Ikuma e Taa #75


Taa colocou sobre a mesa o pacotinho de açúcar mascavo, recém comprado e suspirou.
- Pronto, espero que tenha tudo agora. 
Murmurou e desviou o olhar ao bowl em frente a si, com a manteiga e o açúcar misturado, claro que havia começado sem analisar se todos os ingredientes estavam em casa. Desviou o olhar a porta da cozinha e sorriu ao noivo ao vê-lo adentrar o local.
- Hum, está gostoso hoje, vai fazer o que? Faz tempo que não te vejo maquiadinho assim.
- Gostoso? Gosta do sabor dela? - Ikuma indagou e sorriu-lhe com os dentes. - Lugar algum, vou te ajudar com o cookie.
- Estou falando você, não a maquiagem. - Taa riu. - Passou maquiagem pra me ajudar com o cookie? Se estiver vendo alguma vagabunda, eu mato você.
- Estou vendo uma vagabunda nesse momento. 
Ikuma disse, e vagarosamente voltou a direção facial até ele, e tão logo o encarou, evidentemente. Taa estreitou os olhos.
- Idiota.
- Vagabunda. 
Ikuma disse, num sussurro, soando provocativo, enchendo o saco. Taa riu baixinho e suspirou.
- Sei que estou gordinho, mas...
Ikuma fitou-o e negativou consigo e com ele, sem entender. 
- O que isso tem a ver?
- Sei que estou gordinho, mas não precisa procurar outra vagabunda, tapado.
- Eu gosto de você lagarta e também patinho.
Taa estreitou os olhos novamente e abraçou-o, puxando para si.
- Você é lindo.
- Vou passar maquiagem mais vezes então. - Ikuma disse, o abraçando mutuamente.
- Não seja bobo.
- Você gosta. Vamos fazer esses cookies antes que eu coma o açúcar mascavo puro.
- Hai
Taa riu e misturou o açúcar mascavo ao restante da receita e aos poucos adicionou os outros ingredientes, misturando.
- Deixa eu ajudar. 
Ikuma disse, esperando-o por algum tempo e logo tomou posse igualmente da colher, mexendo a massa. Taa riu a entregar a colher a ele e assentiu.
- Ta bem, tem que mexer tudo. Vou pegar as gotas de chocolate.
- Pegue. 
Ikuma disse, e continuou a mexer. Notou uma colher na mesa, já abandonada do uso e usou-a para pegar uma colherada da massa, levando-a a boca. Taa virou-se para pegar as gotas e ao virar-se observou o outro com a colher já na boca. Estreitou os olhos e aproximou-se, observando-o. O menor ergueu a direção visual, fitando-o. Meio de soslaio, ainda sem tirar a colher da boca. Taa arqueou uma das sobrancelhas.
- O que o senhor está fazendo?
- Hum... dada - Soou abafado pela colher na boca.
- Para de comer o cookie!
- Mas... A massa está mais gostosa que a outra.
- Eu sei, mas tem que comer assado. Vai te dar dor de barriga, hein?
- Não vou ter isso. Que nojo, lagarta.
Taa riu.
- Então espere os cookies.
- ... Você faz isso?
- Não, eu explodo.
- Não acredito. Esse tempo todo eu achei que não fazia.
Taa desviou o olhar e negativou.
- Cala a boca, Ikuma.
Ikuma riu, claro, evitando ser audível e com um bico nos lábios saiu de perto da tigela, deixando-o continuar. Taa desviou o olhar à tigela e colocou as gotas de chocolate, mexendo com a colher até misturar tudo.
- Você também faz, idiota.
- Eu não faço isso. Humanos fazem isso.
- Mentira.
Ikuma sorriu-lhe com os dentes e voltou a roubar uma colherada da massa. 
- Hum...
- Ikuma!
- O queeee?
- Para de roubar.
- Por que está sendo chato comigo?
