Kyo e Shinya #49 (+18)


O loiro sentiu o arrepio percorrer o corpo, era cedo e estava frio, porém não tinha roupas para usar, nem onde ir, a guerra havia retirado a própria casa e as coisas que tinha, todas as roupas e mantimentos, agora não tinha o que comer, ou onde dormir e toda a própria família havia sido exterminada. Ajeitou o quimono sobre o corpo, meio sujo devido ao local onde dormia e por tudo que havia passado nos últimos dias, havia sido caçado, os japoneses matavam todos indiscriminadamente, mulheres, crianças, qualquer um que fosse encontrado por ali e não nas áreas de segurança para os civis, o problema, é que não tinha passagem para essa área e se tentasse, seria morto. Felizmente havia encontrado um lugar para ficar, longe dos soldados, o problema era que um gazebo não iria ajudar muito com o frio, ainda mais meio destruído. Levantou-se, meio hesitante, as pernas tremiam, não só pelo frio, mas tinha fome, sede e precisava procurar algo para comer se quisesse sobreviver mais um dia. Ajeitou os cabelos loiros sobre os ombros e caminhou pelos escombros, chutando algumas pequenas pedras do caminho e procurando visualmente algum local onde poderia haver comida, mas com as casas destruídas, nada havia restado. A rua tinha uma pequena subida e ao fim, um templo, que também havia sido bombardeado, mas bem menos do que as outras casas, como um milagre, ainda estava de pé parcialmente. Correu em direção ao local, tentando não tropeçar nas pedras e observou toda a imensidão quando entrou.
- Oi? Alguém aí? 
Falou alto, esperando pela resposta, que não veio, então caminhou para dentro, procurando onde seria a cozinha que teve um pouco de dificuldade para encontrar. Logo na porta, tropeçou em algo que achou ser um pedaço da construção, porém ao se voltar ao local, arregalou os olhos e num baque foi ao chão, deitado ali, havia o corpo de um dos monges que provavelmente atendia no templo, morto e estirado, atingido na cabeça por alguma pedra grande caída do teto. Encolheu-se, procurando um apoio e levantou-se, não importava o quanto tentasse, não conseguiria fugir da morte que rodava a si, e a cada casa em que ia, via pelo menos um corpo no chão, a prova era aquela. Haviam algumas latas na cozinha, todas vazias, o que fez a si atirá-las em direção a parede e unir as sobrancelhas.
- ... Eu vou morrer...
O moreno caminhou pelos escombros, descobrindo o lugar afetado pela guerra. Tinha pedaços das paredes por todos os lados, mas felizmente ainda se mantinha em pé. Por onde ia desviava das pedras, partes de concreto ou mesmo pedaços de algo que um dia fora uma pessoa. Era lamentável o fato de que aquele lugar se desfizesse em partes quebradas, sabia da beleza que costumava ter antes de ser atingido. Cruzava os braços atrás do corpo fardado. A vestimentas tinham um tom cinza, com emblemas da força militar japonesa. Por hora, não usava o quepe nos cabelos louros. E nos pés as botas escuras subiam até os joelhos. Da roupa tirou o cigarro, e levou até a boca onde num trago o acendeu com ajuda do zipo. E enquanto poluía os pulmões com a nicotina, continuava a desvendar os restos do templo.
Ao jogar o pote no chão, e fora a última coisa que jogou no chão, o loiro ouviu os passos próximos, porém já fora tarde demais, ele já estava em frente a porta da cozinha, parado a observar a si e sentiu o arrepio percorrer todo o corpo, tinha tanto medo, que nem conseguiu se mover, manteve-se parado, enquanto o observava.
Alguns ruídos vinham do cômodo seguinte, o que o moreno constou ser a cozinha. Notou que o barulho não era pequeno demais, portanto não era algum animal. Seguiu até lá após jogar o cigarro no chão, e pisotear o piso cheio de poeira e cinzas. Notou o outro visitante. O qual fitou por inteiro, observando suas feições afetadas pela guerra, suas roupas velhas, que certamente algum dia já foram bonitas.
O loiro engoliu em seco, mantendo-se a observá-lo em silêncio, e tinha tanto medo que pensou poder desmaiar ali na hora, fez uma pequena reverência ao outro, em sinal de respeito e fechou os olhos, rezando mentalmente para que ele não atirasse em si.
O moreno observou o homem a frente, notando seu sinal de respeito ou quem sabe um sinal que pedia simplesmente para não ser morto. Seus lábios tremiam, pareciam ásperos, sua pele um pouco suja, parecia congelada pela neve. 
- O que faz aqui?
O loiro ergueu-se rapidamente a observá-lo ao ouvi-lo e uniu as sobrancelhas, amedrontado ainda.
- Estou... Com fome.
- Qual o seu nome?
- S-Shinya.
- Inteiro.
- Terachi Shinya...
O que costumava ser, Terachi?
- ... - Shinya manteve-se parado a observá-lo e uniu as sobrancelhas. - P-Professor de música.
- Professor, bom. É algo bom. Sabe todos os instrumentos de música?
- A maioria... Mas o meu favorito é o piano.
- Gosto de piano também. - O moreno disse enquanto pegava outro cigarro num dos bolsos da farda. E acendeu enquanto ainda encarava o homem ali. - Toque, eu quero ver o que sabe.
Shinya uniu as sobrancelhas ao vê-lo tirar o cigarro do bolso e esperou desesperadamente que fosse um cantil de água, mas não era. Assentiu e seguiu até ele, devagar.
- Tem um piano aqui?
- Tem no salão. 
O moreno disse ao homem após um trago que liberou com a voz rouca. 
- Hai... 
Shinya murmurou, observando-o tão perto, e era tão bonito com aquela farda, apesar de não achar os soldados bonitos, mas ele, não parecia um soldado qualquer. Saiu da cozinha e dirigiu-se a sala seguinte, onde tinha o piano e sentou-se ao banco em frente, preparando-se para tocar, deslizou as mãos pelas teclas, devagar e suavemente e passou a tocar uma melodia calma.
