Ryoga e Katsumi #46


- Cadê o vinho? Temos que beber vinho, senão não fica certo, tipo aqueles filmes.
Ryoma brincou o caçula enquanto se prontificava para ajudar com algo da massa, embora enrolasse para não alterar o sabor, gostava da que fazia o irmão. Viu Katsumi ir até a porta conforme soou o toque, podia ouvir dali os comentários e sorriu sem dizer nada enquanto olhava para as atividades manuais, se perguntava se o irmão teria disposição para aguentar o "gás" daquele garoto, era falante e quase efusivo. Ao vê-lo entrar, Haruki murmurava como se alguém ali não fosse ouvir nada daquilo, mas era mesmo um pirralho com fogo no rabo, concluía sem novidades.
- Haru, hum.
Apelidou, não gostava muito de apresentações, mas a julgar por sua expressão, ele parecia gostar. 
Haruki desviou o olhar a mão do outro, notando que segurava a massa e sorriu meio de canto, se sentia um otário.
- Ah... Você diz meu nome de um jeito tão fofo. - Disse num suspiro e franziu o cenho logo depois. - Eu disse isso alto? 

Katsumi negativou e sentou-se novamente no balcão. 
- Senta aí, Haruki.
- Fofo? Eu não quero ser fofo, eu quero ser bonitão. 
Disse Ryoma, embora houvesse soado apenas para o irmão. 
- Calma, você é bonito, parece um pouco comigo. - Ryoga brincava embora soasse visualmente muito sério. - Vá tentar alguma coisa, vai. 
Indicou ao irmão, também ao irmão do outro, pareceram ambos dispostos e assim terminaria mais rápido o que fazia.
- Vem, Ryoma. Vamos conversar. 
Katsumi sorriu meio de canto e negativou em seguida conforme viu o pequeno puxar o outro consigo até a sala, era um pequeno pervertido, sabia disso. Desviou o olhar ao outro logo após, num pequeno sorriso. 
- Casado, é?
Ryoga o fitou de soslaio, vendo-o de olhos baixos sair junto a sua nova companhia, até parecia um pai, talvez fosse mesmo fraternal. Porém olhou o outro, não entendeu exatamente. 
- O que? Ryoma não é casado se é o que quer saber.
- Disse a ele que era casado.
- Hum... E isso te animou, ah? - Ryoga sorriu de canto e o olhou do mesmo modo.
Katsumi sorriu e pela primeira vez, fora sincero a respeito de algo. 
- Achei adorável.
- Então você quer casar, hum?
- Bom, eu já sou pai dos seus filhos, então...
- Eu sou pai dos seus filhos.
- Oh, desculpe, sou mãe dos seus filhos.
- Você é o papai.
- Hum. - Katsumi assentiu e riu. - É, papai.
- É, parece que sou casado sim. 
Ryoga disse em resposta. Tocou sua cabeça, no topo, com a mão limpa, mas foi um gesto breve. 
- Bem, se eles se derem bem, agora seu irmão vai ter alguém pra apagar o fogo no rabo.
- Hum... Eu não ganho nem um anel? Nem flores e nem pedido e nem um casamento lindo, vestido branco e etc? - Katsumi disse em meio ao riso e assentiu conforme o ouviu. - Parecem estar se dando bem.
- Vestido branco? Você vai se arrepender disso, Katsumi, sabe que eu gosto de jogar com você.
- Nem vem. - O menor falou a estreitar os olhos.
- Eu não vou, você vai.
- Não vou.
- Vai, você falou agora vai. Eu mando aqui.
- Vai ter que me levar de coleira.
- Não vou precisar. - Disse o maior e então entregou a ele a travessa com o monte de pequenas bolinhas de massa. - Pegue, coloque pra cozinhar, papai.
Katsumi assentiu a pegar a travessa e sorriu. 
- Certo, pai.
Ryoga o deixou continuar com a massa enquanto preparava o molho e a carne que iria no fim, para que não estivesse cozida, mas também não fosse visualmente crua. Claro que provocou sutilmente o outro com os pedaços de carne. Katsumi colocou a massa para cozinhar, era terrível na cozinha, mas ele havia ensinado algumas coisas a si. 
- Ai, sai daqui com essa carne.
- Você vai comer essa carne. - Ryoga disse até ergueu um filé, balançando a seu lado. - Katsumi, meu nome era Hamada.
O menor estreitou os olhos e empurrou-o sutilmente. 
- Ryoga, é sério! Eu vomito em você!
- Vai vomitar nada, meu filho vai querer essa carne.
- Seu filho pode querer, eu tenho nojo.
- É, mas está na sua barriga, ele vai ter que comer através de você.
- Não sei se ele realmente está. - Riu.
- Está sim.
- Como sabe?
- Eu que fiz.
Katsumi sorriu e deslizou uma das mãos pelos cabelos dele. 
- Hum, sabe tudo.
Ryoga sorriu a ele, de canto, tirou por vez a massa da água, finalizaria os preparos com o molho e a carne, que como planejado, o deixou tão completamente, pelo menos visualmente, crua. 
- Pronto, Hamada está menos corado.
- Não chame a carne de Hamada. - Katsumi estreitou os olhos.
- Hamada.
- Ryoga! Yuki, desgruda do Ryoma que ele deve estar achando ruim, senta aqui do lado.
- Hamada. Talvez amanhã eu traga a Hanada, irmã dele.
Katsumi estreitou os olhos e negativou, colocando a massa já pronta na mesa. Ryoga deu a ele uma piscadela, embora estivesse sério. Sentado a mesa àquela altura, serviu-se de alguma bebida e podia ver a animosidade do irmão caçula do outro para com o próprio.
- Ai, onii-chan, me deixa falar com ele, Ryoma é tão divertido.
Katsumi sorriu meio de canto. 
- Já chamou ele pra conhecer seu quarto?
- Onii-chan!
Ryoga observou os dois, Ryoma não parecia falar nada que fosse mesmo divertido, Haruki era só como uma garota que tudo acha interessante se vindo de um cara bonito. Mas era por isso mesmo que havia feito o convite, Ryoma não namorava, Haruki parecia muito sozinho e pela personalidade dele, embora o irmão não fosse eufórico, sabia que se dariam bem. Katsumi sorriu meio de canto e prosseguiu com o jantar, servindo o próprio prato, após o namorado servir a si mesmo. 
- Bem, vamos comer.
- Você sabe mesmo do que eu gosto. Agora falta doce. 
Dizia Ryoma ao se sentar, por vez ao lado do garoto menor e até ganhou um breve afago na coxa, que claro, não pensava em recusar.
- Não abuse, Ryoma. 
Disse Ryoga e pegou um pequeno pedaço de Hamada, quer dizer, provou a carne.
- Ah... Katsumi está grávido, precisa de um doce. Hey, sonequinha, vem com o oji-chan.
Ryoma dizia ao ver o pequeno que acordara recente, embora estivesse bem ajeitado, podia ver em seus olhos pequenos inchados. 

