Masashi e Katsuragi #16


Masashi enrolou-se no lençol da cama, como se estivesse num casulo. Estava frio, e estava seminu. Ele dormia ainda do lado, parecia um bebê com a face tranquila. Levantou-se cuidadosamente para não acordá-lo e calçou sandálias a fim de passear pela casa, estava afetada, mas evidentemente bem cuidada. Na cozinha buscou os aparelhos de chá, algo que pudesse comer com ele. Achou uvas doces, manga que ele gostava embora a si não tivesse um agrado com aquela fruta. Maçãs vermelhinhas, e cortou das frutas servindo-as num pequeno bowl. Usou o açúcar em torrões para derreter e fazer uma calda para as frutas. E também fez o chá que serviu na louça disponível.
Katsuragi piscou algumas vezes, despertando do sono, talvez tivesse acordado pela falta dele na cama, que ficou fria sem o garoto. Observou o local em volta, esfregando os olhos, sem se lembrar onde estava, tão acostumado a dormir no bordel e suspirou, mantendo-se deitadinho abaixo do cobertor quente, quando deu-se conta que ele não estava ali, e quase pulou da cama.
- Meu Deus... Falei demais. Masashi? - Falou razoavelmente alto e puxou o kimono no chão, levando-o ao redor do corpo e desceu as escadas rapidamente. - Masashi? Masashi por favor, diz que está aqui.
Masashi franziu o cenho, pensando ter escutado algo. Deu de ombros e procurou talheres, encontrando hashis que deixou acima do papel. Sobressaltou ao ouvir novamente e virou-se, notando-o próximo as escadas e caminhou até a porta da cozinha. 
- Estou aqui. - Disse, notando-o evidentemente perdido.
- Ah... - O maior suspirou aliviado e caminhou até ele, abraçando-o e selou-lhe os lábios. - Deus, que susto.
Masashi fitou o moreno e abriu os braços até esperando por ele, sabia que viria consigo e riu sem altura. Katsuragi beijou-o no rosto, várias vezes e sorriu a ele, farejando o ar.
- Isso é chá?
- Sim, e tem aquela fruta estranha que você compra importada.
- Manga. - Sorriu. - Eu mando trazer de outro país.
- Tem um sabor estranho. Mas tem algumas frutas diferentes. Vamos subir?
O maior riu baixinho e assentiu.
- Quer ajuda?
- Pode subir, eu vou levar.
- Ah, ta bem... 
Katsuragi falou a ele e beijou-o no rosto, virando-se e caminhou até a escada, deixando-o levar as coisas, embora estivesse incomodado de deixá-lo carregar a bandeja pesada. Masashi buscou a bandeja na cozinha e subiu levando consigo o desjejum noturno. Ao voltar para o quarto, sentou-se na cama e deixou-a sobre ela. Serviu o chá, em dois dos pequenos copos prontos para isso e entregou um deles ao rapaz. O maior aceitou o chá e sorriu a ele, adoçando-o com o açúcar escuro e saboroso e experimentou, sorrindo a ele novamente.
- Oishi.
Masashi pegou o chá e pousou sobre os dedos enquanto o direcionava com o outro e provou-o, mesmo sem o açúcar. 
- Que bom. - Disse e sorriu a ele. 
Katsuragi sorriu ao menor e deslizou a mão livre pelos cabelos dele, acariciando-os.
- Você é lindo demais, sabia?
- Ah, não seja bobo.
- Mas você é. Obrigado por ficar comigo.
Masashi abriu um pequeno sorriso, mas negativou em seguida.



Katsuragi ajeitou o quimono sobre os ombros, tecido fino embora estivesse nevando lá fora e observou o pequenininho que desceu as escadas correndo, tentando se aquecer.
Chamou mamãe?
- Hey. Chamou o Masashi? 
- Chamei, mas ele está na cama.
- Ora, então empurre ele, preciso que ele desça. 
- Mas... Está congelando lá em cima... Ele está com muito frio.
- Justamente, dei novos cobertores aos garotos, mas ele não recebeu nenhum, mande descer.
- Hai... 
O pequeno subiu as escadas com passinhos rápidos novamente e puxou a manga do quimono do garoto em sua cama.
- Ma... Katsuragi quer que desça... Disse que tem um cobertor ou sei lá.
Masashi encolheu-se na cama, enroscando-se ao lençol, tentando se manter com o calor da peça bem justa ao corpo e fitou o garotinho, que já voltava para o cômodo pela milésima vez. 
- Ele não pode vir até aqui com o cobertor?
- Não, quer que você desça, tem um presente pra você também, que está causando certo problema...
- Que inferno... 
Masashi reclamou, e por sorte já havia se higienizado. Somente os cabelos continuavam amarrotados e levantou-se  a se enrolar no cobertor, desceu, daquele mesmo jeito.
- O que foi?
Katsuragi sorriu a observá-lo, e sobre a cama havia a gaiola branca, aberta e em mãos tinha o pequeno pássaro negro, o qual deslizou um dos dedos pela pequena cabeça.
- Comprei pra você.