O moreno seguiu logo atrás do homem, observando a fragilidade de seu corpo, magro, denotado ainda mais pelo fato de ser alto. E seguiu até grande instrumento no salão, onde se sentou e passou a tocar as teclas do piano, criando um ritmo tênue e totalmente diferente do ambiente onde se encontravam. Aproveitou e se encostou num móvel empoeirado enquanto fumava.
O loiro desviou o olhar a ele, meio de canto e suspirou enquanto continuava a tocar as teclas com toda a sutileza, embora força para conseguir tocá-las.
- Você mora aqui?
O moreno indagou ao rapaz, muito depois do início de sua música, o qual apreciou por algum tempo e podia notar sua satisfação em manejar o instrumentos e tirar notas dele. Mas o interrompeu ao perguntar. O loiro cessou a música aos poucos, pressionando a ultima tecla e sorriu a ele, sutilmente, talvez feliz por poder tocar o piano novamente e não em respondê-lo.
- I-Iie...
- Venha amanhã. Gostaria de ouvir novamente. 
O moreno dizia a se levantar do "encosto" onde se acomodava e jogou o cigarro no chão, pisoteando-o. 
- Hai... 
Shinya murmurou, observando-o enquanto se levantava e levantou igualmente, unindo as sobrancelhas. Tinha fome, e não sabia se sobreviveria até amanhã, mas não pediria a ele. O moreno fitou-o da cabeça aos pés, e não foi sutil no que fazia. Observou no relógio que tirou do bolso o horário. Era cedo, tanto que a neblina lá fora ainda pairava pelos destroços do lugar. Segurou o casaco que levava sobre o ombro, e atirou para ele, notando seus movimentos um pouco travados pelo frio. 
- Volto hoje a noite, tenha algo bom para tocar.
O loiro assentiu e segurou o casaco, observando-o por um pequeno instante e sorriu, fazendo uma pequena reverência novamente.
- S-Sim senhor... Obrigado, muito obrigado.
O moreno assentiu com a cabeça e por fim se virou, dando-lhe as costas a deixar o lugar, mas antes que saísse por fim do templo, deixou para ele um cantil, só não com a água que ele esperava, mas algo suficiente para lhe dar algum calor durante o frio. O loiro observou o cantil e levantou-se rapidamente, correndo em direção ao metal colocado ali e bebeu rapidamente os goles da bebida, porém engasgou ao perceber que não havia nada de água, e sim saquê. O gosto forte de álcool invadiu a boca e quase cuspiu, porém não o fez, ao notar que o corpo havia se aquecido com o gole, mas tossiu algumas boas vezes.
O moreno voltou algumas horas mais tarde, com o fim do expediente de serviço. Claro que passou algumas horas vendo muito mais do que um corpo, via centenas deles. E voltar ali por algum tempo, talvez afastasse com a música e com o templo, ainda que destruído, ainda gostava daquele lugar. Formulou o mesmo caminho que antes, procurando alguma movimentação por ali. 
Enquanto passara a tarde no templo, Shinya teve a sorte de achar alguns pequenos grãos dentro de um pote pequeno no quarto de um monge, o qual comeu, mesmo sem saber ao certo o que era, estava faminto, ou morreria. Já era noite e sabia que ele viria, fora então que voltou a entrada e sentou-se atrás de alguns escombros, observando o caminho para esperar a presença dele, quando o viu, finalmente se levantou e sorriu.
O moreno fitou-o ao vê-lo surgir de trás dos destroços do templo. Parecia alguém que passara seu tempo tediosamente ali, esperando algo para se distrair, já que certamente não poderia tocar enquanto sozinho, do contrário seria encontrado. Notou seu sorriso sem vigor. 
- Criou alguma coisa?
- Hai! Acho que vai gostar. - O loiro sorriu a ele, animado.
- Não gosto de nada muito animado. Prefiro músicas calmas ou sombrias. 
O moreno disse a ele e no entanto estendeu a mão. Entregou-lhe um pacote, uma embalagem de papel, tinha peixe e arroz para acompanhar e uma garrafa térmica com chá verde. 
Shinya manteve-se parado a observá-lo ao notar o pacote estendido a si e por um momento não entendeu, somente quando percebeu que era pra si pegou o pacote e observou o conteúdo com o arroz, abrindo um sorriso frágil, estava fraco, e ficou tão animado ao perceber que havia recebido alguma atenção dele, em pensar que ele se preocupou em perder um minuto para comprar comida para si. Sentiu as lágrimas nos olhos e abraçou o pão contra o peito, desviando o olhar a ele logo após.
- Obrigado... Muito obrigado. 
Murmurou e pegou um com a colher uma quantidade generosa que levou aos lábios, mastigando alguma coisa com consistência pela primeira vez em dias.
- Coma e me mostre o que criou.  
O moreno disse, notando sua afobação com um simples prato de arroz, dispensando a gratidão, visto que não era um favor, mas algo que deveria fazer.
Shinya assentiu e já seguia até a outra sala a levar consigo a comida e o chá, do qual bebeu alguns goles e deixou-o sobre o piano com todo o cuidado, onde se sentou e preparou-se para tocar.
O moreno encaminhou-se junto a ele até o outro cômodo, e recostou-se onde antes o havia feito. Pegou um cigarro do mesmo modo e fumou como antes, enquanto ouvia o início de sua música, bolada em sua cabeça sem auxilio do instrumentos que existia a alguns poucos metros dele, mas que até então não podia tocar. 
Novamente, o loiro tocou as teclas, e em certo momento, até fechou os olhos para apreciar a música, gostaria de estar mais apresentável para ele, como era antes daquela desgraça acontecer, mas quando fechava os olhos, podia imaginar a si com um quimono bonito e bem arrumado, limpo. O moreno acomodou-se e tal como o homem a frente, fechou os olhos, e apreciava a música enquanto fumava. No último toque da música, o loiro deslizou as mãos pelas teclas, sem tocá-las e vagarosamente desviou o olhar a ele. A essa altura, o moreno voltou a observá-lo, jogou o cigarro e apagou no chão que não se importava em estar limpo ou não, já tinha porcarias o suficiente sobre ele. 
- É uma boa música.
Jura? - Shinya murmurou a observá-lo e sorriu.
- Sim. Coma, você parece prestes a morrer.