- Oji... 
Erin cautelosamente se aproximou e ganhou o colo que Haruki provavelmente desejava ganhar.
- Não vai se lembrar exatamente dele, Erin, a última vez que o viu você era um bebê.
Katsumi sorriu meio de canto ao ouvi-lo falar do doce, achava engraçado o modo como gostava de irritar o irmão. 
- Hum, também quero doce, Ryoga. - Disse, tentando provocá-lo.
- O que? Você... Está grávido de novo, onii-chan? - Disse Haruki.
- Ah, eu não ia dizer até ter certeza, mas eu acho que sim.
- Ah, será que vai ser uma menina agora?
- Acho que sim. 
- Hum, eu quero ser papai um dia. 
Disse o menor, desviando o olhar ao seu novo acompanhante.
- Intuição feminina. 
Ryoga disse e embora soasse sério, provocava o moreno. Sorriu no fim, meio de canto. Voltou-se para o garoto em seguida, principalmente ao perceber o olhar dele ao irmão, que o olhou com um ar risonho, achando graça. Katsumi estreitou os olhos ao ouvi-lo, negativou, não gostava de ser comparado a uma mulher.
- Acho que é um convite, Ryoma.  
- Só praticando bastante.
- Papai... 
Disse o pequenino ao ir até Ryoga, deixando seu tio recém conhecido a abrir a boca, pedindo uma das bolinhas de massa. O maior o acomodou na perna e deu a ele o que pedia. 
- Ah, eu gosto de praticar.
Haruki deu um sorriso sapeca, Katsumi desviou o olhar ao pequeno, que também era o próprio filho, e sorriu meio de canto, gostava de ver o outro com ele.

