Ryoga e Katsumi #54


Katsumi havia acabado de sair do banho. Ainda tinha a toalha ao redor dos quadris ao seguir para o quarto. Estava tranquilo naquela tarde, os filhos estavam adormecidos e gostava de como eles pareciam dois anjinhos dormindo, tinha que sorrir toda vez que saía do quarto. No próprio, buscou a roupa íntima, que vestiu e separou a roupa para dormir, vestiria somente a calça de moletom, mas se deu conta de que a barriga já estava grande o suficiente para não dormir sem uma camiseta naquela noite. Em frente ao espelho, observou a si, e silencioso, lembrou-se de como havia sido na gravidez de Natsumi naquele mesmo ponto, se lembrava de não ter parado se quer uma vez para de olhar no espelho, envergonhado consigo mesmo e sentia raiva deve, como consequência, as vezes sentia raiva do filho. Negativou consigo, se sentia um completo idiota por aqueles pensamentos, sempre se desculpava com o pequeno quando podia, e agora, ele estava ali na porta, não sabia como ele havia saído do berço, mas havia caminhado para si, com seus passinhos desajeitados de seus míseros dois aninhos. 
- Mamãe... Cadê meu bichinho?
Ao ouvi-lo, só então se lembrou que o bichinho estava na cama, havia esquecido ele ali na hora de levá-lo para o quarto e pegou para entregar a ele. 
- Esse aqui? 
- Ele não tava na cama comigo...
Sorriu e pegou o pequeno nos braços, beijando-o no rostinho de pele tão clara, ele tinha os olhos de Ryoga, eram lindos, o narizinho pequeno também. 
- Quer que a mamãe te leve pro quarto, hum?
- Sim... Onii-chan vai sentir minha falta se acordar sozinho...
- Hum, então tá bom. 
Disse e beijou sua bochecha macia, acariciando seus cabelinhos negros e o viu se aproximar de si e repousar sua pequena cabeça no próprio ombro, o abraçou e sentiu por um momento uma palpitação no peito, uma batida forte. 
- Eu te amo, Natsumi... 
- Eu também mamãe. 
Katsumi sorriu para si mesmo e beijou-o novamente no rostinho, levantando-se com ele e levou-o para o quarto, colocando-o em seu berço novamente, cobrindo com o cobertor macio e fofinho, e entregou a ele o bichinho, assistindo-o se aninhar na cama. 
- Bom dia, mamãe...
- Durma bem, morceguinho. 
Antes de sair, caminhou para a cama do outro filho e abaixando-se, cobriu seu pequeno corpo com o cobertor, beijando-o no rosto e tirou uma pequena mecha de seus cabelos que caíam sobre a face. 
- Bom dia, Erin. 
Murmurou, deixando-o dormir e por fim saiu do quarto, voltando ao próprio, e vestiu a camiseta antes de se deitar, limpando uma pequena lágrima que escorreu pelo rosto.
- Está em conflito? 
Ryoga indagou, da porta como estava, silenciosamente encostado enquanto o via se cobrir com sua camisa agora vestida. Falava sobre sentimentos, dos quais podia sentir, sentia sua emoção e sua tristeza, estavam se acompanhando naquele momento. Katsumi desviou o olhar a ele conforme o ouviu, era meio estranho estar sempre nu aos olhos de alguém daquela forma, com as emoções tão expostas.
- ... Não, estou bem. - Sorriu.
- Eu posso ver. Mas não foi exatamente isso o que eu perguntei. - Dito, Ryoga andou pelo quarto até alcança-lo. - É a gravidez?
Katsumi suspirou conforme desviou o olhar a ele e assentiu, cruzando os braços em frente ao corpo. 
- ... Não é nada demais. - Sorriu. - Não precisa se importar.
- Hum. - Ryoga murmurou e tocou sua cabeça, afagou os cabelos. - Vai precisar dar um tempo do restaurante agora. Está começando a ficar redondinho. - Provocou.
Katsumi sorriu conforme sentiu o afago dele e silencioso aproximou-se, buscando espaço em meio aos braços dele, o abraçou. 
- Não, não quero ficar sem trabalhar.
O maior o observou se aproximar, sorriu de canto na falta do riso, achando graça da sutileza nada sutil. O abraçou, dando espaço entre os braços. 