- Hai... 
O loiro pegou o recipiente no pacote e comeu mais um pouco do arroz, assim como um pedacinho do peixe.
- Há quanto tempo está vivendo por aqui?
- Eu achei esse lugar hoje... Estava dormindo aqui perto num gazebo.
Vamos. Não temos muito tempo até o toque de recolher. Venha. 
O moreno disse enquanto se provia de mais um cigarro e precisou puxar seu chá para fazê-lo levantar. Esperava não ser do tipo que questionava demais, não estava a fim de conversar. Portanto, esperava que em sua situação já não mais se colocasse no posto de alguém com alguma autoridade suficiente para dirigir a palavra em perguntas sem ser autorizado. 
O loiro uniu as sobrancelhas ao vê-lo puxar o chá e levantou-se, seguindo junto dele, meio perdido pela rua enquanto agarrado a comida com um dos braços.
- S-Senhor... - Murmurou, meio hesitante a observá-lo em sua farda, tão bonito e elegante. - ... O senhor vai me matar?
- Por acaso você é um leitão? 
O moreno indagou ao rapaz ao ser indagado e dirigiu-se pela rua escassa em iluminação.
- Iie... Por que?
- Por que lhe daria algum alimento antes de um abate?
- Sim senhor, desculpe.
O moreno disse e então o levou até o veículo, abriu a porta e indicou sem dizer-lhe uma palavra que entrasse no veículo. Shinya observou o veículo, grande e luxuoso, era oficial afinal e sem perguntar, adentrou o local. Antes de fechar a porta, o moreno fechou a pequena cortina aveludada e preta, deixando-o escondido atrás do tecido. E posteriormente seguiu para o outro lado, adentrando a ter posse do volante, onde deu início a partida, tomando caminho a própria moradia, levando o desconhecido.
Shinya encolheu-se no carro, esperando que ninguém encontrasse a si naquele local e comeu o quanto achou necessário para matar a fome, bebendo do chá em conjunto. Após terminar, deixou o saquinho ao lado com mais um pedaço do pão e deitou-se no banco, fechando os olhos, onde acabou adormecendo.
O moreno observou pelo espelho frontal o que tinha visível de sua silhueta e pôde vê-lo deitado. Precisaria de uma boa limpeza no banco, ele estava sujo, empoeirado como um livro esquecido numa prateleira. Suas vestes tinham partes rasgadas, mas um dia foram bonitas ou bem planejadas como a capa dele. Chegou quarenta minutos após pegá-lo no templo, e ao chegar, entrou pelo condomínio até alcançar a moradia e entrou na garagem de casa antes de finalmente acordá-lo. 
- Acorde. 
Disse, esperando acordá-lo simplesmente por mandar, mas seu sono era profundo, o sono de quem não dormia há algum tempo. E optou então por deixá-lo ali. Mais cedo ou mais tarde acordaria e não teria caminho fácil senão o da porta a dar vazão para dentro de casa. 
Shinya abriu os olhos, algum tempo depois, e já era noite, havia dormido um pouco além da conta, já que fazia tanto tempo que não dormia de verdade. Suspirou e olhou em volta, ainda estava no carro, porém, ele não se movimentava, havia sido abandonado novamente? Levantou-se rapidamente, observando o local e pegou a sacolinha com as próprias coisas, saindo do carro e procurou-o visualmente, mas não achou, havia uma porta ali, parecia ser o alojamento dos soldados, e se fosse, havia sido trazido para o local mais perigoso. Adentrou a casa rapidamente, antes que alguém visse a si e observou todo o local, aconchegante embora não muito grande.
- Feche a porta. 
O moreno disse ao encontrá-lo na entrada de casa, onde dava vazão as suas vistas, da sala de estar à esquerda. Tinha tons escuros, mas o mogno era aconchegante. Estava pouco iluminado, solamento pela lareira, evitando o frio que fazia lá fora. Ainda usava a farda, e caminhava junto a uma dose de saquê, que ingeriu e deixou o recipiente sobre a mesa. 
- Demorou para acordar.
Shinya fechou a porta atrás de si e caminhou devagar para dentro do local, meio hesitante.
- Desculpe... Eu não dormia há uns dias.
O moreno assentiu com a cabeça. Passava das duas horas e não dormia. Tinha o sono fraco e não muito duradouro. Raramente conseguia um sono tão bom quanto o que ele havia tido mesmo dentro de um carro. 
- O trouxe para que tomasse banho. Vá. - Disse e indicou o caminho pela qual deveria ir.
- Hai... Obrigado... 
O loiro assentiu e fez outra pequena reverência, deixando sobre a mesa de centro a própria sacolinha com a comida e logo seguiu em direção ao banheiro, porém parou na porta e desviou o olhar a ele.
- Uso essas roupas mesmo?
- Certamente que não. Lhe darei algo que possa usar por hoje.
- Hai... Deixo a porta aberta...?
- Você pode sair com um roupão, e pegar no quarto as roupas. Deixarei em cima da cama onde dormirá por hoje.
- Hai... 
O loiro murmurou e logo adentrou o banheiro, retirando as roupas e dobrou-as cuidadosamente, mesmo sujas e rasgadas, não deixaria bagunça no banheiro dele. Retirou as sandálias, deixando-as sobre as roupas e logo adentrou o banho, pela primeira vez em muito tempo, sentindo a água quentinha cair sobre o corpo.
O moreno seguiu portanto ao próprio quarto, pegou para ele um yukata azul marinho sedoso e leve, junto a um obi informal e prateado, roupas para dormir. Seguiu posteriormente ao banheiro, esquecendo-se do fato de que pretendia deixá-lo no quarto de hóspede onde dormiria e acabou entrando no cômodo e encontrando o rapaz, que por sua expressão, parecia alguém que pela primeira vez experimentava a sensação de um banho aquecido. Fitou-o, por um instante, mas fingiu não dar importância ao fato de ter invadido sua privacidade durante a limpeza. Expôs a ele a roupa, e pendurou-a ao lado. Fitou o homem, encarando-o com a pele agora mais branca pela higiene, e embora estivesse mais apresentável, sua magreza ainda denotava um corpo afetado pela guerra.
