Kazuma e Asahi #71


Devagar, Asahi havia adentrando o quarto, a verdade é que havia acordado durante a noite num susto e sufocado o grito com a mão sobre a boca. Não entendi porque o corpo tinha aquela reação severa sobre a guerra que havia acabado, estava traumatizado. Havia seguido ao banheiro, em passos rápidos, porém não o havia acordado, e deslizou pela parede até se sentar no chão, sufocando ainda a boca com ambas as mãos e sentia as lágrimas escorrerem pelo rosto, conseguia se lembrar exatamente como foi ter sido raptado pelos soldados, somente por fechar os olhos. Conseguia ver claramente o local sujo onde havia ficado, as mãos deles sobre os próprios braços, as marcas arroxeadas, pareciam doer, mas não as sentia, se lembrava da sensação estranha de ter o chicote sobre a própria pele, a sensação de ver o sangue escorrer por ela, e não sentir se quer um pequeno incômodo, tudo aquilo parecia tomar a si como um turbilhão de sensações que duraram minutos inteiros. Devagar, o choro havia cessado, sozinho no chão escuro, podia se lembrar dele, se lembrava do rosto dele, do sorriso dele, e era o que tentava pensar para acalmar a si naqueles momentos, havia sido o que o médico havia dito para si, que tentasse pensar em coisas boas. Silencioso, um sorriso pequeno surgiu nos lábios ao se lembrar de sentir o abraço dele em si quando o havia encontrado, era quente, tão gostoso, ele havia dito que também amava a si, e todos os sentimentos do mundo tomaram conta do corpo naquele momento. Estava a salvo. Não havia bombas, não havia facas, nem tiros, nem soldados, a noite estava silenciosa, podia ver com exatidão agora. O único som que ouvia, eram as batidas do próprio coração que aos poucos se acalmava, estava tudo bem, repetia para si, estava com ele, ele nunca mais iria embora. Devagar havia se levantado, e fora a primeira vez que havia conseguido se livrar de uma crise sozinho, as mãos estavam parando de tremer, estava bem, podia respirar de novo e pensar com calma. Devagar, abriu a porta do banheiro e voltou ao quarto, tinha pouca luz entrando pela janela, a luz da lua, podia ver os cabelos ralos da nuca dele, seus ombros e braços fortes, estava sem camisa, gostava do corpo dele, gostava de sua forma física, gostava dele inteiramente, não desgastada de nenhum centímetro de sua pele, de seu corpo, de sua mente. Na própria mente, ele era surreal, mas podia toca-lo, e foi o que fez, devagar, deslizou uma das mãos pelos cabelos dele, sentindo os fios curtos, gostosos no toque e subiu para os mais compridos, numa carícia. Podia notar seu ressonar conforme sentia a si, e sabia porque ele tinha o sono tão frágil, não era só devido a guerra e seu estado de alerta sempre ativo aos inimigos, era também por culpa própria, o fazia acordar, o fazia perder o sono e segurar a si como uma criança que precisava de seus cuidados, não era uma criança, era um homem, também precisava cuidar dele. Podia imaginar o quanto ele já havia sofrido assim como a si, quantos foram seis machucados, e tamanha fora sua dor, ao contrário de si, ele a sentia com clareza. Tocou-o em seu ombro, sobre a marca de bala que também tinha no mesmo ombro que o dele, deslizou por seu peito e pode senti-lo se mover de modo que havia se acomodado na cama de peito para cima, mas ainda de olhos fechados, parecia estar num sono pesado aquele dia, sabia que há dias ele não dormia direito. Ao abaixar-se, beijou-o em seu tórax, seu pescoço, sua cicatriz e seu rosto, por último, o beijou em seus lábios, um selo demorado e novamente se ajeitou ao lado dele na cama, repousando a face sobre seu peito e só então ouviu sua respiração pesada como se estivesse voltando ao sono. 

