Yuuki e Kazuto #78


Kazuto deixou de lado a tigela e a colher que usava para cozinhar, naquele dia decidiu que iria pegar Yuuki na gravadora, embora ainda fosse muito cedo para aquilo, poderia muito bem ouvi-lo cantar um pouco, não fazia mal, mas ao chegar perto, ouviu o próprio nome ser chamado, não era ele, era do mesmo tamanho que ele, seu irmão gêmeo.
- ... Ah oi, aconteceu alguma coisa com a Arisu?
Yuuki parou em frente ao edifício, tragando os últimos centímetros do cigarro. Não era bem o fim do ensaio, mas deu uma pausa, sem saco para ficar tanto tempo cantarolando, ainda mais por erros estúpidos dos demais integrantes, não se esforçaria pelo problema alheio. E enquanto sustentava um não tão vício, notou alguns metros de distância duas aparências conhecidas, e mesmo o cheiro de ambos igualmente conhecidos. Franziu o cenho, causando rugas temporárias entre as finas pestanas louras, e levou algum tempo até sair dali, visto que os via conversar, e não imaginava porque infernos estariam conversando.- Hai... Ta bem, a Shizuka pode vir dormir aqui quando quiser, eu já falei, não sei porque o Taa se preocupa tanto. 
Kazuto sorriu a ele, sutilmente e assentiu, fazendo uma pequena reverência para se despedir do cunhado. Virou-se e seguiu em direção à entrada do local, encontrando o outro ali e sorriu igualmente.
- Yuuki! Já saiu?
Yuuki colocou o cigarro entre os lábios e ali o descansou. Tal como ele mesmo vinha consigo em direção, fora a direção dele. Claro que notou um sorrisinho no rosto do próprio irmão enquanto se encaminhava a direção da gravadora, mas ignorou. Pegou o menor pelo braço, e de lá traçou o caminho inteiro a levá-lo para o carro. 
- O que faz aqui?
- Eh? - Kazuto murmurou a unir as sobrancelhas com o toque no braço, rude como sempre e desviou o olhar a ele. - Eu vim te buscar...
- Não precisa me buscar, não sou criança. 
Yuuki retrucou e somente o soltou quando abriu a porta do carro e jogou-o dentro do veículo. 
- Eh? Mas eu queria te ver... 
Kazuto murmurou, abafado pela porta que bateu quase contra o próprio rosto e afastou-se, unindo as sobrancelhas mais uma vez, e fez silêncio. Yuuki cruzou a traseira do veículo e tomou posse do banco de motorista logo depois, fechando a porta, e só tirou o cigarro da boca para falar, arremessando-o pela janela. 
- Você pode me ver em casa.
- Mas eu senti saudade... - O menor murmurou a observá-lo.
- Que porra de saudade... O que estava fazendo falando com o Ikuma? 
Yuuki retrucou, e fez menção de ligar o veículo, mas cessou ao indagá-lo e voltar-se para ele. Kazuto uniu as sobrancelhas ao ouvi-lo e encolheu-se no banco.
- Nada... Ele só me perguntou como estava a Arisu...
- Como se a Arisu não estivesse na casa dele o tempo todo. Você não tem porque falar com ele.
- Mas eu só cumprimentei...
- Não cumprimentou, cumprimento é oi e tchau, você parou pra conversar.
- Falei dez palavras com ele...
- Não.
Yuuki disse, simplesmente e com o dedo fronte os lábios, gesticulou indicando silêncio. Logo, ligou o veículo e deu partida, seguindo caminho de casa. Kazuto assentiu a permanecer em silêncio e colocou o cinto de segurança, abaixando a cabeça a observar as próprias mãos, como uma criança que havia feito algo errado.
- Eu só...
Yuuki fitou-o de soslaio, com olhos estreitos naturalmente e Kazuto assentiu.
- Você gosta dele. 
O maior disse, não no sentido romântico, mas como um conhecido.
- Eh? - Kazuto falou, e claro que levou como o sentido romântico. - Claro que não!
- Não estou falando como homem.
- ... Ele é seu irmão, ora.
- E daí?
- Ele frequenta nossa casa, então... Bem... Ele parece legal.
- Então você gosta dele?
- Como pessoa sim...
Yuuki fitou-o, agora com os olhos estreitos propositalmente.
- E-Ele é casado... E eu também, o que eu ia fazer com ele?
O maior ignorou sua pergunta, embora, como sempre costumavam jantar juntos, devido aos filhos ou mesmo seu companheiro junto ao próprio, certamente já devia ter se acostumado, mas sozinho, não tinha motivos para que conversassem.- Eu não falei nada com ele, Yuuki... Eu não tenho interesse nele...
