Sagara e Azaiichi #15


- Hey, garoto, me passa a garrafa aí do seu lado.
Azaiichi não sabia exatamente o que estava fazendo ali, na casa dele ainda. Naquela noite, os rapazes da banda haviam aparecido com alguns amigos, destruindo a calmaria do que queria ter com ele. Não sabia se a vida dele era sempre tão agitada, mas tentaria se enturmar de alguma forma, como pudesse, para tentar chamar a atenção dele como de praxe. Naquela altura da festa porém, não conseguia entender como haviam tantas garrafas espalhadas pelo chão, nem porque havia uma menina dançando semi nua na sala. Era namorada de um dos guitarristas, aparentemente. Saga estava sentado fumando, bebendo, e passou boa parte daquela reunião estranha sentado no colo dele.
- Eh? Aqui. 
Disse conforme entregou a garrafa e naquele meio tempo, havia tomado algumas cervejas, mas nada que fosse muito forte, até um dos guitarristas entregar um copo de whisky para si, insistindo que tomasse tudo, numa brincadeira engraçada e ridícula para que virasse a bebida, e havia bebido já dois copos. De alguma forma, não sabia como estava tão tonto quando a noite caiu e eles decidiram ir embora. Ainda haviam garrafas por todo o chão e como o sofá estava limpo, se deitou nele, o shortinho mal cobria a perna, estava desajeitado, como a camiseta, e não sabia onde o namorado estava naquele momento, mas abriu os olhos conforme sentiu os toques sobre as coxas.
- Hey, garoto, você está bem?
- Hum... Cadê o Saga?
- Na cozinha. Vamos subir pro quarto, hum?
- ... Não... Não quero, quero o Saga. Não estou me sentindo bem...
- Eu te ajudo a subir, vem. 
Azaiichi negativou conforme fora puxado e estapeou desajeitado o rapaz. 
- Saga...
- Hey, pra que me bater? Eu estou tentando te ajudar!
Ao ouvi-lo, sentiu o tapa sobre o rosto e uniu as sobrancelhas, encolhendo-se enquanto fitava o rapaz, achava que o conhecia, mas não sabia. 
- ... Sai de perto de mim. 
- Para de fazer zona, vamos logo.
Embora estivesse sempre em meio a muita agitação no palco, fora dele Saga costumava ir à poucas festas e reuniões, ia quando tinha intenção de beber, usar alguma coisa, mas quando estava fora da época das apresentações, queria bem um sossego, era do tipo que preferia beber com alguns amigos e falar de trabalho, não de fazer aquele tipo de bagunça, portanto, quando aquela zona começou, acabou ficando boa parte dela com algumas cervejas, poucos shots e Azaiichi no colo. Olhar para aquele garoto fazia lembrar que precisava leva-lo para casa, tirar ele daquele tipo de "vida". Havia ido até a cozinha, aonde o guitarrista junto de sua namorada preparavam algo de bolo de chocolate com um toque a mais. Aquela altura estava mais acordado, fosse pelas bebidas ou pela cocaína, mas ainda assim, sempre tinha sanidade suficiente mesmo com o uso das drogas, era irresponsável de forma responsável por assim dizer, então quando percebeu que o guitarrista estava bem o suficiente para não incendiar a própria cozinha enquanto fazia o doce, voltou para conferir Azaiichi, a tempo de perceber o baixista a importunar seu sono, desferir um tapa em seu rosto enquanto tentava tirá-lo confuso do sofá. Ele estava bêbado, mas ainda a si mesmo quando bêbado sabia ter discernimento para não tentar forçar sexo a alguém, então, aquele não era um motivo para perdoar ou lidar com o gesto de Sakai, logo tinha seus cabelos escuros nos dedos e foi por onde o puxou de perto de Azaiichi, notava a feição perdida do menor, ele não deveria estar ali. Ao tomar proximidade do baixista, enroscados seus cabelos nos dedos, ao vira-lo, lhe deu o tapa tal qual ele fez, mas é claro, não teria sido tão languido quanto seu ato embriagado. 
- Ficou louco, seu filho da puta?
- Eh? Mas que porra? Você mesmo disse que não estava namorando o moleque, porque eu não posso me divertir com ele também?
Azaiichi uniu as sobrancelhas, observando a ambos do sofá, estava confuso, não parecia ter só bebido, só esperava que não houvessem dado nada para si naqueles copos de whisky, sentia a cabeça virar e teve que unir as sobrancelhas.
- ... Saga...
- Se divertir com ele também é o caralho, ele não é uma prostituta. E ele não quer, você é o que, a porra de um estuprador agora seu pedaço merda?! - Saga indagou e tornou esbofetear a cara do baixista. - Tá a fim de dar uma? Vamos subir que eu como a porra do seu cu, seu merda.
