Atsushi e Kaoru #40


Após alguns minutos, Atsushi já havia estacionado o carro. Era região central, muitas pessoas andavam por lá para comprar, consumir, portanto, imaginava que seriam apenas mais duas pessoas por lá. 
- Pronto, vamos passear. Se por alguma razão se sentir fóbico, me diga e saímos.
Kaoru assentiu a ele e saiu, seguindo com ele pelo local. 
- Vou ficar tranquilo, não se preocupe. 
Disse num sorriso, era alguém simples, estava acostumado a multidões.
- Mas estamos falando de você grávido e não de você artista.
- Hum, não precisa me tratar de modo especial porque eu estou grávido. Ainda sou o mesmo de sempre. 
Kaoru sorriu, havia entendido o que ele dizia, mas queria deixar a mensagem a ele.
- Eu sei que não preciso, eu só quero. - Atsushi tocou seu rosto com o dedo polegar e afagou sua bochecha. - Não é sempre que se espera um filho.
O menor sentiu o toque no rosto e sorriu a ele, segurando sua mão e beijou, por baixo da máscara. 
- Tudo bem.
- Além do mais, você passou mal algumas vezes e não quero que isso aconteça. Mas, se não quer ser tratado assim, não farei. Agora vamos.
- Não, eu até gosto. - Kaoru riu baixinho e assentiu.
- Tá bem. - O maior disse num riso entre os dentes à mostra e selou seus lábios. 
Kaoru retribuiu o selo e acariciou seus cabelos. 
- Você é muito bonito.
- Você que é. Vem.
O maior disse e então deixou o carro. Ajeitou-se sob a máscara e tão logo esperou por ele. Kaoru ajeitou a mascara e os cabelos, ondulados e meio desarrumados como sempre. Seguiu com ele pelas ruas e observava em volta, as lojas, geralmente nunca saía de casa, não podia andar pelo centro, tinha receio de ser reconhecido.
- Bem, talvez seja melhor você...
Atsushi disse e ao parar o caminho, pegou um elástico e cabelos e prendeu os dele, assim parecia menos consigo mesmo atualmente. 
- Pronto.
O guitarrista desviou o olhar a ele e uniu as sobrancelhas. 
- Não...  Vou ficar feio. - Riu.
- Seus olhos não estão feitos.  
Atsushi disse referindo-se a única coisa aparente nele. Kaoru riu e negativou. 
- Ora.
- Ora. 
Atsushi o imitou e após tomarem rumo, até segurou a mão dele. Kaoru seguiu pela rua com o outro e já podia ver as decorações de natal, tudo parecia muito bonito, provavelmente as pessoas saiam para fazer a compra dos presentes.
- O que quer ganhar de natal?
- Hum, quero um bom jantar com você.
Kaoru desviou o olhar a ele e sorriu, porém ele não veria, provavelmente veria somente os olhos pequenos se tornando menores ainda. Atsushi o olhou e provavelmente deu a ele a mesma visão em si.
- Ah, eu queria te dar um presente legal. Você toca algum instrumento?
- Hum, advinha.
- Não, sério. - Riu.
- Advinha que instrumento sei tocar.
- Órgão, palhaço.
- Não. - Atsushi riu, abafado pela máscara. - Bateria.
Kaoru arqueou uma das sobrancelhas.
- Bateria...?
- Hum. Fui baterista antes de ser vocalista. Mas também toco saxofone e violoncelo.
O menor sorriu.
- Hum, bateria não combina com você, os outros dois combinam.
- É, eu imaginei que fosse achar isso.
- Bem, já sei o que te dar de natal.
- Não quero nada, quero jantar com você, só isso. - Atsushi apertou sua mão. - Hum, talvez ali encontremos o doce.
- Pare de ser fofo ou vou ser obrigado a te dar um beijo aqui na frente de todo mundo. - Kaoru disse num riso e com ele entrou na loja, realmente tinha o que queria. - Hum... Mas... Ele é recheado de sorvete?
