Masashi e Katsuragi #27


Katsuragi estreitou os olhos, e era visível o modo como estava extremamente irritado e indignado com o garoto, e embora quisesse arrebentá-lo na porrada, era impedido pelos vinte outros que estavam em volta. Haviam colocado em sua cama panos improvisados enquanto a senhora que morava por perto estava junto do garoto deitado, examinando-o enquanto podia ouvir um grito atrás do outro, e queria que sentisse dor mesmo, maldito.

- Katsuragi, ele não sabia.
- Não sabia uma ova. Claro que sabia. Engordou seis quilos e não sabia?
- É que não ficou aparente, quer dizer, não muito.
- Esse filho da puta estava é escondendo essa barriga. Você não vai ficar morando com ele aqui, sabe disso, não sabe?
- E-Eu não quero ficar com ele...
- Por que você não usou a merda do preservativo? Seu filho da...
- Katsuragi...
- O que é? Eu amoleci por causa do Masashi, não quer dizer que fiquei menos dono daqui. Não vai ficar com ele por quê? O desgraçado do pai te largou? 
Katsuragi falou a ele e notou alguns olhares estranhos sobre si, então preferiu ficar em silêncio, sentando-se a uma distância segura enquanto.
observava a senhora que começava os procedimentos, abrindo-o para conseguir retirar a criança, e o cheiro de sangue era tão forte, que teve que segurar um pequeno lenço contra as narinas, antes que voasse no garoto devido a falta de comida no dia, queria sair para caçar, mas o garoto impediu que o fizesse com seus gritos estridentes no bordel e fora forçado a cancelar os planos e fechar, assistiu o estranho parto, que fez vários garotos saírem de perto e um até desmaiar, negativou ao vê-lo e indicou a outro que o carregasse, já estava sem paciência e quando por fim a criança nasceu, viu a senhora embrulhá-lo num dos panos trazidos pelos garotos, entregando o bebê a um de seus ajudantes trazidos, enquanto dava alguns pontos no garoto, e era óbvio que devia estar sentindo uma dor maldita, já que os remédios que tinham, não eram nada bons, as ervas ajudavam, mas não a ponto de suportar os pontos e obviamente o viu desmaiar, mas não sem antes negativar ao fato de ver o bebê. Negativou por um pequeno tempo e sentiu um estranho nó na garganta ao ver a criança nas mãos de um dos garotos, enquanto limpava seu pequeno corpinho que fora abandonado e certamente acabaria na rua, assim como o atual namorado.
- Katsuragi... O que vai fazer com ele?
- Acho que tenho um jantar.
- Eh?!
- Calma, moleque, estou só brincando. Vou levá-lo a um orfanato assim que anoitecer.
Falou ao garoto, tranquilizando-o, e só não deu uns tapas nele porque ainda era muito novinho, então permaneceu sentado, até a senhora terminar os serviços e a pagou com algumas notas generosas, pedindo pelo sigilo devido ao rapaz e a criança e fez uma pequena reverência ao despedir-se, porém distraído, fora pego de surpresa por um dos garotos que entregou o bebê nos próprios braços, enrolado com um cobertorzinho azul e assentiu as recomendações do garoto, mantendo-se sentado e sério, observando a criança, sem jeito algum ao fazê-lo, até o segurava de forma meio estranha e errada, nunca havia segurado uma criança nos braços.
- Ahn... Meninos? Alguém vai... Alguém vai cuidar dele? ... Filhos da puta. 
Katsuragi falou e levantou-se, seguindo em direção à cozinha, onde deixou o bebê cuidadosamente sobre a bancada e abriu a geladeira, observando o local repleto de comida, mas teve que revirar para achar o leite que colocou em um copo, só então se dando conta de que não fazia nenhum sentido servir a ele daquele modo e teve de improvisar uma mamadeira, segurando-o no colo novamente a guiar o leite a sua boca pequena, abrindo um pequeno sorriso ao vê-lo beber.
- É, você não é tão ruim assim, é até bonitinho, com essa carinha... Enrugada.   
Masashi chegou no bordel após a aula, notando logo no salão um fluxo incomum. Burburinhos faziam parecer que algo realmente chocante havia acontecido, e observou indagativamente o ambiente, sentindo tão logo um toque sobre o ombro, e virou-se a fitar o cortesão próximo, tapando sua boca ao falar no ouvido, não tão silenciosamente na verdade, mas falava como quem contava um segredo e nem era segredo assim, já que todos falavam do mesmo. 
- Um dos garotos acabou de ter um bebê! 
Disse ele, parecendo gostar de toda agitação com a novidade, mas fitou-o na verdade surpreso, seguindo até o quarto onde observou o garoto desacordado, sob cuidados médicos, e esperava um dia poder fazer os serviços dali. Tinha um montante de sangue, o que fez com que sentisse dor de estômago e tivesse de fugir imediatamente dali.
- Katsuragi? Katsu... 