- Eu te amo, Kazuma. - Murmurou. - Eu esperei tanto tempo pra te dizer isso, eu esperei tanto tempo por você, eu esperei tanto tempo pra poder dizer que você era meu, e eu sinto muito por te dar em troca tanta fraqueza. - Murmurou, e sentia as lágrimas nos olhos, as limpou com um dos braços. - Eu estou melhorando, eu prometo, eu prometo pra você que eu vou ser um bom esposo um dia se me quiser do seu lado. Me perdoe. - Falou, e falava de forma que tentava não acorda-lo, talvez, falasse com seu subconsciente e sentia a pele quente dele contra a própria, fora onde se encolheu, fechando os olhos novamente. - Obrigado por me salvar.
Kazuma sentia os dedos nos cabelos, como ele bem sabia,  tinha sono leve, mas por alguma razão naquela noite, após alguns chás feitos pela avó, havia sentido um sono voraz, não suficiente para se sentir vulnerável, mas para ter ciência de que estava num lugar onde não seria incomodado. Uma sequência de carícias vieram dele, enquanto murmurava em uma conversa que no início era incomoda, porque o ouvia mas não muito compreendia adormecido. Ao se virar, sentiu no peito mais uma porção dos toques, aquela altura, estava quieto mas podia ouvir em meio ao sono, tanto para imaginar que falava consigo e responder de forma que provavelmente não lembraria com exatidão no dia seguinte. 
- Esta tudo bem... - Murmurou ao abrir os olhos ainda menores pelo sono, o fitou, embora ainda ressonado e terminasse por fecha-lo. Ao se virar passou o braço sobre seu corpo. - Não vou embora. Vou ficar em casa. 
Prosseguiu naquele timbre inconsistente, não muito certo no assunto, mas meio adormecido, jurava que sabia o que estava falando. Sorriu, meio soprado e voltou a dormir. Asahi ergueu a face para observa-lo conforme o ouviu e mordeu o lábio inferior, ele não fazia ideia mesmo do que estava falando. Assentiu a ele e beijou-o em seu rosto. Eu te amo muito, durma. 
- Eu vou proteger você se precisar.
O riso de Kazuma soou baixo, mas era evidente embora sonolento. 
- Vai sim.
O loiro sorriu e acariciou seus cabelos, sabia que não poderia fazer muita coisa, mas daria tudo se si por ele. Deslizou a mão por seus cabelos e abraçou-o, deixando-o contra o próprio peito.



Já era dia, Asahi estava sozinho em casa, já que o outro havia saído para o quartel e então, a própria missão agora era explorar a casa. Havia se levantado, vestido a camisa branca de praxe e a calça comum, preta e justa ao corpo. Na área de trás da casa, esgueirou-se e pode ver no campo aberto, dois cavalos, um deles já conhecia, era o preto, era dele, é um branco, era lindo, parecia os cavalos esculpidos nos vitrais da igreja. Sorriu, caminhando até ele, devagar e com uma das mãos o tocou na crina. 
- Você é lindo... Qual é o seu nome?
- Asahi-san, quer montar? 
- Eh? Ah, que susto Touma, você fica me perseguindo?
- Kazuma-san me pediu. 
- Sério? 
- Bem, não pediu que o perseguisse, mas que cuidasse de você. 
- Hum... Eu... Posso?
- Sim, ele é muito dócil. Suba. 
Assentiu e devagar com a ajuda do garoto, subiu no cavalo, um pouco desajeitado ainda e segurou-se nele. 
- Sabe cavalgar? 
- Não...
- Ah... Bem, eu ando com você. 
Asahi assentiu e sentiu o movimento lento do cavalo a andar pelo campo, sorriu, era gostoso. 
- Como conheceu o senhor Sakurai? 
- Eh? ... Ah... Numa igreja. 
- Igreja? 
- É... 
- Fazia algo antes da guerra? 
Asahi uniu as sobrancelhas e negativou. 
- Não.
