Yuuki e Kazuto #72


Kazuto passou pela entrada da gravadora com o pequeno pacotinho, levando o lanche que havia comprado para o outro e logo foi parado pelo segurança que colocou a mão na própria frente.

- Hey!
- Posso te ajudar?
- Cadê o Hikaru?
- Ele foi transferido, posso ajudar?
- Meu marido trabalha aqui. É o vocalista do Lycaon.
- Seu marido? Ta bem, vejo pessoas como você todos os dias, pode sair, eles não querem ninguém incomodando os ensaios.
- Olha como você fala comigo, seu imbecil, chame o Yuuki aqui!
- Já falei que eles não querem ninguém incomodando.
Kazuto estreitou os olhos e cruzou os braços.
- Te dou dois minutos pra me deixar entrar se não amanhã você nem vai trabalhar aqui mais. Isso é, se você não morrer enquanto dorme. 
O rapaz estreitou os olhos para o pequeno e por fim virou-se, acompanhando-o até a sala de ensaio do outro e bateu na porta.
- Com licença, Yuuki-san, essa criança está com você?
As batidas solos da bateria do outro músico cessaram conforme a interrupção na porta. Por hora, Yuuki mexia por algum motivo qualquer no microfone, ajustando em seu suporte. Voltou-se à entrada, assim como os demais ali, que deram fim em suas atividades mutuamente e fitou o baixinho perto do homem que daria dois de si.
- Sim, é meu filho. 
Brincou, embora não parecesse fazê-lo. Kazuto estreitou os olhos a observá-lo.
- Yuuki! 
O rapaz desviou o olhar para o pequeno e deu um pequeno sorriso.
- Bem, está entregue, criança.
Yuuki sorriu de canto, não perceptivo.
- É minha esposa. 
Retrucou em seguida, e já podia imaginar o agrado interno do menor ao ouví-lo. - Ah... Certo, desculpe, senhor.A expressão de Kazuto se amenizou aos poucos e abriu um pequeno sorriso, caminhando até ele e entregou o pequeno pacote.
Yuuki deu de ombros ao homem e deixou-o voltar a seu trabalho. Aceitou o pacote, que achou estranho pelo gesto não habitual.
- O que houve?
- Nada. - O menor sorriu. - Eu saí com a Arisu e comprei pra você, ela ficou na casa do Ikuma.
- Hum, na casa da namorada.
- Hai. - Riu.
- Ah, oi gente. 
Kazuto acenou aos outros rapazes e logo desviou o olhar a ele novamente.
- Ok, se quiser se sentar e ver o ensaio até eu terminar e sair.
- Hai, eu vou.
- Quer beber alguma coisa?
- Por favor.
- Refrigerante, suco ou água?
- Ah... Suco.
Yuuki caminhou ao pequeno refrigerador na sala e buscou a lata de suco, optou pelo sabor cujo habitualmente o menor bebia em casa e deu-a a ele, tão logo voltando as atividades da banda. Kazuto pegou o suco e sorriu ao maior, sentando-se no sofá e abriu a bebida, bebendo alguns goles.
No fim do ensaio, Yuuki caminhou ao mesmo sofá que o menor onde jogou-se sentado em demasiado conforto. O menor sorriu a ele e deu espaço ao outro, entregando então o saquinho trazido para ele com o pedaço de torta de morango. Yuuki aceitou novamente o pacote, observando o doce. E já havia criado hábito de comê-lo, embora a muito, tivera dito que não gostava de doces. De alguma forma, ele sempre balanceava o gosto forte com algo que amenizasse o doce das sobremesas.
- Eu comprei, mas... Mudei um pouco a receita. - O menor sorriu a ele.
- Eu imaginei. 
Yuuki disse a experimentar o doce e oferecê-lo posteriormente ao menor. Kazuto abriu a boca e aceitou o doce, sorrindo a ele.
- Está tudo bem?
- Hum? 
O maior indagou sem entender o sentido da pergunta.
- Com você. Se deu tudo certo hoje.
- Pergunta estranha. Tudo correu como sempre. E com você?
- Também. Mas ne... O Suzuya não voltou pra casa.
- Deve ter dormido com o Yukio. Mas tem que ligar pra ele.
- Eu vou.
Yuuki voltou a comer do doce e dividi-lo com o menor.
- Eu estava pensando se a gente podia dar uma volta.
- Hum. Aonde quer ir?
- Não sei, dar um volta?
- Isso você já disse. Quer caminhar num lugar qualquer?
Kazuto assentiu.
- Bem, tá bom.
- Você não quer?
- Só achei atípico.
- Hum... Vamos?
- Sim, vamos. Quer mais suco? - Yuuki indagou ao se levantar.
- Iie
Kazuto sorriu e levantou-se junto dele, cuidadoso com a barriga que já começara a crescer, era o terceiro filho, mas Yuuki não havia se irritado, na verdade se lembrava bem de como ele havia reagido, tinha um sorrisinho no rosto, curioso com o fato de que havia se desesperado, eram três filhos, tinha medo do que ele fosse pensar, mas o outro só havia dito algo que nunca esqueceria "Se eu não quisesse esse bebê, você nem teria engravidado". Só então havia se dado conta de que os remédios haviam sumido alguns meses antes quando os procurou, Yuuki havia programado tudo, sem dizer uma palavra. Mas não se irritou, queria aquele filho.
- Quer sair pra comer alguma coisa? Não tem sol, e ainda assim é cedo.
- Pode ser. - Kazuto sorriu.