- Ah, vai se foder, Saga! Que porra aconteceu com você? 
Ele disse, empurrando-o em seu peito.
- Que porra aconteceu comigo? Diz você que porra aconteceu comigo, fala aí que eu quero saber. 
Saga disse e puxou a gola de sua camisa, torcendo em meio aos dedos tatuados.
- Você não era assim, vai arrumar briga comigo por causa de um pirralho idiota? Qual é?
- Não era assim? - Saga disse com um ar risonho. - Nunca deixei de ter princípios por estar bêbado, Sakai. Não bateria na cara de alguém que não consegue se defender por querer enfiar meu pau em alguém que não me quer. Mas vamos lá, eu quero me divertir, quero enfiar meu pau em alguém. Ah, você não quer? Não importa, hey, estou te ajudando, para de fazer zona e vamos logo. 
Dizia com os pequenos tapas provocadores no rosto do baixista e uma das mãos levou e deu uma apalpada vigorosa em sua bunda. Claro que não tinha intenção de transar com ele. 
- Vamos, quero me divertir um pouco.
O rapaz estreitou os olhos a ele, estava evidentemente puto, e cambaleou para trás, não que estivesse bêbado o suficiente para cair no chão, mas estava para tropeçar e a mão foi em direção ao rosto do vocalista, num soco, que mais atingiu o ar do que ele, pegando em seu queixo. Saga riu, mesmo no raspão que ganhou no queixo. 
- Ah, você não quer? 
Indagou e chegou perto dele de volta, tornou apalpar sua nádega e fingiu a intenção de levar a mão para dentro dela mas não faria de todo modo. 
- Se tocar nele outra vez, vou enfiar o braço do seu baixo inteiro na sua bunda, tenho certeza que o seu fogo apaga.
Irritado, ele empurrou o vocalista novamente e seguiu para fora, buscando as chaves em cima da mesa, não estava de fato bem para dirigir, mas ninguém poderia dizer isso a ele, então foda-se. Quando a Azaiichi, no sofá, olhava o outro um pouco confuso, não se dava conta de que aquilo havia sido uma briga. 
- Saga...
Saga puxou o baixista antes que partisse seu rumo, não seria responsável por isso. Quando o puxou pela gola da camisa, aproveitou e lhe desferiu um soco contra a nuca, esperava ser apenas o suficiente para desacorda-lo e lhe causar uma ressaca mais intensa. O segurou antes de cair e o deitou no tapete da sala de estar. Voltou então para o menor, observando como parecia afetado pela bebida e o que quer que estivesse batizando os drinques. 
- Droga... - Murmurou e o pegou no colo, aninhou ao peito como a uma criança, envolto por suas pernas às laterais do corpo. - Está tudo bem, você bebeu demais.
Ao ser pego no colo, Azaiichi abraçou-o ao redor de seu pescoço, repousando a face em seu ombro e gemeu dolorido, assentindo a ele. 
- Minha cabeça dói... Não consigo respirar.
- Consegue sim, só não reparar na sua respiração. - Saga o afagou na nuca, como sempre, ele fazia a si se sentir um cretino irresponsável. - Vou te dar remédio e isso vai passar.
Dito, se moveu devagar, como se fizesse movimentos para uma criança adormecer. Claro que ganhou uma olhada do guitarrista, sorria feito um otário. 
- Que fofo... 
- Vai se foder.
Azaiichi beijou o pescoço dele, assentindo, sabia que ele cuidaria de si, por isso havia chamado por ele. 
- Tá bem... Me leva pro quarto... Por favor...
- Vou levar. 
Saga disse e antes de partir, abriu a boca aceitando o bolo de chocolate entregue pelo amigo de banda. Antes de partir porém ergueu a mão e lhe mostrou o dedo do meio. Subiu para o próprio quarto, levando o menor, quando chegou lá, só então o acomodou na cama, sentado no entanto. Pelo quarto buscou uma caixa de medicações, que não eram bem para uso medicamentoso em uma boa parte, pegou um dos pequenos frascos e deu a ele para ingerir o conteúdo, não ajudaria cem por cento, mas já era alguma coisa. Abaixou-se em frente a ele e tocou sua camiseta, tirando sua roupa. Não estava exatamente sóbrio, mas era astuto, afinal, muitas vezes se apresentava daquela forma. Ao seguir com ele para o quarto, Azaiichi estava atordoado, meio grogue, tinha certeza que haviam colocado alguma coisa na bebida. Bebeu o que ele deu a si e deixou-o retirar a própria roupa. 
- Ele ia me machucar...?
- Não... - Saga não sabia exatamente se devia falar a real para ele. - Ele estava bêbado e queria ficar você. Não ia te fazer mal, eu não deixaria ninguém fazer isso. 