Shinya assustou-se ao vê-lo adentrar o banheiro, encolhendo-se e por um momento preocupou-se em esconder as partes intimas, porém ao invés de colocar a mão no local, virou-se de costas e abaixou a cabeça, ao invés de dirigir o olhar a ele, assentindo ao ver as roupas mostradas.
- Obrigado...
O moreno saiu pouco depois e seguiu de volta a sala. Sentou-se junto a lareira e bebericou aos poucos o saquê, observando o fogo, esperando o término do banho do rapaz, embora não o tenha apressado.
Após limpar-se, Shinya saiu do banho, secando os cabelos com a toalha macia e felpuda e vestiu as roupas que ele havia entregado a si, gostosa para dormir. Seguiu para a saída logo, sem muita demora e devagar seguiu o rápido para a sala.
- Pronto, senhor...
O moreno ergueu a direção visual ao ser chamado, na verdade, ao ser avisado. E observou o rapaz com as roupas que lhe dera. Um pouco mais curta do que deveria, mas nada que se tornasse evidente. Ergueu o copo, indicando a ele. 
- Quer uma bebida?
- Iie, eu não bebo... - Shinya murmurou a observa-lo e observando o local abriu um pequeno sorriso a ele. - Tem um piano?
- Pode tocar algo. 
O moreno disse indicando o instrumento de grande porte na sala. E se levantou, caminhando para cozinha que ficava ao lado direito, visível dali. Desabotoou a farda, tirando-a a colocar sobre o encosto do assento, permanecendo com a camisa qual dobrou as mangas até os cotovelos enquanto formulava atividade pela cozinha. 
- Toque. - Disse a ele, dali.
Shinya observou-o na cozinha, retirando a farda e notou os músculos de seu braço, o corpo bem definido, bonito e até pigarreou, assentindo e sentou-se em frente ao piano, deslizou os dedos pelas teclas e passou a tocar.
O moreno ouvia-o tocar enquanto formulava o preparo de algo na cozinha. Vez outra, tomava um pouco de saquê, doses pequenas e não suficientes para se embebedar. Tão logo o cheiro da refeição se dispersava pela cozinha à casa, mas ele ainda tocava, algo baixo e calmo, como havia dito preferir. 
Shinya aspirou o aroma gostoso que vinha da cozinha, não sabia o que ele estava fazendo, mas que cheirava bem era verdade. Porém isso não fora suficiente para fazer a si parar, estava de estômago cheio e bem tranquilo, então seguia o ritmo da música.
O outro deixou na panela enquanto terminava a cocção do alimento e seguiu até o batente na sala, encostando-se a parede, bebia ainda e fitava-o enquanto tocava a música, até completá-la. Shinya desviou o olhar a ele e sorriu de canto, mordendo o lábio inferior.
- O que está cozinhando?
- Missoshiru. - O moreno disse ao fim da música e regrediu o caminho feito até ali. Retornando à cozinha. - Venha.
- Hai... - O loiro murmurou e seguiu com ele até a cozinha, observando o local, curioso como uma criança. - É tudo tão bonito aqui.
- Aqui onde?
O outro indagou e buscou o bowl onde serviu o jantar fora do horário e entregou ao rapaz que chegara na cozinha, encarando o ambiente. E após servir para si da mesma forma, sentou-se, acomodando-se para formular o jantar tardio.
- Sua casa. - O loiro murmurou e sorriu, aceitando o bowl com a sopa e sentou-se ao lado dele. - Obrigado.
Acomodado, o moreno deu início a refeição. 
- Tinha família, Shinya?
- Tinha minha mãe que morava comigo. 
O loiro murmurou enquanto experimentava a sopa gostosa.
- O que houve com ela?
- Morreu quando uma bomba atingiu a nossa casa...
- Hum, e você como sobreviveu a isso?
- Eu não estava em casa quando aconteceu... Tinha ido comprar comida.
- Lamentável. - Disse e aos poucos finalizou o jantar.
- É... - O loiro murmurou e suspirou a observar a sopa. - Por que o senhor não me matou?
O moreno fitou o rapaz, de soslaio. Deixou de lado o talher da sopa, pousando-o ao lado do bowl já fazio. 
- Não vejo porque.
- Qualquer outro soldado teria me matado. 
Shinya murmurou e observou sutilmente seu corpo bonito novamente, enquanto terminava a sopa.
- Não sou qualquer outro soldado. Quanto menor o cargo do homem, mais ele vai querer mostrar alguma imponência, por isso a maioria deles é estúpida. - O moreno disse e se levantou, levando consigo a louça que limpou e deixou de lado. - Seu quarto, você já sabe onde é?
O loiro assentiu ao ouvi-lo e levantou-se logo após, queria agradecê-lo de alguma forma, mas não sabia como fazê-lo sem ofendê-lo, e tinha muito medo disso.
- O senhor pode me levar?
O moreno pegou a farda e jogou sobre o ombro, seguiu o caminho pela casa a levá-lo até seu quarto. Abriu a porta onde se encostou a dar passagem para o desconhecido aonde deveria ser sua acomodação. 
- Tente permanecer no quarto quando eu não estiver por aqui.
- Sim senhor... 
Shinya murmurou a observá-lo, porém manteve-se pouco além da porta, observando-o atentamente, tentando ler em suas feições algum sinal de fraqueza, será que gostaria de si mesmo sendo homem? Tinha que descobrir.
- Senhor... Como posso agradecê-lo por ter me salvado?
O moreno observou o rapaz ao ser indagado. Notando sua prontidão ao perguntar. Imaginava se ele estava a oferecer o que parecia estar fazendo. 
- Não salvei você. A guerra ainda não terminou.
- Mas garantiu que eu vivesse mais um dia. 
Shinya murmurou e aproximou-se dele, meio descontraído e esperava que ele encarasse assim já que desfez o laço do obi e devagar deslizou o quimono pelos ombros, expondo o corpo magro a ele.
O outro não lhe disse nada em retribuição, mas notou sua proximidade, tal como sua nudez sob o quimono sedoso que abriu em uma fenda, deliberadamente mostrando seu corpo magro, e que já tivera visto pouco antes durante seu banho. E como pensou, oferecia-se como gratidão. Mas o encarou, do peito até a parte íntima, voltando então a seu rosto. 
