Kazuma e Asahi #80


Um suspiro havia deixado os lábios de Asahi conforme a xícara do chá fora colocada em frente a si naquela manhã, havia tido a relação com ele no dia anterior e embora levasse um pouco mais de tempo para beber o chá geralmente, preferiu assim, era o contraceptivo de sempre. O garoto se ajoelhava lado a si, e com um sorriso deixou alguns biscoitos ao lado da xícara, ele sabia que não tinha um gosto bom. 
- Obrigado. 
Ao guiar um dos biscoitos para a boca, bebeu também um gole do chá, que passou a beber junto do biscoito, distraidamente enquanto ouvia as notícias pelo rádio, era um dia calmo, ou parecia, embora o rádio anunciasse alguns ocorridos em outras partes do mundo. Naquela tarde, fez as próprias atividades, nada muito trabalhoso ou sério, mas o que tinha pra fazer por ali, arrumou os livros na biblioteca, já estava quase terminando Musashi, era uma leitura fantástica, mas deixaria para terminar quando ele voltasse. Colocou o livro novamente sobre a prateleira, já estava tarde, eram cerca de seis horas, quando ele deveria voltar, e fora quando sentiu uma certa tontura, estava com frio, como se o corpo estivesse no meio da neve, embora ela não caísse lá fora. 
- Kaito! 
Chamou o garoto, e ouviu seus passinhos rápidos do lado de fora. 
- Por favor... Me leve até o quarto. 
- O que houve? Não se sente bem? 
Negativou, e fora guiado ao quarto, junto ao garoto. Na cama, se deitou confortavelmente, esperava pelo outro em silêncio, embora já houvesse passado das oito, fora quando perderá a consciência devido a febre que havia afetado a si, e o garoto, sem saber o que fazer, havia chamado o médico. 
- Meu senhor não está, ele... Ele não sente dor, então, eu não sei o que poderia ser, ele pode ter se machucado fazendo qualquer coisa. 
O médico aproximou-se, medindo a própria febre. 
- O que ele fez hoje? 
- Ele esteve na biblioteca, arrumou os livros, nada muito perigoso.
- Hum... O que ele comeu hoje? 
- Bem... Ele tomou o chá que uma das enfermeiras prepara algumas vezes por semana. 
- Que tipo de chá?
- Ahn...
- Contraceptivo? 
- Sim senhor... 
Silencioso o médico puxou o cobertor e observou o próprio abdômen, usando alguns instrumentos para apertar a si, até mesmo o estetoscópio, naquele quarto, o equipamento era precário, mas pelo volume do abdômen ele sabia. 
- ... O garoto está esperando um filho. Suspendam imediatamente esse chá.
- Ai meu Deus... Ele... Ele vai ficar bem? 
- Eu vou aplicar o remédio. Seu senhor vai demorar?
- Meu senhor é o general do exército, ele... Ele já devia estar aqui, mas eu posso pagar o senhor. 
- Seria bom que ele voltasse logo.



Havia se passado um dia, Kazuma não havia voltado para casa, havia ficado na base, justamente porque os superiores não deixaram que ele o fizesse, tudo estava novamente em clima de guerra, e em menos de um dia, haviam soldados por todo o lugar, era uma guerra de tamanha proporção, que dessa vez não seria como uma simples batalha chinesa. 
- Foi uma decisão idiota atacar a marinha americana, senhor!
- E o que você queria que eles fizessem? Precisaremos de todos os homens, os aviões já estão sobrevoando a cidade. Peçam que os civis evacuem para um local seguro. Kazuma, recrute os homens que puder preciso de você em uma hora.
Asahi havia dormido a noite toda, os panos na testa haviam sido trocados pelo garoto, ele analisava a própria febre de hora em hora, até perceber que havia abaixado, enquanto delirava, algumas vezes, chamava o nome dele, baixinho, mas o garoto nada podia fazer se não esperar. 
- Calma, Asahi-san... Eu sei que é ruim... 
Ao acordar, viu o garoto ao lado da cama, trocando os próprios panos e uniu as sobrancelhas.
- ... O que houve? Onde está o Kazuma? 
- Asahi! Que bom que acordou... Ele... Ainda não chegou... 
- Que horas são...?
- ... Sete horas da noite. 
- ... Onde estamos? Onde... Me diga que estamos a salvo!
- Estamos na casa dele, calma... O que foi?
- ... Eu... Achei que pudesse estar na igreja de novo... 
O garoto se calou por um momento. 
- Asahi... Você ficou um dia dormindo... O chá... Você... Você está esperando um filho do senhor... Eu... 
- Um... Um filho? O que? 
- Sim, você espera um filho dele, por isso desmaiou... Com o chá. 