- Por que você não levou ele até meu quarto?
Masashi indagou, mal humorado, estava com frio, e os lábios que normalmente rubros de batom, estavam roxeados e secos. Fitou o passado e chegou perto dele, sentou-se em sua cama, e fitou-o de perto, tentando tocá-lo através da gaiola. 
- É lindo...
Katsuragi sorriu novamente e aproximou o pássaro dele, deixando-o em sua mão, e via o pequeno animal observá-lo a apoiar os pézinhos em seu dedo indicador.
- Tenho manteiga de cacau que comprei e quatro cobertores na cama, idem a um quimono novo pra você, de frio.
- Eu ainda quero saber porque não foi até lá. 
Masashi retrucou e encarou o bicho com a mesma curiosidade, logo, acariciou o longo de seu corpo e penas negras. 
- Porque os garotos não iam ficar muito satisfeitos com seus presentes, sabe disso. E também sabe que minha cama é tão sua quanto minha, e que eu quero que durma aqui. Aqui é mais quente do que lá em cima e claro, bem mais aconchegante.
- Não me sinto bem. Quero dormir. 
Disse o menor e deitou-se em sua cama, enrolou-se novamente no cobertor e puxou um outro para cima do corpo, que somente vestia um quimono branco e de toque liso para dormir. Mas levou consigo o pássaro, ainda na mão. 
- Kuroi.
- Kuroi é bonito. 
Katsuragi sorriu a ele e levantou-se, caminhando ao redor da cama e aproximou-se dele, guiando uma das mãos à sua testa e chegou sua temperatura, bem melhor sentida na pele fria, embora estivesse morna pelo alimento recente.
- Está com febre. Por isso disse pra ficar aqui e não sair.
Seguiu em direção à gaveta ao lado da cama e pegou um pequeno potinho com uma pasta de coloração branca, deslizando pelos lábios dele, como um batom.

- Pronto, isso vai proteger do frio. Sobre sua febre, fique quentinho e deixe ele quentinho, vou mandar fazer um chá com algumas ervas.
Masashi sentiu sua mão fria e parecia muito mais fria do que normalmente. Viu-o sumir e retornar com o batom sem cor, com cheiro agradável e lubrificou os lábios, os quais roçou um ao outro. Acariciou o pássaro e deu-lhe um lugar na cama, que parecia aceitar de bom grado e caminhar curiosamente pelo colchão. Antes que o deixasse ir para o chá, segurou sua mão, sentindo aflição pela frieza, ainda que se acostumasse com ela, mas a aqueceu por um momento. 
O maior assustou-se com o toque e virou-se pouco, observando-o, porém sorriu ao entender o que fazia. Sentou-se a beira de sua cama e ergueu sua mão, beijando-a e ajeitou o cobertor sobre seu corpo, cobrindo-o com o terceiro e o quarto finalmente, deixando-o bem quentinho.
- Espere aqui, ta bem? Não saia.
- Não penso em sair daqui tão logo. Está quente e estou com frio, dor no corpo. Quero o chá.
Katsuragi riu baixinho.
- Você está resfriado. Se quiser, a qualquer momento eu posso tirar essa sensação de você. 
Piscou a ele e levantou-se, subindo as escadas em passos rápidos e avisou o pequeno que pedisse a algum mais velho pelo chá, e indicou precisamente que era para si, antes que fizessem alguma idiotice com o chá dele, e mataria um. Voltou a descer algum tempo depois, com o chá adoçado e um pequeno pano com água fria, que colocou sobre a testa dele.
- Sei que está frio, mas vai diminuir a febre.
Masashi observou-o logo após, não demorado com o chá, que cheirava bem. Sentou-se, sonolento mas aquecido, e resmungou em murmuro o fato de estar com a toalha fria na testa, já que estava frio lá fora ou mesmo no quarto. Suspirou e aceitou o chá, aquecendo a mão com o copo.
O maior sorriu a ele e beijou-o nos lábios, um selo sutil.
- Vai ficar bom, não se preocupe. As ervas aliviam as dores. 
Murmurou e deslizou as mãos pelos cabelos dele, observando o pequeno bichinho que havia se sentado sobre o cobertor, numa parte que parecia confortável.
- Eu sei. - Masashi disse e só então experimentou o chá, não era realmente gostoso, mas agradável pelo clima. - Você não vai se deitar aqui?
- Ora, vocês dois já estão confortáveis na minha cama. - Katsuragi piscou a ele. - Eu só te deixaria mais frio.
- Posso esquentar você.
- Seu sangue pode. Mas eu vou maliciar o que diz e adorar me deitar com você. 
Katsuragi riu baixinho e pegou o pássaro com uma das mãos, delicadamente e ouviu o piar baixinho. Colocou-o em sua gaiola, onde já havia ajeitado um pequeno tecido quentinho junto de comida e água e deixou-a sobre a cômoda, deitando-se ao lado dele em seguida.
- Vai querer maliciar com a minha febre? Só se você trabalhar em cima de mim, Katsuragi.
- Ah, não fale desse jeito, se não eu vou. - O maior riu e mordeu o lábio inferior. - Seu pau deve estar quentinho.
- Você gosta de sentir ele quente?
- Hum, demais.
- Então se eu for vampiro eu vou ser frio, não vai sentir ele quente.
- Hum, então não quero, gosto dele quentinho.
- Acabou de fazer uma declaração que me fará nunca querer ser igual a você.
O maior riu baixinho.
- Ainda pode deixar ele quentinho se for como eu.
- Só se eu for sugar alguém e tirar a vitalidade de alguém pra poder manter a minha.
- Isso.
- Gosta disso?
- Não sugo ninguém, desde que você chegou me criticando pela minha mania de matar crianças eu ando mandando engarrafar meu sangue.
- Vem, deite comigo.
Masashi ajeitou-se na cama e deu o braço para ele, acomodando-o por perto. Katsuragi sorriu a ele e aconchegou-se a ele, beijando-o na face e pescoço.
- Vou descansar, por mais que seu corpo me queira agora.
- Ah, não... Não diga isso.
- Vou descansar, estou cansado.
- Ta bem...

Compartilhe:

DEIXE UM COMENTÁRIO

    Blogger Comment

0 comentários:

Postar um comentário