Yuuki despediu-se visualmente dos demais no grupo e seguiu com ele até a saída, deixando o lugar de trabalho. Kazuto seguiu junto do maior, mesmo a sentir o olhar estranho de algum dos integrantes da banda e segurou a mão dele.
- Não gosto daquele garoto novo.
- Por que não gosta dele? 
Yuuki indagou já fora do edifício, enquanto sentia o toque de sua mãozinha já não hesitante como era antes.
- Porque ele parece que quer te roubar de mim.
- Está falando de quem?
- Não sei o nome dele.
- O mais recente?
- Sim.
- Você disse a mesma coisa do Hyuu quando entrou. Você vê coisas demais, além de que, olha só a cara dele, ainda que quisesse.
- Mas a minha cara também é feia.
- Você quem acha.
- Não acha?
- Não acho.
Kazuto sorriu. 
- Você só é meio idiota. Por que estar "casado" todo esse tempo e achar que te acho feio? É coisa de idiota.
- Mas eu só perguntei...
- Então perguntou sabendo a resposta?
- Sim.
- Bobo.
Kazuto riu baixinho e logo continuou a caminhar com ele. Yuuki continuou a caminhada que até então havia durado em um espaçoso silêncio.
- Onde vamos comer?
- Você nunca me disse onde costumava ir quando era humano, não sente falta de nada?
- Não... Mas... Perto da minha casa, tem um restaurante italiano... Eu sempre quis ir, mas... Quando passava na frente só via casais e não queria ir sozinho...
- Hum... Deve ser para encontros e etc. Se quiser ir.
- Nós podemos ir?!
- Sim. Por que não?
Kazuto sorriu a ele. Yuuki o tocou na bochecha, em carícia breve.
- Tem que dizer onde é.
O menor sentiu a carícia dele sobre si e prendeu a respiração por um pequeno instante, sentindo o coração bater no peito. Sorriu e assentiu, segurando a mão dele novamente.
- Vamos!
Yuuki sentia o agrado em seu humor e retomou o caminho que passou a ser guiado pelo mais novo. Kazuto puxou o outro, devagar e observava a cidade conforme andava para o endereço já conhecido.
Por fim o que fez com seu apartamento?
- Ainda está lá... - Kazuto sorriu. - Nunca mais fui, mas... O mantive fechado.
- Deve estar imerso em pó.
- Provavelmente... - O menor riu.
- Podemos passar por lá qualquer dia.
- Podemos ir hoje se quiser.
- Ah não, hoje não. Amanhã.
- Ta bem.
Yuuki seguia ainda o caminho com ele, guiado por sua mão que ainda segurada. Kazuto observou a rua vazia do local e puxou-o consigo, sorrindo a ele, mostrando a entrada do restaurante. O maior seguiu pela escassa até a entrada do restaurante, observando-o na estrutura. Dali já podia sentir o cheiro de massa e molho, uma diversidade deles. Voltou-se ao primeiro atendente que tratou de guiar até uma das mesas. Kazuto observou o local todo a própria volta e só então notou que eram os únicos ali. Sentou-se na cadeira ao lado dele e sorriu.
- Hoje parece vazio. Só parece.
- Eh?
- O Lugar.
- Mas porque só parece? - Riu.
- É porque é óbvio.
- Ah. Você não faz muitas piadas... O que quer comer?
- O que pedir pra você eu peço também.
- Ah... Eu acho que vou pegar macarrão mesmo.
- Eu gosto.
- Então tá bem.
- Vinho tinto.
- Isso.
Yuuki formulou o pedido ao rapaz, que logo se prontificou a sair e seguir ao preparo dos mesmos.
- O lugar é tão bonito quanto eu imaginava... - Kazuto falou baixo.
- E por que a curiosidade de vir aqui?
- Parecia bonito de fora...
- Hum... 
Yuuki murmurou em compreensão.
- Fico feliz de ter vindo...
- Demorou até vir. Podia ter fechado. 
O maior comentou e voltou-se ao vinho colocado à mesa.
- Ou... Eu podia estar morto.
- E você está.
- Mas podia estar morto morto.
- Você é tão trágico, não?
- Eu gosto.
- Eu vejo.
Kazuto riu. Yuuki serviu-se do vinho e fizera o mesmo ao menor, dosando em sua taça. O menor pegou a taça e apreciou o aroma gostoso da bebida, bebendo um gole em seguida. Yuuki deu um trago, experimentando mutuamente.
- Está gostoso...
- Sim, esse é bom.
- Gosta de... Sair comigo?
- Estou aqui. Não estaria se não gostasse. 
Yuuki ditou e descansou a taça sobre a mesa, voltando-se ao garçom que descansava os pratos à mesa, servindo o pedido. Kazuto sorriu a ele e assentiu, observando o prato em frente a si.
- Isso parece tão bom...
- Descubra.
O menor assentiu e provou a comida.
- Hum...
Yuuki voltou-se aos talheres postos e serviu-se da comida, experimentando-a tal como o menor, sentindo o sabor forte da refeição, que embora não fosse o que satisfaria uma fome, era agradável de se prover. Kazuto bebeu um gole do vinho e logo comeu pouco mais da comida, desviando o olhar a ele em seguida.
- O que há? 
Yuuki indagou diante do olhar alheio e voltou a comer.
- Não é nada.
O maior bebeu do vinho, ingerindo a comida.
- Está bom?
- Muito. 
Kazuto murmurou e na verdade estava feliz, feliz com a vida que tinha agora, como ele parecia grato, como tudo parecia tão bom, confortável. Tinha certeza que se todos os dias fossem como aquele, seria feliz para sempre. 

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