Asahi não sabia como agir por um momento, fora um baque muito grande para si, podia sentir o corpo todo amassado embora não sentisse dor, sabia que o bebê que estava ali havia sofrido com as próprias escolhas idiotas, deveria ter ido ao médico, como sempre fizera desde pequeno, agora chorava, embora silencioso.
- ... Eu estou esperando um filho dele...  Eu... - Sorriu, mordendo o lábio inferior. - ... Kaito, por favor... Vá chamá-lo...
- Não posso, senhor... Ele... Ele está ocupado. 
Asahi desviou o olhar ao garoto, unindo as sobrancelhas e por um momento ouviu o barulho de algo que podia jurar ser um avião, que passava sobre a casa. 



Ao chegar em casa, embora a agitação estivesse instalada lá fora, Kazuma parou por alguns segundos, minutos, o que fosse e olhou para ela, olhou tudo o que gostava, tudo o que havia planejado com o tempo, não sabia quando veria de novo e se a veria. Após aquele tempo, só então se pôs aos pés em marcha, não que de fato estivesse marchando, mas os pés pisavam com firmeza pelo piso de madeira. E tão logo, viu-se de encontro com alguns dos serviçais, conhecia bem aquele tipo de expressão. 

- Sayuko, Chitose, peguem o que de bem vocês precisam manter, instrua os demais serviçais que façam o mesmo. Guarde tudo em sacos pequenos, tente não exagerar no peso, pensem mais em si mesmos do que em bens materiais. Feito isso, encontro todos vocês aqui, sejam rápidos!
Dito, andou pela casa que já não tão silenciosa ressoava pelos passos hábeis de cada serviçal. 
- Kaito, Asahi. 
Chamou, enquanto buscava pelos demais e levava consigo a mala que daria a Asahi. Embora fosse racional para prezar por sua segurança, também prezava por sua saúde, falar para ele aquilo, ainda que precisassem ser rápidos, a cada passo pensava em quais palavras usar para que não o atordoasse.
Asahi já havia se levantado, embora ainda com febre, preferiu tomar um banho já que as roupas estavam molhadas de suor. Ao ser encaminhado para o banho, o pequeno aguardou na porta enquanto se lavava. Dentro do banheiro, tirou um tempo para se observar no espelho, podia ver a barriga que pensou ser o peso, na verdade, era o filho que nem sabia da existência, e quase o havia matado, se perguntou se sentiria dor se fosse uma pessoa comum, mas só sentia frio naquele momento. Não havia sangue em si, então, não havia tido um aborto, por sorte o médico que o garoto chamou havia chego a tempo. Na porta enquanto o garoto esperava a si, ele pode ver o outro, adentrar o quarto. 
- Senhor, Asahi está no banho.
- Kaito, preciso que pegue suas coisas de maior importância, coloque num saco pequeno e fácil de levar. Precisa se juntar com os demais serviçais e em alguns minutos, falarei com você. Serão levados para um local seguro, o carro irá transportar e eu irei guia-los até um local de confiança que me pertence, instrua-os com essa informação. Não quero confusão e nem ataque de pânico, certo?
- ... Senhor, o que está acontecendo? Estamos sendo atacados?
- Estamos em guerra, outra vez.
- ... Outra vez? Meu Deus... Mas... 
O pequeno disse e permaneceu silencioso conforme se lembrou do pedido dele, assentiu e correu em direção ao próprio quarto. Kazuma o observou, o ouviu embora precisasse de rapidez por ali, não precisou dizer nada até que ele então resolvesse seguir as instruções. - Asahi. 
Chamou e entrou no banheiro, levando consigo a roupa de banho, para tirá-lo de lá. Asahi desviou o olhar para a porta e rapidamente desligou o chuveiro, pegando a toalha que tinha ao lado e enrolando o próprio corpo.
- Kazuma?
- Vem. - O moreno disse após entrar e colocou o roupão sobre seus ombros. - Venha cá, preciso falar com você. 
Disse e até o pegou no coloco para ser mais hábil, o deixou na cama e pegou alguma de suas roupas. Asahi sentiu o roupão sobre si e uniu as sobrancelhas, ainda mais ao ser pego no colo, estranhou, ainda tremia de febre.
- Kazuma... O que... O que aconteceu?
- Vamos conversar e... - Kazuma suspirou, como se quisesse ter paciência. - Você acredita em mim, hum? 
Disse e se abaixou junto a ele, em frente a seu corpo. Asahi desviou o olhar a ele e por um momento sentiu lágrimas nos olhos, não sabia o que ele queria dizer, mas parecia algo horrível, pensou primeiro que ele pudesse dizer algo sobre traição, mas os aviões não paravam um minuto de passar sobre o teto, e se lembrou de quando a mesma coisa aconteceu sobre a igreja. A respiração estava descompassada, e embora não sentisse dor, estava tão ansioso que podia sentir o estômago embrulhar.
- ... Acredito.