- Gostou? 
Ryoga indagou e o viu piscar um tanto preguiçoso enquanto mastigava e esperava outra bolinha. 
- Oishi... - Murmurou, parecia tímido com a presença dos tios.
- Mais tarde podemos praticar  juntos. - Disse Ryoma.
Katsumi desviou o olhar ao irmão e ao outro, haviam acabado de se conhecer e... Bem, havia conhecido o outro num lugar não muito propício para não soar hipócrita. 
- Hum... Você quer praticar comigo? - Disse Haruki.
- Come as bolinhas, Haru-oji, depois namora. 
Disse Erin, e foi quase um pedido para que o irmão do outro se acalmasse. Sorriu, para não rir, mas o riso estava impresso na feição. Ryoma riu no lugar do riso do outro, o achava adorável, e fora por isso que continuou a refeição, silencioso. 
- Ah, Erin, deixa o titio namorar um pouquinho, seu outro tio é lindo. - Disse Haruki.
- Tio Ryoma parece um pouco o papai. Mamãe não tem ciúme? 
Perguntou o pequeno enquanto mastigava devagar, um pouco sem noção da pergunta. E ele abriu a boca esperando mais da massa, que Ryoga distraído acabara não vendo, apenas quando sentiu o toque de sua pequena mão na própria, dirigindo-a para pegar mais uma das bolinhas e posteriormente até sua boca.
Katsumi arqueou uma das sobrancelhas ao observar o pequeno. 
- Ciúme do Haruki com ele? Hum, não, eles fazem um casal bonito. - Sorriu. - Como eu e seu pai, hum?
- Mas porque oji-chan parece o papai aí tio Haru parece estar com o papai em outro mundo.
- Hum, então, Ryoma deveria ficar sozinho pra sempre para que eu não ache que ninguém está querendo ficar com o Ryoga? - Riu.
- Não, é que você briga com o titio Haru porque ele acha o papai bonito.
- Bem, não dando em cima do seu pai, pra mim está ótimo. 
- Não me entregue, 'Rin.
- Ryoma sabe que sou mais bonito. 
- Ah, eu tenho espelho em casa. 
Ryoga sorriu a ele, canteiro. O filho nos braços deu umas apertadas. 
- Você é fofo, não é? 
- Uhum.
Katsumi riu e negativou.
- O Natsumi está dormindo ainda?
Ryoga indagou, talvez ao filho ou talvez ao moreno ao lado. Continuou a comer e compartilhar com o filho mais velho nesse meio tempo.
- Erin? 
Perguntou ao pequeno, em seu colo, já que ele deveria tomar conta do bebê e logo teve a resposta com o choro fraco, mas sabia que ele já era grande pra chorar, estava na verdade tentando pular o berço. Levantou-se rapidamente e seguiu ao quarto do pequeno. 
- Com licença. 
Ao chegar, tirou-o do berço e trouxe consigo, guiando para a sala de jantar, arrumando seus cabelos negros e compridinhos. Seu tio está aqui, quer conhecer ele? Disse ao pequeno que assentiu apenas, visto que não falava ainda, só gesticulava algumas coisas.
- Tava dormindo. Natsu demorou pra dormir. 
Respondeu o filho embora houvesse sido interrompido pelos resmungos do outro, que parecia ter um radar sobre seu nome. Ryoga viu o moreno se prontificar e trazê-lo em seguida.
- Ele já está espertinho assim? - Ryoga indagou ao ver o sobrinho. - Que pequeno, deve ter puxado o tio.
Disse na verdade provocando o loirinho ao lado de si. 