Kazuma caminhou pela casa, já era passado do horário de almoço, mas o dia estava um pouco brando, mostrando sinais de que no fim da tarde teriam um pouco de chuva. Procurou visualmente alguém pelos cômodos, fitou a cozinha onde as cozinheiras escolhiam o que fariam de jantar, parecia uma tarefa para elas tão interessante que não conseguia entender. Após cumprimenta-las com a saudação de boas vindas seguiu para o quarto, passou porém à porta onde através dela fora capaz de observar o serviçal junto ao rapaz agora em cima de um dos cavalos. Não sabia se havia escolhido o branco porque gostava ou se apenas não queria tocar no outro o qual já conhecia. Tirou o quepe da cabeça, segurando o acessório abaixo do braço, encostado no liminar da porta corrediça, observou sua interação com o garoto, as perguntas curiosas do moreno e a resposta sem graça do louro. O riso soou soprado, quase invisível na expressão. 
- Não tenho vergonha de quem você é, Padre.
Ao ouvir o outro, o garoto cessou os passos, e quanto a Asahi, num susto, quase puxou a crina do cavalo, teve que se segurar sobre ele. Observou o moreno, e sentiu as bochechas queimarem, abaixando a cabeça. 
- Senhor... Me desculpe. 
Disse o menino numa reverência e deixou a si, seguindo em passos rápidos para dentro da casa.
- Não o estou repreendendo. - Kazuma disse ao moreno e agradeceu pelos cuidados com o rapaz. - Obrigado. - Dito, entregou a ele o quepe e somente então seguiu até o loiro. Tocou o cavalo, acariciando-o. - Gosta dele?
Asahi desviou o olhar a ele e sorriu, assentindo, e acariciou a crina do cavalo mais uma vez. 
- Ele é manso.
- Ele é. Ele deve pensar que é um cão. - Kazuma sorriu canteiro. - Por que tenta esconder que era um padre?
Asahi riu baixinho ao ouvi-lo e desviou o olhar a ele. 
- Bem... Eu acho que isso pode ser uma desonra pra você.
- Não faz sentido. 
O moreno disse e deu de ombros, levando o cavalo sob ele num passeio não muito longo. Asahi desviou o olhar a ele. 
- Eu não acho que queira ser visto namorado de um padre. Não se incomoda com isso?
- Dentro da minha casa eu faço o que eu quiser.
Asahi sorriu meio de canto. 
- Você não pode ser... Expulso do exército por minha causa? Sabe... Eles não admitem homossexuais.
- Como eu disse, estamos dentro da minha casa. Suspeitas não são provas. Além de que, eu sou necessário.
O loiro assentiu. 
- ... Me ajuda a descer?
- Não quer mais? 
Kazuma disse porém seguiu onde pudesse pega-lo.
- Iie
Asahi disse e estendeu as mãos para que ele ajudasse a si a descer. Com as mãos sob suas axilas, Kazuma o pegou no colo, tirando do cavalo, mas não o colocou no chão. O loiro desviou o olhar a ele conforme o sentiu pegar a si no colo e sorriu, guiando os braços ao redor do pescoço dele. 
- Oi.
- Tudo bem? 
Kazuma disse, levando adiante a brincadeira, embora não estivesse a rir.
- Está. - Asahi riu e beijou-o nos lábios, um pequeno selo. - Dormiu bastante hoje.
- É, isso acontece às vezes. - O moreno disse num meio sorriso. - Mas parece que você estava falante, hum?
- Desculpe. 
Asahi sorriu e acariciou os cabelos dele enquanto ainda estava em seu colo.
- Se se sentia sozinho, podia me chamar. 
Kazuma levou-o ainda no colo, subindo as escadas até entrar em casa. O loiro riu baixinho ao senti-lo levar a si e agarrou-se a ele firmemente. 
- Tudo bem, eu só... Eu acordei e não quis te acordar, mas... Eu consegui me acalmar sozinho.
- Pode me chamar. 
Disse o moreno a ele enquanto o levava feito um penduricalho, até chegar na biblioteca, onde já havido prometido levá-lo. 
- Pode vir aqui também. 
Correu a porta e deixou visualizar o cômodo, tinha mesa de escritório, porém no espaço tinha assento de leitura, estes mesmos que davam ângulo para olhar o exterior da sala assim como todo o salão. Podia-se ver uma das partes exteriores da casa, gostava dali como projetado, porque gostava da chuva, gostava de vê-la. Entre as prateleiras embutidas nas paredes, buscou um dos livros que entregou a ele, ainda no colo. O livro era na verdade quase um manuscrito. 