- Então você acredita que posso proteger você e todos dessa casa? Você já deve saber o que está acontecendo. Você... Vai se manter calmo e confiar em mim, porque tenho um lugar muito seguro para vocês, é um ótimo lugar. Você vai pegar tudo que for de muito valor, colocar numa bolsa pequena. Mas lembre que seu maior e mais valoroso bem, é sua vida, então precisa ser rápido e não emotivo. 
Kazuma disse e tocou sua linha d'água antes que ela pudesse molhar seu rosto. Asahi uniu as sobrancelhas, sabia exatamente o que estava acontecendo, era por isso que o coração estava prestes a sair pela boca. 
- ... O lugar mais seguro do mundo pra mim é do seu lado... Kazuma, não... Eu não posso perder você de novo.
- Não vai me perder, confie em mim, sabe que sou um bom soldado. Mas pra eu ser capaz de me concentrar eu preciso que meus bens mais valiosos estejam bem guardados. Você vai embora hoje. O carro o levará, os serviçais irão com você, estará bem.
- Não... Não, eu não vou, eu sou enfermeiro do exército agora, eu vou com você.
- Não, Asahi. Você sabe o que torna um homem fraco na guerra?
- ... - Asahi uniu as sobrancelhas. - Kazuma... 
Disse e já podia sentir as lágrimas escorrendo pelos olhos, segurava a mão dele, tão forte que se tivesse a força dele certamente a teria quebrado, o coração batia tão rápido, que podia sentia o corpo estremecer com ele. 
- Kazuma, eu não posso ficar sem você, eu não posso, por favor, eu imploro, eu imploro, eu ajoelho se precisar, por favor... Por favor, eu não posso ficar sem você... Você acha que eu não escuto o rádio? Você acha que eu não sei o que está acontecendo? Kazuma, a Alemanha está na guerra, os Estados Unidos, você não vai voltar pra mim!
- Você acha que sou fraco perante eles? 
Kazuma indagou, sentindo por um momento a virilidade posta em dúvida por ele, embora soubesse no fundo, que essa na era sua intenção, era orgulhoso. Ainda assim segurou sua mão.
- ... Kazuma, eles não tem pistolas e rifles, eles têm bombas! Bombas enormes, você não pode matar uma bomba.
- Posso matar alguém antes dele usar a bomba.
- ... Não Kazuma, por favor... - Disse em meio as lágrimas e segurava a mão dele perto do rosto, beijando-o. - ... Não.
- Asahi, por favor, pegue suas coisas. Pessoas esperam pela minha instrução.
- ... - Asahi uniu as sobrancelhas a observa-lo. - Kazuma... Ele precisa de você... Nós precisamos de você... Eu... - Disse ainda a segurar a mão dele, firme. - Eu não quero que ele nunca conheça o pai.
Kazuma ouviu-o dizer e por um momento se zangou, não o entendeu, pensou talvez estar agindo para ter piedade. 
- O que está dizendo, Asahi?
- ... - Asahi Aabaixou a cabeça, escondendo-se em meio aos fios loiros de cabelo. - Eu estou grávido.
Num instante, Kazuma se sentiu falhar, como se o peito houvesse congelado, ou talvez o estômago, aquela notícia, havia vindo numa hora conturbada, era lamentável.
- O que...? - Falou, menos tenso na dureza das palavras. Tocou seu queixo, foi por onde ergueu seu rosto. - Você está falando a verdade?
Asahi ergueu a face a observa-lo, e ele certamente poderia sentir a própria temperatura em sua pele, ainda estava quente, e o rosto úmido pelas lágrimas.
- ... Eu tomei meu chá como faço toda semana, mas eu acabei passando mal e Kaito me trouxe pro quarto, chamou o médico porque eu estava desacordado... Ele disse que devo estar com três meses de gravidez, e eu quase o matei bebendo o chá... Agora... Você me diz que ele pode nunca conhecer o pai, como... Como eu posso viver com isso?
Kazuma observou o rapaz, e bem, mesmo que os ruídos lá fora estivessem intensos, que soubesse exatamente quão ruim a situação estaria por vir, ainda que sentisse que a notícia não poderia vir em pior hora, ainda assim, sentiu-se aquecer tanto quanto sua pele enferma, e para ele, talvez mesmo que não estivesse no rosto, nos olhos, um brilho úmido intensificou a cor cinzenta que as íris tinham, ainda que suavemente avermelhasse o globo ocular, não deixou cair, mas ainda estavam lá e pressionou pressionar os dedos nos olhos para afasta-los, não era tristeza, ainda que estivesse sob aflição. Asahi desviou o olhar a ele e tentou fitar seus olhos em meio aos próprios marejados, ele... Estava chorando? Não sabia ao certo o que fazer por um momento. Uma das mãos guiou sobre a face dele, deslizando os dedos em seu rosto quente, mas não pela mesma razão que o próprio e juntou o rosto ao dele, encostando a testa na sua. 