- Hey, eu não sou tão baixinho assim, tá! Eu tenho um e sessenta e... Cinco. - Disse Haruki.
Katsumi riu e negativou, entregando o pequeno no colo de Ryoma e o viu encara-lo por longos minutos até abraçar em volta de seu pescoço, provavelmente achou muita semelhança com o pai. Ryoga observou o pequeno entregue no colo do irmão, não percebia mas tinha um sorrisinho torto no canto da boca, notando sua feição em estranheza até preguiçosamente se enrolar nele.
- Oi neném. - Disse Ryoma enquanto o encarava com a mesma seriedade até ser abraçado. - Certo, estou aceito. 
Erin no colo de Ryoga parecia interessado mais no irmão do que interagir com o restante da mesa. Pegou uma das bolinhas de massa e cruzou o caminho para dar na boca de seu caçula, usou a mão mesmo, evitando talheres incomuns. O pequeno abriu a boquinha, aceitando a comida e por fim sorriu, soltando o tio, mas permaneceu em seu colo, mastigando a refeição. Katsumi riu baixinho.
- Vem comigo vem, deixa seu tio comer.
Erin riu, na verdade sorriu, parecia satisfeito ao assistir o irmão comer, achando graça. Natsumi esticou os bracinhos e não fora para sua mãe no entanto, foi ao irmão que o pegou como queria ser.
- Ta vendo, Ryoga, você podia ter sido meu Erin.
- Ah vá.
Katsumi estreitou os olhos ao irmão mais velho do outro. 
- Acho que alguém vai ter que dormir na sua casa hoje e não aqui.
O riso soou entre os dentes de Ryoma ao observar o olhar estreito do parceiro do irmão. 
- Ryoga não me dava bola. Eu tinha seis anos e ele tinha vinte e poucos, queria que ele fosse um irmão legal.
- Por isso você virou isso aí.
- Bom, Katsumi também não me dava bola. - Disse Haruki.
- Seu mentiroso do caralho, eu morri por você. 
- Nossa, grande coisa! 
Katsumi estreitou os olhos, e claro que sabia que o irmão brincava.
- Claro que não, uma morridinha não é nada de mais. 
Brincou Ryoma, tal qual o irmão mais velho, parecia sério ao falar.
- Irmão mais novo é uma coisa difícil de entender.
- Eles tem atenção, e sempre querem mais.
- Nossa onii-chan, não precisa me destratar.
- É por isso que você é passivo, Ryoma. 
Ryoga provocou o irmão, embora na verdade tenha feito isso para o irmão do moreno.
- Passivo? Você é passivo? - Hazuki ouviu o outro dizer, parecendo decepcionado.
Era incomum, mas o riso que iniciou entre os dentes de Ryoma logo se tornou um pouco mais audível. O irmão não era diferente, tinha um riso quase maldoso. 
- Tenho gostos peculiares, você não entenderia. - Brincou ele.
Hazuki riu junto aos dois, apesar de não estar entendendo nada. 
- Que susto. Eu não sei ser seme, ora.
- Qualquer um sabe usar o pau. - Disse Ryoga embora os filhos estivessem ali. Havia ensinado Erin a não reproduzir qualquer coisa que falasse. - Até você, não é? 
- Já vou sozinho fazer xixi. - Disse Erin.
Katsumi riu ao ouvir o pequeno, imaginava que ele não entendia mesmo, e o outro tinha regras bem específicas para com ele. Ryoga tomou da bebida, finalizando do copo e se fez livre para pegar o filho que também estava com o outro filho no colo. 
- Vamos, dê o Natsu pro Katsumi, assim você come e ele também.
Katsumi sorriu ao pequeno e pegou o filho no colo, ajeitando-o na própria coxa e passou a pegar pequenas bolinhas de massa e dar na boquinha dele. Após servir um pouco mais, Ryoga passou a dar ao filho enquanto o outro para o caçula.
- Não vou ganhar aquela torta? Ou melhor, não vamos? Além de você, é claro. 
Disse Ryoma ao olhar brevemente para o irmão menor do moreno, fazendo aquela rápida observação. Katsumi desviou o olhar ao irmão menor que pela primeira vez na vida havia visto corar com um sorriso bobo. 
- Ah... Devo jogar água em você, Haruki?
- Parece até um humano, Haruki.
Ryoga riu e viu o irmão rir também. 
- Ne, Ryoma, quer dormir na minha casa hoje? - Disse Haruki.
- Ou talvez você possa ir comigo até a minha. - Respondeu Ryoma.
- Hum, sua casa? Eu quero...

Compartilhe:

DEIXE UM COMENTÁRIO

    Blogger Comment

0 comentários:

Postar um comentário