- Chama-se Musashi, estava sendo publicado pelo jornal Asahi em alguns capítulos. Leia quando estiver infeliz, os livros são um bom remédio.
Asahi seguiu com ele até a biblioteca, aliás, fora carregado até lá e achava divertido se sentir uma criança naquela pequena viagem. Quando sentiu o chão abaixo dos pés, observou o local, era tão bonito que sentiu vontade de ficar ali dentro para sempre. Desviou o olhar a ele, notando-o caminhar até si com o livro e observou-o curioso. 
- Jornal... Asahi? - Sorriu. - Então ele foi feito pra mim. - Riu na pequena brincadeira e pegou as folhas entre os dedos, abrindo um pequeno sorriso e abraçou-o forte. - Obrigado!
Kazuma assentiu sobre o comentário do jornal, foi de fato o que pensou ao apresentar o livro a ele, uma boa coincidência. Retribuiu seu abraço com um dos braços que passou em torno dele. 
- Quando passar a ler, me conte.
- Aqui é muito bonito. Você trabalha aqui as vezes? Quando vier trabalhar me chame. Eu vou ficar quietinho.
- Vou chama-lo. Pode vir quando eu não estiver, durante a madrugada.
Asahi assentiu e sorriu a ele, segurando o livro contra o peito e selou seus lábios.
- Eu estou feliz, estou muito feliz.
- Ah é? - Kazuma disse após o beijo breve que ganhou. - Vejo que são realmente um bom remédio, já estão fazendo efeito.
Asahi assentiu e sorriu. 
- Mas eu já estava feliz ontem. Olhar você dormir me acalma, nunca havia visto você dormindo tão tranquilo.
- Hum, algumas vezes você vai ver isso. 
Kazuma afagou o topo de sua cabeça, desajeitando os cabelos. Asahi sorriu e assentiu, aconchegando-se por um momento junto ao peito e ombro dele, podia sentir seu coração bater contra o próprio.
- Você vai ficar pra ler? 
O maior indagou ao olha-lo aconchegado, parecia uma criança querendo dormir. 
- Não agora. Quero ficar com você.
- Hum, então vamos comer?
Asahi assentiu e segurou a mão dele. 
- Posso deixar o livro na poltrona?
- Hum, deixe onde ninguém vá sentar em cima. - Sorriu canteiro.
- Ah, hai... - O loiro sorriu e deixou o livro sobre a mesa dele. - Pronto.
- Então vem. 
Kazuma gesticulou com a mão a chama-lo. Asahi assentiu e seguiu até ele, segurando sua mão.
- O que fez hoje? 
O moreno indagou, imaginando o que ele faria na inatividade de casa.
- Eu fiquei um tempo deitado, estava tão gostoso embaixo da coberta. - Riu. - Aí eu arrumei minhas malas, finalmente terminei, e estava indo cavalgar
- Hum, então dormiu bastante. Não almoçou?
- Ainda não. - Asahi sorriu. - Eu quis esperar você.
- Já não passou fome por tempo suficiente, hum?
O menor uniu as sobrancelhas. 
- Tudo bem, antes de te conhecer, tínhamos que jejuar as vezes por dias inteiros.
- Deverá ao menos fazer o desjejum pela manhã, certo?
- Tudo bem.
- Está com fome, hum?
- Estou. Não vou nem mentir.
- Ah, assim é bom. - Kazuma sorriu a ele. - Quer jantar ou quer hora de chá?
- Jantar... Nós podemos? Na mesa de jantar.
- Claro. Já devem estar terminando.