- Fofo, é? - O riso de Atsushi soou ainda abafado. Olhou para ele em seguida porém. - De sorvete?
- É... - Kaoru uniu as sobrancelhas. - Olha lá. 
Apontou para uma moça próxima, e o cone era feito de churros, com sorvete dentro.
- Hum, mas deve ter só a massa, sem o sorvete. O que você vai querer?
- Quero com sorvete. Já que estou aqui né. - Riu.
- Isso, aproveite, formiguinha. 
Atsushi seguiu até a tenda disposta para o pedido, formulou e o esperou pedir o sabor do sorvete. Kaoru observou o cardápio e escolheu menta com chocolate num sorrisinho. O maior sorriu, embora para si mesmo. Sentia-se bem por mima-lo, era como lidar com alguém mais novo. Beijou sua cabeça, mesmo sob a máscara, como podia fazer. O guitarrista desviou o olhar a ele e sorriu meio de canto, ele não poderia ver de todo modo. 
- Você quer do que?
- Hum, eu quero outra coisa, quero chá e dango.
- Hum, mais tradicional. - Riu. - Eu que sou um gordinho.
- Você não é gordinho, você é lindo.
- E gordinho. - Riu.
- Não, você está ótimo. Eu gosto do seu corpo.
Kaoru sorriu meio de canto e pegou o sorvete, agradecendo a atendente. 
- Bem, logo ficarei gordinho mesmo de fato.
- É, logo vai comer por dois.
- Logo não, já estou comendo. - Riu.
Atsushi observou-o por cima da máscara, não estava sorrindo visivelmente mas pelos olhos sim. Tocou sua nuca, o adorava. Kaoru observou-o ao sentir o toque na nuca e como um gatinho, deitou o rosto em sua mão, mas fora sutil, sorrindo em seguida, fazendo os olhos quase se fecharem, queria poder beija-lo. 
- Vamos, vamos buscar seu dango.
- Vamos. - O maior disse, acariciando sua bochecha no impasse do tecido e por fim, voltou a andar. - Agora precisa ter cuidado pra expor seu rosto bonitão pra tomar o sorvete.
Kaoru assentiu e ergueu pouco a mascara, lambendo o sorvete por baixo dela.
- Hum, assim funciona.
- É horrível, mas funciona. - Riu.
- Muito másculo lambendo seu sorvete.
- Bom, já lambi outras coisas que me fazem menos másculo.
O riso de Atsushi soou através da máscara e assentiu. Parou numa casa de chá portanto, seguindo com ele para se sentar numa dos lugares, um espaço mais reservado. 
- Acho que podemos ficar uns minutos aqui.
Kaoru assentiu, o lugar era bonito, sentou-se ao lado dele e por fim retirou a mascara e soltou os cabelos, se sentia ridículo com eles presos.
- Hum, não precisa solta-los, estava bonito. - Atsushi disse e tão logo formulou o pedido. - Quer algo daqui, hum?
Kaoru negativou e lambeu mais uma vez o sorvete, aquilo parecia doce demais até para si, ou talvez só estivesse enjoado por estar grávido. 
- Iie, obrigado.
- Então vai comer alguns comigo.
Atsushi pediu o que queria e aguardou enquanto o assistia tomando seu doce. Kaoru lambeu o sorvete, de baixo até em cima, não queria que derretesse logo, e riu baixinho conforme o viu olhar para si. 
- Desculpe, não existe um jeito másculo de tomar sorvete.
- É sexy. - O maior disse e agradeceu ao chá logo entregue junto a louça para que se servissem por si mesmos. Despejou o conteúdo no colo e deu um trago logo. - O que você gosta no natal?
Kaoru sorriu conforme o observava tomar seu chá. 
- Hum... Gosto do jantar. Mas faz anos que não tenho um bom.
- E seus pais? Costuma visitá-los?
Kaoru desviou o olhar a ele. 
- Bem, meu pai já faleceu ha uns anos. Minha mãe não gostava da Haruna.
- E como ela está agora?