- Kazuma... - Disse, a voz trêmula e pouco atordoada. - Eu preciso de você, por favor, não me abandone agora... Por favor, já chega de guerra, de morte, de ausência, por favor... Nós dois... Nós precisamos de você...
Kazuma suspirou ao fechar os olhos, sentindo sua testa acomodar contra a própria. O tocou por seus cabelos louros e deslizou até a nuca onde segurou seu pescoço tão frágil. Recapitulou todo o senso de responsabilidade que tinha e embora não soubesse como lidar com aquilo, murmurou. 
- Certo.
Asahi o observou perto de si, deslizou a mão por seus cabelos curtos e uniu as sobrancelhas. 
- Você... Você virá comigo?
Kazuma reabriu os olhos ao enfim se afastar dele, não deixou porém de segura-lo em sua nuca. 
- Você precisa confiar em mim, certo? Você vai entrar no veículo com Kaito e os outros. Meus pais serão levados com você também. Eu... Eu vou encontrar você amanhã. Hoje eu preciso dar um jeito nisso. Servi o exército por toda minha vida, não vou sumir como um covarde.
- ... 
Asahi novamente podia sentir as lágrimas nos olhos, não queria soltar a mão dele, não podia, foram dois anos longe dele, foram dois anos o procurando, dois anos em total torpor por não tê-lo consigo.
- ... Me promete, me promete que vai me encontrar amanhã, me promete por tudo que você ama no mundo. Me promete que não vai me deixar sozinho de novo...
- Eu prometo. Eu prometo. 
Kazuma disse, fatídico, em ambas as vezes. Era orgulhoso demais para fugir e ainda que fosse algo conturbado, se orgulhava do que era, não largaria tudo o que construiu, como aquele lugar o qual agora se despedia. 
- Vamos, preciso que seja forte agora, vista uma roupa e pegue o que for importante. Kaito vai ajudar você a se locomover. Vou levá-los até parte do caminho, para ter certeza que chegaram bem e logo, o reencontro lá.
Asahi assentiu e só então, após ouvi-lo, soltou sua mão. 
- Pra onde nós iremos? 
Disse a unir as sobrancelhas.
- Irão para uma zona muito afastada daqui, lá ficará em uma casa subterrânea, um alojamento submerso.
- ...
Asahi assentiu e uma última vez o beijou, sentindo a pele dele junto a própria e o calor de sua mão. 

- ... Por favor, não demore.
- Não vou. - Kazuma disse e tomou sua mão, beijou-a na palma. - Vamos, seja rápido e poderá se recuperar. La terá todo o suprimento que precisar, não será como na igreja.
Asahi assentiu e devagar se levantou, ainda estava um pouco tonto, por isso foi difícil pegar as roupas, foram poucas coisas, os dois kimonos, algumas roupas trazidas, fora forçado a deixar as trivialidades, então, infelizmente, largou a lingerie que havia trazido para ele na gaveta. No outro quarto, buscou só uma coisa: o quepe dele, que escondeu no fundo da sacola. Queria ter pego o disco na vitrola ao lado do rádio.
Kazuma observou todo seu trajeto e o ajudou com o que precisava, por um momento o viu olhar o disco, mas foi deixado onde estava. Quando enfim buscou o que precisava, o ajudou a se vestir de forma confortável e então parou novamente a sua frente, o abraçou ali, onde podiam fazer, o apertou gentilmente nos braços.
- Você é a melhor coisa que a guerra poderia dar a alguém, a mim.
Conforme o viu pegar as próprias roupas, Asahi esforçou-se para se vestir rápido, abotoando toda a camisa de um modo meio desajeitado e por fim igualmente o retribuiu no abraço, sentindo seu corpo contra o próprio naquele abraço que nunca poderia se quer esquecer de como era, era o lugar mais seguro do mundo para si. Ergueu a face a observa-lo e engoliu o choro mais uma vez, tinha um sorriso nos lábios e teve que acariciar o rosto dele mais uma vez. 
- Eu vou esperar você, mais um dia, a cada minuto, vou desejar estar nesse abraço de novo. - Murmurou e selou os lábios dele. - Eu te amo muito.
- Eu também te amo. - Kazuma sussurrou, na verdade falou baixo mas bem audível, e falar aquilo nunca havia sido mais fácil. Acariciou seu rosto e somente então o soltou. - Vamos.
Asahi sorriu conforme o ouviu, guardaria aquela frase consigo até poder vê-lo novamente e lamentou ter que solta-lo. No carro, podia fita-lo a conduzir, parecia nervoso, não sabia, queria poder segurar a mão dele, mas o garoto estava lado a si e olhava a si de uma forma diferente, só ele sabia.

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