Kazuma dito, buscou pela casa uma das serviçais, a mesa já estava posta, a refeição estava no fim do preparo. Asahi sorriu e assentiu a ele, seguindo atrás dele a espera de que pudesse se sentar na mesa, e ajoelhou-se sobre a pequena almofada. O moreno seguiu logo após ele, aproveitou para no término degustar alguma bebida e compartilhar com ele. Ao se sentar desabotoou a farda, suficiente para se sentir confortável. O loiro desviou o olhar a ele conforme desabotoava suas roupas e levantou-se antes que alguma serviçal o fizesse. Seguiu até ele e ajudou-o a retirar a farda, gostava de vê-lo de regata, então o fez para isso mesmo. Devagar, deslizou as mãos por seu peito, adentrando a regata e acariciando sua pele macia, claro, um toque suave, sem malícia aparente e abaixou-se, beijando-o no pescoço como despedida ao levantar-se e carregar sua farda para fora da mesa. Kazuma não ia terminar de tirar a roupa, porém viu-o se levantar e curiosamente esperou pelo que ia fazer. O permitiu então tirar, certamente pendurar, mas sentiu no pescoço sua respiração aproximar enquanto descia as mãos por uma carícia sobre o peito, tinha noção do apreço que ele tinha para o corpo. Feito isso após seu beijo seguiu para pendurar a roupa. 
- Escapou as mãos, Padre?
O loiro sorriu meio de canto, um pouco envergonhado e mordeu o lábio inferior. 
- Desculpe.
- Posso deixar você me ajudar com o banho.
O menor sorriu e assentiu. 
- Eu ia gostar.
- É, eu sei, Ecchi.
Asahi sorriu meio tímido. 
- É que... Eu tenho um namorado bonito.
- Tem um namorado bonito, hum?
- Tenho, ele é o homem mais bonito que eu já vi.
- Olhe mais em seus espelhos, Asahi.
Asahi corou-se novamente ao ouvi-lo e negativou, observando a comida ser posta a mesa, e era sempre um fartura de alimentos, tanto que não sabia por onde começar a comer. Kazuma agradeceu no feito e esperou até que alcançasse o pão redondo que fateou e tirou uma fatia para si. 
- Você quer?
O loiro desviou o olhar a ele, notando o pão e assentiu, estendendo a mão para receber uma fatia dele, serviu-se também de pouco do caldo que gostava, missô. O moreno fateou outro pedaço e o entregou a ele, sentindo a fina farinha sob os dedos. Após isso, como ele, se proveu do missô. Asahi sorriu e antes de comer qualquer das coisas, juntou ambas as mãos sobre a mesa e abaixou a cabeça, fechando os olhos e fechou baixas palavras, para si, uma oração que costumava fazer antes de comer. Kazuma o fitou de soslaio, serviu porém as bebidas, deixando completar seu momento, esperou até que ele desse seu fim. 
- Amém?
O menor desviou o olhar a ele, notando que ele havia esperado a si e sorriu. 
- Amém.
- Amém. 
Kazuma completou fatídico desta vez e por fim passou a comer. Vez outra o olhava, buscando ver que tipo de expressão ele tinha. Asahi sorriu a ele novamente, achava bonitinho como ele não privava a si da religião mesmo não sendo mais um padre e com ele, passou a comer, experimentando o pão, gostoso junto da sopa.
- Hoje é provável que chova, vai saber o prazer de estar aqui dentro olhando a chuva na sala de leitura. 
Kazuma disse, num comentário qualquer apenas para dispersas o silêncio.
- Isso me parece muito agradável. 
Asahi sorriu e desviou o olhar a ele, gostava de olhar pra ele.
- E é. Eu gosto da chuva. Na verdade muito mais dela do que dos dias de sol.
- Bem, menos em guerra. - O menor riu. - Mas... Sempre que nos víamos, chovia.
- Mesmo na guerra, o calor pode ser mal aos homens.
Asahi assentiu e tomou pouco mais da sopa.
- ... Você... Bem, nada.
- Hum? Diga, Padre.
- ... - O menor desviou o olhar a ele, um pouco receoso por falar sobre aquilo de novo. - Agora que... Estamos bem, talvez... Possamos ter uma família. E-Eu sei que já falei sobre isso, é que...
- Não se sente como uma família? 
Kazuma indagou a se voltar para ele, mordeu o pão. Asahi uniu as sobrancelhas e assentiu por fim, voltando-se ao pão e igualmente o mordeu.