- Vai querer ir grávido?
- Vou sim, ainda preciso do dinheiro... - Disse num suspiro e beijou-o no pescoço.
- Precisa de dinheiro por quê?
- Ué, pra comprar as coisas. - Riu.
- Você pode comprar, nós temos dinheiro.
- Hum, é que na verdade... Preciso ocupar minha cabeça um pouco.
- O que tem pensado? 
Ryoga indagou e por um momento se afastou, soltando do abraço. Se sentou na cama no fim e bateu sobre a coxa. Katsumi negativou e caminhou até ele, sentando-se em seu colo. 
- Hum, nada demais, mas trabalhei desde que era mais novo, e agora que não tenho mais recebido clientes não quero ficar sozinho. Também não posso deixar os vampiros de olho em você sem xingar um pouco.
Ryoga riu, entre os dentes. 
- Xingar, é? Raivoso.
- Claro, bater as vezes também. Mesmo gravido, ainda dou um couro neles.
- Hum, então você é daqueles arruaceiros, ah? Não vá machucar meu bebê em brigas.
Katsumi riu. - Não vou.
- Acho que você não percebeu, mas Murasaki, a vampira Serizawa, é sua "mãe" de sangue. Ela provavelmente ia detestar esse termo. - Ryoga riu, entre os dentes.
Katsumi arqueou uma das sobrancelhas. 
- A garota que vai sempre no restaurante? ... O que quer dizer "mãe de sangue"?
- Ela quem transformou você. Você é criação dela. Eu sabia que tinha um odor familiar, quando estavam próximos, deu pra sentir as características.
- ... Sério? Bem, eu não a vi, não saberia... Mas... Ela nunca me disse nada.
- Acho que ela não queria falar nada. Deve ter feito por esporte. Mas isso significa que você tem um pouco de um sangue Serizawa.
- E isso é bom?
- É, você sabe que são a família mais antiga ainda viva, certo?
- ... Não, agora sei... Isso quer dizer que eu sou importante? - Katsumi sorriu.
Ryoga sorriu, canteiro, não havia de fato entendido o que ele queria dizer. 
- Bem, levando em consideração que você é meu parceiro. Minha família é a Hasegawa, somos primos dos Serizawa. Somos uma família também antiga, mas os primeiros Hasegawa já são mortos, que seriam meus avós. A segunda linhagem também, que seriam meus pais. Os Serizawa estão na segunda geração, os primeiros já morreram, mas a segunda geração não, são os pais da Murasaki.
- Ah... Entendi. Nossa, como eu consegui ser transformado por uma vampira antiga e namorar outro vampiro antigo por coincidência? - Riu.
- Talvez seu cheiro Serizawa tenha me atraído. - Ryoga provocou.
Katsumi estreitou os olhos.
- ... Espere, seus pais estão mortos?
- Sim. Há algum tempo. Eles eram rasteiros demais, encontraram alguém pra bater de frente.
- Hum... Sinto muito.
- Eu não ligo, eram uns filhos da puta.
- Faziam mal pra vocês?
- Não, eles só existiam mesmo. Um para o outro e só. Não ligavam para família ou filhos, essas coisas.
- ... - Katsumi uniu as sobrancelhas. - Que idiotice.
- Antigamente o posto da família era algo importante para os vampiros mais antigos. Tanto que normalmente os irmãos se casavam para que os genes puros continuassem passando, quisessem eles ou não, mesmo que não fossem parceiros de vida. Hoje é muito mais fácil.
- Hum... Queriam que você se casasse com Ryoma?
- Não, eles não, porque eles não ligavam.
- Hum... Então?
- Estou apenas dizendo pra você como as coisas eram. Eles não queriam filhos fortes ou netos fortes, eles queriam ser fortes, eles e não os outros.
- Ah... Entendi. Bem... Pelo menos não estão mais com eles.
- É, mas não lamente, nós nunca demos importância a isso. No fim somos filhos deles, algo da filha da putagem nós temos.
- Você é bem filho da puta mesmo. - Katsumi disse, contendo o riso.
- Eu sei. 
Ryoga deu um risinho entre os dentes. O menor riu por fim e acariciou os cabelos dele.

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