Disse, chamando-o pelos corredores até que por fim o encontrasse onde a cozinha. Notou o pequeno "embrulho" sobre um balcão, mas sentia-se tão mal com o cheiro excessivo de sangue pelo ambiente que teve de correr até a geladeira, buscar um vidro de sangue e bebê-lo no gargalo antes mesmo de cumprimentá-lo, mas ao fitá-lo, notou-o talvez paralisado, talvez surpreso pela chegada tão abrupta. Mas certamente constrangido, parado junto a algo que usou como mamadeira. E sabia que ao entrar ali, ainda que houvesse passado tão depressa, havia visto um sorriso em seu rosto, mesmo que já não estivesse mais.
Katsuragi desviou o olhar a ele, quase automaticamente e junto a esse olhar, sumiu o sorriso, disfarçando e desviou o olhar por um segundo, voltando o olhar a ele em seguida.
- Oi... Você chegou relativamente rápido. Anda controlando sua velocidade como eu ensinei, por que...
Masashi fitou-o notando o que dizia, porém, não retrucou, notando-o na tentativa de disfarçar talvez, porque parecia um pouco sem graça. 
- Está dando mamadeira?
- Bem, ele precisa comer... Ou ela, sei lá.
- O que fará com o bebê? 
Masashi indagou e pensou em dizer sobre o sorriso que vira a pouco, mas se calou, não queria constrange-lo.
- Vou deixar no orfanato, ao entardecer. 
Katsuragi murmurou e desviou o olhar ao pequeno corpo novamente, deixando a mamadeira sobre a mesa, vazia e abriu um pequeno sorriso novamente, ao perceber os olhinhos que piscavam, observando a si.
- Não vai deixá-lo no bordel?
- Não. 
Katsuragi desviou o olhar a ele e guiou uma das mãos a arrumar o pequeno cobertor onde coberto o bebê, porém teve o dedo segurado e arqueou uma das sobrancelhas.
- Hey... Me solte.
- Por que não? Gosta de comprar garotos pequenos, ele não vai demorar a crescer. Se for menino.
- Eu sei, mas o garoto que deu a luz a ele não quer, não quis nem ver o garoto.
- Aliás, o... - Katsuragi abriu o cobertorzinho, expondo o corpinho do bebê e assentiu. - O garoto.
- Provavelmente por medo e ele não vai cuidar do garoto como filho dele.
- Bem, eu não mantenho crianças aqui, sabe disso, não mais. O Jun ficou porque você não me deixou matá-lo e não sou tão cruel para jogá-lo na rua, agora esse, não posso fazer nada. Vou levá-lo a noite... Se ele me soltar.
- Entendo. Bem, entregue para uma boa família. - Masashi sorriu, observando o pequeno corpo alí. - Gostou do seu dedo.
Katsuragi sorriu ao outro e desviou o olhar à criança, segurando-a agora melhor nos braços e por fim conseguiu soltar o dedo, observando seus olhinhos castanhos por um longo tempo, e só sentia mais pena a cada vez que o olhava, mas não podia deixá-lo crescer ali, num bordel, era pior do que entregá-lo para a adoção.
- Hai..
- O garoto sabe quem é o pai? 
Masashi indagou, notando o olhar do mais velho à criança, cada vez parecendo mais afeiçoado. 
- Bom, ele é um prostituto, escondeu isso por nove meses, não faço ideia se sabe, mas se sabe, o rapaz deve ter largado ele.
- Pelo que eu ouvi, ele planejava fugir com um rapaz, mas ele acabou sumindo faz meses, mas boatos.
- Fale com ele e vá atrás do pai.
Katsuragi riu baixinho.
- Vou falar com ele assim que acordar do desmaio aos berros, esses machucados vão doer por um bom tempo, vai aprender. Mas o pai, deve estar bem longe uma hora dessas.
- Quer segurar?
- Não acho que um homem fugiria por medo de um prostituto. Iie, fique com ele. 
Masashi disse, notando o quanto ele parecia gostar daquilo. Katsuragi dsviou o olhar a ele por um pequeno tempo e abriu um pequeno sorriso, meio desconfortável.
- Desculpe não ter te contado...
- Eh? -
O menor indagou sem entender o porque das desculpas. 
- O bebê que eu perdi.
- Não foi sua culpa de qualquer forma. 
Masashi disse, mas tensionou a mandíbula, cerrando os dentes, um pouco desconfortável, embora ainda assim pensasse que parecia muito infantil para ser um pai. Katsuragi assentiu e observou o pequenino nos braços, deslizando uma das mãos pelo rostinho dele.
- Você quer ficar com ele?
- Eu quero, ele é lindo, mas quando olhar pra ele, vou ficar meio chateado, ele não é meu.
- Bem, eu acho que parir não é ser pai.
Katsuragi sorriu a observá-lo e assentiu.
- Você aceita ser pai dele?
- Bem, no que eu puder fazer. - Sorriu a ele.
O maior sorriu igualmente e assentiu.
- Certo.
- Vamos comprar um berço.
- Ta bem. - Masashi sorria ainda, apreciando sua empolgação.
Katsuragi deslizou a mão pelo rostinho pequeno do bebê
- Será que ele não vai querer tirá-lo de mim quando for mais velho?
- Terá de conversar com ele.
- Hai, vou falar com ele mais tarde.
- Bem você já comeu, preciso colocar você na cama. Ah... Nome?
- Eu... Não tenho ideia. - Masashi riu. - Nós vamos pensando.

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