Saga afagou seus cabelos. Desceu então para seu shorts curtos e desabotoou, tirou junto da roupa íntima, deixando completamente nu. Fez o mesmo com as próprias roupas em seguida, após se levantar também se desfez da calça e o pegou no colo, como antes, seguindo até o banheiro. Ao menos ali no quarto tinha organização e silêncio. Azaiichi assentiu e suspirou, agarrando-se a ele mais uma vez. 
- Eu estraguei sua festa, não estraguei? Desculpe... Eu... Eu não vou atrapalhar...
- A festa desses cornos, eu não estava querendo dar festa alguma. 
Saga ligou o chuveiro, entrou com ele na água morna. Azaiichi assentiu e o beijou novamente no pescoço, era onde conseguia beija-lo, sentia o pescoço pendendo como se não conseguisse mantê-lo erguido. 
- Isso é horrível... O que foi que eu tomei?
- Não é nada de mais, você só misturou com coisas fortes. Bebeu absinto, não deve aceitar bebidas de estranhos. 
Saga parecia um pai falando, resmungou para si mesmo. Tocou seus cabelos, deslizando a mão pelos fios ajudando a água a escorrer entre os fios acinzentados, que perderam o volume, colando em sua pequena cabeça, riu ao olhar para ele. 
- Vai passar.
Azaiichi uniu as sobrancelhas, não queria que ele risse de si e por isso fez um pequeno bico.
- ... Não ri...
Saga sorriu canteiro, diferente dele, tinha uma expressão naturalmente branda, então os olhos pequenos não demonstravam a bebedeira, ainda que aquela altura eles estivessem atentos pelos tragos recentes. Logo ficaram em silêncio, deitou no ombro dele como ele no próprio, sabia que a água fria ajudava a sensação. Azaiichi abraçou-o silencioso, era engraçado o quanto gostava dele, havia iniciado aquilo gostando dele como músico, mas agora, conhecia ele, e o amava tanto, que o peito doía, sabia que ele não amava a si da mesma forma, mas não se importava. 
- Saga... Obrigado por me salvar.
O moreno sorriu, para si mesmo no entanto, sua forma de falar fazia parecer uma situação muito perigosa, embora se parasse para pensar, talvez fosse mesmo, não sabia das intenções reais de Sakai ou o quanto ele poderia ser cretino. 
- Não foi nada, ele não ia te machucar. 
Pegou de mau jeito o sabonete e passou por suas costas, o lavou de improviso, esfregando devagar e após um tempo, saíram de lá. Pegou o roupão que colocou em suas costas sem vestir corretamente, só quando chegou no quarto e o colocou na cama, enfim o secou e vestiu com o roupão macio. Só então se vestiu, sem mesmo se secar, uma regata que nada cobria e uma calça larga. 
- Fique deitado, eu vou trancar a porta e descer pra fazer café e tirar esses merdas da minha casa.
Azaiichi assentiu, estava nervoso, e com muito frio pela água fria. Encolheu-se e deixou-o secar o corpo, confortável no roupão macio e assentiu, se ajeitando a deitar na cama, abraçando o travesseiro dele. 
- ... Não demora.
- Não vou. 
Saga disse e o pegou onde estava, o enrolou com o cobertor, formando um casulo a seu redor e sorriu na brincadeira. No fim deixou o quarto, de fato trancou a porta e desceu. Como disse que faria, tirou todos de casa, que dormissem na estrada, em casa não fariam, exceto pelo guitarrista e sua garota, que embora fosse tão agitado, ele ainda tinha alguma responsabilidade, agitava o quanto podia sem perder a sanidade. Viu ele sorrir, era quase um pedido de desculpas pela bagunça. 
- Já dei jeito nuns, já guardei o Sakai no carro e tranquei ele lá. 
Disse risonho. Pegou dele seu cigarro enrolado de qualquer jeito e acendeu, fora para a cozinha, onde as coisas estavam no lugar certo, ao menos tinha organização ali. E fez de fato o café. Voltou para o quarto uns minutos depois, falado com o guitarrista sobre Sakai, trocaram algumas palavras, levou para ele uma dose de café.
Azaiichi suspirou, estava mal, se sentia tonto, e enquanto ele estava na cozinha, teve que se levantar e ir ao banheiro, para não vomitar na cama dele. Usou o enxaguante bucal, já que estava meio tonto para tentar usar a escova de dente e ao se deitar, cobriu-se com o grosso cobertor dele.
- Saga...
- Eu trouxe o café. Vai te ajudar. 