- Não tem porque conversar com ele senão no jantar.
- Eu fui educado.
- Seja mal educado.
- Hai...
- Não venha sem me avisar.
- ... O que anda fazendo?
- Como é?
- Você... O que anda fazendo. Me manda chegar mais tarde, não quer que eu converse com o seu irmão. Está escondendo algo de mim? Está me traindo?
- Se eu estivesse com outra pessoa eu não teria problemas em dizer isso a você. Não sou do tipo que se interessa por alguém qualquer.
Kazuto assentiu e uniu as sobrancelhas.
- E o que tem a ver meu irmão falando com você e isso?
- Não sei, ele é seu irmão... Pode estar falando com ele sobre isso... Pode... Sair com ele.
- O que? - Yuuki indagou, demonstrando como isso soava absurdo.
- N-Nada...
- O que quer dizer com isso, Kazuto?
- Nada, não quero dizer nada...
- Diga.
- Taa me disse que vampiros antigos costumavam ficar entre si... Em família.
- Por que estavam falando sobre isso?
- Porque os filhos dele namoram...
- E você acha que eu fiquei com o Ikuma?
- E-Eu não sei...
- Não seja absurdo, isso é nojento.
- Hai...
Yuuki encarou-o outra vez. 
- Pare de pensar merda.
- Mas eu não estou pensando...
- Pensou.
- Não estou mais...
- Nem tente.
- Hai...
Yuuki estacionou o veículo e logo adentrava a própria residência, levou-o no mesmo modo, pelo braço e soltou-o somente dentro de casa, após igualmente adentrar e fechar a porta. 
- Yuuki... 
Kazuto murmurou ao sair do carro com ele, observando o próprio braço onde segurado.
- Está me machucando... 
Murmurou e encolheu-se a levar a mão sobre o braço quando entrou em casa, massageando o local e afastou-se dele devagar, encostando-se na porta.
- Veja só, teríamos nos encontrado aqui, se tivesse ficado e esperado eu chegar.
- ... Mas eu só fui pra te fazer uma surpresa...
- Uma surpresa? - Yuuki indagou, arqueando as sobrancelhas. 
- É... Pra te encontrar lá em vez de aqui. - Murmurou. - Eu preparei o jantar...
- De todo modo a surpresa não está em casa?
- ... Eu queria te ouvir cantar.
- Está inventando motivos.
- Não estou, por que acha que eu sempre subo em vez de esperar no andar de baixo? Você nunca canta pra mim...
- Vá a um show.
Kazuto uniu as sobrancelhas a sentir as lágrimas presas aos olhos ao ouvi-lo.
- Por que você é tão ruim comigo?!
- Porque você me aborreceu.
- Porque eu fui te ver?
- Você sabe porquê.
- Está com ciume de mim?
- Absurdo.
- Então por que não me deixa falar com o seu irmão?
- Porque eu não quero.
- Está com ciume.
- Cale a boca.
- Você está com ciume de mim...
- Não seja estúpido.
- Ah, é? Então eu vou ligar pro seu irmão.
- Não tente me irritar, porque se conseguir, sabe que vai acabar pior.
- Eu sabia. 
Kazuto sorriu e virou-se, seguindo em direção a cozinha. Yuuki suspirou, tentando como um humano, levar lucidez a vontade voraz que tinha de bater nele ao ser provocado. 
- Vamos jantar na mesa?
- Sh.
- ... Mas eu fiz o jantar.
- Vá para mesa.  
Yuuki disse e então seguiu até onde o mandava ir e sentou-se. Tirou o casaco e deixou de lado, observando o que havia à mesa. Kazuto assentiu e seguiu em direção a mesa onde mando, sentando-se no próprio lugar de sempre. O maior selecionou visualmente o que escolheria, mas deu início a um simples vinho. Esperando que continuasse em silêncio, ainda emputecido por ter sido provocado. O menor escolheu visualmente a comida, colocando-a no prato e serviu-se de vinho.
- Você quer mais alguma coisa?
- Não. 
Yuuki disse, embora não soubesse exatamente em que sentido era sua pergunta. Tragou o vinho, observando-o vez outra. Kazuto assentiu e desviou o olhar ao prato enquanto comia em silencio até o fim do jantar. Yuuki serviu-se um pouco depois dele, e comeu o que havia preparado, sentindo no alimento o gosto suave de sangue no fundo. Teria certamente aproveitado de modo diferente, se não estivesse mal humorado. 

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