Shinya manteve-se parado a observá-lo, meio envergonhado devido a sua falta de reação ao ver a si daquele modo, pensou que ele fosse ofender, ou machucar a si se não gostasse, não que ficaria parado apenas encarando a si, era meio tímido, por isso não sabia bem como reagir, porém queria soltá-lo mais para que fizesse algo consigo, e seria a primeira pessoa que teria, mas não se importava. Com o corpo próximo ao dele, guiou ambas as mãos ao redor de sua cintura e beijou-o no rosto, mesmo hesitante em tocar sua pele, aspirando o cheiro gostoso de perfume que ele tinha.
- Por favor... Não me recuse...
O moreno não imaginava como um homem poderia oferecer seu corpo daquele modo. Jamais faria algo como tal, talvez se um dia fosse submetido àquela opção, morreria. Sentiu seu toque receoso, a proximidade de seu corpo lânguido, fraco, e por algum motivo sua aparência adoecida era algo que gostava de olhar. Não o respondeu, mas desviou a fala que soava próxima demais do ouvido, não gostava de ruídos. Mas elevou a mão e tocou seu corpo, sentindo cada costela onde deslizou os dedos a segurá-lo.
O loiro sentiu o toque dele sobre as próprias costelas, não era uma parte que gostava muito, ainda mais tão magro, também tinha medo que ele machucasse a si, por ser uma parte tão frágil e por ele ser tão forte, porém sem toque delicado não parecia ser feito com maldade. Deslizou as mãos em sua cintura até suas costas e repousou a face em seu ombro, beijando-o em seu pescoço algumas vezes.
O outro deslizou a mão sobre cada osso, sentindo a pele macia que o revestia. E no entanto, não havia porque tanta delonga. Com um movimento rápido, pegou o rapaz por sua cintura e no colo o levou contra a porta, com um dos braços o sustentou com ajuda do apoio atrás de suas costas e com a outra mão, segurou seus cabelos da nuca, e beijou seus lábios fartos, como única parte volumosa em seu corpo magro. 
Shinya assustou-se com o movimento e agarrou-se a ele, com medo de cair, porém fora colocado contra a porta e gemeu dolorido ao sentir o material atrás de si. Teria pedido desculpas, até perdão a ele, se não tivesse sentido o beijo e arregalou os olhos, retribuindo-o logo em seguida, porém ainda sem acreditar que ele estava reagindo a própria oferta.
O moreno observou seus olhos bem abertos, mas não retribuiu da mesma forma, fitou-o sem se surpreender com aquilo. E continuou a mover contra os seus, os próprios lábios, até que enfim resolvesse fechar os olhos. E levou a mão desocupada até o quimono ainda em seu corpo e deslizou-o por seu braço, deixando o tecido sair inteiramente, de seu corpo, denudando-o.
O loiro suspirou em meio ao beijo, igualmente fechando os olhos e apreciou somente o hálito fresco dele e seu corpo contra o próprio no abraço gostoso e meio dolorido pela madeira pressionada contra os ossos das costas, tão magro que não havia como protegê-los. Guiou ambos os braços ao redor do pescoço dele, segurando-se e sentiu aos poucos o quimono que deslizou pela pele.
Ao se afastar de onde o encostava, o moreno segurou-o entre ambos os braços e levou consigo até a cama de hóspedes onde o deixaria dormir. Colocou-o sobre o colchão e abaixou-se junto dele, apoiando um dos joelhos à cama, enquanto um dos pés mantinha no chão. Mordiscou seus lábios e desceu ao queixo, tão logo ao pescoço e enfiou a mão sem pudor no meio de suas pernas, especificamente entre suas nádegas, e tocou seu ponto íntimo, esperando encontrar algo de fácil acesso, o que não encontrou.
Shinya sentiu logo a cama macia abaixo de si e suspirou mais uma vez, apreciando o conforto do local e deslizou uma das mãos por um dos braços dele, sentindo o que havia por baixo da camisa, e era um lugar por onde havia adquirido um certo apreço em observar, e agora tocar também. Deixou escapar um gemido baixinho ao senti-lo morder os próprios lábios e uniu as sobrancelhas com o toque tão despudorado em meio as próprias pernas, encolhendo-se de modo sutil, por instinto.
- D-Desculpe... Eu nunca fiz isso com alguém, mas você é tão bonito... E queria tanto agradecê-lo... Poderia ser o meu primeiro? 
Murmurou e tinha um pouco de receio dele desistir, mas era tão delicado, não parecia com os soldados que machucavam a estupravam os outros por aí.
- Nunca fez isso antes, ah? Então como consegue facilmente sugerir que façamos?
O outro retrucou após ouvi-lo, e afastou-se a fitar seu rosto cujas feições eram ambíguas. Mais para um homem do que para uma mulher, mas ainda confuso. Deslizou o dedo no lugar íntimo, não penetrando mas sim tocando sua pele. Mas se ele esperava alguma cortesia, dizer que não precisava daquele tipo de agradecimento, não encontraria consigo, embora não tivesse intenção de ajudá-lo a fim de encontrar gratidão ou troca de favores. Levou o dedo até a boca, e umedeceu os dígitos com saliva, nada ajudaria realmente a lubrificar seu corpo masculino, mas era o que tinha para suavizá-lo e ao tocá-lo novamente, tentou penetrá-lo aos poucos, massageando-o. 
- Eu disse... Só queria agradecer de alguma forma, e isso é tudo que eu tenho pra te dar... 
Shinya murmurou, observando-o enquanto lambia o dedo e sabia o que viria a seguir, mas ele era tão bonito, que não conseguia desviar os olhos do rosto dele. Tentou manter a calma e relaxar para que não sentisse tanta dor, sabia que doeria mesmo sem experiência nisso, era óbvio, porém ele parecia delicado ao fazê-lo. Deixou escapar o gemido sutil, dolorido ao senti-lo adentrar o corpo e estremeceu, contorcendo-se suavemente na cama, fechando os punhos.
- Você sabe que seu corpo não vai ser flexível como o de uma mulher, ah? Isso pode ser mais dolorido do que imagina. 