Disse o maior ao entrar no quarto, o que fechou a porta logo após a passagem. Seguiu para a cama, já havia descartado o cigarro, que não era exatamente de tabaco, mas o que cheirava, era perfume e café. Azaiichi assentiu a aceitar o café e ajeitou-se na cama. 
- ... Você também usou drogas, não foi?
- Eu estava fumando. 
Saga falou a verdade embora não fosse um cigarro comum. O bolo, infelizmente não poderia dar a ele, já estava ruim o suficiente para lidar com alguma droga, mesmo fraca, então trouxe um biscoito de canela. 
- Coma o biscoito.
Azaiichi assentiu e aceitou o biscoito, mordendo um pedaço, decidiu não discutir com ele, na verdade, só estava chateado, mas o deixaria fazer o que quisesse. Repousou a cabeça de lado no travesseiro, fitando-o.
- Mas eu estou bem, não está vendo, uh? - Saga indagou e tragou um pouco da dose de café que trouxera para si também. - Eu sei que você não gosta de café, mas vai ajudar.
O menor assentiu, bebendo um gole do café, fez uma pequena careta.
- ... Isso é horrível.
Saga riu, entre os dentes. 
- Se sente um pouco melhor?
- Sim... O banho foi gostoso...
- Tome o café e durma um pouco. - Saga disse e tocou seus cabelos ainda úmidos. - Não beba coisas de estranhos. Ainda mais de um bando de músicos irresponsáveis.
- Eu não sabia... Achei que eles não iam fazer nada comigo.
- Eles queriam fazer com eles mesmos, mas você não é acostumado com essas porcarias todas. Absinto é algo forte, não pode tomar só porque é verde e brilhante.
- Tá bem... Desculpe. 
Azaiichi disse a abraçar o travesseiro mais forte.
- Não precisa pedir desculpas. Tome o café e fique deitado, já está ficando melhor, uh?
- Hai, mas quero você... Deita comigo.
Saga assentiu e seguiu ao outro lado da cama, se acomodou ali, ainda que soubesse que ficaria acordado, tinha o relógio biológico ruim, somado à cafeína e a cocaína, bem, não ia mesmo dormir. Azaiichi não queria dormir naquele momento também, só queria ficar com ele, e aconchegou-se perto do corpo dele conforme o viu se deitar. 
- ...
O moreno estava eufórico como efeito, embora pudesse conter a reação a fim de evitar uma conversa com o garoto, mas podia sentir a mão trêmula, assim como os batimentos cardíacos mais rápidos, ainda assim tentou se manter ali, prestando atenção nos cabelos dele, de onde via, a forma como os fios saiam de seu couro cabeludo. Não gostava de se sentir com aqueles efeitos, exceto se estivesse fazendo um show, onde podia simplesmente interagir sob eles, mas evitar o uso, era difícil, bem difícil. 
- Saga? - Azaiichi murmurou e ergueu a cabeça a fitá-lo, podia sentir sua mão trêmula sobre si. - ... Está tudo bem?
- Sim, por quê? - O moreno retrucou, não era algo que poderia se dar conta embora sentisse, já estava habituado. - Descanse, quando você dormir vai passar.
- Não quero dormir com você acordado... Quero cuidar de você. O que eu faço pra você se sentir melhor?
- Cuidar de mim? Eu estou bem, você quem precisar ficar melhor.
- Você também não está bem... Está tremendo.
- Estou só agitado, mas vai passar. Estou bebendo café com açúcar. E você, tá melhor?
- Sei que não é só o café. 
Azaiichi disse, um pouco embargado junto ao travesseiro.
- Não, a bebida doce ajuda a diminuir isso. Não acho que você seja tapado.
- Hum... Por favor, não se mate... Preciso que você cuide de mim.
- Ah, você precisa, hum? - Saga indagou, risonho. -  Não vou morrer, eu não usei nada em demasia hoje. Eu tô legal. 
Disse e tocou seus cabelos já menos molhados aquela altura.
- ... 
Azaiichi assentiu, estava triste, queria ajudar de alguma forma, mas ele era um impasse para isso.
- Estou bem, eu juro. 
Saga disse notando sua feição infeliz, o menor assentiu, aconchegando-se nele. 
- Queria que pudesse dormir comigo.
- Sabe que eu não durmo nesse horário, mas você pode dormir, tudo bem.
O pequeno desviou o olhar a ele, e nas mãos trêmulas podia sentir certa insegurança, não sabia quanta droga ele havia usado, ele parecia estranho, aéreo, estava com medo, gostava de verdade dele, e ver o modo como ele estava agindo, com quem ele estava em festas, as pessoas que ele tinha ao redor, partia o próprio coração, sabia que tinha que ficar com ele, perto dele o máximo de tempo possível, queria ajudar, mas ainda não sabia como, tinha que descobrir...

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