso sobre como usar e guiou aos lábios, sugando pouco da fumaça e claro, tossiu ao soltá-la, unindo as sobrancelhas. Previsível, o maior pensou ao ouvi-lo tossir. Aceitou de volta e tornou tragar.
- Precisa ir com calma. Sente seus lábios amortecidos?
- Um pouco... Droga... - Tossiu. - Vou pro inferno.
- Por quê? - Kazuma sorriu, achando graça.
- Sou um padre fumando. - Asahi riu.
- Você não é mais um padre.
- Bem, é força de expressão.
- Então você é um padre homossexual e está fumando.
- Vou duas vezes pro inferno! - O menor riu.
- Padre, preciso te dizer algo.
Asahi desviou o olhar a ele e uniu as sobrancelhas. 
- Eh?
- Acho que você não sabe. Mas nós já estamos no inferno. Eu sou seu demônio. - Kazuma sorriu no fim. - Te tirei do caminho da fé. Tomei seu corpo e fui o único capaz de lhe prover a dor.
Asahi arqueou uma das sobrancelhas e riu por fim. 
- Hum... Eles não estavam brincando quando disseram que o demônio era o anjo mais bonito.
Kazuma sorriu com os olhos franzidos enquanto tragava do cigarro, evitando a fumaça.
- E sorrindo é mais bonito ainda. - Asahi riu.
- Hum, então vou ter que sorrir sempre? Quer mais? - Kazuma indagou a sugerir o cigarro.
O menor riu baixinho. 
- Quero mais sim, sorri mais pra mim. 
Falou, brincando e pegou a cigarrilha, tentando tragar, novamente sem sucesso.
- Me de motivos pra sorrir então, rapaz. - Retrucou. - Trague devagar.
- Como eu devo fazer isso? - Asahi murmurou, observando a cigarrilha. - Hum, eu sou péssimo com piadas.
- Melhorando. 
Kazuma disse e tomou posse da cigarrilha de volta. Uns tragos mais e a apagou. Asahi devolveu a cigarrilha e assentiu. 
- Hum, dizer que você é bonito te faz sorrir.
- Hum, na verdade me deixa um pouco desconfortável. - O maior sorriu embora.
- Por isso sorri. - Asahi riu baixinho. - Você é lindo.
- Pare com isso, rapaz. - Kazuma disse e beliscou sua bochecha ao se levantar. - Já está se sentindo melhor?
Asahi riu e negativou. 
- Hai... Entra comigo.
- É o que vou fazer. 
O moreno disse e deixou de lado a cigarrilha sem uso. Voltou a atenção as roupas, passando a se despir. Asahi sorriu a ele, observando-o enquanto se despia. 
- Sabe... Acho que a guerra não foi tão ruim assim... Eu conheci você nela.
- Eu já disse isso a você. 
Dito, já despido, Kazuma seguiu até a água e entrou com ele, tomando uma parte de seu espaço.
- Eu sei, mas quis ser otimista. 
Asahi murmurou num sorriso e aproximou-se dele, aconchegando-se em seu colo. Kazuma o assistiu se aproximar e com isso, tomar espaço no colo. O acomodou e deu o ombro a seu rosto. 
- Hum, males que vem para o bem?
- Hai. - O menor sorriu e repousou a face sobre o ombro dele. - Kimochi...
- Quis banho com flores, é?
- Tem um cheiro gostoso. - Asahi sorriu.
- Gosto das ervas. Se você se abaixar pode quase tomar um chá. 
Kazuma brincou, embora soasse sério. Asahi uniu as sobrancelhas. 
- Chá sujinho.
- Uhum. 
O maior riu, sem altura.
Asahi riu igualmente. 
- ... Queria poder ficar aqui pra sempre.
- Terá tempo pra fazer outras coisas e ainda voltar a fazer isso no fim do dia se você quiser.
Asahi assentiu e virou-se devagar, sentando-se no colo dele, em frente a ele dessa vez e selou-lhe os lábios. Kazuma o observou a medida em que se virou, apoiou as mãos em suas coxas. O retribuiu em seu selo. O loiro sorriu a ele, deslizando uma das mãos por seus cabelos e não tinha de fato alguma malícia, o observava apenas. 
- Quando a guerra começou, cortaram a água quente da igreja... Estava tomando banhos frios há uns meses.
- Eu sei. Meus banhos também eram frios. A comida era enviada, mas nada que pudéssemos exigir. É por isso que não me importo em gastar, quero que compre roupas, que compre frutas, quero que compre o que quiser. E que tome todo banho quente que quiser.
Asahi assentiu e repousou a face sobre o ombro dele, ainda o acariciando.
- Também poderá ter algo melhor no seu aniversário esse ano.
- Hum... - Asahi falou e ponderou sobre o dito, e realmente, o próprio aniversário estava perto. - ... Esqueci do meu aniversário.
- É, também me esqueço do meu. Ainda mais depois da guerra.
O menor desviou o olhar a ele e uniu as sobrancelhas. 
- Vamos comemorar esse ano.
- Por que essa cara? 
Kazuma indagou ao percebeu seu cenho franzido.
- Não gosto de pensar que não teve um bom aniversário.
- Eu não me importo com isso. E não é como se você houvesse tido um também.
- O meu foi bom. - Asahi sorriu.
- Não de fato.
- Eu estava com você, e ganhei um bolinho improvisado. - Riu.
- Esse ano terá um bolo melhor.
- Não precisa se preocupar com isso.
- Me diz o que você gosta em um doce.
- Eu não comi muitos doces na vida, mas... Eu gosto de frutas.
- Misturadas ou prefere uma específica?
- Não tenho preferência eu acho...
- Certo. Vou te deixar provar um doce bem gostoso.
Asahi sorriu. 
- Ta bom.

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