O moreno retrucou ao ouvi-lo, e continuou a umedecer os dedos quando achava necessário, levando o dedo a adentrá-lo, e empurrou até que inteiramente o colocasse dentro. E mordiscou seu pescoço com cheiro de banho e sua pele branca sem a poeira com que o encontrou.
Shinya assentiu ao ouvi-lo, já sabia, mas ouvi-lo dizer acabou deixando a si com mais medo do que estava. Agarrou-se ao braço dele e à camisa e uniu as sobrancelhas, desviando o olhar a ele, porém inclinou o pescoço ao lado ao senti-lo morder a si, alguns toques gostosos, nada ruim, porém a dor que sentira quando o outro adentrou o corpo é que incomodava e estremeceu, deixando escapar o gemido mais alto, dolorido.
- A-Ah... S-Seja bom comigo.
- Uh. 
O murmuro soou nasal, quase soava como um riso, o moreno não tinha como ser mais suave naquilo. Doeria e ponto. Tão logo sentiu o dedo tocar seu fundo, chegando a um limite onde sentia aquela estranha parte por dentro, visto que nunca havia feito sexo como aquele. E a essa altura, a calça da farda já estava bastante justa, tal como a roupa íntima abaixo dela.
O loiro uniu as sobrancelhas, sentindo-se dolorido demais, incomodo, até se acostumar seria meio difícil não reclamar. Gemeu novamente, porém lembrou-se do porque ele tinha aquele risinho sínico, obviamente não tocaria a si somente com o dedo e queria ser bom para ele, não somente um corpo jogado na cama. Guiou uma das mãos, mesmo receoso em direção a seu baixo ventre, tocando-o sobre a roupa a sentir seu membro ereto e mordeu o lábio inferior sutilmente por dentro, sem deixá-lo ver, de alguma maneira, era inocente em questão aquele tipo de toque, mas ele causava arrepios em si só de olhá-lo, então aquele toque, mesmo dolorido, era o responsável pela ereção que tinha.
O outro sentiu o toque que prosseguiu pelo corpo e parou sobre uma parte específica, onde seus dedos descobriam o corpo disposto a tomá-lo. E desviou a direção visual a ele, tentando notar sua feição ao formular aquele contato físico tão pessoal. E aos poucos, os olhos castanhos desciam por sua nudez até o local onde os dedos trabalhavam, notando como impasse um membro ereto deitado em seu ventre. Sentia dor, mas não suficiente para não estar excitado.
 - Abra minha calça.
Shinya assentiu ao ouvi-lo e guiou ambas as mãos até a calça dele como indicado abrindo-a e abaixou, tentou retirá-la, porém as botas não permitiram, ficava tão bonito com elas que nem tinha coragem de pedir que tirasse, mas se não o fizesse, seria desconfortável mover-se daquele modo. Observou sua roupa intima colada ao corpo e o membro que quase saltava para fora da roupa, e fora a primeira vez que via o corpo de outro homem, mas excitou-se de um modo que não poderia descrever, não tinha medo, na verdade, queria senti-lo em si.
- Parece... Bom...
- Gosta do que vê? 
O moreno retrucou ao rapaz. E deixou a calça beirar nas coxas, não se preocupando em se desfazer dela. E com a mão livre, adentrou a própria roupa íntima, empurrando-a para baixo e expor a ereção ao desconhecido, o qual tomou nos dedos, e se expôs a ele de um modo sugestivo, provocativo.
- H-Hai... 
Shinya murmurou a observá-lo ainda e suspirou ao vê-lo se tocar, e como aquilo havia excitado a si, se pudesse dizer a ele, mas nunca diria, ainda bem que o olhar era suficiente, atencioso a cada movimento.
- Me deixa tocar...
O moreno podia notar em sua feição curiosidade e excitação. E mesmo embora os dedos envolvessem a própria ereção, os demais, ainda trabalhavam em seu interior, sentindo-o vez outra dar um espasmo, mas aos poucos mais relaxado, mais receptivo. 
- O que? Quer tocar aqui? - Indagou, indicando com o movimento da mão, em si mesmo. 
- Hai... 
O loiro murmurou em meio a um gemido baixinho, ainda dolorido, mas igualmente excitado e mordeu o lábio inferior agora visivelmente a ele, sem poder conter o que sentia e contorceu-se novamente na cama, agarrando-se ao lençol.
- Pode tocar.  
O moreno disse e pegou sua mão, levando-a ao sexo onde tomou lugar da própria. E aos poucos retomava ritmo do punho, penetrando-o com os dedos, mais firmemente até sentir-se farto e impaciente. Dolorido o suficiente. E com rapidez pegou suas coxas e puxou-as com facilidade, apoiando suas pernas contra o corpo ao colocar-se no meio delas, talvez uma posição bastante exposta para ele, mas não se importa. Com a mão, guiou-se para ele, em seu íntimo e roçou a ereção em sua entrada, antes tocada somente pelos dedos.
Shinya assentiu e tocou-o diretamente pela primeira vez, sentindo-o macio entre os dedos, e sabia como era tocar um homem, tocava a si, mas não era a mesma coisa, sentia-o duro, excitado e até pulsando entre os dedos, e era gostoso saber que fora si que o deixara assim. Suspirou e desviou o olhar pelo corpo dele, e queria ver mais além daquela camisa que o cobria. Assustou-se com o movimento rápido e ergueu as pernas como ele queria, porém sentiu a face se corar na mesma hora, negativando a ele.
- Iie... S-Senhor... Ah... 
Gemeu ao senti-lo se roçar em si, e sabia que se colocaria de uma vez, embora lubrificado por ele, iria doer certamente.
- Sabe que já esperei bastante. 
O outro disse a ele, diante de seu protesto. Soou baixo, rouco, e embora a voz fosse grave, ainda parecia suave. Esfregou-se a ele, provocando a seu corpo excitado. Usou um pouco mais de saliva, e talvez a lubrificação da excitação na ponta do sexo, em gotejos sutis de sêmen. Com ajuda da mão empurrou-se para ele, sentindo-o apertado e não muito receptivo, embora muito melhor que o início, onde mesmo os dedos eram apertados. 