- Pelo que eu sei, ela está bem, na verdade, eu adoraria que a conhecesse.
- Se vocês fizerem as pazes antes, seria um prazer.
- Ah, ela não tem raiva de mim. - Riu baixinho.
- Qual mãe teria? 
Atsushi dorriu e agradeceu ao serviçal conforme entregava os bolinhos. Levou um deles até a boca e outro deles ofereceu ao moreno. O menor sorriu meio de canto, gostaria de ter conhecido a mãe dele, mas não diria nada.
- Ah não, obrigado.
- Não está no nível de querer coisas estranhas, como dango com sorvete.
- Que bom que não estou. - Riu.
- Vou esperar pra saber o que um rapaz maduro vai escolher como esquisitice.
- Hum, certamente nada como pepino e sorvete... Espero.
- E como você foi acabar pensando nisso?
- Sei lá, pareceu interessante.
- Então provavelmente será esse o seu desejo. Se for um sunomono, que é agridoce talvez não se torne tão esquisito.
- Hum... Eu não gosto de pepino.
- Vamos ver agora, se isso vai continuar.
- Espero que não. - Riu.
- Esta feliz com as situações, ansioso?
- Estou. Na verdade pode parecer meio idiota, mas estou com medo. - Disse num sorriso. - Eu... Tenho medo que algo de errado.
- Algo como? 
Atsushi disse e pegou mais um dos bolinhos, acompanhando com a junção do chá.
- Não sei... O médico mesmo disse, eu sou velho, e se algo der errado com o bebê?
- Como alguma síndrome?
- Sim...
- Bem, temos dinheiro, ele vai ficar bem.
- O problema é que não quero que ele nasça assim, não importa se tenho dinheiro ou não.
- Kaoru, o que quero dizer com dinheiro é, ele vai ficar bem, terá uma boa alimentação, um bom médico, acompanhamento, suplementação, não vai ficar esperando ele sair de qualquer jeito, vai se cuidar.
O menor desviou o olhar a ele, era estranho ouvir o próprio nome, por isso se calou, havia perdido a vontade do sorvete.
- Tudo bem? Vai ficar tudo bem, nosso filho nascerá muito bem. Ou nossa filha.
Kaoru assentiu, suspirando. 
- Desculpe.
- Não estou brigando com você, só quis ser categórico, além do mais, logo vai ser Sakurai, não posso continuar te chamando de Niikura.
Kaoru sorriu e assentiu. 
- Tudo bem, não tem problema.
Atsushi sorriu a ele. 
- Vamos, chegue logo na parte que você queria, o cone.
O menor assentiu e por fim mordeu o sorvete, arrancando um pedaço da casca.
- E aí, ficou bom?
- Hum, meio seco. Mas gostoso. - Riu.
- Hum. Vamos chamar sua mãe para passar o fim de ano? Pode hospedar ela em minha casa, já que também se tornou a sua.
Kaoru desviou o olhar a ele. 
- Ah... Tudo bem. Eu tenho um pressentimento que ela vai gostar de você.
- Mas você pode escolher qual das comemorações quer passar apenas comigo, ah?
O menor sorriu. 
- Eu quero o natal com você.
- Hum, tá bem. - Atsushi afagou sua bochecha, sentindo a aspereza leve da barba. - Gosto quando sua barba começa a nascer.
O menor sorriu novamente. 
- Ah é? Eu preciso fazer.
- Vou fazer pra você.
- Vai é? Então tá bem.
Atsushi sorriu, achando adorável sua autorização. Kaoru riu baixinho e esticou-se a roubar um dos dangos dele. 
- Hum...
- Isso, coma. - O maior disse e tragou do chá. - Quer jogar o doce fora?
- Querer eu não quero, mas já enjoei.
- Então jogue, coma dangos comigo.
Kaoru assentiu e jogou a casquinha no lixo, sentando-se junto com ele, repousou a face em seu ombro e suspirou, apreciando o aroma dos doces e também dos salgados no local, apreciava o momento com ele.

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