- Amanhã o médico poderá ser do quartel, desse modo pode ir comigo amanhã. Depois do horário buscamos os quimonos que pedimos.
Asahi desviou o olhar a ele e assentiu num pequeno sorriso. 
- Tudo bem.
- Está animado para receber as roupas?
- Hai, quero experimentar. - Sorriu.
- Me pergunto se irá desistir das roupas ocidentais.
- Talvez. - Asahi riu. - Gosta que eu use?
- Ocidentais?
- Sim.
- Eu gosto delas também. Você fica parecendo um rapaz de sua idade. A batina te fazia parecer mais velho e os quimonos o deixam mais novo.
- Ah... Então eu uso. - Asahi sorriu.
- Use o que gostar. Podemos comprar algumas camisas pra você se quiser.
O loiro assentiu e comeu o restante do pão. 
- Gosto de comprar roupas.
- Gosta, hum? - Kazuma disse num sorriso meio canteiro. 
- Gosto, eu nunca comprei roupas pra mim, os quimonos são os primeiros. - O menor sorriu.
- Hum, poderá comprar o quanto quiser.
- Ah, iie, eu não quero gastar o seu dinheiro.
- Somos parceiros agora.
Asahi desviou o olhar a ele.
- Quando você conseguir algum dinheiro, vou gasta-lo também. 
Kazuma disse e se voltou para ele com um sorrisinho. O loiro riu baixinho. 
- Eu... Não sei o que fazer para arrumar dinheiro, talvez... Costura?
- Primeiro você precisa melhorar. Depois voltará à enfermaria, hum?
Asahi desviou o olhar a ele. 
- ... Tudo bem. Eu... Estou bem, aos poucos.
- Está sim. Logo poderá ter suas aulas.
O menor sorriu e assentiu. 
- Devo preparar seu banho?
- Não tenha pressa. Acabo de jantar. 
Kazuma disse e após o fim da refeição, continuou sentando porém, bebendo uns tragos de saquê aquecido e recém trazido pelo serviçal. Asahi assentiu e voltou-se ao saquê, não tinha costume de beber algo que não fosse vinho.
- Tome. É gostoso.
- É que eu... Digo padres não podem beber.
- Você é padre?
- Não mais...
- Então o que te impede de tomar?
O loiro sorriu e assentiu, pegando o pequeno copo e guiou aos lábios. 
- É quente.
- Sim. Você gostou? 
Kazuma disse, tragando mais da bebida que ingeriu a sentir o calor descer a garganta. Asahi bebeu um gole e uniu as sobrancelhas. 
- Queima...
- É pra ficar bem aquecido.
O menor riu. 
- Eu vou ficar tonto.
- Não vai. Quer provar ele frio?
- Iie.
Asahi bebeu mais um gole, encolhendo-se sutilmente. Kazuma riu baixo, achando graça.
- Isso é muito ruim. - O menor riu.
- Quer o vinho?
- Iie, tudo bem. 
O loiro riu baixinho novamente e deslizou a mão pela mesa, tocando a dele.
- Vamos, pode pegar um pouco de vinho e  levar consigo para o banho.
- Vinho no banho? Será na banheira?
- Hum, se você quiser.
Asahi sorriu. 
- Eu quero.
- Então sirva seu vinho, Padre.
O loiro assentiu e pediu a serviçal que trouxesse o vinho para si, aceitando-o numa taça a fazer uma pequena reverência em agradecimento, somente com a cabeça e bebeu um pequeno gole. Kazuma sorriu embora para si mesmo, observando seu pedido tímido e o trago no vinho que não era muito diferente.
- Podemos ir? 
O menor sorriu, acostumado com a bebida, embora não com gosto tão bom.
- Claro. 
Kazuma disse e após terminar a bebida, se levantou e esperou que ele fosse em frente, seguira desse modo até o quarto. Asahi assentiu e levantou-se junto dele, levando consigo a taça, gostava de imaginar ele sem camisa na água, chegou a suspirar.

Compartilhe:

DEIXE UM COMENTÁRIO

    Blogger Comment

0 comentários:

Postar um comentário