- Eu... Não estou, ora. Quero que coma pronto.
Ikuma fez bico novamente, sabia que ele gostava e jogou a colher na mesa antes de cruzar os braços. Taa riu baixinho e abraçou-o, mordendo-o suavemente na bochecha.
- Ah vamos, pare com isso.
- Sh, não amo mais você.
- Ora, isso não parece atitude de quem já vai ser vovô.
- Vovô? Como assim vovô?
- Ué, não soube? O Takuan está grávido.
- O Takuan? - Ikuma riu. - Só se ela tem um pau e eu não sei.
Taa riu.
- É brincadeira... Espera, quem?
- A namorada dele. - O menor pigarreou.
- Ele tem namorada?
- Acho que tem sim.
- Hum. Não sabia.
- É, eu não tenho certeza. É um palpite.
- Não acha estranho ele passar tanto tempo com a irmã?
- Hum, por que do nada?
- Porque eu estou achando que ele tem alguma coisa com ela e que você está escondendo de mim.
- Ora, pelo menos ele não engravida.
- Ele está ficando com a Shizuma?!
Ikuma riu, num sorriso canteiro. 
- Hey, quanta altura. Não sei, docinho.
- Sabe sim!
- Eles não são humanos, e eles não sabem que eu sei.
- ... Vão saber.
- Sh, sh. Não se meta, docinho.
- Ikuma.... São irmãos.... Meu Deus...
- E não são humanos.
- Não interessa, é absurdo do mesmo jeito. Foram criados juntos... Como isso aconteceu?
- Taa, vampiros se relacionam dessa forma. Não são como os humanos que tem problemas com isso.
- Dá na mesma... São a mesma raça, só que um toma sangue o outro não. Não acredito que meus filhos... Estão... Transando.
- Não dá na mesma, não somos da mesma raça. - Ikuma riu, achando absurdo.
Taa arqueou uma das sobrancelhas.
- Eu era humano antes, Ikuma.
- Sim, você era, não é mais. Então não tem a mesma raça. Antes de ser vampiro você tinha a mesma raça que eu.
- Você entendeu o que eu quis dizer.
- Estou dizendo que é normal entre vampiros. Sabe, tenho muito mais que sua idade pra saber que entre nós isso é comum. Era um modo de preservar a existência e pureza da raça.
Taa arqueou uma das sobrancelhas a observá-lo.
- Ah, me desculpe, vovô.
- Sim, eu sou um vovô. Você já sabe disso.
- Estou falando que pra mim isso não é comum e são meus filhos, eu não ensinei isso pra eles.
- Ah Taa, não me faça sentir nojo desse pensamento.
Taa arqueou uma das sobrancelhas e assentiu, desviando a atenção à forma onde colocou os biscoitos.
- Eu não ensinei isso pra eles, acho que essa foi a frase mais estúpida que já ouvi você falar. Soa preconceituosa e medíocre.
- Pelo amor de Deus, Ikuma, eu sou um maldito vampiro, porque eu teria preconceito comigo mesmo? Pra mim isso não é normal, se eu estivesse transando com o meu irmão, meus pais me levariam a um psiquiatra. Você me chama de preconceituoso, mas você mesmo acha minha antiga raça uma porcaria. Não estou entendendo.
- Se te achasse uma porcaria eu não teria ido atrás de você. Só não use essa frase, é ridícula. "Eu não criei meus filhos pra isso", é quase como dizer "Não criei meus filhos pra serem como são". Criei meus filhos para que fossem melhores que isso. É o que dá a entender, mas é, não somos nós que ensinamos quem nossos filhos devem amar. Ainda bem que não aprenderam a amar alguém pior.
Taa ouviu-o em silencio até o fim da frase e assentiu, abaixando-se a colocar o doce no forno.
- Está certo.
- Talvez seja por isso que estão escondendo até agora.
- Ah sim, por medo da mãe preconceituosa e medíocre deles.