Shinya suspirou ao ouvi-lo, assentindo, mesmo meio amedrontado ainda e encolheu-se, acabando por contrair-se mesmo sem querer, o que tornou ainda mais difícil para ele a penetração e arrancou um gemido dolorido de si. Uniu as sobrancelhas e desviou o olhar a ele, sentindo as lágrimas presas aos olhos, porém não as deixava cair, talvez ele não quisesse nada daquele drama tipico dos passivos sempre doloridos demais.
- S-Senhor... - Murmurou, meio rouco. - Q-Qual é o seu nome?
- Você pode me chamar de Kyo. 
Kyo retrucou e soou baixo como ele. Franziu as ralas pestanas, incomodado com a dor mais forte no sexo visto que já dolorido pela excitação e agora por seu corpo apertado. Mas, com movimentos leves de vaivém, continuou a investir até colocar-se dentro dele.
- K-Kyo? Hai... 
Shinya murmurou e aos poucos tentou relaxar o corpo, como antes, dando mais passagem a ele, talvez assim não fosse tão dolorido para ambos. Tentou abraçá-lo, mas estava longe, então teve que abraçar as próprias pernas, e desejou que pudesse ter mais algum contato com ele, sentir seu hálito quente, ou beijos na pele, ah... Era melhor não pensar.
O moreno não evitou o gemido quando por fim se fez inteiro dentro dele. Sentiu seu corpo estreitar e dar limite a penetração, ainda que já estivesse inteiramente colocado. O ruído da garganta era dolorido, mas ainda sentia prazer. Deslizou as mãos sobre suas coxas e nádegas macias e o apalpou, tão logo deu início a um ritmo de vaivém.
O loiro uniu as sobrancelhas ao senti-lo empurrar-se para si, sentindo-o por inteiro no corpo e era dolorido, prazeroso para si de início somente visualmente por achá-lo atraente e querer fazer aquilo com ele, não tinha nenhum então o corpo não respondia como queria, embora soubesse que ficaria gostoso depois, ou então, porque faria isso? Suspirou a observá-lo e gemeu novamente ao senti-lo se mover.
- I-Iie...
Ao soltar suas pernas, o menor levou-as as laterais do corpo, dando maior espaço contra seu tronco e abaixou-se, encostando o abdômen ao seu. Com uma das mãos apoiava o corpo, sustentando-o. E com a outra, o segurava pelo quadril e nádega, ajudando-o ao erguê-lo suavemente. Aos poucos o ritmo se tornou mais hábil, mais forte.
Shinya suspirou, separando as pernas a dar espaço a ele entre elas e guiou ambas as mãos a seus ombros, como queria fazer, puxando-o para si e vendo-o tão perto de si, sentiu seu corpo quente junto do próprio, e ficava mais gostoso assim. Gemeu prazeroso, diferente de antes, porém fora dolorido novamente ao senti-lo se empurrar para si.
Junto a outra mão, o moreno apoiou-se, abandonando o toque em sua coxa. Fitava-o de cima, e os cabelos negros caíam suavemente em frente a testa, já suavemente úmidos. E enquanto encarava seu rosto, sentindo suas mãos apertadas na roupa que vestia, continuava a se mover, estocando contra ele, firme, embora já não tão rápido.
- Kimochi
Shinya murmurou a observá-lo e ainda esperava que aos poucos ficasse gostoso, mas o que importava para si naquela hora era que ele gostasse. Agarrou-se a roupa dele novamente, e com mais força dessa vez, sentindo o corpo estremecer e mordeu o lábio inferior quando o sentiu atingir a si no local prazeroso, o apertou no corpo como reflexo, indicando inconscientemente que era ali que gostava.
Kyo não o respondeu no entanto, mas era evidente que sim, e expôs com a feição. Sentiu no sexo o aperto de seu corpo, tal como evidentemente estremecia. E encontrou um lugar em seu corpo que gostava, investindo, e sentia-o se apertar em torno de si a medida em que o atingia ali. E os movimentos antes mais vagarosos, continuaram fortes, porém mais frequentes.
- Hum... 
O maior murmurou em meio a gemidos sutis, porém evidentemente prazerosos agora. Suspirou e inclinou o pescoço para trás, fechando os olhos a apreciar os movimentos dele, o problema é que brigava consigo mesmo, confuso entre aproveitar de olhos fechados ou observar o rosto tão bonito dele e obviamente fora vencido pela vontade de observá-lo.
- Posso te beijar?
- Parece que ficou bom. 
O menor disse a ele, um pouco baixo demais, rouco, mas audível Abaixou-se após o pedido e beijou-o com tanta firmeza quanto se movia. Penetrou sua boca, massageando com a própria a sua língua. E fez outra interrompia, concentrado noutra parte, aquela que saia e entrava em seu corpo, e que atingia onde ele gostava.
- H-Hai... Kimochi... 
Shinya murmurou a ele e apertou-o contra o próprio corpo num abraço, alcançando os cabelos dele com uma das mãos, onde acariciou e retribuiu o beijo dele, o que queria desde que se deitou e agora sim fechou os olhos, apreciando aquele toque, pedindo em silencio que não acabasse nunca, vez ou outra deixando escapar um gemido baixinho ao senti-lo atingir a si no ponto prazeroso.
Kyo mordeu-o no lábio inferior quando enfim deu o aparte do beijo. E ao se afastar, fitou-o de cima outra vez, notando seus lábios fartos e rubros pelo beijo. E logo, ao intensificar o ritmo, precisou de uma ou duas estocadas, e atingiu o ápice, porém afastou-se antes que o deixasse em seu corpo. E ejaculou sobre sua pele nua, em seu abdômen. E gemeu baixo, mas audível. 
O loiro sentiu seus últimos movimentos, prazerosos e agarrou-se a ele, igualmente tão perto do ápice e com seu último movimento acabou por gozar junto dele e sujar a si de mesmo modo. Suspirou e gemeu prazeroso, desviando o olhar a ele a sorrir em seguida, sutilmente.
- K-Kimochi...