- Quer tentar perguntar pra eles?
- Não.
- Não estou te chamando de caráter preconceituoso, mas sua frase soou assim.
- Certo, eu não digo mais. Não tenho culpa por pensar como um humano, fui criado assim até meus vinte e dois anos.
- Tudo bem, eu entendo isso. Só não quero ouvir você falar desse jeito. Fique pasmo, sinta nojo de se relacionar com seu irmão e que... Não sabia que tinha irmão, mas deve ser bonito, mas não fale "Não criei pra isso" como se fossem monstros. São meus filhos, vou defender, são nossos filhos.
- Não tenho mais. - Taa falou a observar a temperatura do forno. - Vou me deitar, você olha os biscoitos?
- Vai deitar nada, vai ficar aqui.
- Eu quero ir
- Por quê? Vai fugir da conversa?
- Não vou fugir de nada. Não quero discutir com você
- Não vamos discutir mais. A conversa encerrou, não precisa correr.
Taa arqueou uma das sobrancelhas ao ouvi-lo e assentiu.
- Ta ok.
- Não tem mais por quê?
- Ele morreu faz um ano.
- Eh? De que? Como soube? Nunca saiu de casa. Por que não me chamou?
- Minha mãe me ligou. Ele sofreu um acidente de carro. Não é importante. Você não estava quando ela ligou, e nunca fui realmente muito intimo do meu irmão. Acho que ser vampiro é isso, todos vão morrer e eu vou assistir sem poder fazer nada. Amanhã é minha mãe, meu pai já foi também. E nunca vou poder ver ela, porque eu tenho quase quarenta anos, se ela me ver com essa mesma aparência, capaz de ter um ataque cardíaco e morrer na hora.
- Se quiser eu posso fazer ela ficar por aqui também. Mas... Acho que já teria feito isso se quisesse. Ela não está infeliz sozinha?
- Ela me diz que não. Mas tudo bem, ela já é velha, acho que não ia gostar de ter a eternidade com essa aparência. Ela queria conhecer as crianças, mas.
- Ela é uma boa pessoa, uh?
- Ela é sim. Meu pai era um idiota, minha mãe sempre foi boa pra mim.
- Então podemos cuidar dela.
- Eu não posso, sabe que eu devia parecer ter mais idade.
- Podemos transformar ela sem ela saber.
- Não, isso seria cruel, ora.
- Ela não precisa saber. Se ela é boa pra você, eu quero cuidar dela.
Taa riu baixinho e observou-o por um pequeno tempo, aproximou-se e levou ambos os braços ao redor do pescoço dele, selando-lhe os lábios.
- Ainda estou bravo, não me faça querer te abraçar.
- Eu injeto com a seringa enquanto ela estiver dormindo, faço até um peeling com sangue de vampiro pra ela ficar mais jovem. 
Ikuma disse ao ouvi-lo rir e abraçou-o mutuamente, tal como o selo dos lábios.
- Não diga besteiras.
Taa falou a ele e deslizou uma das mãos por seus cabelos.
- Estou falando sério. Não quer? Vai sofrer enquanto ela morrer.
- Eu sei que vou... Mas o que eu posso fazer? Amaldiçoar ela fazendo ela viver pra sempre sozinha e velha? Ela tem quase setenta anos.
- Bom, você quem sabe. Quando chegar a hora vai saber o que quer.
Taa assentiu e suspirou, deslizando o forno e retirou os biscoitos, deixando sobre o fogão.
- Espere esfriar.
- Eu sei, fodi minha língua da ultima vez. - Ikuma resmungou.
- É, eu sei, e não quero ficar pingando sangue nela o dia todo de novo. - Riu.
- Você gostou, vai
- Acho mais interessante quando ela está em outro lugar, mas gosto da sua língua.
- Coloque sangue noutro lugar, ora.
Taa riu.
- Vou injetar com essa seringa no seu pau.
- Ai lagarta...

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