O menor soltou-se quando enfim terminou o clímax. E ainda sobre ele levou um tempo, compassando a respiração a fitá-lo de cima. Assentiu junto a seu comentário e por fim sentou-se ao lado, arrumando a roupa. O loiro sorriu a ele, deslizando uma das mãos por seu tórax, sutilmente e mordeu o lábio inferior, porém o sorriso sumira aos poucos, assim que ele se levantou e sentou-se, deixando a si sobre a cama. Uniu as sobrancelhas e ajeitou as roupas sobre o corpo.
- ...
- Tudo bem? - O moreno indagou ao rapaz a respeito de seu corpo.
- Hai... Kimochi?
O moreno assentiu novamente em sua pergunta. 
- Gostoso.
Shinya sorriu e ajeitou-se na cama, deitando-se mais perto dele, mesmo em silêncio.
- Vou deixá-lo dormir. Eu preciso trabalhar daqui duas horas.
- Hai, me desculpe incomodá-lo...


- Kyo? 

Shinya falou a adentrar a casa, observando ao redor, meio silencioso, talvez estivesse dormindo, nem a voz da filha ouvia.
- Kyo? 
Virou-se em direção a sala, porém cessou logo com o baque do corpo contra o dele e derrubou o embrulho que trazia consigo, unindo as sobrancelhas.
- Ai... Achei que estava dormindo... Desculpe...
Kyo deixou de lado o café, pousando-o sobre a mesa. E seguiu até a entrada, onde vinha a voz do rapaz. A pouco havia deixado a pequenina no sofá, deitadinha debruçada, descansando entre o monte de travesseiros o qual gostava de se agarrar. E ao alcançá-lo acabara colidindo a seu corpo, e notou o pacote que se abaixou a pegar. 
- O que há?
- Nada. - O loiro sorriu. - Só queria saber se estava acordado. - Murmurou e tentou pegar o pacote num movimento meio rápido, observando-o. - Ah, pode me passar a sacola?
- O que é isso? - Kyo disse observando a sacola, meio por cima.
- Nada importante... - Shinya disse a tentar puxá-la. - É pra você... Mas quero dar depois...
- Pra mim? Mas por quê?
- Ah... - Shinya desviou o olhar à sala. - A Kasumi está dormindo?
- No sofá. Por que o presente?
- Por que eu sonhei algo, ora.
- Ah, sonhar me faz ganhar presentes?
- Na verdade o presente é pra mim... Mas você que vai usar.
Kyo arqueou a pestana rala e fitou a sacola. 
- Me deixe ver. Não pense que vou fazer algo ridículo.
- Iie, eu sei que não... Por isso estou em dúvida ainda se vou te dar ou não.
- Agora já comprou. Me mostre.
Shinya uniu as sobrancelhas.
- Hai... Pode olhar...
Kyo entregou a ele a sacola, e deixou que ele mesmo mostrasse.
- Aqui mesmo na sala? 
O maior pigarreou e abriu a sacola, mostrando a ele a roupa militar que havia comprado e as botas, que tentou ser o mais fiel possível ao sonho e que ficasse bonito para ele. O menor arqueou novamente a sobrancelha, notando a roupa, que mais parecia algum visual da banda. 
- Farda?
- Hai. - Shinya sorriu a ele. - Acha feia? Você ficou tão bonito com ela...
- Mas que... O que você sonhou?
- Ah, é uma longa história.
- Não vou vestir.
- Eh? Por quê?
- Não vou ficar agindo como militar na cama.
- Mas eu não pedi...
- Ah, quer que vista e só?
Shinya uniu as sobrancelhas.
- Ora, eu sonhei que você me salvava de uma guerra, e pra te agradecer eu tirei a roupa e você fez amor comigo. Não agiu feito um militar comigo, mas ficou tão bonito na farda que eu quis comprar uma pra você.
- Uh... - Kyo murmurou e riu, mesmo baixo, mas audível, achando graça. - Vamos ver. Vai precisar me convencer.
- Ah, o que tem de engraçado? - Shinya uniu as sobrancelhas. - Tirou minha virgindade de novo. - Murmurou a ele e riu baixinho.
- Agora inventou de ter fantasias sexuais, ah?
- Ah, desculpe... Eu posso devolver a roupa...
Kyo riu, num sorriso meio de canto. 
- Vamos ver se eu visto algum dia.
- Hai. - O maior sorriu a observá-lo. - Já é um começo, conseguir arrancar um risinho seu.
Kyo deu de ombros e seguiu de volta ao café, mostrando a ele, indicando a pequenina na sala em meio a um monte de almofadas e travesseiro. Shinya seguiu junto dele para a sala, deixando as sacolas de lado e sentou-se ao lado da filha, abaixando-se a beijar o rostinho dela.
- Ah, você estava de cabelo preto... E... Moicano eu acho.
- Ah, quer que eu corte o cabelo?
- Iie... Só... Estava contando.
- Sabe que não gosta dos resultados quando resolvo mexer no cabelo.
- Ah, claro que não, você fica lindo de qualquer jeito.
- Uso. Vou raspar de novo.
- Iie, não faça só pra me agradar.
- Vou raspar tudo.
- Não... Não.
- Carequinha.
- Não!
Kyo sorriu meio de canto e acomodou-se na poltrona, bebendo do café a observá-lo junto a pequenina. Shinya riu baixinho e deslizou uma das mãos pelos cabelos da filha, pequenininha em meio aos travesseiros.
- Ela já comeu?
- Sim, já dei o almoço a ela.
- É? - O maior sorriu. - Ta bem... Já comeu, fez café... Eu sou inútil aqui. 
- Você saiu, como esperaria todo esse tempo pra tomar o café?
- Eu saí por uma hora.
- É muito tempo. - Resmungou.
Kyo arqueou uma das sobrancelhas.
- Sei...
- Você parece bem animado hoje... Isso me deixa feliz.
- Só pareço. - Brincou.
- Mentiroso.
Kyo não retrucou e continuou com o café. 
- Beba café.
- Sabe que eu não gosto. Vou fazer um chá... Rosquinhas?
- Seria bom.
- Hum, então já achei uma utilidade pra mim.
- Sempre tem uma.
Shinya sorriu meio de canto e levantou-se, seguindo em direção a cozinha.

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